[Livro] A Punhalada 2 - Capítulo 12: O Assassino Em Mim – Parte 1
- Sério, Meredith, os
fogos são tão mais emocionantes da janela do hospital – Disse Chloe, com um
olhar manipulador que enganava qualquer um – Você deveria ficar e vê-los
comigo.
- Não posso, criança –
Meredith arrumou o travesseiro de Chloe, queria que sua paciente preferida
estivesse completamente bem quando saísse dali – Você sabe.
- Claro que pode, é você
quem manda na sua vida, não suas obrigações. Mary, você é mais forte.
- Ah é? – Meredith cerrou
os olhos, não só parecia desconfiada, como estava. Chloe precisaria se esforçar
mais se quisesse que ela ficasse ali a noite inteira.
- Ano passado meu pai
sofreu um acidente de carro e viu os fogos pela janela. No outro dia voltou pra
casa dizendo que tinha sido o melhor dia da vida dele.
- Chloe, ano passado não
houve comemoração – Meredith caminhou até sua bolsa vermelha que estava na
mesinha branca perto da janela.
- Ah, sério? – Chloe
parecia desconcertada – Foi ano retrasado, você sabe como me perco nessas
datas. Droga, Meredith, apenas fique. Não quero me sentir sozinha nesse palácio
dos acidentados. Me sinto doente. Meredith! – Chloe quase gritou. Pegou no
pescoço, iria fazer mais uma cena – Acho que estou febril, você não pode
abandonar sua paciente favorita nesse estado. Eu posso ter uma convulsão e
morrer. Eu já disse que na minha família houve quatro casos de epilepsia?
- Chloe, você sabe que
preciso ir – Meredith colocou a bolsa no ombro e olhou pra ela – Eu tenho um
filho de doze anos que não pode ficar em casa sozinho. Se não fosse isso, eu
ficaria, você sabe.
- Maldita fecundação.
Custava ter esperado pra fazer sexo quando você não estava ovulando?
- É o que eu me pergunto
todos os dias... – Meredith se aproximou dela. Sentou ao seu lado na cama e
ficou olhando, ela lembrava muito sua irmã Casey, e não tinha como não notar –
Não é tão ruim, Chloe. Você está com meu laptop e pode assistir filmes de
terror a noite inteira.
- Eu quero companhia, não
achar legal ter algo em comum com Jamie Lee Curtis, mas obrigada. Aliás, nem
ela eu posso ser. Eu sou a melhor amiga, eu sou a Tatum. Ou, pelo menos, uma
versão menos Britney promíscua dos anos noventa que consegue passar pela portinha
do cachorro facilmente. Mesmo assim, sou um alvo fácil, estou nesse hospital
sozinha, é fácil ele vir terminar o que começou.
- Você não está sozinha,
Brenda está na recepção, tem dois seguranças no andar de baixo e todos aqueles
pacientes que você odeia. Se alguém quiser te matar, vai ter que se
teletransportar pro seu quarto.
- Isso prova que você
nunca viu Poltergeist.
- Chloe – Meredith deu um
ar de risos - Facilite. Anda, não é tão ruim assim. Eu preciso mesmo ir.
Chloe demorou um pouco pra
responder, mas não pelos motivos que Meredith estava imaginando. Ela estava
reparando na vestimenta da enfermeira. Um vestido com bolinhas ao estilo anos
60 com um casaco pequeno que parecia até fazer as pessoas sentirem mais frio de
tão fajutos. Se era assim que ela pretendia conquistar o Doutor Farber, estava
fazendo aquilo errado.
- Ok Mary, você venceu.
Pode ir, eu vou ficar bem. Vou aproveitar meu tempo livre pra planejar uma fuga
e você não pode me impedir.
- Você pensa que vai longe
com essa perna quebrada? – Meredith tocou na perna dela, havia um gesso e uma
coisa verde e preta que Chloe não sabia o nome, mas parecia uma bota que
protegia o gesso e deixava a situação ainda pior.
- Não, apenas até a
estrada, Deus não inventou a carona à toa.
- Ok – Meredith sorriu. Se
levantou e beijou a testa de Chloe – Boa noite, criança. Amanhã eu volto.
- Boa noite Mary... Ou
não.
Meredith deu outro
sorriso. Se levantou e caminhou até a porta. Quando estava saindo, lembrou que
tinha uma coisa pra falar.
- Ah, uma amiga sua estava
aqui, perguntou por você.
- Amanda?
- Não, outra, Nina.
