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Livro | The Double Me - 5x10: Last Night Was Real Mad

5x10: Last Night Was Real Mad
“É menos doloroso deixar para amanhã".

Ele sentava à beira da cama, com os braços sobre os joelhos. Levou horas até que irradiassem os primeiros feixes de luz da nova manhã.
— Você acordou — Dominik notara.
— Faz algum tempo.
Ou tempo algum. Nate diria qualquer coisa para não explicar como a privação de sono tornou-se parte de sua rotina.
— Você está bem? — Encarou-o por cima do ombro.
— Minhas costas doem, deve ser um bom sinal.
— Especialmente para uma primeira vez.
— Não foi minha primeira vez.
Nate contou a mesma mentira a Thayer, em Paris, há mais de dois anos. Assim como ele, Dominik temia que a inexperiência acarretasse em arrependimento.
— Conheço um cu apertado quando o fodo.
— Tudo bem — O garoto admitiu. — Talvez eu fosse virgem do cu.
— E do pau também.
— Não... muito.
— Você deveria se vestir — Nate entregou-lhe a camiseta. — Chegará a tempo para o colégio — E abotoou as calças, sem a cueca.
Dominik não sabia se estava sendo atencioso ou se era um adeus.
— Você quer que eu vá?
— Posso leva-lo aonde quiser, só preciso que tragam meu carro — Vestiu a jaqueta.
Era um adeus, então.
— De volta a ser estranhos — Dominik vestiu-se apressado. — Entendi.
— Desculpe-me, mas você não teve o que queria?
— Se eu quisesse apenas sexo, tentaria com alguém que não se fizesse de difícil.
— Então você quer ir a um encontro comigo?
— Tanto faz, Nate — Vestiu as calças por baixo dos lençóis. — Você já teve o que queria — Por três vezes, de acordo a dor e os arranhões nas costas.
Nate não esperava se sentir tão culpado, talvez por não antecipar suas verdadeiras intenções. Em sete meses, ninguém havia pedido para que ficasse, e ninguém havia ficado quando ele pediu. Nunca esteve em seus planos levar mais de uma noite para vê-lo descobrir que era só o que tinha.
— Hey, não faça isso — Nate sentou ao lado dele na cama. — Tivemos uma noite incrível, só achei que gostaria de voltar para sua vida agora.
— Por que eu faria isso? Você está aqui.
— Porque você tem aula, e porque deveria estar com alguém da sua idade agora.
— Você não pode me foder até eu não sentir minhas pernas e depois me convencer de que é ruim para mim. Sabe que só vou querer ainda mais.
— Então diga-me seu sobrenome — Nate pediu, para que fosse justo.
Dominik relutou em silêncio.
— Eu não posso — Por fim, lhe disse.
— Você não confia em mim.
— Prefiro que descubra uma coisa de cada vez, ou não haveria muito o que dizer em um possível segundo encontro.
— É o que você quer? — Tocou carinhosamente sua bochecha.
Teve o resto da noite para vê-lo dormir, e um tanto da manhã para ambicionar a cor de seus olhos no momento em que acordasse. Faria o mesmo de incansável, por isso era tão perigoso.
— É tudo o que eu quero — Dominik beijou-lhe a palma da mão duas vezes, tão só ao virar o rosto.
— Sabe o que os médicos dizem sobre sexo matinal? — Beijou-o na costa da mão e seguiu até o pulso. — Prolonga a juventude... — Foi pelo antebraço e o ombro esquerdo, até o pescoço. — Você ainda não precisa, mas para mim, pode ser um tanto viciante... — Mordiscou sua orelha. — E violento — Afastou as pernas dele para caber entre elas.
Seus lábios cederam a um beijo, entre sorrisos.
— Gosto de como isso soa... — Dominik sussurrou.
— E eu do sabor.
— Posso ser o ativo?
— Uma coisa de cada vez, ou não haveria muito o que fazer em um possível segundo encontro... — Beijou-o então, uma mão segurando-o no queixo e a outra apalpando o volume por cima da calça.
Dominik sentiu o coração acelerar; significava apenas uma coisa.

Um ruído de carro a acordou.
Seus olhos atentaram, involuntariamente, à uma antiga foto de Ivy no criado mudo ao lado da cama. Às costas dela, uma pintura a óleo realçava em abstrato um rosto de três segmentos distintos e um olho cada; o da esquerda e da direita, verdes; o central, azul celeste. Todo o resto abrangia um policromo insólito, de forma a estimular harmonia apenas se olhasse por tempo o suficiente.
