Especial

Foto:

Crítica | Eu Ainda Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado


Direção: Danny Cannon
Ano: 1998
País: EUA
Duração: 100 minutos
Título original: I Still Know What You Did Last Summer

Crítica:

Alguns segredos te assombrarão para sempre.


Depois de se tornar um sucesso absoluto de bilheteria, estava mais do que óbvio que o segredo voltaria para assombrar os nossos sobreviventes. Apenas um ano depois da estreia do primeiro filme, lá estava Julie e Ray tentando pagar pelos pecados de vários verões atrás. Apesar de não ter sido realmente um fracasso de bilheteria, o retorno desta sequência foi bem menor em comparação com o primeiro - que ainda teve um orçamento maior. Um roteiro de uma terceira parte, narrando o retorno dos sobreviventes deste segundo filme, havia sido escrito, mas nunca viu a luz do dia. Todo mundo poderia até pensar que este seria o fim da franquia (Deus sabe que alguns realmente acham que o segredo morreu aqui), mas ninguém contava com uma certa produção lançada direto para o mercado de vídeo quase dez anos depois...

Na trama, dois anos após o terrível acidente, Julie retorna para o colégio mas continua tendo terríveis pesadelos. Ela tenta encontrar apoio em Will, um novo amigo. Karla, a melhor amiga de Julie, tenta fazer com que Julie e Will comecem a namorar, e quando Karla ganha uma viagem às Bahamas para quatro pessoas, ela acha o momento ideal para fazer com que eles fiquem juntos. Porém, Julie ainda pensa muito em Ray, um antigo namorado, e assim Karla viaja com Tyrell, seu namorado, e Julie e Will vão apenas como amigos. Mas quando parece que tudo está calmo, Ray descobre que Ben Willis, o assassino que usa capa de pescador, está vivo e já matou um amigo de seus amigos. Ray tenta avisar Julie, mas não consegue. Deste modo, ele tenta de qualquer jeito chegar na ilha onde Julie foi com seus amigos. Ela, por sua vez, tem certeza de que algo está acontecendo, mas como uma tempestade se formou ninguém pode deixar o lugar. No entanto, várias mortes acontecem, não restando mais dúvidas de que o pescador está na ilha e pretende matá-la.

Essa sequência com toda certeza não consegue chegar aos pés do original, mas, ao contrário de todos os texto negativos pela internet, ainda a considero um filme divertido. O grande problema desta segunda parte é o seu roteiro, que apesar de fazer certo em continuar a saga dos sobreviventes do filme anterior, erra mediocremente ao desenvolver uma história sem pé nem cabeça com diversos assassinatos violentos e aleatórios. Um dos pontos mais interessantes no primeiro filme é que ele não depende de mortes violentas ou muitos corpos para deixar os espectadores tensos. O segredo estava na construção do suspense, muito bem conduzida pelo diretor Jim Gillespie (Venom). Infelizmente, o diretor desta sequência insiste em focar na violência ao invés de desenvolver os seus personagens.

Enquanto o casal de protagonistas fica preso em uma espécie de "Casos de Família" em relação ao drama da separação, a única nova personagem que realmente consegue se destacar é a melhor amiga da protagonista, Karla. Ela não consegue ser tão carismática quanto a finada Helen, mas certamente é a melhor coisa que o roteiro apresentou de novo nesta sequência. Curiosamente, o melhor momento desta segunda parte é novamente a cena de perseguição à melhor amiga, que apesar de não terminar de forma trágica como no filme original, consegue nos deixar tensos o tempo inteiro. Karla definitivamente passa por maus bocados, e no roteiro original nem conseguia escapar com vida, mas sua morte foi trocada pela da bartender - uma decisão muito acertada, uma vez que essa outra personagem não tinha o menor carisma.

Meu maior problema com este filme, como já mencionou, é o seu roteiro descabido. Nós, brasileiros, logo sabemos o que está acontecendo, uma vez que a Julie ganha a viagem respondendo errado sobre a capital do Brasil, então desde o início sabemos que aquela viagem é uma fraude. E, quando paramos para pensar sobre isso, a trama fica ainda pior. Então quer dizer que o assassino pegou uma viagem para a Julie e os seus amigos só para poder matá-la? Por que ele se daria ao trabalho de tudo isso? E por que passaria a se tornar uma espécie de Michael Myers, matando tudo e todos que encontra no caminho? Todas aquelas mortes, além de serem bem fracas, invalidaram completamente a proposta inicial do roteiro, porque aquela gente não tinha nada a ver com a história.

Enfim, o importante é que a Julie tem um novo confronto com o Ben Willis, além de ser surpreendida com uma reviravolta muito cretina. O que os roteiristas estavam na cabeça? Will Benson (Will, Ben son), sério isso? Este definitivamente não é um filme para ser levado a sério. O roteiro tem muitos furos e é fraco demais, sendo incapaz de continuar a história original de forma satisfatória. Mas, como já disse, há alguns momentos diversos que merecem ser conferidos. Esta sequência termina com um gancho semelhante ao do primeiro filme, algo que se tornou comum na franquia (acontecendo inclusive na terceira parte), mas para a Julie o segredo morreu mesmo aqui - e para todos os aspectos, a franquia também. Confiem em mim, a terceira parte irá assombrá-los para sempre.


Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário: