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[Crítica] Grey's Anatomy - 10ª Temporada


Duração: 45 minutos
Nº de episódios: 24 episódios
Exibição: 2013-14
Emissora: ABC

Crítica:

Eu tenho que ir. Você fica aqui. Você é uma cirurgiã brilhante com uma mente extraordinária. Não deixe que as vontades dele eclipsem o que você precisa. Ele é muito sonhador, mas ele não é o sol. Você é. (Cristina Yang)

Pela primeira vez em todas as críticas desta série, resolvi abrir o texto com uma fala que não é da Meredith Grey. Afinal, como este é o último ano da Cristina, achei apropriado que ela tivesse o direito de reinar pela primeira e última vez. Sem contar que essa é uma das falas mais sinceras e emocionantes desta temporada. Cristina sempre estará no meu coração (no de todos, acredito), e eu fico feliz que a Shonda não resolveu colocar fogo na personagem no meio do hospital ou algo parecido. Está ficando cada vez mais difícil sair desse hospital com vida.

E já que comecei a falar em morte, vou logo comentar sobre o destino horrível da Heather, a interna mais carismática do grupo. Shonda realmente deu um tiro no próprio pé (e a culpa nem foi dela dessa vez, foi mais uma questão de azar)! Depois de falhar em desenvolver personagens carismáticos, a única que se deu espontaneamente com o público não pôde continuar na série. A atriz foi escalada para outro projeto, impossibilitando sua participação no decorrer desta temporada. Só que a forma como a Shonda eliminou a personagem foi estúpida. Sem contar que nos fez odiar (ainda mais) outro personagem, Shane, colocando-o em um ponto sem retorno.

Essa é definitivamente a pior temporada de toda a série, superando até mesmo o quarto ano - em termos de ruindade. Deveria ter sido marcante, porque desde o começo estava decretado que seria a última da Cristina Young. Mas a Shonda escolheu os piores caminhos possíveis para desenvolver suas subtramas. Apesar dessa temporada começar logo depois do término da anterior - o que é raro, já que geralmente há um breve hiatus na história -, a criadora da série resolveu enrolar. Nada digno de nota acontece até o nono episódio, o que é muito.

Uma das coisas que eu mais estava ansioso para ver era o confronto entre a Callie e a Arizona. Shonda percebeu que todos os fãs ficaram irados e primeiro construiu toda uma subtrama, com direito a muitos flashbacks, para explicar o que levou a Arizona a trair sua esposa. Nada mais foi do que sua tentativa de consertar a cagada que havia feito. Até que conseguiu soar mais convincente, mas todo o plot da traição nunca deixará de ser desnecessário. Passaram-se diversos episódios até que elas finalmente trocaram algumas palavras uma com a outra. Minha expectativa estava nas alturas, porque não aguentava mais esperar para ver a resolução dessa história.

Para ocupar esse primeiro ato do décimo ano onde, devo repetir, nada acontece, Shonda resolveu desconstruir a amizade entre a Meredith e a Cristina. Sério isso, minha gente? Essa é a relação mais bonita de amizade de TODA a série, e não teve como não ficar puto ao ver a Shonda destruindo tudo o que foi construído na última década em apenas poucas semanas. Consequência? Cenas insuportáveis e intragáveis entre duas das melhores personagens da série. Justamente em um momento que o enredo estava debilitado, sem poder se apoiar em seus próprios personagens.

E, quando pensamos que esse desconforto não poderia ficar pior, Shonda joga a Cristina nos braços do Shane (WHAT THE DAMN HELL!), dando ainda mais destaque (negativo) para ambos. Nem preciso ressaltar o quanto ficou forçado, e todo o problema que eles não têm nenhuma química em tela - nem mesmo tensão sexual. Foi como ver dois robôs. Ela definitivamente criou um mostro - assim como a própria Meredith ressalta em determinado momento. Acredito que nunca odiei tanto um personagem quanto o Shane. E a Shonda se esforçou, em todos os quesitos, para torná-lo o mais insuportável que ela pôde. Se foi essa a intenção, parabéns! Êxito total! Eu realmente queria que ele tivesse uma morte horrorosa em algum ponto da história, então fiquei extremamente decepcionado com o seu desfecho feliz.