Perguntou se você estava bem, mas não pôde ficar.
- Nina? – Chloe fez uma
careta – Quem diabos é Nina? Mais uma fã ou uma repórter disfarçada?
- Não sei, mas ela parecia
preocupada com você, a não ser que tenha outra Chloe neste hospital. Enfim, estou
indo, boa noite – Meredith sorriu antes de partir.
Chloe ficou pensando, quem
diabos era Nina? Mas, como ela mesma disse, poderia ser uma fã ou uma repórter
disfarçada, então não tinha porquê pensar nisso.
Ela deitou e olhou pela
janela, estava esperando passar algum tempo pra poder sair da cama. Meredith
precisava ficar longe, se a visse levantando teria um ataque.
Chloe jogou o lençol no
chão e se levantou. Caminhou até a janela pra contemplar a bela vista de New
Britain. De um lado, ela podia ver a estrada que levava a Kensington, a cidade
vizinha. E bem ao lado dela uma outra estrada que levava a Bristol, mas essa
ficava perto dos enormes pinheiros pelos quais a cidade era conhecida em
Dezembro.
Do outro lado, ela via o
parque de diversões da cidade. Ele ficava ao lado da praça principal, onde em
alguns minutos começariam os fogos. Ficou com inveja das pessoas que estavam
lá, pois estavam ignorando tudo o que tinha acontecido pra poder ter um pouco
de diversões em suas vidas enquanto ela tinha que ficar enfurnada num hospital
fazendo piada de tudo só pra não demonstrar o medo que estava sentindo.
E naquele momento, o que
ela mais queria era estar naquela roda gigante. Fazer medo para Miley dizendo
que o brinquedo iria cair ou ficar rotulando as pessoas lá embaixo com Amanda,
ela sentia saudade disso.
Ela olhou pras duas
estradas do outro lado assim que a palavra “fuga” veio à sua cabeça. Não fugir
daquele hospital, mas daquela cidade parada cuja única coisa que acontecia era
assassinato. As estradas estavam escuras e sem movimento algum, estranho para
aquela época do ano, que é quando ela recebe um número absurdo de turistas.
- É New Merda, ninguém
mais curte você... – Ela disse, logo depois se afastou da janela.
Caminhou até a porta e
meteu a cabeça pra fora. Olhou pros dois lados, não tinha ninguém, era apenas
um corredor longo e branco que lhe dava náuseas. Fechou a porta bem devagar pra
não fazer barulho e começou a andar, mancando, sua perna quebrada iria
dificultar muito sua possível fuga. Mas pelos menos, poderia se esconder. Ligar
do telefone da recepção de outros setores abandonados pra alguém e ficar
conversando. Era um bom plano para quem ficava entediada facilmente.
As luzes do corredor por
onde andava começaram a piscar, fazendo um estranho ruído. Ela parou de andar e
olhou pra cima, não achou nada estranho algo ter problema naquela época do ano.
Os telefones ficavam mudos, as luzes piscavam, tudo pra dar mais sinal e
energia elétrica aos parques e ao desfile.
No canto do corredor,
havia uma televisão. A palavra “mudo” estava piscando em vermelho no canto
superior direito da tela, Chloe não conseguia ouvir uma palavra do que aquele
repórter estava falando. Mas, após alguns segundos, a foto de Megan apareceu.
Deveriam estar falando dela, soube que foi esfaqueada e estava no mesmo
hospital. Logo depois apareceu sua foto, uma versão cortada de uma foto que ela
tinha tirado ao lado de Amanda dentro de um carro há meses atrás.
- Não é meu melhor
ângulo... – Disse ela, antes de voltar a caminhar, estava tentando ir devagar
pra perna não doer.
E por alguns instantes,
nem sabia pra onde estava indo. Lia as placas azuis indicando os lugares, mas
não entendia pra onde tinha que ir, não havia nenhuma escrito “recepção” até
ela dobrar o outro corredor. Ela podia ver a porta vermelha que dava nas
escadas e o elevador ao lado. Também começou a ver a placa em vermelho escrito “Recepção”,
então ela estava no caminho certo.
Mas ao se aproximar,
percebeu o que tinha acontecido, e o porquê daquele hospital estar tão deserto
e silencioso. Tinha sangue pra todo lado, nas paredes, no balcão, no teto, era
um show de horrores. Os corpos de Meredith e a recepcionista Brenda estavam
jogados no chão como se fossem carnes pro abate, uma encima da outra. Na parede
acima delas, apenas as palavras “Halloween II”, que explicavam claramente o que
estava acontecendo.
