[Livro] A Punhalada 2 - Capítulo 10: A Vítima Perfeita
- Sim, eu já disse, é um
Honda civic preto – Disse Aaron ao celular, estava caminhando de um lado pro
outro dentro do seu quarto de hotel.
Ficou esperando uma
resposta do policial que estava do outro lado da linha, parecia estar se
fazendo de bobo, ou simplesmente com preguiça demais de fazer seu próprio
serviço. Era tão irritante que Aaron desligaria se aquela pista não ajudasse a
pegar o assassino.
- Espere um momento –
Pediu o policial.
- Não, eu não posso
esperar um momento, pessoas estão morrendo – Aaron fitou a parede de vidro de
seu hotel. Colocou uma mão na cintura e suspirou, tinha perdido as contas de
quanto tempo estava naquela chamada – Você pode chamar meu pai?
- Ele saiu, recebeu um
chamado importante.
- Então você poderia dar o
meu recado?
- Tudo bem – O policial
suspirou de tédio. Sempre tinha achado Aaron um garoto mimado, e nem ter uma
pista sobre o novo assassino o fazia mudar de ideia. Ele nem acreditava que
Aaron pudesse estar certo.
- Diga que o assassino
dirige um Honda civic preto, peça pra ele fazer um chamado geral, avisar
algumas viaturas pra pararem qualquer carro desse tipo.
- Tudo bem Aaron, eu digo
– O policial desligou.
Aaron olhou pro celular
quando ouviu os apitos de fim de ligação, não sabia se se sentia ofendido
pessoalmente ou mundialmente, já que era uma pista importante. Se o assassino
realmente dirige um Honda civic preto, o país inteiro deveria parar pra
procurar o bendito carro, não importa que tenham uma vida ou achem perda de
tempo.
Quando ouviu um baque na
porta, olhou pra trás. A primeira pessoa que lhe veio a cabeça foi a faxineira,
pois ninguém tinha dito nada na recepção que ele teria visitas. Caminhou até a
porta depois de jogar o celular no enorme sofá vermelho da sala de estar. Abriu
a porta, sua expressão de surpresa não pôde ser confundida quando viu Amanda
parada, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela estava com o filho nos
braços e algumas malas ao seu lado, Aaron sabia exatamente o que aquilo
significava.
- Preciso de um lugar pra
ficar...
- Ok... – Aaron assentiu
devagar, tinha muitas perguntas à fazer, mas aquele não era o momento.
Ele se afastou pra ela
entrar. Carregou suas malas depois que ela passou por ele, as deixou ao lado da
porta. Amanda começou a olhar o lugar, aquele quarto não era tão diferente
daquele que ficara ano passado. Ela sabia que Aaron estava olhando, porém, ele
nunca poderia saber no que ela estava pensando, não fazia ideia de que ainda
lembrava da morte de Craig como se estivesse acontecendo naquele momento.
- Você precisa de alguma
coisa? – Ele perguntou, e pareceu paciente com sua demora pra responder.
- Não, estou bem, não se
preocupe.
- Você pode ficar no
quarto ao lado do meu, se quiser...
- É perfeito... – Amanda
sentou no sofá e olhou para Matty, se sentiu obrigada a sorrir pra ele quando o
viu sorrindo.
- Vou preparar alguma
coisa pra você comer, arrumar suas coisas e... – Aaron olhou pras malas – Tudo
o que precisar. Por favor, não conteste, apenas... Fique aqui o tempo que
precisar e não se preocupe com mais nada além do Matty...
- Não vai perguntar o que
aconteceu?
- Não agora... Descanse –
Aaron se aproximou dela e pegou Matty – Eu cuido dele por hoje.
Ele olhou pro bebê,
parecia agitado, estava colocando a mão fechada na boca. Aaron notou suas
feições, ele era lindo, poderia até ser dele, se Amanda já não estivesse
grávida de três meses na noite em que transaram. Ele levou Matty até a cozinha,
deixando Amanda olhando pro nada.
Ela só estava pensando,
imaginando, lembrando, e se culpando, era um círculo vicioso. Mas no fundo ela
sabia que não merecia tudo aquilo. Ninguém merecia viver essa vida tendo um
filho, ninguém merece ser machucado desse jeito e ver as pessoas ao seu redor
morrendo.
Devagar, ela deitou no
sofá, com os braços embaixo da cabeça. Fitou a mesa no centro da sala e deixou
escorrer algumas lágrimas. Nem percebeu que o sono e o cansaço iriam vencer, e
aos poucos, acabou adormecendo, perdida no próprio sofrimento.
--
Amanda abriu os olhos,
fitou o teto do quarto de hotel de Aaron, mais um dia iria começar. E não era
qualquer dia, ela precisava estar preparada pra toda aquela felicidade que a
cidade iria comemorar. O bicentenário e o concurso da Miss New Britain, um
prato cheio pra quem está dizimado a população da cidade.