Pelo menos ele não continuará na trama, assim como a Murphy. Por mim, poderiam até levar a Stephanie com eles. Engraçado que, em determinado momento, o Shane surtiu em uma operação e massacrou um paciente. Como ele não foi despedido? Senti uma enorme falta de coerência. Já quanto a Murphy, até gostei da personagem em torno de alguns momentos, mas o enredo simplesmente não lhe deu chance alguma de crescer. Por que torná-la uma psicopata em qualquer envolvimento com outra pessoa? Seu caso rápido com a Arizona foi tão deprimente quanto o do Shane com a Cristina. Onde está a qualidade de outrora? Não tem coerência essa apelação toda. Pelo menos os últimos momentos da personagem foram bem legais, o que ajudou a apagar um pouco seus momentos mais negros.

A série só acordou para a vida na sua segunda metade, momento em que passou a investir em resoluções mais inteligentes, desenvolvendo mesmo suas tramas. Os outros personagens, que também estavam estagnados, também tiveram sua chance de brilhar. O nível estava tão ruim que até mesmo o plot envolvendo a denúncia de abuso foi interessante. E ainda garantiu algumas cenas legais entre o Alex e a Jo, em You've Got to Hide Your Love Away. Eles dois são fofos juntos, e eu realmente espero que um não traia o outro sem qualquer motivo aparente na temporada que virá (estou venenoso!).

A relação entre a Meredith e a Cristina se estabilizou, e todos os desentendimentos que elas tiveram no começo desse novo ano foram jogados para debaixo do tapete, como se nunca tivessem existido. Graças a Deus! Pensei que o enredo estenderia essa briga até o final, tornando este o motivo pela saída da Cristina do hospital. Eu fiquei tenso, porém, porque a saída da Cristina envolveu o retorno do Burke, o grande fantasma da vida dela. Obviamente não queria que ela voltasse com ele, então respirei aliviado quando percebi que essa não seria uma opção. Essa situação em que ele dá um hospital de ponta para ela é um pouco fantasiosa, mas tentei manter minha mente aberta. Vamos dizer que ele estava com medo do karma, e decidiu trazer um bem para a pessoa que mais tinha feito mal.

Enfim, gente, apesar de ter se recuperado na reta final, a temporada em si foi sofrível - em especial por causa do começo insuportável. Até o nono episódio, tudo apresentado antes neste ano deve ser esquecido - e ainda algumas coisas que vieram depois. O importante é que a despedida da Cristina foi realmente importante, e conseguiu me despertar a sensação dos bons tempos da série. Quero só ver como a Shonda irá cobrir esse grande buraco na história, porque a Cristina é insubstituível. Espero, talvez, que a Mer continue se aproximando da Callie, já que a amizade delas têm potencial para crescer.

Confiram, também, as críticas semanais desta temporada:

Comentário(s)
4 Comentário(s)

4 comentários:

  1. Não, curti tanto essa temporada. Acho que guardo um sentimento parecido com o seu, passei a enxergar a série de uma forma mais mecânica depois da saída de Mark e Lexie.

    O nono ano foi bom, isso é um fato. Mas muito da série se perdeu, por mais que ainda tenha carinho por ela.

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  2. Nossa eu precisava ler essa crítica, vejo a série desde 2010 mas só agr estou vendo a décima temporada, desde a oitava a série tem dispertado um desinteresse enorme em mim e na décima temporada chegou no seu ápice de horror e preguiça de roteiro. Sem contar na trilha sonora, que convenhamos já foi muiiiito melhor, a catástrofe é tanta que em alguns momenstos entre a nova e a décima principalmente na nona usam a trilha sonora como um amuleto, colocando músicas de fundo em momentos vazios, músicas sem contextos e ligações alguma.

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  3. Também tem crítica dá décima primeira?

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  4. Realmente a 9° e a 10° temporada caiu bastante a qualidade da trama. Os novos residentes não tem coerência nas ações . Estou assistindo todas as temporadas uma após a outra . Colocar Yang com o novato ... Foi péssimo.

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