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[Crítica] The Scarehouse


Direção: Gavin Michael Booth
Ano: 2014
País: Canadá
Duração: 84 minutos
Título original: The Scarehouse

Crítica:

A vingança é uma vadia.

Se filmes de terror nos ensinaram alguma coisa é que nunca devemos subestimar uma mulher. Geralmente, em meio a diversos caras musculosos ao seu redor, é justamente a mocinha que deve enfrentar o vilão no final do filme, sendo a única a permanecer em pé depois dos créditos finais. Outros filmes vão mais longe ainda, como a franquia Doce Vingança, e mostram que a mulheres também podem ser muito cruéis quando se trata de vingança. De fato, elas são as melhores, principalmente as histórias que as mostram frias e calculistas - somente esperando o momento certo para mostrar suas garras. Vale lembrar que não estou estigmatizando gêneros nesta crítica, apenas fazendo uma breve introdução que será relevante para o tema central deste filme, que, mais uma vez, mostra que algumas mulheres adoram uma vingança, e irão mais longe do que você imagina para conclui-la.

Na história, duas amigas, Corey e Elaina, criam uma casa do espanto para os alunos de sua universidade e a inauguram com uma festa na noite anterior ao Halloween. Elas convidam antigas amigas para participar da inauguração, mas assim que elas chegam, uma a uma volta a enfrentar os problemas de um passado conturbado. Quando as reais intenções das duas anfitriãs são reveladas, as meninas vão perceber que dentro da casa do espanto a vingança realmente é um prato que se come frio. Agora, conforme as garotas trocam confissões pelas suas vidas, as duas amigas percebem que elas não só as traíram, mas também estão dispostas a trair umas as outras para escaparem vivas de uma noite onde suas popularidades não irão ajudá-las em nada.

Esse filme segue o clássico molde da vingança assassina, mas consegue se destacar ao colocar o foco nas "vilãs" do filme. Por que desenvolver um bando de garotas clichês e superficiais quando você pode investir nas duas personagens mais carismáticas do filme? Essa mudança no foco levanta o enredo, porque vai direto ao ponto - ao mesmo tempo em que nos coloca nos bastidores de um massacre. Pessoas morrendo em filmes de terror é algo extremamente comum, mas quantas vezes podemos acompanhar os passos dos assassinos enquanto esperam por suas vítimas? São pequenas sacadas como esta que transformam um roteiro qualquer e o destaca dentre diversas outras produções parecidas.

Este obviamente é um filme de baixo orçamento - rodado com menos de duzentos mil dólares -, mas que não aparenta ser barato. De fato, há diversas mortes violentas e cenas de tortura bem feitas. Esse, na verdade, é um dos pontos positivos desta produção. Além de algumas torturas agonizantes, há algumas mortes originais - como a primeira -, que certamente deixará os mais sensíveis bastante desconfortáveis. O roteiro também consegue apresentar situações diferenciadas para perseguição das vítimas, o que é uma surpresa, considerando que todas entram pelo mesmo caminho - sendo muito fácil seguir o mesmo esquema em quase todas as mortes. Algumas das meninas se mostram surpreendentemente resistentes às investidas das vilãs do filme, o que não é algo que eu particularmente esperava e acabei me surpreendendo positivamente.

Apesar da história intercalar as cenas de vingança com cenas do passado, gravadas em primeira pessoa, não há nenhum desenvolvimento em torno das meninas da irmandade - tirando as vilãs, é claro. Mesmo sendo irritantes e dispensáveis, o roteiro poderia tê-las introduzido de uma forma eficiente, fixando uma personalidade mais forte em suas vítimas. Só o que vemos são um bando de personagens basicamente parecidas. Não conseguimos lembrar dos seus nomes e muito menos dos seus rostos, o que causa uma certa dificuldade para descobrir qual delas já morreram. As próprias cenas, que servem como flashbacks, são desnecessárias. O objetivo é relevar os motivos que levaram as duas garotas a embarcar nesta vingança, mas a revelação deixou a desejar. E, tirando isso, todas as outras cenas delas festejando não introduziram nada relevante para trama, perdendo a oportunidade de destacar as meninas que encontrariam um destino terrível anos mais tarde.

Enfim, mesmo não sendo perfeito, este filme conseguiu me agradar bastante. Não tinha expectativa nenhuma - sequer sabia do que a história se tratava direito -, e fui pego de surpresa. Só gostaria que o diretor tivesse usado um pouco mais dos cenários da casa do terror, porque a decoração até que estava decente. No final, pensei que a história teria um desfecho besta, então fiquei muito feliz com a reviravolta nos últimos minutos - que certamente ajudou a elevar ainda mais a pontuação do filme. The Scarehouse é descrito como mistura de Meninas Malvadas e Jogos Mortais, e por mais estranho que isso pareça, é verdade - e essa mistura ficou ótima. Além disso, o enredo apresenta algumas tiradas de humor negro, mas nada que deixe o filme bobo ou acabe com o seu suspense. Apenas o suficiente para fazer brotar um sorriso no canto dos nossos lábios enquanto o sangue rola solto na tela.


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