Ela olhou pro lado, Matty
ainda estava dormindo, parecia um anjinho. Ao lado dele estava seu celular, com
o visor piscando, havia quinze chamadas não atendidas de Kyle. Desde a morte de
Craig há dois dias ele continua ligando, na primeira noite ela recebeu quarenta
chamadas dele, como se isso fosse considerado normal.
Devagar – para não acordar
Matty -, ela levantou. Andou até a sala e depois foi a cozinha, estava
procurando por Aaron.
Ele não estava lá, havia
apenas um bilhete no pequeno frigobar dizendo: “Fui à delegacia, volto ao meio
dia. Tem café na mesa da sala, Aaron.”
Amanda arrancou o bilhete
para ler mais de perto. Depois o jogou encima da mesa e andou até a sala,
mexendo no cabelo bagunçado. Pegou seu café e tomou um gole, estava tão frio
que ela teve que cuspir. Deixou o copo exatamente onde estava e ficou andando
pelo quarto. Matty não acordava, Aaron não chegava, o banho quente que decidiu
tomar não tinha funcionado e como nos outros dias, ela estava entediada. E nem
podia sair dali, não poderia correr o risco de encontrar Kyle ou até mesmo ser
perseguida por um assassino.
Ela correu até o quarto de
Aaron, queria encontrar alguma coisa pra se divertir. Internet, era uma
poderosa arma para matar o tédio. O laptop de Aaron estava encima da cama, por
sorte, não teria que procurar que nem louca como fizera ontem.
Sentou na cama e apertou
uma tecla qualquer só pro descanso de tela desaparecer. Aaron parecia não ter
terminado o que estava fazendo, algumas janelas estavam minimizadas, mas apenas
uma chamou sua atenção. Era um arquivo de texto com o nome de “O Fantasma de
New Britain”. Ela o abriu, ficou curiosa, mas desejou não ter feito isso quando
viu do que se tratava. Não podia ser outra coisa, era um livro escrito por
Aaron contando a história dos assassinatos de um ano na sua versão.
Ela não sabia se sentia
nojo, se chorava ou se quebrava tudo como uma amiga traída. Aaron tinha
prometido não fazer aquilo, e estava obviamente mentindo. Ao passar pela parte
em que ele escreve sobre o ataque no Vulcanical’s, ela precisou se levantar, ou
iria fazer uma besteira.
--
Aaron cruzou os braços em
frente a TV, tentou fixar o olhar no rosto do video de Brandon, queria saber se
ele podia dar outra pista. Bem atrás dele estava seu pai, junto de dois
policiais. Megan estava sentada na cadeira perto de uma das mesas de ferro, brincando
com seu chiclete, mas ainda assim conseguia prestar atenção no vídeo.
Antes de terminar, o
policial Bill entrou na sala. Aaron deu pause, sabia que ele iria atrapalhar.
- O que estamos fazendo
aqui, exatamente? – Perguntou o delegado.
- Vendo se perdemos alguma
coisa – Respondeu Aaron – Vendo se o video dá alguma pista, qualquer coisa...
- Já mandei meus homens
pararem todos os Honda civic pretos, não acho que vamos encontrar alguma coisa
neste video. O garoto está morto, obviamente o assassino encontrou o video e
quer que a gente quebre a cabeça tentando desvendar o que não precisamos.
- Acho que o senhor está
certo, delegado – Disse Bill – É uma perda de tempo.
- Esse video é uma
mensagem, tudo é uma mensagem e faz parte de seu jogo doentio.
- É isso ai bebê – Megan
assentiu, colocou o chiclete de volta na boca quando percebeu que tinha chamado
atenção.
- Qualquer coisa importa,
qualquer detalhe – Continuou Aaron – Ano passado o assassino deixava pistas,
também deixou um pen drive dentro de uma das vítimas e no fim tudo se encaixou.
- O seu caso com Trish
Peterson? Todo mundo sabe – Respondeu Bill, dando um ar de risos, estava
provocando-o sem disfarçar. Era apenas uma coisa que todos os policiais dali
faziam.
- Não foi um caso, ficamos
algumas vezes como os adolescentes fazem e o assassino usou isso porque sou
famoso e queria que seus crimes tivessem uma maior repercussão, já que Trish
foi uma das primeiras. Não é grande coisa.
- Tudo bem – O delegado
suspirou – Aaron, eu já ouvi você, já vimos o video, que tal deixar o resto do
trabalho pros detetives?
Aaron começou a tagarelar
em sua defesa, os policiais pareceram entediados. A única que deveria estar
prestando atenção era Megan, porém, ela estava mais interessada no vídeo. Estava
olhando pra expressão de Brandon, ele realmente tinha um olhar psicopata e
começou a se sentir uma idiota por não saber.
