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Crítica | Grey's Anatomy - 14x04: Ain't That a Kick in the Head



"Nem só de boas tramas viverás o homem."

Grey's Anatomy continua com uma trama sólida, mas o que não a impede de derrapar aqui e acolá. Nesta quarta semana tivemos pequenos retrocessos e falhas nos dramas apresentados. Nada que nos remeta a péssima temporada passada, mas que ainda causa um pequeno incômodo aos olhos. Não me entendam mal, não houve uma grande queda ou um grande furo, mas perdemos levemente o ótimo ritmo dos três primeiros capítulos e isso é até algo normal, vamos concordar.

O grande problema desse Ain't That a Kick in the Head é que já encerramos basicamente um plot da temporada. Três semanas e quatro episódios e um dos principais arcos e histórias que poderiam ser contadas foram encerradas, apesar de abrirem portas para novos rumos. Estou me referindo aqui ao tumor de Amelia, já resolvido neste episódio. Claro que ninguém quer que uma trama dessas dure metade de uma temporada com incansáveis episódios, mas acho que tudo foi muito apressado. Nem tivemos tempo de digerir a ideia de Amelia doente, ou o fato de muito de sua personalidade provavelmente ter  a ver com seu quadro médico. Sinceramente esperava mais por parte dos roteiristas neste momento.



Termos a cirurgia e praticamente todo o processo de recuperação em apenas quarenta minutos, junto com outras tramas a serem trabalhadas, soa forçado e até preguiçoso. Ninguém precisa de uma Amelia vinte e quatro semanas numa cama de hospital, mas poderíamos ver esta parte pelo menos por mais algum tempo. Ou seja, temos a aceitação de sua doença, o processo cirúrgico, a dificuldade da recuperação e a vitória iminente sobre seu inimigo tudo junto e misturado. A verdade é que não temos tempo em tela o suficiente para nos importarmos muito com o que está acontecendo, já que basicamente pulamos todos os estágios dramáticos que comumente são mostrados. Não teve conflito, não teve uma cena chorosa entre as três irmãs, nem a família Shepherd se importa, poque nós espectadores deveríamos nos importar? Tudo soou fácil de mais, superficial de mais.

Em contrapartida, do outro lado temos Megan e a recém chegada de seu filho Faruk. Temos que ser sinceros, as cenas que envolviam este núcleo conseguiam quase superar o teor dramatúrgico de Amelia e o tumor. Megan até então tem se mostrado uma personagem bastante coerente e empática. Ela não está ali para causar conflitos entre os médicos e em suas vidas pessoais, ela está ali para ser curada e partir para reencontrar seu menino. Tudo o que aconteceu de um possível triângulo amoroso gira muito mais em torno de uma tentativa (falha) do roteiro querer colocar os três nesta posição. As duas abriram mão de Riggs e o mesmo não sabe muito bem com quem quer ficar. Isto não é um triângulo amoroso, nenhuma das duas parece estar disposta a lutar com a outra pelo seu "amado" e nem Nathan parece muito disposto a encarar a situação de frente, ora pedindo Megan em casamento, ora percebendo que ainda está perdidamente apaixonado por Meredith.



Jo é outra que parece que começará a receber o destaque que toda a trama do marido abusador a privou na última temporada. Se antes ela foi basicamente negligenciada sendo que deveria estar em foco quando o assunto era agressão doméstica, aqui parece que os produtores acertarão a mão para contar sua história. Ela foi inteligente ao não querer que sua foto aparecesse em um artigo de uma revista médica já que seu ex/atual marido também trabalha na área (todos são médicos nesta série, aceitem). Ainda não sabemos quais serão as circunstâncias que trarão o abusador para o Grey Sloan futuramente, mas percebemos, com incansáveis citações, que logo isso acontecerá.

Grey's ainda não conseguiu abandonar totalmente as falhas do seu décimo terceiro ano e isto fica evidente. Tivemos algumas coisas apressadas de mais e outras que parecem jamais sair do lugar. O ritmo diminuiu, mas ainda não deixa a desejar nos momentos que precisa se focar em seus principais protagonistas e nas suas histórias. Temos agora a oportunidade de ver quem Amelia será sem um pedaço seu, o que se for bem desenvolvido, renderá uma boa sequência de episódios, tanto para o crescimento da própria personagem quanto para nós telespectadores. Wilson e seu marido também parece que logo receberão foco e todos rezemos para que desta vez os roteiristas saibam por onde seguir e o que contar.
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