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[Livro] My Last Lie - Capítulo 7: I Smell a Bitch

Don't Be a Bitch.

- Elizabeth Wheeler… - Disse o Diretor Weaver, virando uma folha do histórico de Effy.

Todas aquelas coisas estavam deixando-o intrigado, porém, ele demonstrava sua frustração com o rosto apático. Effy sabia que mais cedo ou mais tarde teria que ter aquela conversa novamente e dar uma boa desculpa para ir tão mal no colégio, já que desinteresse era exatamente o que não podia falar.

Ela olhou pra baixo, diretamente para as mãos que estavam encima da saia preta. Estava num beco sem saída, onde não poderia usar nenhuma de suas frases de efeito pra se sair bem ou poderia até ser expulsa. Mas quem ligava? A Brown nunca a aceitaria tendo uma média regular e tantos desastres no currículo.

- Parece que nada mudou desde a nossa ultima conversa.

- É – Ela balançou a cabeça, percebendo que ele novamente estava olhando para seu decote. Então, nada mesmo tinha mudado.

- O que está acontecendo?

- Nada.

O diretor cruzou as mãos encima da mesa e continuou observando-a por cima dos óculos. Esperou por alguma outra resposta por alguns segundos, mesmo sabendo que de sua boca nada sairia. O que ele precisava fazer para que aquela garota levasse os estudos a sério?

- Estou ciente do que está acontecendo em sua casa, Senhorita Wheeler. Seu pai é um grande amigo meu.

- É, ele é amigo de todo mundo – Effy colocou os cabelos atrás da orelha, deixando as pulseiras em seu braço fazerem um estranho barulho de chocalho.

- E é apenas em virtude desta amizade que estou lhe dando mais uma chance – O diretor observou o histórico novamente, dessa vez, com mais atenção – Aqui diz que você xingou uma professora, quebrou os frascos contendo espécimes do laboratório e acertou seu professor de educação física na virilha.

Effy prendeu um riso quando lembrou de tudo aquilo, teve que colocar uma mão na boca para que pudesse disfarçar. Também não podia explicar aquilo, é claro, não numa conversa formal onde o diretor não parecia estar interessado em saber sua versão da história. Ele nem imaginava que só havia xingado a professora porque ela foi namorada de seu pai no passado e criou um ambiente hostil onde pretende se vingar da filha do homem que partiu seu coração. Ou que foi Tessa quem quebrou os fracos do laboratório sem querer e levou a culpa porque ela iria apanhar do padrasto. Também não fazia ideia que o professor de educação física mereceu aquele chute, pois deveria ser crime dar encima das alunas. Mas quem iria acreditar em alguém cheia de problemas que nem de longe consegue ser a mesma garota de antes?

- Acha isso engraçado, senhorita Wheeler?

- Não – Effy manteve a postura e pigarreou para que pudesse manter a seriedade.

- Você também falhou em duas matérias. Se continuar assim, não vai poder se formar.

- Eu não venho pra formatura de qualquer jeito, então... – Effy deu de ombros.

- Você está ciente de que desse jeito não vai poder ingressar em nenhuma faculdade? – O diretor tirou os óculos e os colocou na mesa, Effy teve a impressão de que seus olhos diminuíram – Vou lhe ser muito franco, Elizabeth. Existe um outro motivo para que eu não a deixe de mão e faça com que você seja reprovada por causa de suas faltas, que vão muito além de minha amizade com seu pai. Eu sei como é perder alguém que se ama muito, e sei como é sentir falta de alguém que nunca vai voltar. – Ele se levantou da cadeira e andou até ela. Sentou-se em sua mesa e colocou a mão nas pernas abertas que deixavam Effy ver o volume em sua calça. Então, aquele discurso que havia começado de maneira épica tinha acabado de se transformar numa forma de tentar se dar bem - Também sei que existem coisas que tão horríveis que são quase impossíveis de esquecer. Sei como deve ser difícil aguentar toda aquela pressão novamente que você e suas amigas sentiram há dois anos, e se fosse eu no lugar, acredite, estaria bem pior. Mas vou ser sincero, existe uma maneira de você se ajudar que não vai lhe custar muito. Eu tenho grandes ideias, Elizabeth.