Ela cerrou os olhos,
talvez pra ver melhor, estava tentando achar alguma coisa que ajudasse Aaron.
Porque ele tinha razão, aquilo era uma pista, no final faria sentido. E se tem
algo haver com Brandon, está naquele video.
- Deixar a policia
trabalhar, papai? – Aaron sorriu com desdém – Que tal vocês primeiro acharem os
corpos das filhas do casal assassinado por Brandon Rush há dois anos antes de
falar sobre sua competência? Sem falar nos dois policiais que deveriam vigiar a
casa dos Fuller, mas por alguma razão não estavam lá e mais um civil morreu.
- Estamos trabalhando
nisso, Aaron – Disse seu pai, o tom da voz parecia autoritário.
- Ai meu Deus! – Megan se
levantou, cuspiu o chiclete nos pés de Bill e continuou a falar – Não é
possível que vocês não percebam! Perdem tempo brigando quando a resposta está
na cara de vocês!
- O que? – Aaron fez uma
careta enquanto Bill chutava o chiclete de seu pé, ambos prestando atenção em
Megan.
- Olhem pro video! – Megan
olhou, assim como todos os outros – O que vocês veem?
- Hã... – Aaron ficou
pensando – Brandon com uma expressão demoníaca?
- Não, vocês precisam
enxergar além! Não é Brandon, o que tem atrás dele?
- Alguns pôsteres de
filmes de terror... – Respondeu o delegado.
- Exato! – Megan se
aproximou da TV – Mas não qualquer pôster! Olhem, é o massacre da serra
elétrica e Brinquedo Assassino, encima de Pânico – Ela apontou pros pôsteres do
lado esquerdo, depois foi pro outro lado da tela – E aqui Lenda Urbana e Pacto
Secreto.
- Ok... – Aaron fez outra
careta, ainda não estava entendendo, e era mais fácil acreditar que Megan
estava dizendo coisas sem sentido.
- São as mortes, bebê!
Primeiro Ashley, foi o massacre da serra elétrica, ela foi pendurada em
ganchos! Depois Brinquedo Assassino, Zoe morreu, estava escrito o nome do filme
na parede e ela foi jogada de um prédio igual a ingênua do filme!
Megan hesitou, ficou
olhando para Aaron e o Delegado, eles estavam juntando as peças, faziam aquela
cara de “como eu não tinha percebido antes?” que ela estava adorando.
- Depois Miley e Trent, na
rádio, como Lenda Urbana, a loira peituda que morre diva da deformação depois
de várias machadadas! E o fato de termos encontrado Ellie Harrington daquele
jeito na escada do campus com o nome “Pacto Secreto” escrito com sangue,
completa tudo!
- AI meu Deus... –
Sussurrou Aaron, em choque. Ele se aproximou da TV e colocou o dedo encima do
pôster do filme A Mão que Balança o Berço – O nome desse filme estava escrito
no berço do filho de Amanda quando foi atacada pela primeira vez naquela noite.
- Então... – O delegado se
aproximou – As mortes estão acontecendo como nos filmes em que aparecem neste
video atrás de Brandon? Megan, você é boa.
- Apenas me chame de Megan
Bower – Megan cruzou os braços – Este nome ecoará pelo universo como um
Kamehameha – Megan levantou uma sobrancelha, deixando o delegado Estwood sem
palavras.
- Você precisa se arrumar,
Megan, não se esqueça do concurso – Disse Aaron – Não pode se atrasar, chego
assim que vir como Amanda está.
- Você vai torcer por mim,
não é, bebê?
- É claro – Aaron a beijou
– Agora vá, e não se preocupe, a policia vai cercar aquele lugar. Esse idiota
nunca vai tocar em você, eu prometo.
- Ok – Megan lhe deu um
beijo e saiu correndo pela porta.
Aaron ficou olhando pra
ela, se não ganhasse aquele concurso seria uma injustiça, ela era tão linda que
chegava a dar pena das outras garotas. Ele olhou pro vídeo mais uma vez, estava
tentando se focar nos pôsteres que ainda não tinham ligação com nenhuma morte.
Engoliu em seco quando notou o pôster de “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão
Passado”, e não entendia o porquê da tensão.
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As ruas de New Britain
estavam lotadas. Parecia um carnaval particular, cheio de cores, pessoas
dançando, musica alta, praticamente a cidade inteira estava ali. O delegado
andava de um lado pro outro perto dos carros alegóricos, procurando qualquer
pessoa que parecesse querer perturbar a paz.