Chloe colocou a mão na
boca, em choque, foi impedida de gritar por causa dos pensamentos e da lógica
que estava se formando. Ela era a próxima, o assassino tinha ido terminar o que
começou e usaria mais um filme como base. Então aquele jogo estava longe de
acabar.
Ela tirou o telefone do
gancho, estava encima do balcão. Ao colocar na orelha, percebeu que estava
mudo, não podia ser coincidência. Ela jogou o telefone pro lado e se abaixou
até o cadáver de Meredith. Enfiou a mão no bolso dela, olhando pro lado com uma
careta, aquele cheiro de sangue estava lhe dando náuseas. Tirou seu celular e
tentou discar, mas um barulho nas escadas a impediu. Ela olhou pra lá, os olhos
arregalados, a respiração tinha começado a ficar ofegante. Correu sem olhar pra
trás, ainda mancando, até dobrar o corredor.
Se escorou na parede e
virou a cabeça, tinha acabado de ouvir o barulho da porta das escadas se abrir.
Ela tinha certeza de quem era, e por isso não podia ficar parada esperando ele
caçá-la naquele corredor.
Ela correu até a primeira
porta que encontrou do outro lado, mas ela não abriu. Mancando, correu até a
próxima porta, mas ela também não abriu. Ainda olhou pra trás só pra ter
certeza de que não estava sendo seguida.
Quando chegou a vez da
terceira porta, ela conseguiu abrir, mas antes que pudesse entrar foi atacada.
Ghostface tentou lhe esfaquear na costa, ela desviou por sorte. Aos gritos, ela
caiu no chão. Tentou se levantar com a ajuda da mesa de ferro, mas ele tentou
esfaqueá-la novamente. A faca acertou a mesa quando Chloe desviou. Ela caiu não
chão, o baque foi intenso, e seu braço foi o mais prejudicado.
O assassino a puxou pelo
cabelo e a arremessou até a prateleira no canto direito onde havia alguns
materiais. Ela derrubou tudo o que tinha lá encima e ainda cortou seu joelho
num bisturi. Ao invés de gritar como louca – como ela sabia que todas sempre
faziam -, decidiu focar-se em escapar. Pegou a primeira coisa que a mão cheia
de sangue conseguiu agarrar. Era uma bandeja de ferro, que ela acertou no rosto
do assassino antes que ele pudesse esfaqueá-la de verdade.
Ele caiu no chão, no meio
de todos aquele objetos cortantes, bateu as costas bruscamente na mesa de ferro
no centro. Chloe aproveitou pra sair dali, correu o mais rápido que sua perna
deixava. Segurou sua coxa, temia que sua condição fosse a verdadeira culpada
por sua morte.
Chegou até o elevador, a
porta se abriu instantaneamente. Os botões de controle estavam do lado direito,
ela os apertou freneticamente pra porta se fechar antes que fosse atacada novamente.
Pro seu azar, ghostface tinha acabado de sair da sala onde eles lutaram. Olhou
pra ela e correu em sua direção.
- Não! – Ela gritou,
apertando os botões novamente.
A porta se fechou antes
que ela pudesse ser ferida. Mas, isso ao significava nada, não pôde sentir
alívio. Ainda estava dentro de um hospital desabitado, com a perna quebrada e
um assassino louco querendo que ela fosse uma das vítimas de seu filme, estava
longe de se sentir segura.
Quando a porta se abriu,
ela correu. Procurava as placas no canto dos corredores que lhe diziam onde
estava e por onde ela tinha que ir pra chegar até a porta de entrada. Estava no
primeiro andar e o assassino provavelmente ainda no quarto, mas se não fosse
rápida ele iria encontrá-la facilmente. O quão rápido poderia descer pelas
escadas?
As luzes voltaram a
piscar, Chloe olhou pra cima com seus olhos arregalados e cheios de medo. Seu
rosto estava suado e sua respiração ainda mais ofegante. Seu coração batia num
nível doentio de desespero. Continuou a correr assim que ouviu um barulho
estridente dos alto falantes.
Quando dobrou o corredor,
viu que no final do próximo havia a saída. Era uma enorme porta de vidro que
variava do verde ao transparente, Chloe podia ver por ela a estrada onde havia
muito carros passando. Era sua salvação, se encontrasse o segurança daquela
porta estaria salva.
- Não tem como fugir,
Chloe... – Disse o assassino, pelos alto falantes – A melhor amiga sempre
morre.