- Bom – Effy olhou para a calça dele e deu um ar de risos – Não tão grandes...

- Você entende o que eu estou dizendo? Você não iria querer reprovar, não é?

- Na verdade, acho que prefiro isso – Effy olhou pra ele, toda segura de si –Talvez eu reprovasse se não namorasse o filho do homem mais rico da cidade que com apenas um telefonema me colocaria na faculdade que eu quisesse sem que eu precise me prestar a certas situações anti-higiênicas.

- Você tem certeza? É uma oportunidade única de se formar... – Ele tocou em seu ombro, a mão engelhada e fria fez Effy sentir ainda mais nojo.

- Quem precisa de formatura quando se tem Dean Singleton? – Effy tirou a mão dele de seu ombro e acabou deixando-o desconcertado. Levantou-se da cadeira e caminhou na direção da porta, só parou quando a próxima frase de efeito brotou em sua mente - Talvez quando eu estiver esquizofrênica. Até lá, boa sorte se formando sozinho.

--

Quando o sinal tocou, os alunos não pouparam esforços para gritar o mais alto que podiam. De repente aqueles corredores vazios ficaram pequenos para tantas pessoas correndo pra fora da escola. Todos eles com um sorriso no rosto, era o ultimo dia de aula e a melhor fase de suas vidas estava prestes a começar.

Effy e seu grupo foram os primeiros a sair, mas por andarem devagar, acabaram sendo passados pelas outras pessoas. Ao lado dela estavam Tessa e Corbin, caminhando abraçados. Ela estava fazendo careta por causa do barulho dos formandos que pareciam animais selvagens, além daquela musica agitada tocando no carro de Casey Brown.

- Que animais – Reclamou ela – Imagina como vai ser na festa pós-baile.

- Nem me fale – Effy teve que desviar do garoto que agarrara uma bola na sua frente, estava jogando com outro garoto.

- Você ainda vai ao baile, não vai?

- Dean quer ir, eu não muito.

- E aí, galera – Gritou Dean ao se aproximar. Ele carregou Effy pela cintura e depois a colocou em seu ombro. Era tão pequena que não sentia nenhuma dificuldade. O único problema eram seus gritos histéricos pedindo para que ele a deixasse no chão.

- Droga Dean – Resmungou ela, assim que ele a soltou.

- Você sabe que eu te amo – Dean beijou seu rosto, depois colocou a mão em volta de seu pescoço para que andassem colados – Então, qual de vocês putos estava pensando em faltar a minha festa pós-baile?

- Nem sei se vou me formar, quanto mais ir ao baile – Effy bufou.

- Por quê? O que o diretor disse?

- Que pra eu me formar preciso deixar de ser eu mesma – Mentiu ela.

Sabia que se dissesse a verdade, Dean, no mínimo, iria se vingar fazendo mais de suas brincadeiras sem graça. Talvez riscar o carro do diretor, ou invadir sua casa e quebrar todas as suas coisas, talvez até chamar os primos de Bethel para lhe dar uma surra. Não aconteceria nada com ele sendo filho de quem é, mas ninguém merecia ter o rosto desfigurado só porque não consegue segurar seus hormônios de meia idade.

- Que droga, vou falar com meu pai. Você vem pra Harvard comigo.

- No meio dos riquinhos mais inteligentes do país? Não obrigada – Effy revirou os olhos.

- Você não pode fazer faculdade no cemitério, Effy – Brincou Corbin.

- É, seria um sonho – Effy deu um ar de risos, estava pensando em passar lá mais tarde para visitar Harry.

Ela olhou pro lado e notou Courtney sentada na grama, estava escrevendo. Pensou em gritar seu nome, mas elas nunca tinham sido tão próximas, e não sabia se ela responderia, por ser do Team Lola, cujo único lema era ter simpatia limitada.

