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[Crítica] Gotham - 1ª Temporada


Status: Renovada
Duração: 42 minutos
Nº de episódios: 22 episódios
Exibição: 2014-15
Emissora: Fox

Crítica:

O mal. O bem. O começo.


Depois do sucesso absoluto que os super-heróis têm feito nas telonas, não é de se espantar que o fenômeno seja levado para as telinhas. Atualmente, assim como as produções lançadas nos cinemas, as adaptações de HQs tem se tornado uma febre na televisão. Enquanto a Marvel tem acordos com a emissora ABC e, mais recentemente, com a gigante Netflix, as adaptações da DC Comics estão espalhadas pelos demais canais abertos. E, diferente da estrutura da Marvel, que estabelece toda narração de seu conteúdo em um único universo, as adaptações da DC Comics não tem qualquer relação com o seu conteúdo cinematográfico. De fato, tirando as séries lançadas pela CW, as adaptações mantêm-se isoladas, sem conexões com outras produções.

Esta série, tentando se destacar em um mar de lançamentos, foca sua trama em James Gordon, quando o mesmo ainda era o jovem - e o Batman que conhecemos era apenas uma criança. Na trama, Gordon é um detetive iniciante. Corajoso, sincero e ansioso para mostrar serviço, o recém-promovido tem como missão solucionar o caso do assassinato dos bilionários Thomas e Martha Wayne, um dos casos mais complexos da cidade. Com seu parceiro, o oficial Harvey Bullock, Gordon conhece o único sobrevivente do assassinato: Bruce, um garoto de 12 anos, filho do casal, por quem ele imediatamente sente uma grande afeição. A solução para o caso, no entanto, pode não ser tão simples quanto se poderia imaginar. Entrando em uma rede de mentiras e corrupções, Gordon logo perceberá que vive em uma cidade oprimida, onde os vilões fazem o que querem e têm quase toda a força policial nas mãos. Com o objetivo de mudar este quadro, o detetive novato terá que se arriscar para limpar a cidade das sombras que a atormenta.

Acredito que a premissa desta série é uma das mais interessantes das que foram lançadas recentemente. Com uma pegada mais sombria e séria, o material foca em um personagem que ninguém pensaria que poderia protagonizar sua própria história, James "Jim" Gordon. Apesar do Gordon se mostrar um personagem bastante forte e interessante no decorrer desta temporada, não posso negar que são os vilões que roubam a cena. A grande maioria deles fazem participações especiais - como é o caso do futuro espantalho e coringa. Somente o Pinguim e a Mulher-Gato são explorados durante todos os vinte e dois episódios deste primeiro ano. Este novo ângulo que nos dá a oportunidade de testemunhar o que aconteceu para os personagens se tornarem os vilões que conhecemos pode ser uma faca de dois lados. Enquanto todo o desenvolvimento pode ser bem interessante, reconheço que histórias de origens de personagens já conhecidos e amados pelo público podem ser realmente complicadas.

Começando pelo lado do bem, eu já disse que o Jim Gordon está sendo muito bem representado pelo ator Ben McKenzie, que traz para seu papel a dureza e carisma necessários para segurar sua própria série. O mesmo não podemos dizer de seu par romântico, Barbara Kean. Quem conhece o mínimo das HQs sabe a importância da personagem, mas os roteiristas realmente traçaram um caminho sem volta em torno dela. Espero que não haja a tentativa de uma "redenção", e que eles continuem investindo neste caminho obscuro para a personagem - que só começou a ficar interessante na reta final deste primeiro ano. Nós também fomos apresentados à Dra. Leslie Thompkins, interpretada pela sempre ótima Morena Baccarin. Inicialmente a personagem parecia ser apenas um bandage no coração do Gordon, mas rapidamente ganhou o respeito dos espectadores e até foi promovida para o elenco fixo da segunda temporada. De resto só fica mesmo o Bruce e o seu mordomo, Alfred. A interação entre eles dois é boa, assim como o desenvolvimento da relação entre o Bruce e a Selina Kyle.

Na categoria vilões, temos os dois chefões do crime, Maroni e Falcone, que só serviram para estabelecer o plano de fundo da trama. De fato, este primeiro ano não se trata de chefes de crimes, mas sim de ascensões. Desde o começo fica claro que o Pinguim, Oswald Cobblepot, ocuparia um grande pedaço da narrativa nesta temporada. Ele começou como um carregador de guarda-chuvas e terminou a temporada em um nível completamente diferente. Apesar de ter gostado do personagem em um primeiro momento, logo mudei de opinião. Há diversos momentos em que o Pinguim enfrenta um "fim de jogo" em sua jornada, mas sempre consegue escapar por "sorte". Os roteiristas deveriam ter criado situações mais críveis e tornado o personagem um pouco mais inteligente. Nenhum outro conseguiria concluir a temporada vivo se estivesse em seu lugar. E, no meio de toda essa manipulação por poder, temos Fish Mooney, uma personagem que não existe nas HQs, mas que rapidamente conseguiu se destacar dentre o variado naipe de vilões. É uma pena que o roteiro tenha dedicado um arco completamente desnecessário para personagem na sua segunda metade da temporada.

Muita gente anda reclamando das modificações na trama, mas é isso que eu mais espero que aconteça. Gosto de ser surpreendido e não acredito que esta história, até mais do que as outras adaptações, seja obrigada a seguir fielmente os quadrinhos. Desde o começo ficou óbvio que, enquanto algumas coisas funcionam perfeitamente, outras precisam ser mudadas para o bem do desenvolvimento da série. Não acho que seja um desrespeito ao material original, afinal de contas, ele sempre se manterá lá intocável. Espero também que o segundo ano traga mais dinâmica para a trama, saindo do manjado "caso da semana". Este foi um dos pontos negativos deste primeiro ano, que ficou basicamente toda sua primeira metade em casos isolados. Agora, com os personagens já estabelecidos, espero poder ver mais o desenvolvimento dos mesmos. Sem mais, acredito que essa série tenha tido os seus momentos e que tem muitas chances de aprender com suas falhas e evoluir. Só nos resta saber se os roteiristas saberão aproveitar essa oportunidade ou estarão condenados a repetir mesmos erros.
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