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Livro | The Double Me - 5x04: Fuck with My Family and I Fuck with You [+18]

5x04: Fuck with My Family and I Fuck with You
       “Cobiça de tudo, herdeiros de nada".


    A celebração no andar de baixo aparentava ter seus ânimos renovados ao fim das apresentações artísticas. Alex observava cada detalhe.
— Uma moeda por seus pensamentos? — Andy se aproximou.
Soava como uma curiosidade momentânea e sem compromisso a jeito de evitar o silêncio. Alex gostava dessa palavra; silêncio. Se concentrado o bastante, poderia efetiva-la em qualquer lugar.
— Seria um péssimo investimento — Bebericou de sua taça de vinho.
— É sobre Thayer?
Agora era sobre Thayer. Obrigado, Andy.
— Você não é muito bom nisso — Alex olhou para ele. — Por que Nate o escolheu?
— Me pergunto o mesmo todos os dias — Posicionou-se ao lado dele, no parapeito. E por um instante, era como se a festa falasse consigo. — Mas não confiaria no que vejo se fosse você. Ninguém espera que eu seja inteligente, por isso ninguém tenta me impedir quando chega o momento.
— O que você acha que esperam de mim?
Devagar ele virou a taça em direção a multidão, derramando metade do conteúdo sobre duas convidadas que dançavam embaixo da passarela. Elas olharam para cima, sem saber como reagir. E Alex tampouco se importara.
— Você está jogando um jogo agora? — Andy o indagou.
— Talvez. Você não saberia.
— Não? — Olhou para o relógio na parede atrás deles. — São exatas vinte e três horas. Não está na hora de receber aquela ligação?
Somente com um olhar, Alex entendeu. Ele sabia. Sempre sabia mais do que seus gracejos demonstravam.
— Você é ela, A Dama?
— Não, apenas sei das coisas — Colocou as mãos nos bolsos.
— Você contará?
— Já o teria feito se quisesse.
O celular de Alex tocou logo então. A Dama.
— Vai atender? — Andy sabia o quanto ela odiava esperar. — Boa sorte — Desejou, partindo em direção às escadas.
Alex tomou um instante em raciocínio para atender a chamada. Ela teve um contratempo, como acabara de informar, mas logo estaria no baile com o pacote. As instruções eram claras: Esperar o melhor momento e certificar-se de não ser seguido.
No andar de baixo, um homem de tapa olho e máscara de pirata adentrava ao toilet masculino. Estava vazio, pelo pouco que notara. Foi ao mictório, abaixou o zíper e ergueu a cabeça. Levou um minuto até terminar, e em seguida, foi até a pia lavar as mãos. Alguém em uma das cabines atrás dele havia dado a descarga – uma mulher, ele notou ao abrir das portas. Ela esticou a franja solta em seu cabelo e caminhou até o espelho ao lado dele, tirando um batom da bolsa.
Muita coisa lhe passou pela cabeça quando ela apareceu. Olhou ao redor e encontrou os mictórios, então sabia que estava no banheiro certo. Ela, por outro lado, estava perfeitamente bem com isso.
— Eu acho que este é o banheiro masculino — Ele informou.
— Eu sei — Viola lhe disse, o batom vermelho sobrepondo os lábios. — Sou uma transexual afro-americana que se recusa a utilizar o banheiro feminino por questões protestantes — Olhou para ele. — Adoro a cara de vocês quando eu digo.
— Okay, uau, isso é ir direto ao ponto — Parecia ter levado no bom humor. — Eu sou judeu, a propósito.
— Esse é o seu nome?
— Meu nome é Liam. Liam Whitaker.
— Por que disse seu primeiro nome duas vezes?
Ele franziu a testa.
— Eu nunca havia pensado nisso antes.
— Bem, me chamo Viola. Viola Sebert — Guardou o batom de volta na bolsa e abriu a torneira. — E muito obrigada por não fazer da minha estadia um problema.
— Acontece com muita frequência? — Ele tomou um dos guardanapos para as mãos.
— Não exatamente. Só se torna um problema quando eu digo a eles que costumava ter um pênis.
— Eu também tinha um, então eu me casei pela primeira vez.
Os dois riram juntos. Viola um tanto a mais, devido a surpresa. Três coisas improváveis testavam sua fé: Conversar com um homem hetero; conversar com um homem hetero num banheiro masculino; e conversar com um homem hetero num banheiro masculino e não se sentir fatalmente entediada.
— Não deu certo? — Perguntou a ele.
— Nunca daria certo. Algumas pessoas estão melhores sozinhas.
— Está falando de você ou dela?
— Dela, é claro. Ainda quero casar e ter uma família. Mas tenho vinte e nove anos, daqui a cinco estarei fora da linha de alcance de qualquer mulher do tinder. Isso é assustador.
— Tinder é assustador. O que aconteceu com o “Conheci uma garota legal em um bar e chamei ela para sair”?
Lado a lado eles caminhavam em direção a festa.