Do outro lado do desfile
os outros policiais faziam seu trabalho. Bill estava escorado em sua viatura
comendo um cheeseburguer e observando as garotas que passavam. Daqui a pouco o
concurso iria começar e uma sortuda sentaria no carro alegórico com o formato
de um castelo, tornando-se assim a Rainha daquele ano. Mas a comemoração
levantava algumas duvidas. Ano passado não houve por causa das mortes, e este
ano também houve mortes, mas por alguma razão, a comemoração não foi adiada.
Megan estava em um dos
teatros da cidade, bem perto de onde Bill estava. Ainda no camarim, parecia não
ter coragem pra ser por causa do nervosismo. Ela se olhava no espelho e via uma
pessoa feia, aquele maiô parecia não combinar com seu tom de pele, não como
combinavam com as garotas que estavam ao seu lado.
Por sorte, as garotas logo
a deixaram sozinha, Megan pôde finalmente desabar. Abriu sua bolsa em forma de
onça e tirou de lá um saco marrom, começou a respirar dentro dele.
- Megan? – Perguntou
Aaron, tinha acabado de entrar no camarim.
- Eu não estou preparada
para esta sequencia – Disse ela, com a respiração ofegante – Não sei se
consigo, eu não sou Amanda, só cheguei até o terceiro ato porque me salvaram.
- Hey, eu estou aqui –
Aaron a abraçou – Nada vai acontecer, eu prometo, tem policiais por toda parte.
Quando ele aparecer, vamos pegá-lo.
- Não estou gostando muito
desse plano, não sei se vou ganhar...
- Você é Megan Bower –
Aaron segurou em seus ombros – É claro que você vai ganhar. Você é a garota
mais bonita dessa cidade e eu te amo.
- Eu também te amo, apesar
da empregada dizer que eu amo mais o seu dinheiro e a sua fama.
- Precisamos despedir essa
vadia – Aaron sorriu.
- Eu concordo.
Eles ficaram se olhando
nos olhos, não queriam dizer mais nada. Aaron se aproximou devagar do rosto dela,
Megan apenas fechou os olhos e esperou pelo beijo. Quando seus lábios se
tocaram, ela sentiu um frio na barriga, aquele que sempre sentia quando ele
estava perto ou dava aquele sorriso que ela tanto amava. Aaron sentiu o mesmo,
era como ter borboletas espinhosas no estômago, doía sentir toda aquela
excitação e ansiedade quando estava perto dela, mas era a melhor sensação de
todas.
- Você borrou meu batom –
Ela disse, roubando um sorriso dele.
- Você precisar ir pro
palco agora, ta cheio de gente aqui.
- Tudo bem, só me dê cinco
minutos, preciso ir ao banheiro...
- Certo, boa sorte – Aaron
se afastou – Não que você vá precisar.
Megan sorriu, seu rosto
corou imediatamente. Ela assistiu Aaron saindo do camarim com um olhar de
garota apaixonada. Se ela ganhasse o concurso, teria tudo o que sempre quis.
Aaron e o reconhecimento das pessoas, era tudo uma questão de tempo até ela ter
seu próprio programa de TV.
Do outro lado, Aaron
observou a multidão, cruzou os braços enquanto imaginava a emoção de ver Megan
ganhando. Viu alguns policiais por lá, ela estaria segura daquele jeito.
- Aaron – Disse Amanda,
ele virou para vê-la – Onde está Megan?
- Hey, o que você está
fazendo aqui? Pensei que ficaria o dia todo no hotel.
- Não pude ficar lá,
precisava de respostas.
- Tipo, quais?
- Tipo por que você está
escrevendo um livro sobre a minha vida.
A expressão de Aaron mudou,
era constrangedor, e até mesmo, humilhante. A ultima coisa que esperava era que
Amanda descobrisse sobre aquilo.
- Amanda, eu...
- Sabe Aaron, por um tempo
eu até pensei que você poderia ser uma boa pessoa – Amanda cruzou os braços –
Mas já vi que a fama vai sempre ser mais importante. Boa sorte com sua carreira
de escritor... – Amanda deu meia volta e começou a andar, mas parou quando Aaron
disse seu nome. Olhou pra ele com desinteresse, nada do que ele dissesse
poderia explicar o que ele fez.
- Eu não vou publicar
aquilo, Amanda, não é um livro. Eu nunca tiraria vantagem de você e do seu
sofrimento, por favor, acredite em mim.
- Não seja cínico...
- Amanda, aquilo é apenas
uma nota, é como... Um diário. O que eu mais amo é escrever e eu tive que
escrever sobre isso, me afetou bastante, eu quase morri... Eu não tenho ninguém
pra conversar além de um psicólogo que só finge se importar porquê eu o pago...
Amanda hesitou, não podia
negar que sua explicação fazia sentido. Porém, era tudo conveniente demais. O
que ela leu era um livro, tinha até numeração de páginas, capítulos, parecia
ser uma obra prestes a ser publicada. Mas se fosse, o mundo inteiro iria saber
a versão de Aaron sobre como Brandon Rush destruiu tudo ao seu redor, e era o
mesmo que viver tudo aquilo de novo.
