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[Crítica] A Bela e a Fera (2014)


Direção: Christophe Gans
Ano: 2014
País: França | Alemanha
Duração: 112 minutos
Título original: La Belle et la Bête

Crítica:

Uma vida por uma rosa.

Apesar da adaptação oficial da Disney estar em desenvolvimento, tendo a maravilhosa Emma Watson no papel principal, nada impede de novas versões do clássico vir à tona. Desta vez, foi a França que se arriscou em sua própria versão de A Bela e a Fera, um dos contos de romance mais legais da Disney. Com esta nova tendência, é esperado cada vez mais que clássicos da animação ganhe novas versões em carne e osso nos próximos anos, sendo eles lançados oficialmente pela Disney ou não, como é o caso do sangrento e divertido João e Maria: Caçadores de Bruxas e o Branca de Neve e o Caçador. Sendo assim, fica claro que esta nova tendência abre um mundo completamente novo de oportunidades e gêneros a serem apresentados para o grande público. Só resta saber se esses projetos abraçarão esta chance, ou definharão em enredos batidos e preguiçosos.

Na trama, que se passa em 1810, após o naufrágio de seu navio, um comerciante financeiramente arruinado exila-se no campo com seus seis filhos, três rapazes e três moças. Apenas a filha mais nova, Bela, uma menina alegre e cheia de graça, fica entusiasmada com a vida rural. O destino surge implacável de novo, e quando o pai arranca uma rosa para a filha de um jardim encantado, ele é condenado à morte pelo proprietário do castelo, um monstro. A destemida Bela oferece-se no lugar do pai, mas uma vez dentro do palácio, encontra não a morte, mas sim uma vida estranha, cheia de magia, luxo e tristeza. Todas as noites, sem exceção, Bela janta com a fera, e todas as noites ela é visitada por sonhos que retratam a triste história dela. O gigante começa a se sentir cada vez mais atraído pela bela jovem, que usa toda a sua coragem para chegar ao fundo da maldição que atormenta seu estranho admirador.

Além de gostar muito desta história, eu também sou muito fã do trabalho do diretor deste filme, Christophe Gans, que dirigiu outros ótimos projetos, como O Pacto dos Lobos e Terror em Silent Hill. Levando em conta sua filmografia, esperava uma visão mais sombrio de Gans para a clássica trama da jovem bondosa que decide viver com um monstro para salvar o pai. Gosto muito de como os elementos desta história atraem um ambiente sombrio, basicamente gótico, principalmente por causa do castelo enorme e a figura solitária da Fera, que tanto representa o vilão quanto o herói. A visão de Gans, no entanto, trouxe uma fotografia bastante colorida, cheia de natureza e detalhes vívidos.

De fato, não fiquei decepcionado, uma vez que a fotografia é um dos pontos mais fortes desta reimaginação do velho clássico. São cenários simplesmente maravilhosos, assim como os figurinos e as criaturas feitas em computação gráfica, como os curiosos bichinhos que se escondem pelo castelo e a própria Fera. Gostei muito da caracterização da Fera, algo que poderia dar terrivelmente errado em um filme de carne e osso. Eles optaram por usar CGI (computação gráfica), o que não tem problema, considerando o quanto a produção técnica deste filme é boa. Seu porte é elegante, mas ele também consegue ser selvagem quando lhe convém. Já quanto aos bichos do castelo - uma espécie estranha de cachorro -, acredito que foi uma ótima incorporação à trama, considerando que eles preencheram o espaço vazio deixado pelos móveis inanimados.

Léa Seydoux, a atriz que interpreta a Bela, é lindíssima, com certeza. Gostei dela no papel, apesar da personagem se apresentar muito mais selvagem e grossa que a própria Fera em algumas cenas. Chega um determinado ponto que é a Fera quem tem o trabalho de amaciar o gênio da menina, e não o contrário. Apesar de tudo, faltou uma maior química entre os dois atores. O roteiro poderia ter trabalhado mais em torno da relação entre os dois personagens, mostrando a evolução dos seus sentimentos. No geral, essa história de amor não convenceu do jeito que deveria. Muitos podem achar que o ator Vincent Cassel, que tem quase 50 anos na vida real, muito velho para o papel. Acredito que esse detalhe distancia este filme das produções cinematográficas dos EUA, que têm uma tendência a rejuvenescer seus personagens para torná-los relacionáveis com um público mais jovem.

Além dos móveis sem vida, a outra grande mudança na história gira em torno da maldição do personagem principal, assim como os perigos que ele enfrenta no final do filme. A revelação pode soar um tanto quanto esquisita à primeira vista, até porque, é bastante específica - o que me leva a crer que essa mitologia apresentada pode ser culturalmente relevante na região que o filme foi produzido -, mas eu gostei do enredo ter tentado trilhar um novo caminho ao invés de apresentar mais do mesmo. Em geral, acredito que esta é uma boa versão de uma história clássica, com um excelente visual e características próprias, dando identidade a este título e o separando de outras adaptações.


Trailer Legendado:

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