Chloe apressou os passos,
não queria fazer parte daquela brincadeira.
- Chloe morre... Chloe
morre... – Sussurrava o assassino.
O desespero de Chloe
aumentou, ela começou a chorar. A perna doía muito, sentia que não iria
aguentar continuar correndo daquele jeito. Chegou até a porta de vidro, mas o
segurança não estava lá. Ela não abria, estava completamente trancada. Começou
a bater nela e a gritar por ajuda quando os sussurros do assassino se tornaram
gritos macabros de ameaça. Ela mal conseguia controlar o choro ou a respiração,
quem dirá os batimentos cardíacos.
Só parou de bater no vidro
quando percebeu que o assassino não estava mais gritando. Olhou ao redor, as
luzes piscaram novamente. Olhou pra câmera no canto do corredor, perto da
televisão. Então, pensou. Se o assassino estava brincando com ela pelos alto
falantes, já deve ter visto onde ela estava pelas câmeras de segurança que
ficam na sala de controle.
Nem um segundo se passou
para ela raciocinar e já estava com medo. O elevador apitou ao lado dela, as
setas encima dele indicavam que estava descendo do quarto andar.
Ela correu pro lado
esquerdo, a perna doendo ainda mais. Até que, ela forçou tanto que não se
aguentou de pé. Caiu ao lado de uma maca que estava lá e deu um grito. Tentou
forçar mais a perna, mas não conseguia, parecia que tinha sido quebrada de
novo. Tentou mais uma vez, mas teve os mesmos resultados.
- Não! – Ela gritou,
desesperada, apertando os olhos pras lágrimas caírem mais rápido – Não!
Ela começou a dar socos na
perna quebrada, não acreditava que era aquilo que iria matá-la. Em poucos
segundos a porta do elevador iria se abrir e ela iria ser morta, exatamente
como estava pensando. A melhor amiga cheia de atitude, sempre uma das ultimas a
morrer em qualquer filme, parecia ser a coisa mais injusta do mundo quando
teriam que aplicar esta regra à vida real.
Ela olhou pro corredor,
esperando o elevador descer. E quando desceu, ghostface saiu correndo dele pelo
corredor onde ela estava. Mas, ela não estava mais lá, havia apenas sangue que
saíra de seu joelho quando ela se feriu com o bisturi.
Do outro lado da porta,
Megan estava tapando a boca de Chloe com sua mão esquerda. Chloe, com os olhos
cheios de lágrimas, apenas olhava para ela. Não sabia como ela tinha chego ali,
mas provavelmente estava querendo fugir. Ela mal sabia que Megan só estava ali
porque viu pela janela o assassino entrando no hospital e quis fugir, mesmo estando
com aquela roupa que dizia claramente que ela era uma paciente.
Megan levantou o indicador
da mão direita e colocou na boca, estava pedindo para Chloe fazer silencio.
Chloe assentiu devagar, as lágrimas presas em seus olhos escorreram pela mão de
Megan. As duas estavam se perguntando o porquê de todo aquele silencio ao lado
da porta, no mínimo deveriam ouvir o assassino correndo, mas nem isso ouviam.
Megan olhou pra porta, estava há poucos centímetros dela, por isso o choque foi
grande quando o assassino tentou arrombá-la.
Chloe caiu no chão, dando
gritos de pavor. Megan tentou ajudá-la a levantar, mas não conseguiu. Então,
correu até as janelas do outro lado e arredou as cortinas. Pro seu azar, as
janelas eram gradeadas.
- Droga! – Ela gritou,
olhando pra porta, o assassino ainda estava tentando arrombá-la e não levaria
muito tempo.
Megan, então, começou a
procurar qualquer coisa que as ajudasse a sair dali com vida. Uma faca ou uma
bandeja, qualquer coisa que pudesse usar como arma. E ao olhar pra baixo da
mesa de rodinhas, percebeu que havia uma coisa que as ajudaria a escapar. Era
uma tubulação de ar bem grande, elas poderiam passar por ela até os fundos e
correr pelas árvores até a estrada.
Ela correu até lá,
empurrou a mesinha pro lado, derrubando as coisas que estavam encima dela.
Enfiou os dedos na grade e puxou de uma vez. Jogou a placa de ferro pro lado e
correu até Chloe, queria salvá-la primeiro.
- Vem Chloe! – Ela gritou,
arrastando a garota até a tubulação – Entre aqui!
- Não! Você primeiro!
- Não temos tempo, vadia!