Mais pessoas iriam lhe
conhecer, apontar o dedo na rua, criar fanfics estúpidas sobre o ocorrido na
internet. O livro imortalizaria toda aquela história que o país inteiro estava
tentando deixar pra trás. E quando Matty crescesse? O que aconteceria se ele
lesse? Amanda ainda estava em duvidas sobre as reais intenções de Aaron, mas
não podia negar a si mesma que queria acreditar nele. Era seu melhor amigo, não
poderia se dar ao luxo de vê-lo traindo-a.
- Não sei se acredito em
você...
- Eu imploro pra que
acredite... – Aaron se aproximou – Eu nunca faria isso com você, muito menos
agora que eu mudei...
Amanda olhou pro lado, ainda
indecisa. Poderia deixar tudo do jeito que está por agora pra depois
conversarem. Megan estava prestes a subir ao palco, aquilo era importante pra
ela e Aaron.
Mas, apesar de ter que
subir ao palco, Megan ainda estava longe disso. Tinha acabado de pegar a bolsa
pra ir até o banheiro fazer um ritual antinervosismo. Passou pela porta marrom
do outro lado da sala e chegou a um corredor branco. Viu alguns homens por lá,
estavam com algumas fantasias nas mãos, provavelmente vestiriam pra encenar a
peça sobre a criação da cidade e os colonizadores.
Ela dobrou em outro
corredor, um pouco mais estreito. Havia uma escada branca ao final, ela não
fazia ideia de onde poderia levá-la. Também havia muitas portas, ela poderia se
perder dentro daquele lugar, considerando que naquele momento, estava
completamente vazio.
Andou mais um pouco depois
de passar por mais uma porta, até chegar num corredor azul. Entrou pela porta
que tinha uma figura de uma mulher com saia, era o banheiro feminino.
Correu pra primeira cabine
da direita, estava apertada, acreditava que era por causa do nervosismo. Quando
terminou o que tinha ido fazer, andou até o espelho, se equilibrando nos
enormes saltos vermelhos que combinavam com seu maiô e o pequeno vestido que
usava por cima. Sua imagem no espelho ainda não era de seu agrado, porém, iria
confiar no que Aaron dissera. Ela era linda, tinha personalidade e
possivelmente seria a ganhadora, só bastava acreditar em si mesma... E no remédio
tarja preta que ela sempre leva na bolsa.
- Calma Megan, vai ficar
tudo bem... – Ela sussurrou pra si mesma enquanto tirava a cartela da bolsa.
Colocou um comprimido na
boca e o engoliu com a água da torneira. Ficou pensando por alguns segundos. Se
ela estava nervosa de um jeito que nunca tinha ficado, poderia precisar de mais
uma pílula. Tomou a segunda assim que guardou a cartela na bolsa. E mais uma
vez encarou o espelho. Ajeitou o cabelo loiro e se obrigou a usar uma expressão
de superioridade.
- Linda, rica e safada,
você vai vencer, Megan Bower, você vai vencer – Ela disse a si mesma antes de
sair do banheiro.
Com os saltos estalando no
chão, Megan caminhou pelos corredores, tentando pensar em coisas positivas. Se
ela perdesse, ficaria devastada, mas talvez isso ajudasse a pegar o assassino.
Mesmo assim, ainda não tinha entendido o plano. Ela seria uma isca? Como eles
podiam ter tanta certeza que o assassino apareceria?
Com um barulho estranho
que ouviu, ela parou de andar e olhou pra trás. Pensou ter visto um vulto, mas
não tinha ninguém ali. Ela não se atreveria a dizer “olá”, não naqueles
corredores insanos.
Ela correu o mais rápido
que pôde na direção do camarim, tentando fugir de todo aquele clichê que
poderia indicar que ela estava em perigo. E a fuga do possível clichê se tornou
uma luta pela sobrevivência quando o assassino abriu a porta e a atacou. Aos
gritos, ela desviou de uma facada certeira que deformaria se rosto. Jogou sua
bolsa pra cima dele e correu até o camarim. Conseguiu entrar, mas precisava de
uma saída. Correu até a porta por onde Aaron saiu, mas ela estava trancada.
- Alguém me ajude! –
Gritou ela, batendo na porta – Socorro! Socorro!
Antes que alguém pudesse
ouvi-la, o assassino a alcançou. Tentou lhe acertar uma facada, mas ela
rapidamente desviou, fazendo a faca acertar a porta. Não tinha outro jeito, sua
única chance de sobreviver era se arriscar naqueles longos corredores.