Então, seu celular apitou. Ela o tirou do bolso, notando que o de Tessa também tinha apitado. Seu coração gelou por achar que seria mais uma mensagem ameaçadora, mas não era nada disso.
“Bela sumiu, vá ao The Purple em uma hora, é urgente” – Lola.
Tessa e Effy trocaram um olhar cauteloso, que nem Corbin e nem Dean conseguiram perceber. Depois, Effy olhou pro lado novamente, Courtney estava lendo a mensagem. Pareceu arfar ao guardar o celular na bolsa, ainda se levantou de um jeito brusco e correu até onde o carro estava estacionado.

Courtney parecia estar completamente apavorada. Quando soube das cobras na casa dos Lawless juntou tudo às minhocas em sua geladeira para que tudo pudesse fazer sentido. Ela entrou no carro, querendo aproveitar o tempo que tinha para conversar com Skye antes que Lola jogasse a próxima bomba. Também perguntar porque a amiga Havia faltado dois dias de aula e não atendeu todas as suas ligações.

Pelo retrovisor do carro ela pôde ver Tessa e Effy na rua ao lado dos namorados, mas estava com pressa demais para se importar com aquilo. Pisou no acelerador e dirigiu até a casa de Skye, ignorando a própria residência.

Quando saiu do carro, correu até o pátio da casa da amiga. Tocou a campainha duas vezes e esperou ser atendida. Como nada aconteceu, ela tocou novamente, com o dobro de vezes. Como podia não ter ninguém naquela casa se era quatro da tarde?

- Vamos, Skye – Murmurou ela, apertando a campainha mais vezes, e seguindo por baques na porta – Atende, Skye. Que droga!

Courtney aproximou a cabeça da vidraça tapada por uma cortina, não conseguia ver muita coisa dentro da casa. Não percebeu Skye morta no chão da sala perto do sofá com os corpos de seus pais encima dela, todos eles sendo rodeados por moscas e espelhando um odor horrível por estarem daquele jeito há muito tempo.

- Skye! – Gritou ela, apertando a campainha mais vezes.

Esperou mais alguns segundos antes de sair de perto da porta. Skye realmente não estava lá, ou estava fazendo questão de não entendê-la. Era compreensível, com tudo o que estava acontecendo, mas também, injusto demais para se fazer com a única garota  que não lhe rejeitou por ser do jeito que era.

Assim, Courtney partiu, e a única certeza que tinha era que não iria ao The Purple. Se alguém descobrisse seu segredo, poderia mudar tudo. Não valia a pena correr esse risco quando se isolar parecia ser tão mais seguro.

--

- Isso não pode ser coincidência – Disse Effy, parecia ser a única das garotas que não estava perdendo a cabeça.

Paige, sentada ao seu lado, já tinha começado a esfregar os braços por causa do frio que sentia sempre que estava com medo. Tessa, sentada na janela, observava o nada enquanto fumava seu terceiro cigarro. Estava pensando se deveria ou não contar pras amigas o que aconteceu, agora que estava claro que alguém estava querendo fazer de suas vidas um inferno.

- Ok – Lola suspirou e sentou em uma das cadeiras velhas. Passou as duas mãos pelo rosto como sempre fazia quando estava apreensiva. Queria saber o que fazer, saber o que pensar, e resolver as coisas antes que piorassem – Precisamos ser realistas. Bela não entrou no avião e não ligou pros pais desde aquela noite, mas isso não significa que aconteceu alguma coisa.

- Ela está desaparecida há três dias – Contra atacou Effy – E é a Bela, ela não sabe se cuidar.

- Então qual sua opinião sobre isso tudo? Não vá me dizer que o fantasma de Charlie está nos perseguindo e agora quer matar uma por uma.

- Você recebeu as mensagens e as ameaças, mas não colocaram cobras dentro da sua casa. Não é seu pai quem está no hospital por causa disso, é fácil pra você falar que nada está acontecendo.

- Ai meu Deus – Lola sorriu – Você acredita mesmo que o fantasma de Charlie está atrás da gente?