— Eu tive muito disso no último ano — Ele disse. — Garotas que encontramos nos bares se tornam garotas que levamos para nossos apartamentos que se tornam garotas que nunca mais vemos.
— E de quem é a culpa? Se você volta ao bar no próximo fim de semana, as outras garotas fazem o mesmo.
— Melhor que ficar sozinho em casa. Tive muito disso também.
— Você fala como se fosse algo ruim — Ela tomou uma taça de vinho da bandeja do garçom mascarado. — As melhores noites que eu tive não foram feitas de monogamia, foram feitas de uma taça de vinho, pizza e um bom filme na tv. Talvez internet, se souber exatamente o que está procurando.
Tentando desviar de um casal dançante, ela acabou dando de encontro com um homem de capa negra e máscara de corvo. Viola não tinha dúvidas de ter visto uma arma presa na cintura, que ele tentava esconder por baixo do sobretudo. Ele também notou seu estranhamento, por isso fez acelerar os passos.
— Você está bem? — Liam a segurou pelo braço.
— Sim — Ela seguiu com os olhos o homem misterioso. Ele olhou para trás outras duas vezes antes de desaparecer entre as colunas e os portões laterais. — Eu acho... acho que algo está acontecendo. Aquele homem tinha uma arma.
— Uma arma? Precisamos chamar alguém.
— Tudo bem, vamos ser rápidos.
Havia homens mascarados e em trajes negros espalhados por todo o salão principal. No caminho até a entrada, ao encontro dos mais próximos, passaram por Kerr, Nate e Jensen. Kerr fora o responsável por ir ao bar e trazer duas bebidas geladas para acalmar os ânimos.
— Aqui está — Ofereceu uma à cada. — Agora contem o que eu preciso saber.
— Matt está ajudando Gwen — Nate lhe disse. — Ele é irmão mais novo do Quentin.
— Aquele que Theon assassinou?
— Exatamente — Jensen confirmou.
Nate relutava para não lembrar daquela noite. Quentin em sua cama, seus olhos abertos, suas roupas molhadas, o cheiro de podridão, a maneira como chorou, o encontro com Theon, não conseguir atirar quando deveria. Estava frente a frente com o assassino e deixou a arma escapar de suas mãos.
— Eu conheci uma garota em Paris, Lexi Palmer. Ela também está aqui.
— Eles estão todos juntos? — Kerr assimilava aos poucos.
— Ela me culpa por ter passado um ano na cadeia. Theon a colocou lá.
— Isso nunca vai acabar, não é?
E esse era só o começo, Nate receava. Olhou de relance para cima e viu Gwen no parapeito da passarela. O sorriso enobrecedor que ela mostrou por um breve momento lhe prezava como o primeiro disparo em um campo de batalha.
— Isso precisa acabar — Decidiu.
— Nate, não... — Jensen tentou segura-lo, mas ele se livrou com um puxão.
Percorreu o caminho até às escadas e a encontrou, finalmente. Ela mal teve a elegância de olha-lo nos olhos.
— Gwen, você precisa parar — Ele disse.
— Me dê uma boa razão.
— Darei milhões, toda a minha parte da herança. Você pode desaparecer depois disso.
— Estou muito bem aqui.
— Então eu desapareço — Deu um passo à frente. — Você nunca mais vai saber de mim.
Ela pensou sobre isso há não muito tempo. Imaginava-se bela de novo e sentia-se parcialmente satisfeita. Imaginava-se rica outra vez, e um sorriso brotava nos lábios. Mas a ideia de machucar Nate era o que lhe dava fôlego.
— Não deveria ser tão fácil — Deu um ar de risos. — O que aconteceu com você naquela mansão?
— Pode ler nos jornais.
— Quero ouvir de você — Ela esperou, até perceber que não teria uma resposta. — Sabe, não foi tão diferente para mim. Ser aberta na mesa de operação é como ser estuprada repetidas vezes. Viver sozinha dentro de um quarto é como estar presa contra sua vontade. E sabemos que nunca mais seremos os mesmos, porque saímos do inferno, mas o inferno não sairá de nós — Olhou para ele novamente. — Por que eu pararia algo que você começou? Talvez mereçamos tudo isso.
— Você arruinou a minha vida. Como eu posso ter começado?
Ela agora deu um passo à frente.
— Há algo que você não sabe. Talvez nunca saiba, porque isso não está nos meus planos. Tudo o que eu fiz, fiz por mim mesma — Lhe deu às costas.
— Gwen, pense na nossa mãe... — Nate fez implorar.
Ao ouvir a última palavra, ela o socou no rosto. Nate caiu sentado no chão sem a sua máscara, os lábios sangrando.
— Ela não é minha mãe — Ouviu-a dizer.
Jensen e Kerr subiram às pressas enquanto ela escapava pelo corredor lateral, a fim de alcançar as escadas do outro lado. Levantaram Nate do chão, desamassaram seu terno e entregaram-lhe de volta a máscara.
Nate lembrava amargamente do dia do seu reencontro, quando voltou à Nova York. Gwen só estava lhe devolvendo o golpe.
                        