Descendo as escadas, teve um pequeno vislumbre do processo criativo de Noah. Uma lona branca fora aposta a oeste do loft, visando proteger os móveis, e havia latas de tinta por todo o cômodo.
A mágica acontecia através dos pinceis.
— Toda manhã é o mesmo — Ele disse.
— O que?
— Os carros, eles sempre me acordam — Traçara um contorno vermelho circular sobre a tela. — Está com fome? Preparei o café da manhã... — Fez sinal com a cabeça para o balcão da cozinha.
Mia sentia cheiro de ovos fritos, bacon, panquecas, salsicha e cogumelos. Era bom saber que seu pai era um homem simples.
— Isso seria ótimo — Ela disse, aproximando-se da bancada. — Como se chama?
Inalterado. Podemos sempre burlar a evolução.
— Não é um bom conselho.
— Tem razão, é arte — Ele sorriu.
Mia queria perguntar sobre os óculos e as cicatrizes na mão esquerda, mas outra coisa ocupou sua mente.
— Eu e uma amiga fomos à aulas de pintura ano passado — Sentou-se ao lado dele, no pequeno espaço do caixote de madeira. — Não terminou muito bem.
— As aulas ou a amiga?
— Na verdade, ambos. Foi a última vez em que tentei algo novo.
— Podemos mudar isso. Pegue um pincel.
Ela olhou para ele como se não o reconhecesse.
— De verdade?
— De verdade — Entregou-lhe um de menor calibre.
— Não quero arruinar seu trabalho.
— Meu trabalho não precisa fazer sentido, é assim que engano os turistas. Primeiro escolhemos uma cor — Assim ele o fez. — E escolhemos uma cor secundária — Usou o mesmo pincel nas duas latas de tinta. — Aqui paramos de pensar, puro e simplesmente — Traçou uma mancha em verde e vermelho sobre o círculo. — O que você acha que pode ser, enquanto ainda não é? Tente uma vez — Sugeriu.
Mia mergulhou o pincel sobre o vermelho, depois as pontas no azul. Posicionou-o acerca da tela, como o pai tinha feito, e girou os pelos em sentido horário no interior do círculo. O rastro de cores casou-se uniforme em cada ponto de encontro.
— Como se chama? — Seu pai perguntou.
Coexistência — Ela olhava absorta para a tela. — Gelo e Fogo.
— Céu e inferno.
— Amor e ódio.
— Seja o que for, uma pintura tem inúmeras verdades. Não como nós, que dependemos de uma verdade absoluta — Ele tomou outro pincel em mãos. — Sua mãe costumava dizer que odiaria viver no mundo que eu pintava nas telas, pois tudo era disforme e melancólico. Não estava errada, de fato; nunca consegui ver o mundo através de seus olhos, por isso a amei mais do que havia sobrado amor para mim. — Deslizou o pincel sobre a tela sem muito a pretender.
“Eu era obcecado por seu jeito de pensar. Houve um tempo em que faria qualquer coisa para fazer deste mundo real, pois assim todos o veriam, não só quem escolhesse olhar para o outro lado. Me uni a protestantes anti-guerra, realizei trabalhos voluntários, servi ao exército... cheguei até a liderar um grupo de rebeldes em Kosovo no final dos anos noventa, mas fomos feitos de reféns durante os cinco piores meses da minha vida. Ivy me contou que estava grávida na noite em que voltei para Londres”. — Mergulhou o pincel sobre o vermelho e estancou o excesso de tinta com duas batidas na abertura da lata.
“Ela deu-me um ultimato: A guerra ou a família. Eu não sabia como separar os dois, naquela época. Mas se estivesse em meu lugar, Mia, fosse tão nova quanto eu, e visse toda a desgraça que eu vi, não escolheria ter mudado o mundo o quanto pudesse, especialmente em nome dos que ainda estavam para nascer?”
“Os anos se passaram, é verdade. A guerra chegou ao fim e ganhamos a chance de voltar para nossas famílias. Queria que fosse assim tão simples no nosso caso; Ivy levou você embora, os Strauss não me deixavam chegar perto de Nate, e nunca encontrei a família que adotou Alex. Até receber a ligação do seu detetive particular, achei que o melhor que poderia fazer por meus filhos era priva-los de ter um pai que abriu mão de tudo por um mundo que só será belo e justo em suas pinturas”.
Ela sorriu calmamente nos lábios e triste no olhar.
— Você as salvou? As pessoas na zona de guerra?
— Cada uma delas — Tinha seus rostos na memória.
— Então dezenas de famílias devem a vida a você.
