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[Livro] The Double Me - 2x09: Red Riding Grudge [+18]

Previously on The Double Me...  
Hamptons, Nova York. Foi lá que tudo começou.

Nate tinha apenas 15 anos quando foi traído pelos amigos e exilado da cidade para evitar os escândalos de sua vida secreta com o namorado. Eles pensaram que a guerra havia acabado, mas este era apenas o começo.

Nos três anos que sucederam sua trágica perda, Nate transformou-se em um cruel vingador, capaz de perder a si mesmo dentro do próprio ódio para derrubar todos aqueles que lhe fizeram mal. A chegada repentina de seu irmão gêmeo pode ter mudado seus planos, mas nada irá impedi-lo de concluir seus objetivos. No final, será olho por olho. E dente por dente.

A estrada até aqui deixou muitos assuntos inacabados. Sem querer, Jensen acabou descobrindo muito mais sobre a passado de Nate em Paris e tudo o que sucedou o terrível acidente de carro naquela noite há três anos. Foi o suficiente para fazer uma escolha, mas quem pode dizer que não é tarde demais? Mia já está dentro da mansão Strauss, Alex continua conhecendo o mundo de Thayer e Gwen está prestes a conhecer a verdadeira face de seu irmão.
Quem vive, quem morre, quem vai ao topo e quem vai à falência, é apenas uma questão de tempo até descobrirmos. 

2x09:Red Riding Grudge
"Quando o ódio bater a sua porta, deixe-o ficar".

Nate abriu os olhos e suspirou profundamente. O frio intenso do inverno e as luzes do hospital tinham acabado de se tornar seus piores inimigos. E logo quando as dores no estômago tinham ido embora.

Para evitar uma situação desnecessária, Jensen preferiu soltar suas mãos e permanecer quieto. Ele ainda era o mesmo Nate ou teria que chamar novamente os enfermeiros para aplicar um sedativo? Era melhor esperar para tirar suas próprias conclusões.

Nate começou despertando pausadamente cada parte de seu corpo. Primeiro a consciência, depois os braços, as pernas, e enfim, seu mecanismo de fala. Estava tudo em perfeita ordem de acordo com o seu próprio diagnóstico.

Ele virou a cabeça vagarosamente para encarar Jensen.

— Essa não... — Sussurrou, a voz rouca e cansada. — Estou sonhando, é melhor você se comportar.

— O que? — Jensen sorriu.

— Eu sei que o Jensen do mundo imaginário é gentil e bastante compreensivo, mas isso é golpe baixo.

— Nate, você não está sonhando.

— Eu diria que estou “pesadelando” se essa expressão existisse. Enfim, você pode chamar meus pais, por favor? Talvez eles não me odeiem nesse mundo.

— Cala a boca, ta? — Jensen sorriu de novo, tomando coragem finalmente para pegar na mão dele.

Nate olhou para suas mãos juntas, estava começando a lembrar do que tinha acontecido. Andy, as pílulas, acordar no necrotério, tentar suicídio pela segunda vez... Alguém ganharia muito dinheiro escrevendo sua biografia completamente autorizada. Mas isso não explicava porque estava segurando as mãos de seu ex namorado como se ainda fossem alguma coisa.

— Eu sou tão Veronika decide morrer, Deus. — Nate suspirou. Queria estar morto para não ter que ouvir os discursos maternos de Judit.

— Não, você é mais bonito que a Sarah Michelle Gellar. E todas as outras mulheres, e os garotos também.

— Eu sei — Nate fez uma careta de deboche. — Por que você está puxando meu saco? Eu não morri, pode ir ficar com o seu Alexander Bennett ou com seu Bieber Priestly ou o resto de Manhattan...

— Eu li o seu diário. — Jensen hesitou para ouvir a primeira resposta. Se fosse tão agressiva quanto estava imaginando, diria que leu apenas algumas folhas.

— Ok... — Nate parecia constrangido.

— É tudo verdade?

— Jensen, você quer levar um soco?

— Nate, estou tentando me desculpar com você.

— Por quê? Eu sou o malvado. — Nate sentou na cama da maneira que pôde. Parecia que as dores estavam esperando um simples movimento para se instalarem novamente.

— Eu sei que você curte esse lance de ser o gêmeo do mal, mas isso não quer dizer que eu também não cometi erros.