Seu pai a havia contado sobre um Valentino carmesim que a mãe guardara no closet principal e não teve a oportunidade de experimentar. Amber sabia que não usavam o mesmo tamanho, o que não lhe serviu de embargo para dizer não. A máscara veio de improviso, quando eles já estavam a caminho do Capitale. Sempre haveria uma loja aberta em Nova York, não importava a hora.
— Como eu estou? — Perguntou ao pai, no banco do carona.
— Como uma super-heroína — Ele gracejou. — Deveria soltar o cabelo.
— Certo — Assim o fez.
Donato pensava estar vendo duas dela. Uma se mantinha radiante à espera do baile, a outra demonstrava uma excessiva preocupação. Ele sabia porque ela insistira ir ao baile de última hora. Algumas novidades não podiam esperar.
— Sei que não gosta quando eu pergunto, mas você está bem?
— Ainda não caiu a ficha. Sinto que só vai ser real quando eu contar a todos, especialmente a Kerr.
— Ele é um filhinho da puta, mas vai apoia-la no que precisar.
— É — Ela sorriu, pensativa. — Ele é mesmo um filhinho da puta. O melhor de todos.
De repente se pegou pensando em nomes. Clay para um menino, Cheryl para uma menina, ou Ariel, se decidisse não estimular qualquer padrão de gênero.  Por enquanto só conseguia lembrar dos personagens de suas séries preferidas.
— Direi novamente — Seu pai começou. — Estamos aqui por você, iremos apoia-la em qualquer decisão. O que mais? Ah, sim, nós te amamos, não importa o que aconteça.
— Uau, eu realmente achei que você suaria frio.
— Para, eu não me saí tão mal. E você sabe que é verdade — Tocou a mão dela.
— Eu sei, pai. Você vai ser um ótimo avô.
— Ou avó — Ele brincou.
Chegaram ao Capitale antes do tempo previsto. Amber desceu do veículo, caminhou até a entrada e estendeu o convite ao recepcionista. Do lado de dentro, não demorou muito para encontrar o irmão. Seu traje chamava atenção excedente às fantasias convencionais.
— Oi, estranho — Ela o abraçou.
Ele parecia um tanto perdido, a princípio.
— Hey, o que está fazendo aqui?
— O pai me trouxe. Podemos conversar? — Só então notou a compressa de gelo que ele carregava.
— Não sei se é um bom momento, estamos no meio de uma zona de guerra.
— O que isso quer dizer?
Ele suspirou.
— Não queríamos preocupa-la com isso por conta da gravidez, mas você precisa saber. Gwen não está morta. Ela forjou a própria morte, e agora está atrás de todos nós.
— Ai meu Deus, Kerr. Ela...?
— Venha comigo — Ele a tomou pelo braço.
Juntos subiram a passarela, onde Nate e Jensen esperavam sentados. Mia e Alex chegaram logo depois.
— Aqui está — Kerr entregou a compressa nas mãos de Nate.
Ele não sabia se a mantinha ao redor dos lábios ou sobre a bochecha afetada.
— O que aconteceu? — Mia soou preocupada.
Estavam todos, na verdade. Fora criada uma reunião de emergência em meio as escadas só para que Nate contasse a verdade.
— É Gwen — Nate então falou. — Ela sabe que Ivy matou Theon e está me chantageando.
— Ivy matou Theon? — Alex não parecia tão surpreso.
— O que ela queria? — Mia perguntou.
— Ela me pediu para que fosse à St. Jude e comprasse os funcionários, assim a investigação policial acusaria erro no sistema de identificação e ninguém questionaria o fato de estar aqui. Também precisei forjar um laudo psiquiátrico para justificar sua saída da clínica. Não foi tão difícil por cinquenta mil dólares.
Cada um deles reagiu no mesmo nível de frustração. Alex deu um ar de risos melancólico, Mia suspirou, Jensen assentiu, Amber fitou o chão, e Kerr fechou os olhos momentaneamente.
— E não é só isso — Nate continuou. — No dia em que voltou, ela me perseguiu com o carro e causou um acidente. Ela... ela me enterrou vivo no próprio túmulo.
— Ela fez o que? — Mia deu um passo à frente, a voz firme.
Jensen também era parte daquela história.
— Eu o tirei de lá. Se tivesse demorado um pouco mais na estrada...
— Ele morreria — Era o que Mia estava pensando. — Ela também fez isso no seu rosto?
— Sim...
— Pessoal, ela não está sozinha — Jensen lembrou. — Matt e Lexi são seus parceiros. Talvez Theon também fosse, e com a morte dele...