Entra logo! – Megan olhou pra porta, a madeira já estava sendo quebrada.
E já tinha tomado sua
decisão. Até o momento ela só tinha tido sorte, nada mais que isso. As pessoas
a salvavam, como Aaron sempre fez, ou como Amanda fizera quando foram atacadas
no Vulcanical’s um ano atrás. E nesse meio tempo, nunca tinha feito algo de
bom. Se sentia problemática e vulnerável, uma peça descartável naquele jogo de
sobrevivência. Se pudesse salvar Chloe, provaria que não sobreviveu à toa.
- Megan, eu não posso! –
Disse Chloe, chorando desesperadamente.
- Chloe! Agora! – Gritou
Megan, com autoridade.
O grito foi tão alto que
Chloe fechou os olhos com o susto. Olhou pro lado, derrotada, sabia que se
demorasse mais as duas iriam morrer e seria sua culpa. Mesmo assim, não podia
contrariar Megan, a garota parecia decidida a lhe dar uma chance antes de dar
uma chance a si mesma.
Ela começou a engatinhar
dentro da tubulação, Megan foi atrás dela. Chloe estava fazendo de tudo para
ser rápida e dar a chance de Megan se salvar, mas o assassino arrombou a porta
antes disso. Puxou Megan pelos pés expostos pra fora da tubulação e a arrastou
de volta pra sala enquanto ela gritava.
- Megan! Não! – Gritou
Chloe, lá na frente.
- Sai daqui! – Megan se
debatia no chão, mesmo o assassino não dando indícios de que usaria a faca em
sua mão para matá-la.
Ela rolou pro lado e se
levantou. Pegou a placa de ferro no chão e a jogou no assassino, mas ele
desviou. Avançou pra cima dela e a imprensou na parede. Megan começou a bater
nele enquanto gritava para ele soltá-la. Se debateu tanto que acabou tirando
sua máscara.
O choque era enorme em seu
rosto. Ela tinha até parado de lutar pela vida quando viu quem era. Seus lábios
machucados por causa da briga se mexeram devagar, mas não disseram nada, o
cérebro ainda não tinha processado aquilo. Só o que se passava em sua cabeça
era que não podia ser verdade.
- Ai meu Deus... É
você...?
Megan não pôde falar mais
nada, levou um soco no rosto e caiu no chão, desmaiada. O assassino ficou
olhando pra ela por alguns instantes, sentindo que aquilo não deveria ter
acontecido. Alguém descobriu sua identidade antes de seu tão esperado final, e
essa pessoa merecia morrer mais que qualquer outra.
--
O delegado caminhava de um
lado para o outro, sem saber o que fazer. Seu cérebro insistia em pensar em
todas as possibilidades que aqueles assassinatos estavam dando, e isso não era
saudável.
À sua frente estava uma TV
com o video de Brandon Rush pausado, ele estava revendo pela trigésima vez só
pra ter certeza de que não tinha deixado passar nada. Da ultima vez em que
pensou que o video era apenas uma pista infundada, a namorada de seu filho lhe
provou que ele dava pistas sobre os filmes em que o assassino iria se inspirar
para matar as pessoas. Dos filmes que estavam no video, apenas Halloween II e A
Hora do Pesadelo ainda não haviam acontecido.
Além do video, ele estava
preocupado com Amanda. Há duas horas tinha ligado dizendo que Kyle era o
assassino e para seu azar, ela estava com ele. Mas ainda havia perguntas não
respondidas. Kyle poderia ser o assassino, suas digitais estavam pelas fotos em
que Amanda encontrou no que parecia ser o quartel general, mas se ele realmente
está imitando os filmes, então não havia apenas um assassino, e sim dois, quem
dirá três.
- Senhor? – Perguntou o
policial Finn, assim que abriu a porta.
O delegado parou de andar
e olhou pra ele, cheio de esperanças. Há alguns minutos tinha mandado os
policiais ligarem para Amanda e para Aaron.
- Conseguiu falar com
eles?
- Não senhor – O policial
entrou na sala e fechou a porta. Fez uma pose, segurando sua arma, queria
demonstrar respeito ao seu superior – O celular de Aaron vai parar na caixa
postal depois de alguns toques e o de Amanda vai direto.
- Então tentem mais uma
vez!
- Tentamos nove vezes,
senhor, sempre a mesma coisa.
- Droga! – O delegado
bateu com as duas mãos na mesa marrom ao seu lado e abaixou a cabeça, fitando
suas botas pretas.
