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Livro | The Double Me - 6x04: Do You Love Him, or He Just Keeps Activating Your Attachment System? [+18]

   6x04: Do You love Him, or He Just Keeps
                       Activating Your Attachment System?
“Não há derrota em perder para a razão".


Foram montadas estruturas de fibra de vidro e canaleta na forma de dinossauros, baleias, sapos, garças, polvos e tubarões brancos, que cercavam ambas as piscinas da mansão Strauss. O tobogã principal era um castelo cor de sol erguido com duas torres, um centro de ameias e três cilindros coloridos que corriam em direção à água. No gramado, o espaço livre foi coberto por piscinas de bolinhas, túneis, camas elásticas, mesas de air games e barracas que serviam desde pipoca, refrigerante e pizza a sorvete e batata frita. As bolas infláveis serviam tanto para caminhar na superfície da água quanto para disputas de corrida no gramado, o que acabou tornando-se mais popular que o parque aquático entre as crianças.
Nate havia tomado um lugar no centro de cadeiras de sol, a uma distância relativamente segura de onde chovia água e comida. Usava regata branca, camisa aberta listrada em azul-claro, shorts da mesma cor e um par de óculos escuros da Fendi. Basicamente, o que Alex usaria em uma tarde de piscina. Algumas pessoas sabiam do retorno de Nate, não que fingiu durante meses ser seu irmão gêmeo.
— Vá devagar, Gus! — Gritava Audrey, a babá.
Nate olhou no exato momento em que o menino caía à beira da piscina, com o braço embaixo do corpo. Seu primeiro instinto foi correr até ele.
— Você está bem? — Perguntou.
Uma roda de crianças havia se formado ao redor.
— Doeu só um pouquinho... — Disse Gus, esfregando os olhos com uma mão.
— Você lembra o que eu disse sobre correr à beira da piscina?
— Sim, que eu posso bater a cabeça e morrer.
— Exatamente. Não me assuste assim outra vez.
— Senhor Strauss, ligação na residência — Avisou uma empregada.
Ótimo. Outro dia de folga tendo que fingir ser Alex Bennett.
Foi vencido por um suspiro.
— Venha aqui — Levantou Gus pelos ombros. — Quantos dedos estou mostrando? — Fez com uma mão.
— Três — O menino sorriu.
— Diga quatro ou eu encerro o dia e mando você para o hospital.
— Quatro. Eu juro.
— Então você está bem. Agora vá brincar, sairemos em meia hora.
Audrey, a babá, parecia um pouco mais aliviada.
— Se algo acontecer a ele, hackeio seu celular e compartilho as fotos no roll da câmera com todos os seus contatos — Nate sussurrou-lhe ao pé do ouvido.
Depois disso ela correu atrás de Gus por onde ia, aos gritos.
Aquela não era a primeira vez que Nate tentava melhorar a produtividade de um prestador de serviços através da intimidação; era apenas a mais engraçada. Se não tivesse observado mais atentamente a reação de Audrey, não veria seus olhares assustados, nem o momento em que um grupo de crianças a derrubou à beira da piscina com um empurrão.  
— O telefone, senhor — Lembrou a empregada.
Nate abotoou a camisa, tomou de suas mãos e foi para o lado de dentro.
— Alô?
— Nate? — Dominik perguntou. — Por que não atende o celular? Estou ligando desde cedo.
Trinta e sete vezes, para ser mais exato. Foi uma escolha pessoal de Nate deixa-lo no purgatório da caixa de mensagens como forma de punição para o que havia feito e por não ter contado nos últimos dois dias após o que houve na festa. Muito drama ainda precisava de esclarecimento; seria bom se isso partisse de quem devia explicações, não de quem esperava por elas.
— Desculpe, estou com Gus agora — Deu a desculpa. — Devo ter esquecido o celular no meu carro.
— Certo, o dia de piscina. Está tudo bem?
— Sim, eu acho. Todas as crianças da vizinhança estão aqui, mas há seguranças por toda parte. Espero sobreviver até às dezessete horas.
— Você é ótimo com crianças, não se preocupe — Dominik inspirou, como se recobrisse forças para dizer algo. — Na verdade, eu liguei para saber se podemos conversar.
— Sobre...?
— Sobre o que aconteceu na minha festa de aniversário.
Estava mesmo na hora.
— Eu vi — Nate logo disse.
O silêncio expressava a surpresa de Dominik.  
— E não disse nada? — O garoto então perguntou.
— Esperava que você fosse honesto comigo — Foi a resposta de Nate.
— Eu sempre vou ser honesto com você. O que aconteceu naquela noite foi porque estávamos todos bêbados. Até Bethany tocar no assunto, hoje de manhã, eu nem lembrava disso.
— E assim que lembrou, correu para me contar?
— É claro. Temos um compromisso, eu não posso esconder nada assim de você.
Havia angústia na risada de Nate para que ambos notassem.