Tentou abrir a primeira
porta que viu, agradeceu a Deus mentalmente por ter conseguido entrar. Havia
outro corredor, dessa vez, com duas portas. Entrou na primeira, era onde
guardavam as fantasias, seria um bom lugar pra se esconder. Porém, não tinha
tempo pra pensar, ela pôde ouvir o assassino abrindo as outras portas e
chegando cada vez mais perto.
Rapidamente, Ela correu
por entre as fantasias, sem saber exatamente pra onde ir. Tentou andar em zigue
zague e se esconder atrás de uma roupa pesada, ou encontrar qualquer porta que
lhe tirasse dali.
- Merda... – Ela sussurrou.
Correu por entre as
fantasias e ficou entre a parede da sala e um pirata. Tentou controlar a
respiração, qualquer barulho que fizesse poderia resultar em sua morte. E pro
seu azar, o assassino já estava lá dentro. Ela ouviu o barulho da porta se
abrindo, colocou a mão na boca pra evitar um grito e ser descoberta.
Era só esperar até ele se
cansar de procurar. Era um bom esconderijo, e se ela se movesse, talvez pudesse
sair dali com vida. Ela deu alguns passos pra direita, tomando cuidado pros
seus saltos não fazerem barulho. E depois de mais dois passos, parou, estava
perto da fantasia de um monstro, dava medo só de olhar.
Mas tinha alguma coisa
errada, ela sentia algo gelado em suas costas, parecia que a parede estava
molhada. Quando olhou pra trás, percebeu que estava encostada em sangue. Logo
pensou que tinha alguém morto ali, mas ao afastar as fantasias, ela pôde ver
perfeitamente. As palavras “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” estavam
escritas com sangue, escorrendo pela parede inteira.
Então, aquela era sua
morte, aquele era o local onde a colocariam morta pra ser exibida como parte do
jogo doentio de filmes de terror que alguém estava fazendo de novo. Era a sua
vez, ela sabia exatamente o que aquilo significava.
Devagar ela foi andando
pra trás, ainda com a mão na boca, lágrimas escorriam de seus olhos. E de
repente, seu celular tocou. Diante daquele silencio, seu toque parecia
ensurdecedor. Ela sabia que seria descoberta, por isso o tirou do bolso e
atendeu.
- Estou na sala de
fantasias tem alguém tentando me matar! – Foi a única coisa que ela conseguiu
dizer, foi agarrada por trás pelo assassino.
Ele a carregou, ela
balançou as pernas pra querer descer. Eles acabaram caindo no chão, foi a
oportunidade perfeita pra sair correndo daquela sala. Mas, não tinha como fugir
pra onde as pessoas estavam, a porta estava trancada, ela morreria se fosse
naquela direção, por isso escolheu o outro corredor.
Subiu as escadas brancas
no final, olhando pra trás, seu salto direito quebrou quando estava chegando no
andar de cima. Ela o chutou pelos buracos entre os degraus e continuou a subir.
Estava em outro corredor branco, idêntico ao do andar de baixo, e a única coisa
que via além de inúmeras portas era uma janela de vidro no fim, de onde ela
podia ver os carros alegóricos.
Seus olhos brilharam com a
vista, era lá que tinha ajuda, ela poderia sobreviver a aquele ataque se pelo
menos conseguisse chamar a atenção de alguém do lado de fora. Porém, seu rosto
já mostrava traços de que tinha sido difícil chegar ali. Ela tinha suor
escorrendo pelo rosto, o batom estava borrado, o rímel quase escorrendo junto
com as lágrimas.
Mas, ela estava longe de
desistir. Mancando por estar apenas com um salto, ela correu até a janela e
olhou pra baixo. O policial Bill estava bebendo café perto de seu carro,
observando o desfile.
- Hey! – Ela gritou,
batendo na janela – Socorro!
Ela continuou a gritar
enquanto batia na janela, sem saber que ninguém poderia ouvi-la por causa da
musica alta. Ninguém estava prestando atenção para aquela janela, parecia um
beco com tijolos expostos onde ninguém iria. Havia uma enorme lixeira embaixo
da escada preta de incêndio, que Megan só conseguiria chegar se quebrasse o
vidro da janela da próxima sala.
- Merda! – Ela gritou, tentando
controlar o choro.
Tirou o salto que lhe
restou e quebrou a janela. Agora seus gritos não estavam tão abafados, Bill
olhou pros lados, pensando ter ouvido alguma coisa. Megan, então, jogou seu
salto na direção dele. O policial foi acertado na nuca e finalmente olhou pra
trás. Sua expressão de contentamento ao assistir o desfile mudou completamente
quando viu Megan histérica gritando por ajuda.
Megan olhou pra trás
quando ouviu um barulho estranho vindo das escadas. Fungou e tentou controlar a
respiração, se o assassino ainda estivesse ali, subiria por aquelas escadas, ou
havia outro jeito?