Mia assentiu, furiosa. Não se importava com Matt e Lexi, muito menos Theon, que encontrara seu lugar de direito ao lado dos vermes. Gwen tinha ido longe demais para sair ilesa.
— Eu resolvo isso.
— Espere — Alex a segurou pelo braço. — O que pretende fazer?
— Dar exatamente o que ela merece.
— Que bom — Soltou-a enfim. — Acabe com ela.
De todos eles, Jensen era o único a discordar. Mia já estava a caminho da batalha, não importava o que dissesse. E mesmo assim, ele disse:
— Alex, ela não pode fazer isso
— Ela é a única que pode. O resto de nós iria para a cadeia.
— É nesse lugar que eu vou criar meus bebês? — Amber resmungava para si mesma, com a única diferença de que todos estavam em volta.
— Você disse bebês, no plural? — Seu irmão ergueu as sobrancelhas.
Havia então revelado, sem perceber.
Mia desceu somente até a metade dos degraus para ter uma ampla visão dos convidados. Avistou o cisne branco deixando o salão principal, em frente a antessala de acesso aos camarotes. Para lá ela seguiu.
Algo que veio a descobrir, e que lhe garantiu uma vantagem satisfatória, relacionava à privacidade. Cada um dos dezesseis camarotes dispunha de uma tranca individual que operava também pelo lado de dentro. Quando Mia adentrou, bastou girar a trava para o lado direito. A maçaneta fez um clique, e ela soube que ninguém as iria incomodar.
Encontrou Gwen em frente ao espelho cristalizado, servindo-se de uma bebida no acervo a sua frente. A máscara jazia em uma bandeja de porcelana junto a um colar de pérolas brancas.
— Senhorita Vlasak — Gwen a cumprimentou. — Se me permite dizer, a fortuna lhe cai bem.
— Você acha? — Sorriu fingida.
— Certamente. Ninguém diria que veio da sarjeta.
— Você só está errada em um ponto — Aproximou-se dela por trás, sem desviar o olhar que a encontrava através do espelho.
— Qual?
— Meu nome é Michaela Strauss, vagabunda.
Mia puxou o decote traseiro de seu vestido, rasgando o tecido em dois. Gwen só teve tempo de perguntar o que estava acontecendo antes de levar um tapa. Depois veio outro, outro e mais outro. Seu lábio inferior ostentara uma marca de sangue batido e a maquiagem escorria dos olhos para as bochechas.
— Não se sente tão poderosa agora, não é? — Mia exclamava.
Puxou-a pelos cabelos, jogou-a sobre o tapete e prendeu-a por baixo de seu corpo. Não havia nada que Gwen pudesse fazer para escapar de seus golpes.
— Por favor, Mia! Não! — Pôs-se a gritar.
— Você o enterrou vivo, sua psicopata! Vai machuca-lo agora? Vai? — Com uma mão segurou os braços dela, com a outra despejou uma sequência de tapas.
Formou-se hematomas por todo o resto de Gwen; na testa, bochechas, nariz e em volta dos olhos. Também havia sangue – mas não o suficiente para que Mia desistisse.  
— Você o enterrou vivo! — Nunca a deixaria esquecer.
Em determinado momento, Gwen não teve mais forças para lutar. E Mia, ofegante, colocou-se em pé, caminhou até o espelho e tirou uma mecha da frente dos olhos. Fez do retoque de seu batom essencial antes da partida.
— Você fode com a minha família e eu fodo com você — Outra coisa que nunca a deixaria esquecer.
Do lado de fora, Viola, Liam e dois seguranças tentavam encontrar o homem misterioso que carregava uma arma na cintura. Até então haviam vasculhado todos os cômodos laterais a direita, onde ele fora visto pela última vez, e agora zanzavam por além das esculturas de mármore no salão principal. Foi quando Viola o avistou do outro lado, com mais dois comparsas.
— Ele está ali! — Ela apontou.
Os quatro correram na mesma direção em que o homem novamente havia desaparecido. Seguiram seus passos pelo corredor da direita, até o virem parar. Outros três homens vestidos como cozinheiros se juntaram ao grupo. Falavam, em meio ao corredor, numa língua que ninguém era capaz de entender.
— Eles estão planejando algo — Liam observou.
Um deles foi esperto o bastante para olhar ao redor, no instante em que os intrusos recuaram para se proteger.
O homem rapidamente sacou o revólver e atirou. Eles correram de volta para a festa, apenas para testemunhar a verdadeira catástrofe. Quatro bombas explodiram nos quatro pontos estratégicos do salão, atingindo, assim, a passarela principal do segundo andar. Todos os convidados que ali perambulavam caíram sobre os demais nas extremidades da pista de dança. Os cristais lunares ruíram igualmente sobre os desafortunados que tentavam fugir.