- Se é um fantasma eu não sei, mas tem um retardado colocando cobras na minha casa – Disse Paige, a voz parecia trêmula – E eu não vou ficar aqui sentada fingindo que nada aconteceu.

Tessa olhou pras amigas, os olhos estavam cheios de lágrimas. Ela queria falar o que tinha acontecido com ela há dois dias, mas estava com medo. A ameaça foi clara. Se contasse pra alguém, revelariam seu segredo, e ela não estava preparada para isso. Teve até que mentir pra policia e dizer que estava dentro de um caixão por causa de uma aposta com as amigas e elas fugiram assim que viram gente dentro do cemitério. Era a mentira perfeita, e ninguém precisava saber.

- Não disse que nada aconteceu, estou dizendo que existe um limite – Continuou Lola, parecia extremamente segura – Alguém está levando essas brincadeiras longe demais, mas isso não significa que vamos morrer e que Bela está morta. Você mesma disse que as cobras estavam sem veneno e no caso de Bela, realmente precisamos considerar suicídio.

- Acho que devemos chamar a policia – Effy olhou para Paige, só pra saber se teria sua aprovação.

- E dizer o que? – Lola deu um ar de risos – Quantas dessas mensagens você recebeu nesses dois anos e eram apenas brincadeiras, Effy? Quantas vezes deixaram bilhetes no nosso armário dizendo que íamos morrer e no final era apenas os nerds da equipe de matemática tirando uma com a gente? Não podemos dizer que achamos que nossa amiga está morta se não temos provas. Matt disse que já estão investigando o caso das cobras, só o que podemos fazer é esperar.

- Ok, você faz o que você quiser. Mas da ultima vez que segui seus conselhos, acabe colocando um inocente na cadeia então, não espere que e faça o que você pede – Effy se levantou e começou a andar.

- Inocente? – Lola se levantou. Cruzou os braços e olhou para Effy – Ou você tem amnésia ou é muito estúpida.

- Sim – Effy se virou – Inocente. Algum problema?

- Se eu tenho algum problema em você achar que o cara que matou seu namorado é inocente? Claro que tenho.

- Ele olhou nos meus olhos naquela noite e me perguntou porque eu havia mentido. E aquilo me soou mais verdadeiro que qualquer coisa que já tenha saído da sua boca.

- Se ele era inocente, então por que tentou nos matar?

- Porque ele estava com medo! – Gritou Effy dando dois passos a frente. Nenhuma das garotas se atreveu a falar, ela parecia ter acabado de explodir – Porque estava assustado e revoltado e tão confuso que não sabia o que fazer! Deve ter chorado todas as noites em sua cela se perguntando porque merecia pagar por um crime que não cometeu quando só o que ele fez foi amar Violet. Deve ter desejado o tempo inteiro não ter sido um estranho e excluído, pois talvez assim as pessoas não acreditassem que ele era capaz de matar. Ele cresceu sem os pais e sem amigos e de repente chega sete garotas condenando-o a cadeira elétrica só por causa de uma jaqueta... E o único jeito de amenizar tudo isso era fazendo as culpadas por tudo isso pagarem, de uma forma ou de outra...

- Belo discurso. Onde você quer chegar?

- Eu acho... – Effy hesitou, precisava de coragem pra dizer o que nunca nem havia admitido para si mesma – Eu acho que se eu fosse ele, também iria querer matar todas nós...

As garotas ficaram em silencio, o desespero de Tessa só aumentou com aquele discurso. Até mesmo Lola estava se sentindo mal, e concordando mentalmente com Effy.

- Como podemos saber se ele está mesmo morto? – Perguntou Paige, todas as garotas olharam pra ela – Não vimos o corpo nem nada. E ele é o único que parece ter motivos pra fazer isso com a gente.

- Meu padrasto disse que ele vai ser cremado amanhã – Tessa jogou o cigarro fora e soltou a ultima fumaça que tinha na boca.

- Você sabe onde ele está? – Perguntou Effy.

- No necrotério do hospital.

- Bom – Effy olhou pras amigas – Só tem um jeito de descobrir.

- Você pirou de vez... – Lola deu um ar de risos, não entendia como Effy conseguia pensar em tanta besteira.