— Por ter destruído a minha. Tão irônico... — Baixou o pincel.
O círculo de gelo e fogo tornara-se uma excêntrica representação do fim da linha.
— O farol de um carro sobre um precipício — Mia entendeu. Mesmo que o verde não lembrasse a cor da noite, ou que as rochas do penhasco, de cabeça para baixo, parecessem nuvens avermelhadas flutuando a céu aberto.
— Pode vê-lo prestes a cair?
— Não seria uma queda, de ponta-cabeça. O precipício não é mortal.
— Para nós — Ele sorriu. — Estou feliz que tenha me encontrado, Mia. Podia me ensinar uma coisa ou outra sobre a América.
— Somos terríveis uns com os outros. Isso deve render algumas dezenas de pinturas novas — Ouviu o celular tocar. — Sinto muito, é minha amiga.
— Uma amiga, ou A Amiga?
Mia não achava ser uma boa hora para aquela conversa.
— Continue pintando, Noah — Foi para o mezanino. — Amber? Alô? — Pôs o indicador na outra orelha, tentando ouvir melhor.
Estavam todos de casaco abotoado e óculos escuros na saída do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. As bagagens da família Foster eram trazidas por uma equipe de serviçais em carrinhos automatizados.
 — Acabamos de pousar em Nova York — Amber lhe disse. — Sabia que a Alemanha é tão conservadora? Não me admira que tenham perdido tantas guerras — Sua mãe dissera algo parecido. — Enfim, almoço no The Ranch? Estou noventa por cento grávida e preciso explorar a primavera de Nova York urgentemente.
— Certo, eu não contei. Estou em Londres.
— Sem mim? — Ela parou no meio do saguão, de repente. Um dos serviçais tropeçou sobre o carrinho e derrubou a pilha de bagagens.
— Não tive escolha, você está noventa por cento grávida.
— É Mia? Diga para devolver minha vitrola — Kerr se aproximou para ouvir a conversa.
Mia tinha uma vaga lembrança de uma noite de sábado, quatro meses atrás. Havia uma festa, muita bebida, um casal de amigos se beijando... talvez um toca-discos quebrado no chão. Talvez.
— Comparei uma nova — Ela sugeriu.
— Custou o mesmo que um carro esportivo.
— Duas, então, e poderá me chamar de vadia rica.
— Estou tão feliz com nossa amizade.
— Não chegue tão perto, seu perfume é enjoativo — Amber o empurrou para longe. — Quando está de volta? — Perguntou à amiga.
Naquelas condições, era difícil dizer. Mia esperava passar o tempo que pudesse ao lado do pai, para então passar um tempo ao lado dele, junto aos irmãos. Outra coisa que Amber não sabia.
— Chegarei a tempo de levar Tom & Jerry para o primeiro passeio no teleférico — Um mês, ela contou mentalmente.
— Por que está tentando matar meus bebês?
— É radical, você não entenderia.
— Pensarei a respeito — Sorriu, por pouco convencida. — Traga sua garota, adoraríamos conhece-la.
— Como sabe que há uma garota?
— Há sempre uma garota, tratando-se de você. A menos que demore a descobrir o que realmente quer. Bye, bye, Tia Mia — Despediu-se com duas beijocas.
Mia pensou a respeito por um minuto. A exposição de Noah no Heilmore Center, em três dias, convinha para ver Natasha outra vez.
— Mia, café da manhã! — Ouviu seu pai gritar.
Vamos tentar algo novo.

— Você precisa transar — Cameron foi direto ao ponto.
Aquela ocasião pedia por uma garrafa de rum Bacardi que Viola guardara na última gaveta do escritório. Era grata pelo irmão estar a quilômetros de distância e que falassem apenas pelo computador – sobraria mais para ela.
— Ontem à noite foi uma loucura — Virou uma dose.
— Lamento não ter visto Alex vomitar em seus sapatos.
Se ao menos fosse Alex, ela tinha em mente. Seu irmão não poderia saber.
— É claro que isso o diverte — Disse. — Você não é capaz de sentir.
— Não significa que não torço por você.
— Ele vai casar. E vai me convidar, pois agora somos sócios. E não poderei recusar, pois seria uma desfeita à família Rhae. E ele vai beija-la no altar, na minha frente.
— Você está em um lugar sombrio.
— Quase sinto falta do meu pau — Virou a próxima dose.
Não deixara de notar que ele usava terno, gravata e um relógio Louis Vuitton revestido em carbono e vidro safira. Também fizera algo nos cabelos – agora com uma aparência formal e sociável, penteados para o lado. A nova tatuagem de coroa real no pescoço estaria escondida por debaixo do colarinho.