— Eu só não entendo como alguém pode esquecer que já tem um compromisso — Disse.
— Naquela noite eu bebi uma garrafa inteira de vodka e quase fiz sexo com um polvo gigante na frente de todos os convidados. Qualquer um poderia dizer que eu estava fora de mim — Dominik o lembrou.
Mas isso não melhorava as coisas. Houve um instante, ali, na varanda, tão perto um do outro, em que o olhar de Dominik denotou o que tanto queria daquele outro rapaz e o quanto sabia o que estava fazendo. Nate reconheceu-o de todas as vezes em que olharam profundamente nos olhos um do outro.
— Era uma festa — Disse a ele. — Eu até entendo. Mas se tiver de me preocupar sempre que você bebe...
— Você não precisa. Com a ressaca dos últimos dois dias, me convenci de que o álcool, para mim, deve ser apenas socialmente.
— Eu preferiria que você não bebesse; terá ainda a vida inteira para fazer isso.
— Mas apenas dois anos de adolescência. O que eu deveria estar fazendo, senão quebrando as regras?
Aquele era um bom argumento.
— Tudo bem, vamos apenas esquecer isto — Nate decidira. — A condição é que me conte onde mora aquele rapaz.
— Para que dê uma surra nele? Isso é tão másculo.
— Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, não é?
— Eu sei. Essa também é a minha verdade.
Nate não resistiu a um sorriso bobo.
— Agora preciso ir — Olhou no relógio de pulso. — Gus deve estar de volta ao orfanato às dezessete.
— Tudo bem. Me liga mais tarde?
— Claro. Eu te amo.
— Eu te amo.
Do seu lugar, à poltrona da sala, Judit ouvia tudo. Seus cabelos caiam-lhe aos ombros como duas tiras negras sobre a neve de seu sobretudo. Nas pernas cruzadas, apoiava uma xícara de café, com fumaça a rodopiar e evanescer.
Nate percebera que estava ali somente ao ouvir sua voz.
— Você mentiu para ele também? — Ela perguntou.
— Dominik sempre soube quem eu sou.
— Vejam só. Você oferece mesmo um tratamento especial aos garotos que fode —Foi em direção à cozinha. — A propósito, Denise ligou. Ela quer saber se o filho a pegará na rodoviária neste fim de semana.
— Quis dizer, eu?
Sua mãe parou um instante e olhou por cima do ombro.
— Uma mentira a mais faria diferença? — Assim voltou a caminhar.
Para ela, trata-lo desta forma servia como punição por ter mentido durante todo esse tempo. Para Nate, isso sempre acarretava ao risco de ser acusado por falsidade ideológica. Era impossível saber quem poderia estar ouvindo do outro lado de uma parede e qual preço alguém estaria disposto a pagar por uma matéria nos jornais. Até onde sabia, o entretenimento servia de consolo a todas as mentes famintas.
Inclusive a minha, ele temia.
Audrey e Gus entraram pela porta no exato momento.
— Por que eu tenho que ir embora? — O garoto contestava. — Esta é minha casa, eu vou morar aqui.
— Gus, já conversamos sobre isso — Disse a babá.
O garoto então agarrou Nate pela cintura, em um abraço molhado.
— Diga a ela que esta é minha casa e eu não vou embora, por favor.
— Você precisa ir, little one. Ou não o deixarão morar aqui de verdade.
— Quem decide a vida das crianças nesse estado? — Ele correu até as escadas. — Vocês nunca vão me pegar! — E caiu ao tentar subir o primeiro degrau.
Um suspiro de cansaço venceu Audrey por todas as vezes em que o mesmo acontecera.
— Deixe comigo — Ela disse.
Nate não achava má ideia passar no escritório de sua advogada naquela noite para ter notícias sobre o processo de disputa pela guarda de Gus e se havia mais do que poderia estar fazendo agora para garantir uma vantagem. Qualquer coisa que fizesse menos difícil ter de vê-lo partir.


Aquela poderia ser a quarta vez, só naquele dia, em que a equipe de limpeza passava em frente a sala do Senhor Van Der Wall para levar os resíduos dos pequenos incêndios que ele promovia na sala de reuniões. Dawn os acompanhou todas as vezes, sempre a gesticular palavras que Thayer só entendia como: Sua posição nesta companhia está nos custando caro, seu miserável. Certamente ele não a despediria por colocar um homem branco em seu devido lugar de vez em quando.
Naquela tarde, Olivia, agora assistente pessoal, informou sobre a visita de Colin Fraser. Thayer o recebeu sentado em sua poltrona. Seu velho amigo parecia mal, para dizer o mínimo. A barba ruiva havia crescido até o pescoço por falta de cuidados. Os cabelos caiam sobre a testa, em um amontoado deselegante de fios. As olheiras aduziam a falta de uma boa noite de sono, ou de um dos cremes faciais mais indicados para seu tipo de pele. Colin não ficaria sem eles se pudesse pagar.
Thayer, por outro lado, nunca esteve tão bem em seu terno, camisa e gravata negros, como o empresário bem-sucedido que fizera tornar-se.
— Senhor Fraser — Cumprimentou-o. — Aceita algo para o olho roxo? — Havia isto também.
As cicatrizes e hematomas foram uma cortesia de Thayer, na última vez em que se encontraram. Até aquela manhã, o vídeo da briga no YouTube totalizava vinte e um milhões de visualizações.
— Não seja cínico — Cuspiu Colin. — Eu poderia processa-lo por isto.
— É claro que poderia. Tenho dúvidas somente quanto a vencer.
— Esta é a minha vida, Thayer. Minha carreira. Jessica foi embora de casa e levou nossos dois filhos no último fim de semana. Eu liguei para todos os jornais em Nova York e todos eles desligaram na minha cara somente ao ouvir meu nome. Eu posso ser preso pelo que publicou naquela matéria.
Thayer revirou os olhos.
— Não seja melodramático. Você só iria para a cadeia se eu e minha família prestássemos queixa.
— Por ter dito a verdade?
— Por tentar arruinar a reputação de meu pai, que acabou de falecer — Thayer deixou claro. — Você não é o mocinho, Senhor Fraser. Muita gente diria que recebeu exatamente o que merecia.
Colin provocou com um sorriso.
— O adultério do seu pai, seguido do acidente, foi o caso mais quente desse ano. Se o Linnard Report não noticiasse primeiro, outro meio de comunicação o faria, e por um preço ainda menor. Isto é entretenimento.
— De acordo ao código penal, isto são danos morais. O Conselho Administrativo foi unânime ao determinar que o melhor interesse desta companhia é não ter a imagem associada à sua neste momento.
— E quanto pagou a eles?
— Não muito, devido à queda de ações que sua indiscrição nos proporcionou. Não seria um exagero dizer que quase fomos a falência.
— Ou melhor, você quase nos levou a falência, para então ter a chance de nos salvar.
Nos? — Thayer riu. — Este é um privilégio que não mais lhe convém. A propósito, sua carona chegou — Referia-se aos quatros seguranças que adentraram a sala.
Os homens de preto tomaram Colin pelos dois braços e levaram-no para fora, sem se importar, ou sequer agir como se tivessem notado seus gritos de protesto.
Dawn passou por eles de olhos arregalados, seu longo vestido branco Chanel a delinear suas curvas e os salto altos Dior a marcar seus passos.
— Jesus! — Ela clamou. — E pensar que eu tinha uma queda por ele quando comecei a trabalhar aqui.
— Que abominável da sua parte. O que traz para mim?
— Connor finalizou os designs da nova campanha — Entregou-o o portfólio. — Com a sua permissão, serão lançados no final desta tarde.
Thayer via um homem em um vestiário masculino, com as mãos a cobrir a protuberância em sua cueca na frente de todos os outros homens de toalha.
— Não ficou meio...?
— Gay? — Ela completou. — Acho que alguém está tentando ganhar pontos com o novo chefe.
— Se puder me contar um pouco mais sobre esse Connor...
Nope — Ela tomou o portfólio de suas mãos e saiu andando. — A última coisa que você precisa é de um processo por assédio sexual.
É, isto não podia acontecer.
No laptop a sua frente, Thayer reabriu as últimas páginas da web que havia acessado. Os artigos contavam um pouco da história de Kim Haw-Young, sua vida na Coreia do Sul, a chegada de sua família aos Estados Unidos, sete anos atrás, e quais as circunstâncias que levaram-na a estar no voo AA1425 da American Airlines na noite do acidente, junto a Theodor Van Der Wall. Seu filho, Gahl Dae-Hyun, ou apenas Dae, como era conhecido, também publicara nas redes sociais sobre o memorial em homenagem a sua mãe, que seria inaugurado na quinta-feira, com a recepção marcada para às dezesseis horas na residência da família.
 Thayer olhou as fotos por um longo período. O rapaz tinha uma beleza exótica como traço de raça. A mãe, nada de tão especial. Não conseguia ver o que motivou o interesse de Theodor, especialmente ao compara-la com sua mãe, Sophie, no auge de sua beleza.
Precisava saber mais.

Sempre que a tempestade lá fora impedia Henry de ir caçar, ele e Alex sentavam em frente a lareira e jogavam algumas partidas de xadrez. Era um jogo bem articulado, na maioria das vezes. Ambos sabiam ter a conversa fiada como a melhor tática de distração contra os movimentos do oponente e ambos usavam o ataque como a melhor forma de defesa.
— A chaleira — Alex o informou.
— Eu ouvi — Disse Henry, sem tirar os olhos do tabuleiro.
Enquanto ele pensava, Alex foi até a cozinha, tirou a chaleira do fogo e serviu duas xícaras de chá indiano. Henry tomou um gole antes de mover sua peça.
— Sem gengibre? — Perguntou.
— Está em falta. Há quanto tempo não vai ao supermercado?
— Uns dois meses. Comprei o bastante até o fim do inverno, mas agora somos dois — Tomou outro gole. — Sua vez — Cantou.
Após sua última jogada, Alex não precisou pensar muito.
— Então, antes de eu chegar, você ficou quase dois meses sem falar com ninguém? — Tentou criar conversa.
— Sim. Mais ou menos. Há algumas semanas, instruí um motorista de passagem pela rodovia.
— Acha que isso conta?
— Bom, ele era uma pessoa — Moveu sua peça.
Alex esboçou um sorrisinho para o que viria a seguir.
— E há quanto tempo não transa? — Perguntou-o.
Havia certo receio no olhar de Henry
— Não se pergunta esse tipo de coisa a um homem divorciado — Ele disse.
— Até onde eu sei... — Alex moveu sua peça. — Vocês dois nem chegaram a casar.
— Mas morávamos juntos e dividíamos as contas — Ele moveu a sua. — Não é este o significado do casamento moderno?
— Apenas na condição de terem se conhecido online — Também moveu.
A ironia é que foi como ele e Melissa se conheceram de verdade.
Henry já havia perdido metade dos peões, os dois cavalos, um bispo e uma torre. A Rainha de Alex o cercou à esquerda, junto a um bispo e dois peões. Estava mesmo na hora de investir em suas táticas.
— Dois anos — Ele disse, deliberadamente.
— O que?
— Não transo há dois anos.
Alex não sabia se dava risada ou se o parabenizava pelo autocontrole.
— Não brinca?
— O que posso dizer? — Moveu o bispo. — Sou um homem solitário que vive em uma cabana no meio do nada e não gosta de fazer a barba. Não há como lutar contra a abstinência sexual nestas condições.
— E como aconteceu? Você está divorciado há quatro anos, então não pode ter sido com sua ex esposa.
— Uma noite eu estava voltando da cidade e conheci uma jovem moça que atendia em um posto de gasolina, a vinte quilômetros daqui. Ela foi tão direta em sua proposta que acabamos transando na traseira da minha caminhonete.
Agora Alex estava convencido de que deveria dar risada.
— Só poderia mesmo ser um grande clichê — Comentou.
— E você? Quanto tempo faz?
— Dez dias, no máximo. Transei um pouco antes de me tornar um garoto perdido.
— Foi uma aventura?
— Podemos colocar dessa forma. Eu não lembro mais o nome dele.
— Dele? — Henry parecia surpreso.
Houve uma época em que Alex recebia este mesmo olhar de todas as pessoas a quem falava abertamente. O que aprendeu com isto serviu como base argumentativa. As pessoas sempre teriam homens gays como se fossem uma RuPaul ou qualquer outro estereótipo de expressão feminina, não como um jovem rapaz cis gênero e bem resolvido. Isso quando não confundiam orientação sexual com identidade de gênero, o que se tornou bastante comum.
— Era um garoto — Reafirmou Alex, firme em suas palavras.
Um sorriso acanhado despontou nos lábios de Henry.
— É a sua forma de perguntar se eu tenho um problema com isto?
— Na verdade, eu estava esperando para ver.
— Muito bem — Ele moveu outra peça. — Não lembro se já contei, mas fui criado por uma família tradicional cristã de Salt Lake City, que me ensinou os preceitos divinos da reprodução humana e da união matrimonial desde muito cedo. É por este motivo, sem dúvida, que eu rejeito qualquer segmento religioso que fale sobre ódio e discriminação, não sobre o amor incondicional de Deus. A lógica pode ser a mais simples de todas: Se minha família concorda, eu preciso discordar pelo bem social e democrático do nosso país. Infelizmente, ter a mente aberta não evitou que eu vivesse em uma bolha, pois ainda sou um homem cis gênero heterossexual. É natural para alguém como eu assumir que todos a minha volta são heteros até que digam o contrário. Por isto, eu sinto muito.
Alex mostrou um sorrisinho.
— Eu acredito em você — Disse a ele, movendo sua peça. — Xeque — Anunciou.
 — Não tão rápido — Henry moveu a sua.
Na próxima vez, Alex anunciou o xeque-mate. O Rei Branco caiu por um Bispo Negro que havia isolado na extremidade do tabuleiro jogadas atrás.
— Como fez isso? — Henry questionava.
— Você fala demais. Enfim, acho que preciso de um banho quente — Levantou-se. — Posso usar algumas de suas peças de roupa?
— Claro. Estão no armário, embaixo do mezanino.