Ele fechou os olhos
enquanto imaginava Amanda morrendo, era cruel demais. A única que não merecia
morrer podia estar morta porque seu departamento não foi rápido o suficiente
para dizer que Kyle era o assassino. E o pior era que ele achava que tudo o que
estava acontecendo em sua cidade era culpa sua.
- Eu deveria saber... –
Ele sussurrou – Eu deveria saber desde o começo, desde quando os Rush adotaram
aquela criança ilegalmente, eu deveria ter feito alguma coisa... Desde sempre
excluído, ficando na sombra da irmã mais velha, sendo desprezado pelos próprios
pais enquanto a irmã era idolatrada só porque era popular e uma ótima
influência... Eu deveria saber que isso não acabaria bem...
- Não é sua culpa, senhor
– O policial se aproximou – Como o senhor poderia saber que o garoto iria se
tornar um psicopata?
- Eu deveria imaginar,
porque o pai dele era... – O delegado hesitou, as memórias estavam começando a
consumi-lo - Thomas Marshall, conheci ele quando trabalhava em Kensington.
Havia um caso de algumas garotas mortas que foram estupradas e depois jogadas
em barris num lago, ele era nosso principal suspeito, mas nunca foi indiciado
pela falta de provas. Quando ele casou e se mudou, eu não pude fazer nada.
Então eu descobri que o garoto dos Rush era filho dele, eu lembro de ter
pensado que ele poderia herdar a loucura do pai, mas deixei pra lá... Ele era
só um garoto, as pessoas me chamariam de louco se eu desse minha opinião...
Finn engoliu em seco
quando o delegado parou de falar. Ficou olhando pra ele de um jeito sério, mas
ao mesmo tempo, com medo. A única coisa que sabia era que Brandon Rush era um
doente mental, mas nunca tinha imaginado que aquilo fosse de família. Ele
conhecia o Professor Marshall, tão calmo, sereno, gentil, sem nenhum podre, era
realmente o tipo de pessoa que servia como exemplo pra cidade inteira. Mas por
trás daquele comportamento exemplar se escondia um monstro, que teve o que
merecia graças ao monstro que ele mesmo fez.
- Isso não está nas suas
mãos, senhor. Vamos pegar esse infeliz e fazê-lo pagar, é só o que podemos
fazer...
- Obrigado, Finn – O
delegado olhou pra ele e quase sorriu.
- Delegado? – Gritou o
policial Lee, ao passar pela porta – O senhor precisar vir com a gente.
- O que aconteceu? – O
coração dele disparou, pensou que dariam a notícia de que Amanda estava morta.
- Encontramos um corpo no
meio da estrada, Kelly Marshall, estava dentro de um honda civic preto no meio
da estrada!
- Kelly Marshall? Uma das
filhas desaparecidas de Thomas Marshall?
- Sim senhor, a coisa está
feia, o cadáver está em decomposição!
O delegado não perdeu mais
tempo, junto de Finn e Lee correu dali. Quando passou pelas mesas das
atendentes, uma delas chamou seu nome. Era Marta, a mais simpática, parecia
nervosa.
- Senhor, eu estava na
linha com Chloe Field! Ela disse que ela e Megan Bower foram atacadas no
hospital, mas ela conseguiu se salvar! Está no corpo de bombeiros!
- Mande dois homens pra lá
– Ele ordenou a Finn, antes de sair correndo pela porta da delegacia.
--
Amanda parou o carro em
frente ao hotel de Aaron, acabou batendo sem querer no carro da frente, mas não
estava ligando pra isso. Saiu de dentro desesperada, tentando ignorar os
insultos do motorista do carro em que bateu.
Quando entrou no hotel,
viu a recepcionista conversando com um homem. Ela olhou para Amanda, percebeu
que a garota estava uma bagunça e com certeza não morava naquele hotel chique.
- Senhora? A senhora
precisa se registrar – Disse ela, mas Amanda ignorou. Correu atrás dela até o
elevador – Senhora? A senhora não pode ir entrando assim! Senhora?
Amanda apertou os botões
do elevador e a porta se fechou. Quando chegou ao seu andar, ela saiu correndo.
Foi direto ao quarto de Aaron e não fez cerimônia pra abrir a porta. Mas,
entrou em choque quando viu tanto sangue. Havia sangue no teto, na parede, nos
móveis, parecia que alguém tinha sido arrastado por ali.
