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[Crítica] Uma Noite de Crime


Direção: James DeMonaco
Ano: 2013
País: EUA
Duração: 85 minutos
Título Original: The Purge

Crítica:

Uma vez por ano, todos os crimes são permitidos.

É fato que os índices de violência têm aumentado muito nos últimos anos. Diversos filmes exploraram esses dados para mostrar um mundo pós-apocalíptico onde as ações humanos foram inteiramente responsáveis pela destruição de tudo que há pela frente. É por isso que eu me surpreendi ao conhecer o conceito dete filme. Em Um Noite de Crime, a melhor estratégia para conter a violência é permitindo-a por um tempo determinado. Parece estranho, mas é verdade. É claro que não estou falando que isso funcionaria no mundo real, mas confesso que me senti atraído pela proposta do enredo.

A história desse filme tem lugar em uma América devastada pelo crime, onde o governo sancionou um período de 12 horas anuais em que toda e qualquer atividade criminosa, incluindo assassinato, é legal. A polícia não pode ser chamada e os hospitais suspendem ajuda. É uma noite em que a cidadania se regula sem pensamento de punição. Nesta noite atormentada pela violência e por uma epidemia de crime, uma família luta com a decisão de quem eles se tornarão quando um estranho bate à sua porta. Temos poder sobre a vida e a morte ou isso acontece de forma natural?

Antes de comentar quão decepcionado estou com esse filme, vamos nos aprofundar em seu grande diferencial. Gosto da ideia, mas reconheço que ela é bastante infundada. O próprio roteiro tenta mostrar essa questão da divisão social. Apenas os ricos podem se proteger durante a tal "noite de crime", enquanto os pobres têm que se esconder como podem, sem grandes recursos. Antes de entregar um filme de terror, o enredo traz essa importante crítica sobre a distinção social. O expurgo, neste cenário, teria um propósito muito maior do que saciar os instintos assassinos no povo. Propósito este que não é explorado neste primeiro filme.

O roteiro pegou uma boa ideia e simplesmente a jogou no lixo. Um período de 12 horas onde todos os crimes estão liberados e o pânico está solto nas ruas, e o roteiro escolhe focar em um conflito doméstico clichê. O roteiro é um dos maiores pontos negativos do filme. Não sabe trabalhar com o grande potencial que a história poderia trazer. Filmes com famílias tentando sobreviver a uma invasão doméstica já foram feitos, como Horas de Medo e Reféns. Eu esperava, no mínimo, acompanhar uma interessante história sobre luta pela sobrevivência. Uma espécie de apocalipse na terra, com pessoas sádicas pelas ruas sedentas por vítimas frescas. Há tantas possibilidades para se fazer um bom filme, que eu acabo ficando besta por terem escolhido desenvolver justamente essa história de uma forma tão genérica.

E o que dizer dos protagonistas? Eu esperava que todos morressem da forma mais dolorosa possível. Tudo acontece de forma muito forçada. Na noite mais perigosa do ano, um dos personagens decide abrir suas portas para um completo estranho? Eu fiquei esperando por algum tipo de reviravolta em relação ao filho mais novo do casal, porque ele parecia um verdadeiro psicopata no começo. Porém, esse plot foi apagado, assim como qualquer chance do filme de se sair bem. E, para completar, o terceiro ato tenta passar uma mensagem completamente contrária à proposta do filme. Ao invés de luta pela sobrevivência e a quebra dos pilares da sociedade, aprendemos o valor do perdão e dignidade. Sério isso, gente?

Enfim, esse filme foi uma das maiores decepções dos últimos anos. Não se deixem enganar pelo conceito do enredo, o filme é desenvolvido da forma mais tosca e previsível possível. É impossível não torcer para que os personagens morram. E, apesar de abaixo da média, o filme conseguiu arrecadar uma enorme bilheteria dos cinemas. Provavelmente muitas pessoas foram enganadas pela proposta diferente do expurgo anual. Porém, diante dos resultados positivos por parte da bilheteria, os produtores se ligaram na reação do público, prometendo uma sequência que tem tudo para fazer este primeiro desaparecer da nossa mente. Mas vocês sobreviveriam a outra noite?


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