Alex caminhou até lá. Além das roupas, ele também encontrou antigas bolas de boliche, jogos de tabuleiro, brinquedos quebrados, uma caixa contendo peças para a montagem de uma árvore de natal e uma pequena tv de quatorze polegadas, no canto da prateleira superior e coberta por uma sacola onde haviam muitas outras sacolas. Com um pouco de sorte poderia até funcionar, mesmo que fosse em preto e branco. Seria até melhor se fosse em preto e branco.
— Hey! — Ele gritou. — Por que não disse que tinha uma TV?
— Que Tv?
Alex levou para que ele visse.
— Jesus, isso ainda estava lá?
— Meu nome não é Jesus. Vamos assistir alguma coisa.
— Dê-me isto — Henry pegou de suas mãos.
O sinal não era muito bom, mas ele conseguiu fazer funcionar o canal sete, onde exibiam Christine, O Carro Assassino. Ele e Alex assistiram na cama, escorados à parede. A noite chegou e eles continuavam ali.


O local parecia ter sido revirado. Armários, prateleiras e gavetas, todos ao chão. A mesinha de centro estilhaçada. Os dois sofás reclinados, sujos de comida. Roupas, lascas de madeira e vidro quebrado por toda parte.
Alguém chegou antes de mim, Gwen imaginou. Ou Nate acabou destruindo todas as evidências de que esteve ali antes da fuga.
Brother, brother... — Ela avançou sobre os cacos de vidro.
Não havia nenhum objeto pessoal que pudesse liga-lo ao apartamento, como porta-retratos, dizeres com a sua letra ou documentos. e ela procurou em todos os lugares, até cortar um dedo tentando erguer um enorme caco de vidro que cobria alguns papeis no chão. Estes eram cupons fiscais e não provavam nada além do gasto intensivo do possível morador em deliverys de comida.
Bom, ao menos isso soava como Nate.
Após verificar os quartos e os dois banheiros, ela decidiu ir embora. Foi quando Octavia a viu, batendo as portas.
— Olá? — Cumprimentou a moça.
Gwen imaginou que estivesse levando o lixo para fora, ou apenas um assassinato premeditado explicaria aqueles enormes sacos negros. De qualquer forma, aquela seria uma boa oportunidade para sondar. Os vizinhos poderiam dizer-lhe uma coisa ou outra sobre seu irmão.
— Olá, meu nome é Gwenett — Sorriu para ela. — Sabe onde posso encontrar meu irmão? Ele disse para nos encontrarmos aqui, mas agora não atende minhas ligações e a porta estava destrancada...
— Seu irmão é Alex?
Aquele nome causou conflitos em seu entendimento. Como havia deixado passar, se o irmão gêmeo era o disfarce perfeito?
— Sim, Alex — Gwen enfim respondeu. — Nós todos o chamamos de Alexander em Nova York.
— Nova York, certo... — Octavia olhou desconfiada. — Ele nunca me falou sobre ter uma irmã, ou sobre qualquer membro da família.
— Eu sei, é irritante. Às vezes ele é super reservado.
— Ou talvez estivesse fugindo de alguém. Seria de você?
Menininha esperta.
— Isso é uma acusação? — Provocou Gwen.
— É um aviso — Disse Octavia. — Não sou do tipo que vai abrir a boca para qualquer um.
— Então você sabe onde ele está?
— Eu sei muita coisa. E se voltar aqui outra vez, direi tudo à polícia.
Olhando-a dos pés à cabeça, Gwen não pôde ver além da menininha que costumava ser, com o cabelo perfeito, a pele sedosa, as roupas justas e a má atitude. Isso a levou a pensar que Octavia provavelmente não sabia o quanto reivindicava saber. Pois quem entendesse o que havia entre ela e seus irmãos e há quanto tempo esperava por isto, jamais envolveria a polícia.
Seu pingente de golfinho, que caia sobre a blusa branca, também chamou a atenção de Gwen. Ela o manuseou sem que Octavia pudesse recuar.
— Cuide-se, querida — Disse, antes de ir embora. — Este é um jogo perigoso.
A Mansão Cavanaugh era localizada na área de campo da cidade, a uma hora do centro. Gwen dirigiu até lá sem fazer desvios e sem distrações. Neve densa cobria os telhados, as chaminés, as trilhas e aos pinheiros nos jardins. O vermelho rubro das paredes externas contrastava o seu alvor como o precípuo em meio a vastidão, com as janelas a representar uma única fonte de luz para quem visse a distância. Nenhum segurança resguardava o perímetro – algo que ela estranhou ao chegar de viagem. No Canadá, talvez isso não fosse um tabu.
A primeira coisa que ela ouviu ao adentrar a mansão foi a briga entre pai e filho.
— É o meu dinheiro, minha casa! — Gritava o Senhor Cavanaugh.
— E onde estava você esse tempo todo? — Respondia Matt.
Chegou um momento em que o Senhor Cavanaugh decidiu ter ouvido o bastante e acertou-o com uma bofetada. Gwen estava lá para ver.
— Limpe essa bagunça! — Ele ordenou ao filho.