- É o único jeito. Precisamos vê-lo pra saber se está mesmo morto.

- Vou sair daqui, cansei por hoje – Lola passou por Effy, bufando.

Effy olhou para Paige, ela também parecia não ter gostado da ideia. Mas sabia que podia convencê-la do contrário. Afinal, era a única maneira de ter certeza que o que aconteceu há dois anos não iria se repetir.

- Pessoal... – Sussurrou Tessa, deixando suas lágrimas cair – Preciso contar uma coisa...
--

Lola estacionou o carro ao lado do enorme chafariz. Caminhou até a enorme porta de sua casa, rezando para que Matt estivesse lá e desse notícias sobre a investigação.

Ao chegar até a sala, tirou o casaco preto e o jogou no sofá. A TV estava ligada e havia um cigarro no pires encima da mesinha de centro, mas Matt não estava ali. Ela gritou por seu nome, e nada aconteceu.

- Matt? – Perguntou ela de novo, caminhando até a cozinha – Você está com a Judy? Está usando camisinha? – Ela abriu a geladeira e tirou um brigadeiro.

Era melhor desistir de chamar pelo irmão, ele definitivamente não estava lá. Comeu seu brigadeiro encostada no balcão central, estava delirando com o sabor. Agora só precisava de um bom banho na hidromassagem pra esquecer mais um dia em que sua paciência fora testada.

Quando chegou até as enormes escadas vermelhas, precisou parar e soltar um grande suspiro. Parecia que quanto mais o tempo passava, mais degraus iam se formando, e subi-los usando salto surtia o mesmo efeito que pagar uma promessa. Pelo menos, lá encima, o paraíso estava lhe esperando, e foi a imagem da hidromassagem relaxante que lhe fez ter coragem de encarar a enorme subida.  

Já no seu quarto, Lola jogou o celular na cama e de um modo automático, foi se olhar no enorme espelho da esquerda. Observou cada centímetro de si mesma, não era nada incrível o quanto se amava quando tinha a imagem perfeita que 90% da humanidade pedira a Deus. Ela tentou segurar os cabelos para fazer um rabo de cavalo, ou colocá-los de lado, ficava bem de qualquer jeito e sem muito esforço de qualquer jeito.  

Quando seu celular começou a tocar, ela olhou pra cama. Viu a foto de Courtney piscando junto de seu nome no visor.

- Vadia – Disse ela, voltando ao espelho com o celular na orelha.

- Desculpe não poder ter ido. Minha mãe não me deixou sair de casa, disse que poderia ser perigoso.

- Ela é uma vadia, como você já deve saber. Mas não se preocupe, não perdeu nada de mais, apenas Effy em outro momento Oscar defendendo criminosos.

- Sei... – Courtney tentou sorrir, mas acabou tendo que fungar.

Lola percebeu que ela parecia ter chorado e ficou instantaneamente preocupada.

- O que aconteceu? Você está chorando?

- Filme romântico, desculpe – Courtney limpou as lágrimas. Se Lola descobrisse que ela estava chorando, teria que contar tudo que não podia.

- Você e seus filmes – Lola saiu do espelho e caminhou até a cama – Enfim, to indo pra hidro. TVA* – Lola desligou e jogou o celular de volta na cama.

Foi até o banheiro, empurrando seus saltos pro lado sem se importar em deixá-los espalhados por seu trajeto. Com apenas uma sequencia de botões a banheira foi acionada, e para ter uma amostra grátis do que viria, Lola passou a mão pela água, como sempre, observando as luzes no fundo da banheira colocadas especialmente para que a visão ficasse mais bonita.

Ao voltar para o quarto, Lola começou a tirar seu vestido através do zíper único localizado nas costas. Mas, ele acabou emperrando, no exato momento em que começara a ouvir o telefone tocar. Ainda tentou ignorar os primeiros toques enquanto tentava abrir o vestido, mas se tornaram tão irritantes que ela preferiu fechá-los novamente e descer. Era um péssimo dia para ter dado folga aos empregados, e disso ela já tinha certeza.