Quando o mesmo barulho se
repetiu, ela correu pela porta da direita. Olhou ao redor, estava numa sala
onde havia inúmeras cadeiras e um quadro magnético no fundo. Parecia ser o
local onde davam palestras, ou algumas aulas, poderia ser o local perfeito pra
se esconder se não tivesse tantas portas de acesso. Fora a que Megan passou,
havia mais duas no fim da sala, no lado direito e esquerdo da enorme tela
branca.
Ao caminhar pela sala, ela
acabou tropeçando em algumas cadeiras e as empurrou pro lado. Olhou pra porta
pela qual entrou, estaria segura se entrasse por todas as portas que pudesse, e
então era só se esconder e esperar alguém procurá-la. Ela nunca sairia do
esconderijo, mesmo que o assassino desaparecesse, estava lembrando dos filmes
de terror que já tinha assistido pra fazer exatamente o contrário, e assim,
sobreviver, mesmo quando estava sendo difícil pensar em algo que não fosse
correr.
Ela correu pela porta
vermelha da esquerda e chegou a outro corredor, aquilo parecia não ter fim,
aquele prédio era enorme. Ela forçou as portas do corredor, mas apenas a ultima
abriu, aquela que lhe levou a outra sala parecida com a anterior, porém, com
muito mais cadeiras e com escadas que levavam pro lugar onde havia um grande
telão. Parecia um cinema, até as cadeiras eram revestidas por um couro
vermelho.
Ao prestar atenção pra
perto do telão, notou que o policial Bill estava lá, com a arma nas mãos. Ainda
não tinha visto Megan, estava procurando-a, ou qualquer pista que lhe indicasse
onde ela e o assassino estavam.
- Bill! – Ela gritou, o
mais alto que pôde.
Bill olhou pra ela com a
arma apontada. Quando percebeu que não tinha perigo, abaixou a arma devagar. Viu
que ela estava bem, estava viva, era só tirá-la dali e salvar o dia. Era
exatamente o que Megan estava pensando, até sorriu quando percebeu que a ajuda
estava perto e não seria assassinada. Correu na direção dele, segurando o
vestido pra não esbarrar no chão, e parou assim que a figura de ghostface
surgiu nas sombras por trás do policial.
- Não! – Ela gritou.
Bill olhou pra trás, mas
não a tempo. Recebeu uma facada nas costas a gritou. Abaixou os braços e sem
querer, apertou o gatilho. A bala seguiu na direção de Megan, mas acertou a
parede, ela caiu no chão com o susto. Bill teve a garganta cortada e a segurou,
o sangue escorria por suas mãos e de sua boca só saiam grunhidos estranhos. Ele
caiu, assim que não teve mais forças pra ficar em pé, encima da mesa de madeira
em frente ao telão.
O assassino correu na
direção de, já tinha perdido tempo demais tentando matá-la. Ela correu pelo
corredor onde estava, pra abrir todas aquelas portas que já tinha tentado abrir.
- Não me mate! Não me
mate! – Ela gritou, correndo de uma porta pra outra, girando as maçanetas
freneticamente.
O assassino tentou
esfaqueá-la, mas ela desviou e correu pra porta do outro lado. Não podia
aceitar que iria morrer.
– Eu não sou a Buffy! Eu não sou a Buffy! Eu
nem sou loira! Eu sou a Miss! Eu sou a Miss Branca! Sai daqui! – Ela gritou.
O assassino conseguiu
alcançá-la, sabia que seria uma morte fácil. bateu o rosto dela na parede,
fazendo um ferimento nos lábios, mas essa era a ultima preocupação de Megan no
momento. Ela pôde sentir o momento em que a faca atravessou sua pele pelas
costas. E a dor era tão grande, que ela não teve forças pra gritar, sentiu-se
inútil naquele momento. Era o fim.
Por pura sorte, Aaron apareceu
no exato momento em que ela receberia a
segunda e derradeira facada. Ele estava com uma arma na mão, e não pensou duas
vezes em disparar contra o assassino.
- Megan! – Ele gritou,
antes de disparar.
O assassino correu,
deixando Megan sangrando no chão. Aaron disparou novamente, mas não conseguiu
acertar. O assassino dobrou no corredor e desapareceu, como sempre fazia. Aaron
teria ido atrás dele, se Megan não estivesse no chão, sangrando, precisando urgentemente
de atendimento médico. Ele correu até ela, atrás dele, vinham dois policiais,
com suas armas preparadas pra qualquer disparo necessário.
- Ele foi pelas escadas! –
Disse Aaron, o policial correu pra lá.
Aaron se abaixou, olhou
nos olhos de Megan, ela estava perdendo muito sangue.
- AI Meu Deus, meu Deus!
Você vai ficar bem – Aaron segurou na mão dela e apertou.