Gwen decidiu ignorar tudo o que havia visto e voltar ao seu quarto. Matt pediu para que uma empregada limpasse as manchas de vinho no tapete por ele e seguiu a garota pelas escadas.
— Gwen, o que você viu...
— Não é da minha conta — Ela tirou o casaco e serviu-se de uma dose de whisky na bancada.
As marcas dos dedos de Morgan no rosto dele não a impressionavam de forma alguma. Havia marcas piores que aquelas deixadas por um pai abusivo.
— Apenas não conte a ninguém — Matt pediu. — Por favor.
— Tudo bem... — Ela sentou à beira da cama. — Não vai me perguntar como foi a caçada?
— Não é um bom momento, preciso resolver algo importante.
— Mais importante que encontrar Nate e vingar seu irmão morto?
— Não fale sobre Quentin desta forma — Era a terceira vez que ele precisava lembra-la.
Gwen acomodou-se entre os travesseiros e escorada a cabeceira.
— Seu pai também batia nele?
— Quentin não cometia erros. Não era como eu.
— Certo — Ela anuiu. — É sempre nossa culpa, nunca dos pais.
— Acho que você não entenderia.
— Se a questão for canibalizar nossos entes queridos, talvez não.
Ele riu.
— Nessas horas eu realmente acredito no alter ego que você criou — Disse ele. —  A Rainha de Gelo — Deu-lhe às costas. — Olhe ao redor, Gwenett. Está no lugar certo para isso.
Um lugar com muita neve, riqueza, e no mais absoluto silêncio.
Ele saiu pela porta e ela serviu-se de mais uma dose na bancada.


Nem todos os convidados vestiam trajes dos anos setenta para a festa da Lambda Tau Sigma. Jensen soube, por Emmett, que muitos deles haviam migrado de uma festa na Gamma Delta Chi fora do campus, que foi interditada pela polícia. Por este motivo – e pela fantasia que Rylee trouxe não ter servido –, Jensen achou mais vantajoso ser a exceção junto a todos eles. Quem olhasse para o saguão de escadas o veria usando camiseta branca e jeans preto, cercado por dois John Travoltas de Os Embalos de Sábado à Noite e um grupo de garotas cujos looks variavam entre os que Jane Fonda usou como Barbarella.
Ninguém o cumprimentava, isso ele reparou. Olhares acusadores, ou mesmo os receosos, começaram a fazer parte de sua rotina. Ao menos Rylee e Emmett ofereciam bebidas, levavam-no para dançar a playlist retrô e apresentavam-no a outros garotos gays e solteiros que ele gentilmente recusava. Isso até chegarem seus irmãos Delta, como uma tropa de choque. Jensen achou melhor ir embora antes que algo ruim acontecesse.
Uma lua minguante traçava os céus no lado de fora, a desvelar por detrás das nuvens cinzentas. Se realmente chovesse, poderia ser a noite mais fria do ano. Jensen caminhou de braços cruzados e os ombros encolhidos.
 O edifício a alguns metros era onde costumava assistir às aulas do Senhor Altman. Sempre às onze da noite ele era visto trancando os portões, jogando um copo vazio de latte na lixeira e caminhando até seu carro, estacionado do outro lado da rua. Naquela noite não foi diferente.
— Senhor McPhee — Cumprimentou o professor. — A festa terminou mais cedo?
— Para mim — Justificou Jensen.
— É sempre uma pena — Guardou as chaves. — Talvez queira voltar ao dormitório antes da tempestade, eles avisaram nos noticiários.
Jensen olhou para cima de reflexo.
— Ainda não. Acho que tenho uma ou duas horas.
— Para caminhar sozinho pelo campus?
— Há terapia melhor?
— Um Capuccino no Novack Café, talvez?
— Não, não se preocupe. Isso não é problema seu.
O professor desceu os últimos degraus do hall de entrada.
— Não acho que tenha entendido, Senhor McPhee — Ele disse. — Este sou eu me convidando a fazer qualquer outra coisa que não seja voltar para casa e beber whisky sozinho enquanto finjo assistir The Twilight Zone, porque nunca entendo onde essa série quer chegar. E eu não disse que você tinha uma escolha.
A resposta de Jensen foi prender os lábios e assentir.
Àquela hora havia pouquíssimas pessoas para disputar um lugar no Novack Café. Jensen e ele sentaram na mesa mais próxima a janela e fizeram o pedido a uma garçonete chamada Marybeth. Tanto ela, quanto um grupo de outras cinco garotas em trajes dos anos setenta, se aproveitaram do uso da formalidade para flertar com o professor.
  — Boa noite, Senhor Altman — Elas sorriam e acenavam.
Havia certa indulgência na expressão que ele mantinha, como se estivesse acostumado ao assédio e ao mesmo tempo não apreciasse toda aquela atenção.
— Você é bem popular — Jensen comentou.