- Merda – Resmungou ela ao sair do quarto.

O toque do telefone lhe deixava ainda mais irritada por persistir. E assim, atendeu a chamada de uma forma grosseira, sem se importar com quem estava do outro lado da linha. Mas nada ouviu, nada além de uma respiração que parecia um assovio e persistia como se não estivesse ouvindo o que ela estava falando.

- Quem é? – Perguntou ela, fazendo uma careta.

O mesmo ruído persistiu, e sem mais delongas, Lola colocou o telefone de volta no gancho. Tirou a franja da frente do rosto com um olhar um tanto desconfiado, que pairava da porta de vidro até as escadas. Era realmente estranho receber este tipo de ligação ou só estava sendo estranho porque uma amiga havia desaparecido e alguém estava lhes perseguindo?

Mas, não precisava se preocupar. Mesmo que os empregados tenham ganhado folga, ainda havia dois seguranças do lado de fora protegendo a mansão, só mesmo um lunático poderia fazer alguma coisa contra ela. Assim, ela resolveu subir as escadas e voltar para o banho, mas teve que hesitar com o susto que tomara ao ouvir o rádio da sala de estar ser ligado no volume máximo. Era um rock pesado, que parecia estar tocando na casa inteira de tão alto que estava.

Ela correu até lá para desligá-lo e perguntar quem tinha feito aquilo. Mas não havia ninguém, nem mesmo seus dois animais de estimação ou o segurança da casa se aproveitando mais uma vez que os patrões não estavam para fazer bagunça.

- Que droga! – Ela gritou, puxando o fio da tomada.

Olhou ao redor e deu um suspiro, finalmente estava em paz. Mas ainda se perguntava como aquele rádio tinha sido ligado se não tinha ninguém ali. Ou pelo menos, naquele momento. Foi olhando pra porta ao lado que notou marcas de pegadas que saiam pelo outro lado da sala, diretamente a outro corredor. Eram pegadas molhadas, com o formato do sapato de um homem e que pareciam desiguais.

Com cautela, Lola as seguiu, e foi direto até o banheiro do primeiro andar que estava com a porta aberta. Nele ela viu Matt jogado com a cabeça na banheira, ele estava usando seu uniforme e parecia machucado, prestes a se afogar.

- Meu Deus, Matt!

Lola correu o mais rápido que pôde para lhe socorrer, e logo tirou sua cabeça da água para que pudesse respirar. Mas, antes que percebesse, ele enfiou uma seringa em seu pescoço e ela caiu pro lado, já sentindo que estava sendo sedada. Foi quando ela percebeu que não era Matt e sim, alguém com seu uniforme que usava uma máscara preta e a observava enquanto seus olhos fechavam lentamente.

A ultima coisa que viu antes de apagar foi o único olho para fora da máscara, que permitia ao assassinar enxergar. E a ultima coisa que sentiu, foi que conhecia aquele olhar.

--

Lola despertou com um susto, e por reflexo, começou a se debater. Não sabia onde estava, mas era apertado, claustrofóbico e escuro o suficiente para que ficasse desesperada. Pensou estar dentro de um caixão, mas era grande demais pra ser um, e estava molhado. Algo fedia tanto que parecia estar no meio do lixo ou de alguma coisa morta.

Sua ultima lembrança era ter tentando ajudar Matt na banheira até que fora atacada por alguém que usava uma máscara com a boca e um olho costurados. A mesma pessoa que lhe prendeu ali, e possivelmente, a mesma que estava ameaçando ela e suas amigas. E que agora, havia lhe prendido num lugar de onde ela não sabia se sairia viva.

- Socorro! – Ela gritou, se debatendo ainda mais – Me deixe sair!
Ela tentou olhar ao redor, porém, naquela escuridão nada podia ver. Começou a apalpar o local pra tentar encontrar alguma lanterna, ou vela, ou qualquer outra coisa que lhe pudesse ajudar a enxergar.