— Tem um compromisso? — Ela perguntou.
— Uma reunião. O conselho votará a favor da transferência, se tudo der certo.
— Trocaria minha longa lista de clientes por um pouco disso.
— Sei o que quer dizer. Deveríamos estar fazendo algo mais divertido que conservar nosso patrimônio multimilionário.
— Claro, vamos visitar papai na cadeia.
— Divertido demais — Ele já havia comprovado.
Quando a assistente chegou trazendo o café da manhã, dois pombos atravessaram uma das vidraças da sala em direção ao cabideiro móvel. A comida caiu no chão, sem que pudessem evitar, enquanto corriam em direções opostas.
— Por favor, virem a câmera para vocês — Cameron divertia-se com os gritos.
Mais funcionários seguiram até a sala para ajudar. Uma entre eles trouxe um extintor de incêndio como arma de defesa.
— Pegue-o! — Viola tentava alcançar o mais próximo.
— Ele está fugindo! — Gritou a moça de cabelos ruivos.
— Consegui! — Disse o jovem de camisa quadriculada, um segundo antes do pombo escapar-lhe às mãos.
Só houve progresso ao unirem forças, mas a custo do penteado e do vestido de Viola. A moça que carregava o extintor não tinha uma mira precisa.
— Senhora Sebert? — Alguém chamou, na entrada.
Era como se tudo estivesse em pause. Viola com um pombo nas mãos; a moça que apontava o extintor para ela; o funcionário que prendeu um dos animais sobre uma vasilha de plástico; todos os outros que só fizeram atrapalhar; as duas moças na porta, tirando as próprias conclusões.
— Olá... — Viola mesurou, envergonhada.
— Seu compromisso das oito está aqui — Lhe disse a assistente na porta.
Ao lado dela sorria uma mulher de cabelos loiros e batom rosa fúcsia. Optara à manhã por um vestido justo cor de mel, saltos Louboutin, um cinto de alto relevo, que cobria a maior parte do abdome, e uma bolsa Prada de perfil diamantado, em cinza escuro.
— É um bom momento? — Achava melhor perguntar.
Viola disse que sim, seus olhos disseram que não.
Logo os animais foram soltos pela abertura que se formou. Viola teria tempo para cuidar do vestido e dos cabelos assim que terminasse o atendimento.
 — Perdão por tudo isso... — Até por precaução, informara sobre os cacos de vidro.
— De jeito algum — A moça foi à poltrona do convidado. — Esse tipo de coisa acontece o tempo inteiro. Eu acho... — Embora não estivesse tão certa disso.
A caminho de sua posição, um dos saltos de Viola quebrou. E acomodando-se à poltrona, o assento personalizável caiu até o limite. Nada mais poderia dar errado.
— Podemos começar — Disfarçava com um sorriso.
— Sou Cassidy Rhae, filha de Steven Rhae. Não tivemos a chance de nos conhecer.
— Rhae! É claro! — O nome chamejou a garganta. — Não esperava a visita de um represente até a próxima semana.
— Não estou aqui a negócios, é um assunto pessoal. Meu casamento acontece no mês que vem, no New Capitale, e se ainda não encontrei o vestido perfeito nas lojas de Paris, Londres e Tóquio, é porque ele ainda não existe. Esperava que dissesse sim a uma noiva em apuros.
— Um vestido de casamento? Quer que eu produza um vestido de casamento... para você?
Cassidy já esperava por aquela resposta.
— Sei que está em cima da hora, e que a Sebert Designs não é especializada em modelos para noivas e madrinhas de casamento, mas esta é uma grande oportunidade de expandir sua franquia.
— Em um mês é impossível.
— A Rhae Corp. se compromete em fornecer todos os recursos necessários. O que eu preciso é de uma mente como a sua para investir em algo único. Você sabe que é perfeita para o trabalho.
E sabia melhor que ninguém, viu-se tentada em admitir. Ao invés disso, conformou-se com:
— Será um prazer.
— Ótimo! — Cassidy levantou da poltrona. — Podemos começar amanhã, durante o almoço. Liam nos encontrará no The Odion.
— Seu noivo?
— Sim, ele estava no desfile — Suspendeu a alça da bolsa sobre o ombro esquerdo. — Não se preocupe, você vai ama-lo.
Esse era o problema.


       O quarto cheirava a uísque, pasta de dentes e cabelo queimado.