Nate ficou quieto para analisar sua expressão. Não era mais um momento de descontração. Jensen McPhee estava pedindo perdão verdadeiramente para a única pessoa que merecia ouvir. Era melhor trocar todas as piadas por uma câmera de video. Como poderiam não registrar aquele momento?

— O que você leu no meu diário, afinal? É meio tarde pra se sentir culpado, não acha?

— Eu sei. — Jensen abaixou a cabeça. — Por isso vou entender se você nunca mais quiser me ver na sua vida. Essa é sua chance. Me mande ir embora e ria pelas minhas costas, eu mereço.

— O que? — Nate deu um ar de risos. Não seria má ideia, pensando bem.

— Vou fazer o que você quiser agora, é só me pedir. Sei que isso não compensa, mas... Estou tentando mudar, e pretendo começar por você.

Nate encontrou a si mesmo sem palavras. E a troca de olhares intensos não parecia ajudar.

— É meu aniversário — Simplesmente falou. — 2 de Dezembro, eu tinha esquecido. É por isso que você quer realizar meus desejos?

— Também.

— Se eu pedisse pra você ficar com Alex, você ficaria?

— Não é com ele que eu quero ficar agora.

— Mas é o único que você pode ter. — Nate levantou da cama, sentindo-se estranhamente disposto. Caminhou até a vidraça e ficou olhando as pessoas se movimentando paralelamente nos corredores. A dor havia piorado, mas era reconfortante ver seres humanos novamente. — Eu acho que não posso ser nem seu amigo, Jensen. E eu não vou pedir desculpas por isso.

— Tudo bem — Jensen levantou da poltrona, com as pernas bambas. — Foi exatamente o que eu imaginei — E caminhou lentamente até a porta entreaberta. Nate fazia de tudo para não olhar. — Eu amo você...

— Se cuida. — Nate caminhou de volta até a cama. Não precisava olhar diretamente nos olhos de Jensen para saber que ele estava triste.

Após assentir devagar, Jensen deixou o quarto, de cabeça baixa. Agora Nate estava sozinho para amaldiçoar o próprio nome quantas vezes quisesse.

Não se tratava apenas de uma simples decisão para seguir normalmente com sua vida. Era o momento que havia esperado desde que deixara as próprias ambições guiarem seu rumo. Jensen estava frágil o suficiente para ser destruído por qualquer movimento de seu inimigo. Mas por vontade própria, a única coisa que Nate estava disposto a fazer era lamentar por seu coração partido. Sem repugnância, sem qualquer necessidade da impetuosa vingança.

O dia estava provando sua inutilidade a cada segundo, disso ele tinha certeza. E os ventos estavam trazendo Alex Bennett para concluir seu desígnio. Pela expressão furiosa do irmão enquanto caminhava em direção ao quarto, Nate já sabia o que poderia acontecer.

— Alex, hoje não. — Resmungou, levantando da cama. — Por favor, estou muito cansado, não tenho tempo para as suas lições de moral e...

— Cala a boca — Alex avançou para cima dele e lhe deu um abraço apertado. O impacto teria levado ambos ao chão se não fossem as pernas firmes de Alex.

Mesmo estranhando a atitude, Nate resolveu corresponder. Aquilo era um bom sinal; era uma prova de que poderiam voltar a ser irmãos do jeito que aprenderam. Só faltava um pedido de desculpas extravagante que Nate precisava planejar.

— Nunca mais faça isso comigo, nunca mais. — Alex apertou o quanto pôde. Passou noites em claro esperando aquele abraço.

— Ok — Nate assentiu. Para ele, o abraço poderia demorar o tempo que precisasse.

Infelizmente Alex não pensava do mesmo jeito. Esperou alguns segundos além do prometido e se afastou do irmão para poder soca-lo no rosto. Nate só percebera o que tinha acontecido quando já estava no chão, sangrando pelo nariz.

— Ai meu Deus! — Contra todas as probabilidades, ele fitou Alex com um olhar solene. — Estou tão orgulhoso de você!

— Cala a boca! — Alex precisou sentar na cama para impedir a si mesmo de cometer uma loucura — Você é inacreditável! Como pode existir alguém como você? Você é mimado, imprudente, arrogante e ingrato, do tipo que não tem respeito nem pela própria vida!

