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[Crítica] A Menina que Roubava Livros


Autor: Markus Zusak
Editora: Intrínseca
Lançamento: 2005
Título Original: The Book Thief

Crítica:

Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.

Ao contrário da maioria das adaptações atuais, dessa vez eu tive sim a chance de ler o livro antes de conferir o filme. De fato, eu li este livro há muitos anos, muito antes de pensarem em uma adaptação cinematográfica. Não estava pensando em criticar o livro também, mas, ao assistir o filme, eu fiquei tão satisfeito que decidi trazer minha opinião das duas mídias para o Meu Mundo Alternativo. No início eu pensei em ler novamente, mas acontece que tudo está tão vivo na minha cabeça. A história desse livro teve um enorme impacto sobre mim, tanto que consigo me lembrar de basicamente todos os momentos dela.

A história gira em torno de Liesel Meminger, uma menina com uma vida difícil que foi cercada pela morte desde criança. Em uma exaustiva viagem de trem, o seu irmão mais novo é morto e enterrado próximo à estação. A menina, então, começa sua jornada ao roubar um livro que o coveiro deixou cair no chão, logo antes de ser levada e adotada por um casal de classe trabalhista formado por Hans e Rosa Hubermann. Lá, ela convive com os novos responsáveis e vai à escola, assim como faz amizade com o vizinho Rudy Steiner. Ao longo dos quatro anos que viveu com os Hubermann, roubou diversos livros e aprendeu lições com eles, percebendo que não há nada mais forte que o poder das palavras.

Qual o maior diferencial dessa história? O seu narrador. Nós acompanhamos os acontecimentos do livro pelo ponto de vista da Morte. Não me levem a mal, a história de vida da protagonista é sensacional, mas o detalhe da Morte é de fato o mais surpreendente. E eu posso dizer? A morte não consegue controlar o spoiler. Desde o começo, somos maravilhas com uma visão do mundo extremamente peculiar. O autor soube trabalhar muito bem com o ponto de vista que ofereceu, trazendo à história alguns pontos que não poderiam ter sido narrados por ninguém mais. E, convenhamos, a tagline do livro é basicamente uma das melhores que eu já vi. Consegue despertar a nossa curiosidade!

Logo no começo, a Morte nos fala que teve três encontros com a protagonista. O primeiro acontece muito rápido, quando o seu irmão morre. É neste momento que a Morte se interessou na história de vida da personagem. Mas se vocês pensam que essa é a parte mais difícil, é melhor vocês reverem os seus conceitos. Como já adiantei, a morte estraga algumas surpresas. Muitos podem dizer que ela não consegue manter o suspense da história, mas eu me apaixonei pela sua narração. É muito divertido quando ela teve interagir com o espectador. Essa ligação, apesar de também aparecer na versão cinematográfica, nunca será tão forte quanto no livro.

Outro ponto que definitivamente merece a nossa atenção são as crianças, Liesel e Rudy. Em uma das épocas mais difíceis e brutais que esse mundo já enfrentou, os garotos conseguem nos encantar com sua inocência. Um dos momentos mais interessantes está relacionado com o Ruby e sua admiração por Jesse Owens, um mito do atletismo. No tempo em que as pessoas morriam aos montes por causa do preconceito racial, é muito bonito ver o personagem Rudy quebrando essa barreira, sendo verdadeiro consigo mesmo, independente de sua cor. Essa é uma das minhas partes favoritas, mas não falarei muito sobre ela, porque quero que vocês sintam-se surpresos e se emocionem com sua inocência.

Por causa do título, muitos podem não entender a verdadeira essência da história. Esse não é um livro infantil e sua história não centra no roubo dos livros. O enredo é muito maior do que isso! Tenho certeza que todos irão se apaixonar pelos personagens, assim como o desfecho irá deixar todos com lágrimas nos olhos. A Menina que Roubava Livros é um dos livros mais emocionantes que já tive a oportunidade de ler. Certamente irá surpreender a vocês, se deram uma chance.
Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário:

  1. Amo esse livro, ele me surpreendeu muito quando eu vi a capa e o titulo pela primeira vez nem dava muito pela historia, mas ela é linda e muito bem escrita.

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