Nate olhou ao redor, em busca dos amigos. Pessoas corriam, caíam, pisoteavam, morriam. Jensen estava entre os que se amontoaram no primeiro andar após a queda da passarela.
— Jensen! — Nate corria contra a multidão.
Kerr tomou a irmã pelo braço e levou-a a saída mais próxima. Mia ergueu a cabeça, foi até a porta, olhou ao redor, depois voltou para levar Gwen consigo. Andy encontrou Viola e Liam no caminho; juntos os três passaram por cima da sequência de colunas empilhadas na entrada. Matt e Lexi foram em direções opostas em relação a última explosão, sobre cristais lunares estilhaçados e arcos de trapézio. Travis e Parker tiveram sorte; estavam em outro cômodo quando aconteceu, bastou sair pelos fundos. E Alex só fez assistir. Estava parado em frente ao bar, de olhos arregalados. Por ironia, tudo acontecera no momento em que A Dama avisou de sua chegada.
— Você está bem? — Nate perguntou a Jensen.
Havia um grupo de pessoas tentando ajudar os feridos a fugir do fogo e afastar as estruturas de concreto.
— Você precisa sair daqui... — Jensen soava quase inaudível.
— Você vem comigo.
— Minha perna...
Nate olhou para baixo. Parte do parapeito da antiga passarela caíra sobre sua perna direita; só foi capaz de move-la com a ajuda de outros dois voluntários.
— É um atentado terrorista! — Alguém gritava.
— Ela está morta! Ela está morta! — Outro alguém lamentava.
Nate envolveu um braço de Jensen sobre seus ombros. Com a ajuda dos voluntários, afastaram-se de área de maior risco sem grandes dificuldades. Teriam ido direto a saída mais próxima, pela lateral esquerda, se não fosse por Alex. Em um instante Nate o vira parado em meio à multidão. No outro ele havia corrido para os fundos.
— Levem-no — Pediu aos voluntários. — Alex, espere! — E correu para alcança-lo.
Os dois passaram por baixo dos destroços da passarela, um de cada vez. Alex entrou em um dos aposentos e saiu pela janela, assim como Nate teve de fazer posteriormente.
Estavam os dois, sozinhos, em meio ao gramado.
— Alex, por favor! — Nate pediu uma última vez, e ele parou.
Alex sabia que custaria tudo de si para olha-lo nos olhos. Mesmo assim ele virou, vagarosamente.
— Não posso deixa-lo ir — Era como se Nate implorasse.
— Você sabia?
— Eu o conheço melhor que ninguém.
— Então você sabe que eu preciso ir — Lhe deu às costas outra vez. Jogou a máscara no chão, depois a gravata borboleta.
— Não agora. Eles vão pensar que você morreu.
Mas Alex já havia tomado sua decisão.
— Talvez seja melhor assim.
— Você não precisa ir. Podemos resolver qualquer coisa.
— Sério? — Alex deu um passo à frente, os olhos cheios de lágrimas. — Você pode me fazer não querer morrer o tempo inteiro? Porque eu não consigo mais. E se eu ficar aqui, tudo o que acontecer será culpa minha.
Uma lágrima escorreu pela bochecha de Nate. O estava perdendo.
— Não me deixe — Fez-se a implorar.
— Eu não o estou deixando, eu o estou libertando. Todos vocês.
Então ele correu. Nate não pôde fazer qualquer coisa senão assistir.
Lhe era uma forma insólita de ter seu coração partido – e por isso tão amarga. Não sabia se o veria outra vez, não contava que tivessem outra chance. Até onde poderia entender, era um adeus. Esta palavra asquerosa outra vez.
Sentia o sangue pulsar, a cabeça girar, a vista escurecer. Ajoelhou-se no chão por um instante, com um punho sobre o gramado e o outro sobre a boca. Abaixou a cabeça, como em um reflexo. Gwen viria para pega-lo, Matt a ajudaria, Lexi terminaria o serviço, Mia sairia machucada, Jensen sairia machucado, Judit, Lydia, teriam uma grande decepção. E Alex não estava ali para ajudá-lo. Ele sempre dizia a coisa certa, sempre fazia a coisa certa. Confiava apenas nele para ser bom.
Por favor, pare – disse a si mesmo em consciência. À frente ele viu os resíduos do traje de Alex. A máscara em um tom mais escuro, a gravata borboleta na cor azul. Aquela era uma má ideia, por isso se sentia tão tentado.