A primeira coisa que
lembrou foi seu filho. Correu até o quarto e abriu a porta. Brooke estava deitada
na cama com os braços abertos, cheia de sangue. No tórax, inúmeras marcas de
facadas que faziam quatro linhas verticais. Seus olhos ainda abertos deixavam
Amanda com mais medo, e a o recado, como sempre, explicava tudo. Perto da
cabeceira, as palavras “A Hora do Pesadelo” estavam escritas com o sangue da
garota.
Amanda andou pra trás e se
escorou na parede. Colocou a mão na boca pra não gritar e foi descendo devagar
até o chão, já tinha começado a chorar. Só no que pensava era que seu filho
pudesse estar morto, não lembrava de ter visto tanto sangue daquele jeito, não
podia ser apenas de Brooke.
E doía tato imaginar que
nunca mais iria ver seu filho, que ela até pensava em se matar. Pular pela
parede de vidro daquele quarto e finalmente morrer, assim não teria porque
alguém matar inocentes, ela já estaria morta.
Quando ouviu o telefone
tocar, parou de soluçar. Fitou o nada e apenas pensou, quem ligaria à aquela
hora se não o próprio assassino? Seu filho poderia estar vivo, foi por isso que
ela levantou do chão e correu até a sala, atendeu o telefone assim que chegou.
- Olá Amanda, está com
saudades? – Disse o assassino.
- Vai se foder! – Ela
gritou o mais alto que pôde, o assassino deu uma risadinha.
- Finalmente chegou sua
vez, aposto que está ansiosa pro terceiro ato.
- Onde está o meu filho?
- Em um lugar seguro. Se
você fizer o que eu mandar, ele vai permanecer seguro.
- O que você quer?
- Eu quero um final,
Amanda – Sua voz tinha entusiasmo, ele fez questão de dar ênfase ao nome dela –
Não quero apenas um final, quero um final perfeito, e preciso de você pra isso.
Qual o propósito em matar pessoas se não vamos ter a cena clássica da revelação
do assassino?
- O que eu tenho que
fazer? – Amanda engoliu o choro, faria de tudo para seu filho ficar bem, mesmo
que tivesse que arriscar sua vida, ou simplesmente morrer.
- Você precisa ir ao lugar
onde tudo começou, e onde tudo vai terminar.
Quando ele desligou,
Amanda ficou pensando.
--
Amanda olhou para sua
antiga casa bem a sua frente, temendo o que poderia acontecer quando entrasse.
Era o lugar onde tudo começou, disso ela sabia. O lugar onde Brandon cresceu
sentindo que não se encaixava, o lugar onde ele se apaixonou pela irmã e acabou
se odiando por isso. Era ali que tudo tinha começado, e por ironia, onde tudo
iria terminar.
E as lembranças começaram
a rodear novamente sua cabeça. Ela ouviu novamente sua risada, lembrou de
quando eles corriam por aquele jardim e nada além de alegria importava. As
coisas eram tão mais fáceis quando eles eram criança, que ela se sentia um nojo
de pessoa por ainda conseguir gostar dele. Porque o presente era tão devastador
que ela precisou se focar no passado pra poder continuar com sua vida.
Ela lembrava do Brandon
protetor, aquele irmão mais novo que era maior que ela e a protegia. Era
incrível como a melhor pessoa do mundo de repente tinha se tornado a pior,
capaz de fazer tudo em nome de sua infelicidade. E onde ela estava... Na porta
de sua antiga casa, prestes a enfrentar um ou dois psicopatas que decidiram
prolongar seu sofrimento, como se tudo já não tivesse sido o bastante.
Ela entrou na casa,
limpando as lágrimas que escorriam de seus olhos. Caminhou devagar pelos
corredores vazios, esperando que alguma coisa acontecesse, qualquer coisa, já
que não podia tirar proveito daquela situação de nenhuma maneira.
Quando foi se aproximando
da cozinha, ouviu gemidos. Caminhou mais um pouco, até ver Megan amarrada em
uma cadeira com um pano na boca. Ela olhava para Amanda e gemia, tentava se
debater, mas não conseguia se soltar. O mais estranho era sua roupa, um vestido
vermelho que passava dos joelhos, aquele tipo e roupa não fazia seu estilo.
- Megan! – Amanda correu
até ela e tentou desamarrá-la.
Tirou o pano da boca dela
e se abaixou para desamarrar suas mãos.
- Amanda, é uma armadilha!
– Gritou Megan.
Amanda olhou pra trás, mas
não conseguiu ver nada. Foi atingida na cabeça e desmaiou. Fechou os olhos
devagar, a ultima coisa que ouviu foi Megan gritando desesperada.