Jensen dormiu entre duas Theta’s na cama de casal, com apenas um lençol cobrindo-o da cintura para baixo. Aos pés da cama, um Delta de óculos escuros e com o chapéu seletor de Hogwarts roncava fragorosamente. Sobre o criado mudo, um dos sapos de Freya tentava engolir uma porção de confetes dentro do aquário.
— Bom dia, McPhee! — Thayer bateu à porta.
Todos os outros saíram, exceto por Jensen.
Thayer trazia consigo uma bandeja equipada com cappuccinos, croissants, água potável e pílulas de mata-ressaca. Sem querer, sentou num amontoado de pasta de dentes sobre o lençol.
— Cara, isso é nojento— Limpou com a mãos. — É hora de acordar, Austin contratou uma equipe para cuidar da bagunça — Deu dois tapinhas para incentiva-lo.
Jensen virou de bruços.
— Ele é muito rico.
— E muito atraente — Acabara de vê-lo no hall da mansão. Ouvindo música. Exercitando as pernas. Sem camisa. — Você disse que ele tinha uma namorada?
— Leah, da Lambda Tau Sigma.
— Ainda acho que ele está escondendo o jogo, mas terá que descobrir sozinho. Meu trem sai em meia hora.
— Boa viagem.
— São onze da manhã, anda logo — Bateu nele outra vez.
Seu gemido significava eu desisto, ou ainda bem que está indo embora.
— O que é isso? — Jensen pegou uma das pílulas.
— Acha que tenho a prescrição? Tome e se sentirá melhor.
E assim ele o fez. O problema era não ter gosto de nada e ir direto para o estômago.
— Você é uma péssima enfermeira — Devolveu-lhe a garrafa de água pela metade.
— Falando nisso, acabei de ter uma manhã adorável ao lado da Senhorita Freya DiMaggio. Ela nasceu em Fort Collins, Colorado, mas foi criada em Denver. Tem vinte anos, cursa medicina, é do signo de peixes e se considera bissexual em progresso, nestas mesmas palavras. Curte esquiar com a família, cozinhar doces, ler um bom livro em dias de chuva, música alternativa, e, no auge da verdade... sexo na banheira. Você sabia que ela é a quarta de seis irmãs? It’s a coven, not a Family.
— Fico feliz por confraternizar com seus semelhantes.
— Custando apenas seis mil setecentos e vinte e três dólares — Thayer levantou da cama. — A propósito, o seu brunch ficou para amanhã. Use algo legal, tudo bem? — Olhou-se no espelho uma última vez.
Então era isso.
Thayer estava indo embora, e Jensen estranhamente desapontado por perder seu Rain Man. Seria verão até que saíssem outra vez.
— Como foi a faculdade para você? — Jensen perguntou.
— Esclarecedora. Sei exatamente o que fazer agora.
— Diga oi a Alex e Viola por mim.
— Conte com isso — Deu uma piscadela.
Descendo as escadas, Austin lhe bateu de encontro, entre ombros. Uma marca de suor fez-se estampada no suéter de Thayer.
— Hey, sinto muito — Austin tirou um dos fones.
Sem dúvidas era uma vista a se apreciar. Seus shorts de maratona nunca o vestiram tão justos em porte ao peitoral musculoso – e aquela tatuagem de flecha tribal que corria do quadril à virilha...
— Não se preocupe — Thayer apaziguou. Gay, hétero ou bi? Gay, hetero ou bi?
— Está indo embora?
— Tenho um trem a pegar. Ótima festa, Van Leigh.
— Meu quarto é no andar de cima. Talvez numa próxima, Van Der Wall — E correu pela porta.
Por pouco seu sorriso descarado não fez Thayer desistir de ir embora e segui-lo pela porta dos fundos. Não estaria lá para ver Jensen realizar todas as suas fantasias de adolescência, lamentavelmente.
Saindo do campus Thayer tomou um Uber e seguiu rumo à estação de trens. A notícia que tinha para Colin seria por celular.
— Sou eu — Ele disse. — Aceito sua oferta, mas com uma condição. Eu mesmo escrevo minhas histórias, nada de começar por baixo. Tem algo sobre Dartmouth que você vai adorar saber.

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    5x11: Just a Little Capitalism, Bitch! (30 de Dezembro)
   Ficamos duas semanas sem capítulos novos, que pra mim foram como férias prolongadas. Saudades de publicar aqui. Não sei quantos de vocês ainda estão lendo, mas vou me esforçar para terminar esta temporada em dia, sem mais atrasos.
   Semana que vem teremos a participação de uma celebridade da vida real. Ela ama uma Chanel, se é que me entendem.
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