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Crítica | Grey's Anatomy - 14x03: Go Big or Go Home



Um pisão na 13ª temporada e todos agradecemos por isso.

Tramas recicladas costumam ser um dos maiores problemas para séries que estão há muito tempo no ar. Principalmente em procedurais, uma vez que são shows que trabalham em cima de procedimentos semanais. Soar repetitivo pode ser uma grande dificuldade de se superar quando a equipe criativa não sabe por onde seguir. Estamos acompanhando uma séries que se encontra em sua décima quarta temporada, então inevitavelmente já vimos dramas e histórias serem reutilizadas mais de uma vez, isso é verdade, mas quando tudo é bem feito, por mais que saibamos que estamos vendo tudo aquilo de novo, podemos afirmar que quando assistimos por outra perspectiva e quando tudo é realmente bem contado, isso não é algo que nos incomode.

Li essa semana no site do Omelete que Grey's já tinha passado da hora e que nós fãs estamos praticamente cegos de não ver os tantos erros e equívocos do roteiro nos últimos anos. Bem pelo contrário minha gente, nós fãs somos aqueles que mais exigem por reinvenção por parte dos roteiristas já que estamos aqui acompanhando a tanto tempo esse programa. Somos os primeiros a apontar as falhas e aquilo que não funciona, ora, sou o primeiro a dizer que a décima terceira temporada poderia e deveria ser apagada da história de Grey's Anatomy. Não somos cegos, apenas acreditamos naquele produto que um dia já nos deu muita satisfação e não é por causa de um arco (ou um ano todo) ruim que vamos abandonar aquilo que tanto acreditamos e que depositamos muito do nosso precioso tempo.



Assim sendo, já posso deixar esclarecido aqui que eu não sei o que se passa, mas estes três primeiros episódios são um pisão em toda a temporada passada. Esqueça os segredos sem sentido, esqueça as brigas infantis, os duelos de egos, os casais que não funcionam, as más decisões do roteiro. Estamos presenciando (mais uma vez) a reinvenção que Grey's Anatomy é, por mais que estejamos acompanhando uma história reciclada. Amelia com um tumor no cérebro lembra casos que já vimos mais de uma vez, mas estamos vendo tudo agora por outra perspectiva, por outro personagem, por outras relações construídas com terceiros. GA não está aqui para contar algo completamente diferente do que já foi feito a cada novo ano, GA tá aqui para emocionar e se não cumprisse seu principal papel não estaria no ar por tanto tempo (sendo a maior audiência da noite e sendo a série mais assistida da netflix).

De semana passada pra cá estamos torcendo para que os produtores acertem a mão na hora de desenvolver o quadro médico de Amelia e sua interação com os outros personagens, e isso verdadeiramente vem acontecendo. Graças ao sangue de Jeová ela não decidiu esconder esse segredo de todos por um longo tempo (ninguém merece isso e a décima terceira temporada é prova disso) e a partir de seu quadro médico fomos capazes de entender mais quem Amelia Shepherd é, ou não é.

Muito inteligente colocarem que provavelmente toda a personalidade da médica se dá em função de sua doença. Isso pode ser um acerto uma vez que ela não é tão querida pelos fãs e sempre tomou decisões que por mais que defendêssemos não a entendíamos completamente. Claro, isso pode ser um jeito dos escritores "consertarem" a personagem ou pelo menos moldarem ela à uma nova personalidade quase que do zero. Ou poder ser um jeito de se safarem de tantas questões que os fãs tem sobre os julgamentos da mesma. Tudo abre portas para novos horizontes e isto é formidável. Muito envolvente ver também as inseguranças em torno de seu próprio trabalho, mas para isso estava lá Richard (sempre ele) para evidenciar a profissional que a médica é, com tumor ou sem tumor, até mesmo a comparando com seu irmão.



Os outros núcleos também estão recebendo um ótimo enfoque, na medida certa (coisa que a season passada também não o fez). Megan e Hunt, Bailey e seu texto de cunho social e feminista, a relação de Jo e Karev, Meredith e Riggs: todos com um ótimo tempo em tela, bem prósperos, mas nada que ofusque o drama central da Amelia e seu câncer, o que é excelente. Só espero que a construção do triângulo amoroso Mer-Nathan-Megan se dê com as medidas certas e não se torne enfadonho como o último. O mesmo vale para April-Jackson-Maggie que por mais que seja algo que praticamente ninguém quer que aconteça, se bem dirigido pode render uma trama ao menos interessante.

Três semanas foram o suficiente para chegar ao topo da montanha-russa que é Grey's Anatomy (não podemos mentir). Recuperando o bom texto, a boa narrativa e principalmente o bom drama, o show esfrega na cara daqueles que não o acreditam e botam fé, que ainda há muita coisa a ser contada, mesmo que já tenhamos visto algo parecido anteriormente. Com aquela última cena em que Mer deita ao lado de Shepherd sem ao menos dizer uma palavra, fica evidente que estamos aqui pelos protagonistas e por suas vidas e que isto sempre valerá a pena, por mais que tenhamos que passar por provações como o número treze.
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