--
Amanda abriu os olhos bem
devagar, estava se sentindo tonta. A vista embaçada fitava a cadeira onde Megan
estava amarrada e gemendo. Só depois de um tempo conseguiu raciocinar. Estava
amarrada a uma cadeira, pelos pés e pelas mãos. Ainda não tinha percebido, mas
não estava mais com sua roupa, agora usava um vestido como o que Megan estava
usando, mas na cor preta, e um decote maior.
- Megan... – Ela
sussurrou, fitando os olhos arregalados da garota.
E finalmente, o assassino
apareceu. Caminhou da porta dos fundos até o meio da cozinha, olhando para
Amanda. Só o que ela queria era que ele tirasse aquela máscara e encarasse seus
olhos, queria saber quem estava por trás de tudo aquilo e porquê.
Devagar, ele tirou a
máscara e jogou pro lado. Gabriel sorriu para Amanda com um olhar cínico e
doentio, que ela só tinha visto no irmão. E a incredulidade da garota era o que
sustentava toda aquela felicidade psicótica no olhar dele. Era difícil de
acreditar, Gabriel era o assassino? Mas e Kyle? Era seu parceiro ou ela tinha
sido injusta com o amor da sua vida?
- Surpresa, Amanda. Você
não sabe o quanto eu esperei por esse momento.
Ultimo Capítulo
A Punhalada 2, dia 07 de Junho
A Punhalada 2, dia 07 de Junho
13- O Assassino em Mim - Parte 2
Ahhhh droga, o gabriel ?? e agora , quem será o outro assassino, meu deus, eu vou ter que esperar até dia 7 , nããããããããoooo
ResponderExcluirEu acho que deveria ganhar algum spoiler, porque parece que eu sou o fanático das suas historias hehehe! se quizer mandar algum para o Fã numero um , mande pra qui geedes.junior@gmail.com
ResponderExcluirboom!!!! aposto que o gabriel é irmão do Brandon.
ResponderExcluirAi meu Deus em choque com as revelações,Gabriel o assassino,eu suspeitei quando ele meio que sumiu apos a morte da Zoe...mas quem sera o ajudante,será que é o Aaron? será que é o Kyle? será o irmão gemeo do Brandon que na minha cabeça só deixa de existir depois que escreverem o ultimo capitulo,deve ser a Chelsea pois ai teriamos uma ligação com a morte da Ashley,Meu Deus eu não conseguirei aguentar ate quinta.
ResponderExcluirNaaaaao!!!!! Pq o Gabriel?? Ai eu adorava ele, assim como o Brandon!!!! Pq vooocs fazeem issoo?? OMG :O
ResponderExcluirkkkkk Ansioso para o desfecho!!! :D
Carlos eduardo, eu também gostava do Brandon e também gostava do Gabriel, mas olhe pelo lado bom, a Chloe não morreu, e espero que não morra né, e quem será o outro assassino ????
ResponderExcluirOMFG!!!!,Gabriel é o assassino O.O!!.Nunca imaginaria que era ele,acho que ninguém suspeitava do garoto,tbm acho que Gabe é irmão do Brandon,quem será o ghostface 2.0?,tem que ser alguém que está fora da lista de suspeitos.Graças a Deus vc não matou a Chloe,obrigada João :D.Vai demorar uma eternidade até o dia 07 mais a espera vai valer a pena.
ResponderExcluirAi meu Deus o pai do Brandon que morreu era um Psicopata també,que genética maldita néah?
ResponderExcluirAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
ResponderExcluirGabriel?
Fique tipo WTF?
Ansioso Para o Final
É HOJE, JOÃO COLOCA MAIS CEDO ...
ResponderExcluirnossa eu não fiquei tão surpreso pois minha irmã conseguiu ler antes de min e min disse que era, mas mesmo assim o Gabriel uau nunca iria desconfiar mas ele tem que ter um ajudante pois se eu não min engano quando sua irmã morreu ele estava na festa com o telefone na mão conversando com ela e do lado de outros personagens
ResponderExcluirvou ler agora o ultimo capitulo e o final tem que ser bombástico pois o do final do primeiro uma pessoinha ficou gravida e falando nisso que é o pai desta criança ?
Para mim não foi surpresa alguma... Ainda mais por ele meio que ficar de fora e não sofrer nas mãos do assassino, já estava suspeitando dele desde o Capítulo 8, só que eu achei que o Craig era parceiro dele. Gabriel e Craig foi os únicos que suspeitei.
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