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Crítica | The Darkness


Direção: Greg McLean
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 92 minutos
Título original: The Darkness

Crítica:

O mal vem para casa.

Apesar da grande maioria dos lançamentos serem descartáveis, atualmente o gênero terror encontra-se em uma situação confortável. James Wan tem criado, nos cinemas, franquias de sucesso, que conseguiram revitalizar as velhas fórmulas do gênero. E, no mercado independente, com a popularização das plataformas online, mais cineastas talentosos têm recebido a devida atenção em seus projetos. É claro que encontrar o que realmente vale a pena em um mar de lançamentos pode ser como um jogo de campo minado, nunca se sabe quando você vai escolher uma bomba. The Darkness pode parecer uma produção interessante, com um tema em evidência atualmente, e certamente irá despertar a curiosidade dos fãs do gênero, mas tudo isso é uma armadilha prestes a explodir diante dos seus olhos.

Na trama, uma família passa alguns dias acampando no Grand Canyon durante suas férias. Explorando o local, o caçula cai em uma rede de cavernas, e, ao circular por lá, encontra algo que nunca deveria ter mexido. Não demora muito para a família voltar para sua vida cotidiana, mas algo está terrivelmente errado. Manifestações sobrenaturais passam a ocorrer pela casa, levando a família a se perguntar se estão sendo perseguidos por assombrações – ou, pior, demônios. Ao relacionar as ocorrências inexplicáveis com sua última viagem, eles logo descobrem que acordaram cinco entidades há muito tempo adoradas por índios da região, que haviam sido amaldiçoadas e presas na caverna – até serem soltos por pessoas desavisadas. Agora, eles terão que reverter essa situação antes que o caos que esses demônios trouxeram pairem sobre a família de modo irreversível.

Seguindo o tema sobrenatural, que recentemente tem sido soberano dentre os grandes lançamentos nos cinemas, The Darkness literalmente não apresenta nada de novo ou empolgante para o gênero. É até desrespeitoso ver que um filme como esse conseguiu uma boa visibilidade dos cinemas, enquanto outros muito melhores permanecem alheios ao grande público. A decepção só aumenta quando percebemos que a direção é assinada pelo talentoso Greg McLean, responsável pelos ótimos Wolf Creek - Viagem ao Inferno e Morte Súbita. Ambos são tensos, ótimos exercícios de suspense – especialmente este primeiro, que também foi o primeiro longa dirigido por McLean. A direção de The Darkness em nada se parece com seus filmes anteriores. É preguiçosa, como se estivesse no piloto automático.

A produção também contou com um elenco competente, mas eles parecem completamente entediados neste filme. O roteiro nunca dá a oportunidade para que o público possa criar uma ligação com os seus personagens. Todos eles possuem suas falhas, mas elas são jogadas de forma tão aleatória que em nada acrescentam à trama. Fica claro que a intenção era mostrar uma família problemática se unindo para sobreviver a um mal maior, mas tudo ficou muito mais desenvolvido e piegas – especialmente com aquele final extremamente clichê e sem inspiração. Kevin Bacon (The Following), Radha Mitchell (Terror em Silent Hill, Evidências), Lucy Fry (Academia de Vampiros: O Beijo das Sombras e da série Wolf Creek) e David Mazouz (Gotham) são bons atores, mas estão completamente perdidos neste filme, e a culpa sequer é deles.

Assim como os personagens, toda a história envolvendo a tal "escuridão" é fraca e mal desenvolvida. O roteiro tenta mostrar algo diferente, mas não se aprofunda no tema. Ao invés de uma pesquisa bem elaborada, um personagem dá dois cliques e encontra um vídeo explicando exatamente o que está acontecendo. E, como se o filme não tivesse clichê o suficiente, o roteiro ainda tem a cara de pau de introduzir duas personagens mexicanas (!) para limpar a casa e enfrentar os demônios nos últimos 10 minutos de filme (!!). Acredito que eles tiveram que adiar o derradeiro confronto até os minutos finais porque a resolução para o fim dessas manifestações é tão boba que não teria sentido a família não ter tentado antes.

Gostaria de dizer que The Darkness tinha um grande potencial, mas nem isso eu posso afirmar. Não há nada de interessante no filme além das cenas que o trailer abaixo fez questão de mostrar. Além de ter um ritmo arrastado, não há qualquer construção de tensão ou a criação de uma atmosfera aterradora. Tem um certo momento em que parece que as coisas estão prestes a ficarem movimentadas, mas a família simplesmente vai para um hotel e nada mais acontece por algum tempo. E, vale ressaltar que, a essa altura, o filme já passou a marca de uma hora de exibição. Nem mesmo as marcas negras de mãos, um dos únicos elementos que trazem alguma identidade ao filme – o que não é grande coisa –, foram usadas de forma inteligente, especialmente no final, em que desaparecem por completo ao invés de aparecerem por toda a casa. Enfim, filme arrastado, clichê e que não merece nem metade da visibilidade que recebeu. Podem apagar a luz, porque essa escuridão não assusta ninguém.


Trailer:

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