E então, as luzes se acenderam, e um barulho mecânico se formou. Lola entrou em desespero pensando que morreria e olhou pra todos os lados. Estava dentro de um freezer que tinha acabado de ser ligado, e não estava sozinha. Junto dela estavam duas dúzias de animais em decomposição, com sangue e tripas espalhados por toda a parte.  

Ela conseguia ver cabeças de gambás mortos e patas de cachorros, além de uma enorme cabeça de alce no fim onde suas pernas se encontravam e uma aranha caranguejeira perambulando pela parede da esquerda. E de alguma forma, ver claramente ao que estava sendo exposta havia feito o fedor se intensificar.

Aos gritos, ela começou a se debater, tentando tirar as tripas de cima de seu colo e limpar o sangue que havia por todo o corpo. Mas o nojo era tanto que acabou vomitando encima de si mesma. Tentou segurar, mas não conseguiu, vomitou de novo e encharcou as próprias pernas.

Se não estivesse tão cega pelo medo da morte, talvez sobrasse tempo para se arrepender de seus pecados, e admitir para si mesma que alguém definitivamente estava tentando matá-las.

--

- Ai meu Deus... – Disse Effy, puxando Tessa para um abraço.

Tessa escorou-se na amiga e continuou a chorar, sentia que suas lágrimas saiam sem fazer esforço. Paige olhou para Effy, também em choque, aquilo não era uma simples brincadeira, era doentio.

- Você precisa contar a policia – Paige pegou nas pernas de Tessa, tentando consolá-la.

- Não posso – Tessa fungou e voltou a sentar-se de frente pras amigas – Tenho medo que ele faça alguma coisa comigo...

- Tessa, a policia pode te proteger – Disse Effy – Você não deveria ter mentido.

- Deus – Paige se levantou, parecia furiosa – Não acredito que isso está acontecendo. Como se tudo o que já passamos não fosse o suficiente...

- A gente precisa ficar juntas – Effy segurou nas mãos de Tessa – Nada vai acontecer se ficarmos juntas.

- Eu estou com tanto medo... Foi horrível... Acho que eu morri...

- Eu sei – Effy olhou para Paige, já nem sabia mais o que dizer para consolá-la. Se tivesse sido com ela, estaria tendo ataques de Pânico de cinco em cinco minutos – Estamos aqui com você, não se preocupe...

Paige olhou pro corredor escuro assim que ouviu um barulho. Depois olhou para Effy e Tessa, elas pareciam não ter percebido. Então, de repente, Lola apareceu toda ensanguentada, dando um susto nas três. Effy e Tessa se levantaram para correr, até perceber que não era preciso.

Lola estava tensa, como se estivesse se segurando para não explodir. Estava tremendo e com um olhar assustado no rosto.

- Então, podemos ir logo ver o Charlie? – Perguntou ela, e nem precisava dizer como havia sido convencida.

TVA*: Te Vejo Amanhã



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6 Comentário(s)

6 comentários:

  1. ótimo capitulo,a cada semana estou mais viciada nessa historia,e como eu suspeitava o assassino esta poupando algumas meninas e matando de imediato outras,isso deve ter algum motivo não é? estou doida pra descobrir,aguardando anciosamente o proximo capitulo,doida pra velas no necroterio.

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  2. Que foda \o/
    Queria que você narrasse como Lola saiu daquele freezer ;/
    Por favor, não mete nem Lola nem Effy, ou vai rolar pau u-u

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  3. dia 11 de setembro???? mensagem subliminar? medo/

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  4. OMFG!!,esse capitulo foi bom demais,tbm quero saber como ela saiu daquele freezer.Pelo visto o Anonymous é alguém conhecido,se a Lola conhece provavelmente as outras meninas tbm.Esperando ansiosa até a proxima terça.

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  5. Amei! foi o melhor! Lola é a melhor, a melhor.

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  6. João você é louco cobras, minhocas, caixão, acido, freezer vai vim oque mais essas garotas já sofreram de tudo que é jeito porque morrer congelado para mim é a pior forma
    para minha alegria conseguir alcançar a historia ansiosíssimo pelo próximo capitulo

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