- Você me salvou... – A
voz de Megan saiu cheia de falhas, ela não conseguia respirar e parecia estar
sonolenta.
- Deus, não morra! Não morra,
você não pode me deixar, você não pode fazer isso comigo...
- O que está acontecendo?
– Perguntou o delegado, tinha acabado de chegar ao corredor – Eu ouvi um
disparo! – Ele olhou para Megan no chão, viu o que tinha acontecido – Vou
chamar uma ambulância.
- Eu faço isso – Disse o
outro policial, saindo correndo, no exato momento em que outro policial
apareceu.
- Senhor, O Oficial Bill
está morto – Disse o policial, era a primeira vez que havia saído da delegacia
– Viemos o mais rápido que pudemos quando ele chamou reforços... Eu sinto
muito...
O delegado abaixou a
cabeça e deu um suspiro. Olhou pra trás, o filho ainda estava ao lado de Megan.
Aaron apertou mais ainda a
mão da namorada, uma lágrima caiu de seus olhos, ela não podia morrer ali, daquele
jeito, era injusto, era revoltante.
- Eu vou matar o
desgraçado que fez isso com você... Nem que seja a ultima coisa que eu faça na
vida.
Nesta Quinta...
Amanda: Me desculpe por ter desconfiado de você.
Aaron: Parece que de repente tudo está desmoronando e eu não posso fazer nada pra impedir...
Amanda: Eu sinto muito.
QUEM
Repórter: A jovem Megan Bower que sobreviveu aos crimes de Brandon Rush e Sarah Richards no ano passado foi esfaqueada dentro do teatro principal da cidade [...]
Kyle: Amanda?
Amanda: Me tira daqui.
Kyle: Pra onde você quer ir?
Amanda: Qualquer lugar.
QUEM QUER
Kyle: A gente sai daqui, vai viver nossa vida em outro lugar.Vem comigo?
Amanda: Não é fácil fugir disso tudo.
QUEM QUER MATÁ-LA?
Amanda: Alô, delegado? O que aconteceu?
Delegado: Saia daí imediatamente! Ele é o assassino!
Amanda: Sai daqui! É você!
A Punhalada 2, dia 24 de Maio
11- O Irmão Pródigo
Amanda: Me desculpe por ter desconfiado de você.
Aaron: Parece que de repente tudo está desmoronando e eu não posso fazer nada pra impedir...
Amanda: Eu sinto muito.
QUEM
Repórter: A jovem Megan Bower que sobreviveu aos crimes de Brandon Rush e Sarah Richards no ano passado foi esfaqueada dentro do teatro principal da cidade [...]
Kyle: Amanda?
Amanda: Me tira daqui.
Kyle: Pra onde você quer ir?
Amanda: Qualquer lugar.
QUEM QUER
Kyle: A gente sai daqui, vai viver nossa vida em outro lugar.Vem comigo?
Amanda: Não é fácil fugir disso tudo.
QUEM QUER MATÁ-LA?
Amanda: Alô, delegado? O que aconteceu?
Delegado: Saia daí imediatamente! Ele é o assassino!
Amanda: Sai daqui! É você!
A Punhalada 2, dia 24 de Maio
11- O Irmão Pródigo
Acho que o trailer meio que entregou que é o Kyle
ResponderExcluirNão posso acreditar que a Megan morreu,isso é muito injusto =/,a cena dela com o Aaron foi muito linda.Então o Matty é mesmo filho do Brandon,é uma pena pobre criança,estava pensando será que o assassino é uma das irmãs do Brandon?,por que se elas nunca foram encontradas é possível que uma delas esteja viva(ou as duas),elas podem estar revezando nas mortes(ou estou viajando na Hellman's rsrs).Será que o delegado está falando do Kyle?,vou ter que esperar até quinta que vem.Até la pessoal.
ResponderExcluirNÃO A MEGAN NÃO!
ResponderExcluirPELO AMOR DE DEUS NÃO A MATEM!
TOMARA QUE SEJA IGUAL A GALE EM PANICO 4!
SERÁ QUE O KYLE É O GHOSTFACE?
Se matar a Megan eu mato o João Lindley. É sério
ResponderExcluirMeu Deus eu não acredito nisso Megan não morreu mentira não tem como serio se você matar ela essa historia vai ser uma bosta
ResponderExcluirAcho que o Brandon tem um irmão gemeo e é ele no video,esse irmão foi abandonado como o Brandon e separado dele,como os assassinatos ganharam notoriedade,ele descobriu suas origens e resolveu seguir o ''legado do irmão'' e matar assim Amanda então ele se une a Chloe que quer desesperadamente ser famosa e o centro das atenções em New Britain e começam o novo massacre
ResponderExcluireu acertei? viajei? querem me matar por revelar o final do filme? kkkkkkkkkkk
é so minha teoria.