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Crítica | Massacre no Texas



Testemunhe o começo do seu fim.

Apesar de ser uma das franquias mais populares do gênero, a saga de O Massacre da Serra Elétrica, que atualmente contém 8 filmes distintos, também é uma das mais caóticas. Assim como sua companheira Halloween, a franquia passou por diversos reboots e reconfigurações, o que torna impossível estabelecer uma timeline coerente – mesmo excluindo o remake e sua prequel. Leatherface é a segunda história de origem que o personagem recebe, e também não é a primeira vez que o seu nome aparece no título. De acordo com a timeline estabelecida pelos mais recentes produtores, este filme existe na mesma timeline que o original e a péssima sequência de 2013, O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua, ignorando-se, assim, todas as sequências que foram produzidas anteriormente. Com este novo capítulo sendo lançado, ficamos apenas com um questionamento: nesta colcha de retalhos, há algo coerente que valha a pena ser salvo?

A trama se passa no Texas, no ano de 1965. Quatro jovens psicopatas escapam de um hospital psiquiátrico levando consigo uma enfermeira. Sendo perseguidos por um furioso policial em busca de vingança pela morte da filha, um deles está no caminho para ser um maníaco que usa máscaras de pele humana e mata suas vítimas com uma motosserra.

Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo, infelizmente não. Essa nova linha do tempo que os produtores começaram a construir já havia falhado miseravelmente com o filme de 2013, que os deixou sem saída ao apresentar um Leatherface anti-herói (!). Já que não podiam avançar, escolheram mexer no passado e contar uma história de origem para o personagem, ideia essa que também já não havia dado tão certo com a prequel do remake, no filme de 2006. Histórias de origem são extremamente difíceis de serem contadas com sucesso; basta ver as críticas dos filmes que tentaram para perceber que praticamente todos fracassaram. Muitas vezes o material não se justifica e, principalmente, se propõe a desmistificar algo que ninguém estava interessado em saber. Sem surpresas, Massacre no Texas comete todos os erros supracitados.

Talvez o grande problema deste filme seja não parecer pertencer à icônica franquia O Massacre da Serra Elétrica. Há uma forte sensação de "roteiro adaptado", como se este filme fosse apenas um roteiro amador aleatório, e os produtores só acrescentaram algumas cenas para fazê-lo se encaixar com a mitologia da saga. Se tirarmos o prólogo e os 10 minutos finais, é uma trama completamente independente.

Também não posso deixar de falar sobre o estranho fetiche dos envolvidos de romantizar o personagem central da franquia. Eles já haviam o transformado em um anti-herói em seu último lançamento, e, neste, vão ainda mais fundo neste conceito. Nem mesmo o Leatherface transgênero de O Massacre da Serra Elétrica - O Retorno conseguiu descaracterizar tanto o personagem quanto nesta última encarnação. O roteiro simplesmente desconstrói tudo o que nós conhecíamos do personagem, e ainda tem a cara de pau de tentar manter um suspense bobo, fazendo o público tentar adivinhar qual dos três rapazes se tornaria, posteriormente, a lendária figura que carrega a serra elétrica. Não vou falar mais sobre esse assunto para não estragar a surpresa de quem não conseguir adivinhar em alguns minutos, mas adianto que é uma ideia boba, principalmente por tomar muita importância do roteiro. Por fim, nem mesmo um trabalho interessante psicologicamente, como o que Zob Rombie fez com o Michael Myers no remake de Halloween, eles conseguiram. A conversão do personagem no notório assassino da série elétrica não faz o menor sentido, e certamente não irá convencer ninguém.

Apesar de todos esses pontos negativos, Leatherface está longe de ser o pior filme da franquia; certamente é uma melhora desde o amargo O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua. Mas, apesar de não ser o pior, certamente é o mais desnecessário. Este filme teria se saído muito melhor como um roteiro independente, porque a direção é boa e entrega cenas realmente impressionantes, principalmente em termos de violência e sadismo – sem contar a bela fotografia. O grande problema mesmo é que o filme não consegue justificar a própria existência, e falha ao tentar se conectar de forma plausível com o resto da saga. É somente durante os 10 minutos finais que nós temos uma sensação real de estarmos vendo algo significativo, e, ironicamente, esse desfecho parece ser apenas um prólogo do que realmente deveria ser uma prequel de verdade para a franquia.

   
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