— Não pelo meu doutorado. Eu realmente odeio estudantes.
Han... não sei se deveria dizer isso.
— Eu não devo, por isso digo. Obrigado — Agradeceu à garçonete pela xícara de café. — Agora, diga-me... — Virou a Jensen. — O que exatamente está pensando?
— Não sei se entendi.
— Diga-me o que está pensando neste exato momento, sem qualquer tipo de censura, receio ou moderação.
Essa era fácil.
— Estou pensando em foder o rabo do meu ex namorado tão forte que ele se sinta terrivelmente massacrado, não apenas bem fodido.
— Aí está — O professor tomou de sua xícara. — A honestidade em sua forma bruta, sem se atrelar a princípios morais. Como se sente agora, ao externar seus pensamentos?
— Ainda com vontade de fode-lo.
— Claro, mas... — Mordeu uma fatia de pão. — Não é bom saber que pode falar exatamente o que está pensando sem o risco de ser julgado ou acabar na primeira página de um jornal?
Jensen suspirou.
— Agora que tocou no assunto, sim. Uma vez hackearam meu celular e publicaram na internet algumas conversas entre mim e meu namorado. Até hoje é possível encontrar pessoas online que reproduzem citações minhas a respeito do órgão genital masculino como se parte de uma revolução falocentrista que eu nunca apoiei e provavelmente causou todos os meus problemas.
— É porque ninguém diz a verdade em público, caro amigo. Porém, não é disso que se trata... — Mordeu outro pedaço de pão. — Posso usar da honestidade brutal para fazer uma pergunta?
— Claro.
O professor engoliu rápido para falar mais depressa.
— Você o ama, ou ele simplesmente continua ativando seu sistema de apego?
— O que isso deveria significar?
— Que é muito comum nos convencer de que precisamos de alguém para tudo fazer sentido e começar a impor a nós mesmos que não temos outra escolha senão esperar pelo que nunca vem.
— Você ao menos o conhece?
— Nathaniel Strauss — Neil logo disse. — O garoto que todos querem ter. Ou ser. Escolha um.
No shit.
Aquilo definia Nate ao mínimo de caracteres para o antigo Twitter.
— Este é ele — Disse Jensen, com pesar.
— Para pessoas como eu, talvez. Para você, um pouco mais.
— Muito mais — Pensou por um instante. — Acho que a pior parte é não saber onde ele está agora. Se está seguro, ou em apuros, precisando de ajuda. Se tem alguém com quem possa contar, alguém que ligue todas as noites e pergunte se está tudo bem. Nem sei se ele ainda me quer, mesmo tendo prometido incontáveis vezes que sempre ia querer. Agora quem precisa de ajuda sou eu e ele não tem como saber o quanto as coisas estão fodidas.
— O garoto que sofreu o acidente?
Jensen fez que sim com a cabeça.
— Se Nate estivesse aqui, saberia exatamente o que fazer.
— E ele é a única pessoa que poderia ajudá-lo?
— Ele se importa. É um dos poucos que ainda se importa.
— Entendo — O professor assentiu. — Posso oferecer agora meu conselho gratuito?
— Vá em frente.
— Ele não está aqui, mas muitas pessoas estão. Aquela garota, Rylee, ficou muito preocupada quando eu falei sobre o seu acidente nos chuveiros. Há algumas semanas ouvi aquele garoto, Emmett, falando de você para a família dele no celular. E eu estou aqui, perdendo uma sessão noturna de The Twilight Zone para pagar-lhe um capuccino e dizer que os erros das outras pessoas são apenas delas para sofrer as consequências. Agora use a razão e responda: Você está mesmo sozinho sempre que Nate não está por perto?
Jake, seu irmão, havia dito algo parecido na última vez em que se viram. Você não é responsável pelas fraquezas de nossa mãe, muito menos as de Nate. Você é o efeito colateral que pessoas como eles deixam para trás. Na teoria, fazia muito sentido. Não havia mais porque se responsabilizar por aquilo que tentou impedir e aconteceu exatamente como temia, ou por todos que se foram sem que tivesse poder sobre esta decisão.
Quanto ao discurso de Neil, só havia um ponto que gostaria de frisar.
— Achei que odiava beber whisky sozinho enquanto assistia às sessões noturnas de The Twilight Zone.
— Eu amo esse programa, mas um amigo parecia estar precisando de ajuda.
— Espere um segundo — Jensen virou à garçonete. — Que horas vocês fecham?
— Ficamos abertos vinte e quatro horas de segunda à sexta.
— E vendem álcool?
Ela olhou desconfiada.
— Somente a maiores de vinte e um anos.
— Ótimo — Ele virou ao professor. — Peça duas doses do melhor que tiver e conte-me sobre sua ex-esposa megalomaníaca.


Nate chegou à mansão Strauss por debaixo de chuva. O primeiro recebe-lo foi Gus, que pulou em seu colo.
