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Crítica | Dead of Summer - 1x04: Modern Love


Escute a minha voz: entre no lago, dê-me a mão e PUXE-ME.

Review: 
(Spoilers Abaixo)

Aprofundar as histórias dos protagonistas nunca foi proposta de filme slasher nenhum na década de 80. O máximo que acontecia era sabermos os nomes dos personagens e conhecermos suas personalidades superficialmente, ou seja, foi basicamente com Sexta-Feira 13 que tivemos as definições das características das final girls, as amigas promíscuas, o crush jogador de futebol, o amigo inconveniente. Sexta-Feira 13 não foi o primeiro a realizar isso, mas foi com essa franquia que os estereótipos se intensificaram e começaram a fazer parte das "regras" dos filmes de terror da época.

Dead of Summer tem sido muito feliz em saber contar a história dos seus monitores de acampamento, fazendo assim, que os espectadores torçam por aqueles que correm perigo de vida. Em contrapartida a série peca em não conseguir saber desenvolver o seu núcleo terror e entrega um mistério muito aquém do esperado, como na verdade o que tem chamado mais a atenção é o desenvolvimento dos personagens, mesmo que a série tenha sido vendida como uma homenagem aos clássicos filmes de terror da década de 80.

Nessa semana tivemos com certeza a melhor apresentação até então. Muito diferente da história apática de Amy, ou as reviravoltas de Alex, que por mais que fossem interessantes não conseguiram cativar pela personalidade do personagem, ou mesmo Cricket que entre estes três primeiros foi a que conseguiu melhor seguir os clichês do gênero mesmo não ficando no lugar comum, desta vez Drew teve a chance de mostrar seus medos e seu passado conturbado.

Personagens gays neste tipo de produção jovem não é mais nenhuma novidade, já que de uns tempos pra cá parece que existe uma cota para as produções onde a cada nova série temos pelo menos um personagem que é homossexual, mas questões de gênero são comumente muito mal utilizadas, isso quando são. DoS foi feliz em trazer como um de seus protagonistas um personagem que vem passando por essa transição, não de entender o que está acontecendo consigo, mas sim a aceitação de terceiros, como familiares e amigos.


Durante todo o episódio o passado de Drew se mostrou muito comovente, principalmente com o desfecho daquilo tudo. Ele foi aceito pela mãe depois de muitos confrontos, mas não sem um preço. O mesmo vale para o pessoal do acampamento que entre combates um tanto quanto bobos com Jessie e uma conversa com Blair, ele se encontrou mais uma vez sozinho e desamparado. Temos que dizer que a série foi feliz em utilizar deste plot porque a mesma se passa no final dos anos 80 e este tipo de situação era muito mais complicada de ser discutida abertamente do que nos dias atuais.

Agora sobre o desenvolvimentismo do mistério. A série tem errado a mão na hora de mostrar seu lado horror que seria o responsável pelas homenagens. Simplesmente aquela história de Amy, Cricket e Alex desconfiarem de Deb não funcionou nem um pouco. Os personagens um dia estão super descontraídos e no outro estão acusando a dona do acampamento de fazer parte de um culto satanista por causa de uns poucos argumentos quase sem fundamentos. Se até então essa parte do enredo não estava andando, nesta quarta semana ela espontaneamente deu um pulo sem precedentes e isso não foi uma coisa boa.

São dez episódios, tempo de sobra para desenvolverem pequenas pistas que vão servindo de alerta para os protagonistas até que os mesmo encontrem a verdade, mas decidiram jogar tudo para um episódio apenas, o que foi muito apressado e quase sem lógica. Parecia que os monitores queriam alguém para culpar pelas visões perturbadoras que estavam tendo, como se acreditar naquilo tudo de culto e demônios fosse a tarefa mais fácil do universo e achar algum culpado seria o mais importante.

Sobre o culto satanista, ainda tem muitas perguntas a serem respondidas, mas o que ficou um pouco mais claro nesse episódio é que provavelmente esse demônio, ou precisa de um hospedeiro, ou de um sacrifício. A história do hospedeiro pode ser uma saída bem inteligente para que as mortes aconteçam, já que seria um humano aniquilando seus companheiros. Pelo que é deixado no ar, Amy pode ser tanto o hospedeiro como o próprio sacrifício já que a mesma em certo ponto fica em um estado de hipnose e entra no lago para estender a mão e "puxar" o que ali está adormecido ou preso.

Sendo fácil o melhor episódio da temporada, Dead of Summer consegue enriquecer e expandir a personalidade e passado de seus protagonistas, mas erra e feio quando o assunto envolve o tal culto. Mas verdade seja dita, garanto que agora ninguém quer que Cricket ou Drew façam parte da pilha de corpos que provavelmente vai se amontoar, já que o show soube muito bem expandir os horizontes destes dois personagens. Agora já estamos na metade da temporada, está na hora dos roteiristas agitarem as coisas e começarem as perseguições e mortes e principalmente que o mistério comece a se dissolver e que respostas sejam dadas as inúmeras perguntas que, até então, foram levantadas.
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