A mídia retratava o caso para o mundo inteiro.
— [...] Ao menos vinte e oito pessoas morreram na noite deste sábado, 29, após um ataque terrorista ao Capitale, uma prestigiosa casa de eventos no centro da cidade [...]
— [...] A estimativa é de que outras trinta e duas pessoas tenham ficado feridas, mas os números ainda podem aumentar [...]
— [...] Nenhum grupo terrorista assumiu responsabilidade pelo ataque, o que leva as autoridades a pensar que se trata uma facção criminosa local [...]
— [...] As vítimas foram levadas ao Liberty County Hospital, onde passam por cirurgia [...]
— [...] O evento era promovido por Matthew Cavanaugh, o acionista majoritário da Lavish Resort [...]


Nate foi o último a chegar em casa. Pegou o elevador na portaria, em silêncio, e ao abrir das portas, caminhou lentamente a seu apartamento. Judit, Lydia e Mia esperavam-no na sala de estar.
— Alex! — Judit correu para abraça-lo.
Quem o visse, não saberia dizer a diferença. Estava com a máscara do irmão, a gravata do irmão e duas lentes de contato azuis.
— Pensei que o havia perdido — Sua mãe continuou. — Onde está seu irmão?
Nate olhou cada uma delas nos olhos. Estavam vendo Alex, e sempre veriam Alex, por quanto fingisse.
— Ele não quer ser encontrado — Lhes disse.
Era o que todos viriam a pensar por longos sete meses.     

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    5x04: Sell Your Soul, Not Your Whole Self (28 de Outubro)
    A partir de agora 7 meses se passarão na cronologia do livro, levando nossos personagens ao ano de 2018. Esperem por grandes mudanças e novos interesses amorosos para todos os personagens. A geografia pré-estabelecida será: Nate, Viola e Thayer em Nova York. Jensen na universidade de Dartmouth, em New Hampshire. Alex em Toronto, Mia e sua nova melhor amiga em Londres, Amber na Alemanha, com o restante da família, e Gwen... bom, onde será que ela e seu time estão? 
      Iremos descobrir no próximo domingo.
Comentário(s)
2 Comentário(s)

2 comentários:

  1. Mia icone, nunca critiquei!!!

    Quero ver como todos vão reagir ao fingimento do Nate dkskksks. Acho que o Jensen não vai cair, mas talvez seja mais difícil por ele estar longe (NÃO DESTRÓI MEU SHIP, JOÃO!!!).

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    1. Isso vai ser muito legal. Alguns ele vai conseguir enganar, outros nem tanto. Não posso dizer mais nada senão estraga, mas fica aí o questionamento. NATE OU ALEX?

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