— Oh, graças a Deus — Judit correu até ele. — Estou ligando para você há horas.
— É, minha bateria foi a zero por cento. O que houve?
— Eu pedalei até aqui de bicicleta — Disse Gus, mostrando um sorriso banguela.
Não podia mesmo haver outra explicação.
— Veio sozinho? — Indagou Nate.
— Ele chegou antes da tempestade — Assegurou Judit.
Embora não tenha sido esta a pergunta, ele pareceu mais tranquilo. Tentar voltar ao Amazing Grace com aquele tempo só não era mais perigoso que sair de lá, sozinho, em meio a tempestade.
— Venha aqui — Nate pegou-o no colo. — Você ainda vai me colocar em apuros, sabia?
— Você sabe sair de apuros — Sorriu o menino.
— Não legalmente.
— O que é isso?
— Algo que devo ensina-lo o mais breve possível. Venha comigo — Levou-a a sala de estar.
Pelo telefone, ele explicou tudo a Madre Esther. Os empregados da casa perseguiam Gus de um lado a outro.
— Eu o levaria de volta agora mesmo, mas seria arriscado dirigir com esse tempo — Hesitou para ouvir a resposta. — Talvez ele possa passar a noite aqui... — Hesitou mais uma vez. — Não há problema algum, eu o levo de volta amanhã cedo — Mais uma vez. — Claro, entendido. Resolveremos pela manhã — E desligou.
Uma das empregadas havia pego Gus no sofá maior e começou a fazer-lhe cócegas.
— Linda, poderia organizar nosso quarto especial? — Pediu Nate. — Ele dormirá aqui esta noite.
O garoto comemorou com gritos de vitória.
Judit limitou-se a reprovar com os olhos.
— Tem certeza que é uma boa ideia? — Perguntou a Nate.
— Está tarde, e não conseguiríamos ir muito longe com essa chuva. Além disso, o quarto dele está pronto.
— Eu quero dormir na cama do Homem-Aranha! — O menino correu.  
Não houve nada que Judit pudesse dizer.
Nate o levou ao andar de cima para tomar banho, escovar os dentes, vestir o pijama e pô-lo ele mesmo para dormir. Quando deixou o quarto, atentou uma última vez a ele na cama, debaixo dos cobertores, com os olhos fechados. A noite estava prevista para terminar ali. Nate foi para o seu quarto, trocou de roupas, sentou na cama e pegou o laptop. Era por volta de meia noite quando Gus abriu as portas e correu para deitar junto a ele.
— Algo errado? — Perguntou ao menino.
— A cama do Homem-Aranha é boa para ficar acordado e brincar, não para dormir.
— Ah, sim — Ele pensava o mesmo quando criança.
Nas mãos de Gus viu uma das aeronaves em miniatura que fizera parte da decoração do seu quarto. Como ele alcançou as peças que foram instaladas na parte superior e quase chegando ao teto, só poderia imaginar.
— O que está vendo? — O menino escorou a cabeça em seu ombro.
— Possíveis destinos de viagem. Há algum lugar para onde queira ir?
— Disney World!
Nate riu.
— Ótima escolha. Será o primeiro lugar para onde vamos.
— E quando vamos?
— Quando estiver tudo certo sobre a sua adoção.
— Isso está demorando demais... — Gus também percebera.
— É assim mesmo. Todos nós só queremos o melhor para você.
— Até aquele outro casal?
Nate ainda não havia pensado nisto.
— Sim — Respondeu-lhe. — Eles sabem que você é um bom garoto e que podem ajudá-lo.
— Mas eu quero ficar com você.
— Eu sei — Beijou-o na testa.
Gus estava tão atento ao monitor que não percebeu seu olhar de preocupação.
— Posso assistir alguma coisa? — Pediu o menino.
— Tudo bem. O que quer ver?
Gus digitou ele mesmo o que precisava no YouTube e acessou vários canais de animação. Alguns cantavam sobre super-heróis e esportes, outros produziam rimas educativas para crianças de até oito anos. Havia uma canção de ninar, chamada Nap Time Song, que realmente fez Gus adormecer uma hora depois.


Let’s all count sheep, count one, two three
Until we sleep, let’s all count sheep
I’m scared of the dark, Mrs. Appleberry
I’m scared of the dark, please, please
See your light shine, you’ll be just fine
See your light shine, you will be just fine

Nate percebeu que ele não estava totalmente desacordado que não ouvisse a canção e nem totalmente consciente que não estivesse prestes a cair em sono profundo. Foi preciso muito cuidado na hora de levantar, pôr o laptop sobre a bancada e cobri-lo com os lençois sem inquieta-lo.
— Boa noite — Deu-lhe um beijo na testa.
Antes que saísse do quarto, ao desligar as luzes, ouviu o menino sussurrar:
— Eu te amo, papai.
Nate não relutou dessa vez.

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