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Crítica | Pumpkinhead



Existe um demônio para cada tipo de maldade.

Apesar de haver quatro filmes da franquia, muita gente nunca ouviu falar dos filmes narrando o vingativo demônio Pumpkinhead. Eu mesmo nunca tinha visto nenhum deles, mas sempre tive curiosidade. É por isso que desenterrei a franquia dos mortos e iremos juntos trilhar esses quatro capítulos de vingança sangrenta. Nossa parada inicial acontece em 1988, quando o inegavelmente melhor filme da franquia foi lançado. Com um vilão com visual icônico e uma trama com uma mitologia bem amarrada e original, por que essa saga caiu no esquecimento? Pumpkinhead tinha potencial para competir com os grandes clássicos da época, como Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo, mas acabou sendo amaldiçoada a existir através de sequências lançadas direto em vídeo. Vamos tentar entender o motivo da franquia ter sofrido um destino tão cruel.

Na trama, seguimos o relacionamento de um amoroso pai com o seu filho. Eles são tudo um para o outro e vivem uma vida simples, porém, feliz. Tudo isso muda quando um grupo de jovens arruaceiros da cidade chegam para causar confusão. Depois de um trágico acidente, os jovens causam a morte da criança, fazendo o grupo dividir-se internamente. Ao ver o que aconteceu com o seu querido filho, Ed Harley perde a cabeça e vai atrás de uma feiticeira que mora no coração do bosque. Segundo os rumores, ela tem poderes especiais, lidando com forças sombrias. Infelizmente, ela logo deixa claro que não pode trazer os mortos de volta à vida; mas tem poder suficiente para vingar os vivos. Tomado pelo ódio, Ed Harley acorda um demônio vingativo para punir aqueles que o fizeram mal, mas a vingança vem com um preço terrível. Um preço de todos eles irão pagar, por bem ou por mal.

Desde já quero deixar claro que eu achei esse filme incrível. Traz os melhores aspectos típicos das produções dos anos 80; uma atmosfera tensa, personagens carismáticos, cenas sangrentas e efeitos práticos muito bem feitos. A mitologia da história é bem definida, apresentando alguns elementos únicos – que deveriam ter sido aprofundados nas sequências –, mas que traz alguns detalhes que não são fáceis de serem desenvolvidos. O conceito do roteiro é um demônio que pune pessoas que fizeram algo muito ruim, mas, ao mesmo tempo, é preciso manter uma conexão com alguns deles – ou então seria apenas uma sucessão de mortes, onde torceríamos pela criatura. Neste caso, o roteiro apresenta personagens carismáticos dos dois lados da trama. Enquanto alguns dos jovens de fato não são más pessoas, conseguimos entender perfeitamente as motivações do Ed Harley, e sentimos pela sua perda. Lance Henriksen está excelente no papel do protagonista, e carrega o filme nas costas.

Um dos pontos mais fortes deste filme, no entanto, está no design de sua criatura. Sua aparência é icônica, e os efeitos que lhe dão vida não ficam datados se compararmos com as produções atuais. Pumpkinhead está muito bem articulado, especialmente os seus movimentos faciais. Foi criado para se tornar um novo ícone do gênero, mas infelizmente não teve um grande retorno nas bilheterias – arrecadou um pouco mais do que o seu baixo orçamento –, o que jogou o vilão direto para o mercado de vídeo. Longe dos olhos do grande público, o demônio que está sempre em busca de vingança amargou no esquecimento das produções baratas e sem qualidade, o que, eventualmente, acabou espantando até mesmo os fãs do original. É uma pena, porque, como já deixei claro, a franquia em si tinha muito potencial.

O roteiro até introduziu um poema sinistro a respeito do personagem título – na mesma veia da canção do Freddy Krueger –, mas, neste caso, o poema era grande demais para ser decorado e não muito melódico, o que dificultava a tarefa de mantê-lo em nossa cabeça. As futuras sequências continuaram apresentando uma versão resumida dos versos, mas, como nenhuma delas se mostrou relevante, esse detalhe também permaneceu esquecido. Ironicamente, o poema não foi criado para o filme, e já existia antes mesmo de sua produção. O filme ainda traz algumas cenas de morte bem violentas, como a que estampa um dos pôsteres originais, que é a minha favorita. Não há nada muito gráfico, mas algumas são particularmente brutais, mostrando o demônio se divertindo enquanto atormenta suas vítimas.

Pumpkinhead – lançado duas vezes no Brasil; em VHS, com o título A Vingança do Diabo, e em DVD, com o título Sangue Demoníaco – merecia muito mais atenção do que realmente teve. É uma pérola esquecida dos anos 80, e o seu nome deveria ter sido reconhecido. É uma pena que a maioria das pessoas só viram as duas sequências mais recentes, o que acabou as afastando de procurar o original. No entanto, vale ressaltar que este primeiro filme está anos luz à frente de qualquer outro em sua franquia. Não é preciso assistir aos outros para ter uma experiência completa, ainda que haja conexões diretas com Pumpkinhead - De Volta das Cinzas e Pumpkinhead 4 - Maldição Sangrenta. Vocês certamente irão ter uma experiência maravilhosa! O filme é antigo, mas conseguiu sobreviver ao teste do tempo; tem uma excelente produção, um antagonista icônico, uma ótima fotografia e atmosfera arrebatadora.




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