— Você captou minha essência, bravo. — Apoiando-se na cama, Nate conseguiu ficar de pé novamente. Depois sentou ao lado de Alex, segurando o nariz com a cabeça erguida para estancar o sangramento. — Você veio aqui terminar o que eu comecei? E por que não me disse que era o homem mais forte de Nova York? — Fechar os olhos pausadamente e depois abri-los parecia ajudar com a dor.

— Estou com raiva de você.

— Bem, estou sangrando. Não acha que eu já sei disso?

— Por que tudo isso está acontecendo? — Alex suspirou de cansaço. — Tudo era tão simples quando eu morava com minha mãe e minha irmã antipática. Eu não tinha que me preocupar com meu irmão gêmeo teimoso, meu ex namorado galinha ou minha família, que no final, nem é minha família de verdade.

— Se servir de consolo, eu sinto muito.

— Não serve.

— Então vamos sair daqui e torrar alguns milhões em Lisboa. — Nate fungou. — Manhattan é deprimente demais, por isso a taxa de suicídio é alta.

— Não acredito que você tentou se matar por causa do que fez comigo... Isso é burrice. Você é burro.

— Ok, eu tenho todos os defeitos do mundo. Podemos seguir em frente agora, por favor? Deus, meu nariz está pegando fogo! Já pensou em lutar por dinheiro? Você consegue três mil em uma noite no Brooklyn.

— Eu só quero meu irmão de volta. — Alex virou o rosto para encará-lo. O contato visual provaria sua completa honestidade. — Nate, você quase morreu. Não temos muito tempo por aqui e eu não quero desperdiça-lo brigando com as pessoas.

— Sério? — Nate voltou a posição normal. A massagem no nariz havia amenizado a dor e estancado o sangue. — Porque não confiamos um no outro. Não sei se consigo perdoar você por ter mentido pra mim e ficado com o Jensen, e não acho que mereço seu perdão depois do que eu fiz. Meu plano é terminar o que comecei e pegar um avião pra Madrid para nunca mais ser visto.

— Sério, fugir? É essa a sua solução pra tudo quando não cogita a possibilidade de tirar a própria vida? Aliás, como você pode pensar em vingança estando desse jeito?

— Alex...

— Não. — Alex levantou. — Cala a boca. Você é meu irmão gêmeo, não vou deixar que você fuja. Você é tão imprudente assim?

— Hey, relaxa, não precisa fazer cena. Se você quiser, não vou a lugar nenhum... Agora.

— Bom... Não é como se eu tivesse dado uma escolha.

— Mas agora me ajuda, tenho que sair daqui discretamente. — Nate se levantou da cama e correu até a janela.

— O que? Por quê?

— Vou fazer uma visita a um velho amigo antes que ele vá embora. E você, meu irmão, vai ficar no meu lugar. — Nate sorriu.

— Espera aí... — Alex deu um passo para trás.

— Me dê a sua roupa. Tenho lentes verdes na gaveta, você só precisa fingir que está dormindo. — Em apenas um movimento, Nate arrancou o macacão branco do hospital e arremessou para frente.

Alex ficou completamente sem reação quando percebeu que o irmão estava pelado diante dos seus olhos. Não, eles não eram tão próximos a este ponto. E se a velha sensibilidade gêmea estivesse correta, nada de bom poderia acontecer se Nate estivesse pelado. E se Judit aparecesse? E se Lydia descobrisse? E se até mesmo os médicos percebessem que o “irmão do bem” não havia nascido para ser ator? Nate estava criando outra bola de neve irrefreável.

— Alex, preciso que você faça isso por mim. Venha para trás da cortina e tire suas roupas.

— Não acredito que estou fazendo isso... — Alex começou a caminhar.

— Espere, sua cueca não é pequena demais para mim? — Nate abriu um sorriso quando percebeu a expressão carrancuda de Alex. — Brincadeira. Amo você.



Judit levou sua xícara de chá até a boca, tentando disfarçar a preocupação no olhar. Sua mais nova filha estava sentada bem a sua frente, com uma expressão pacífica, mas ao mesmo tempo desafiadora; com todos os acessórios darks e roupas alegóricas que sua personalidade poderia oferecer. Só de sentir o cheiro do cigarro barato que ela tinha em mãos, Judit sentia novamente as náuseas da gravidez psicológica.

— Então, Mia — Ela colocou a xícara de chá de volta na mesinha da sala de estar. Sua animação repentina era visivelmente forçada. — Me fale mais sobre você.

— Não tenho muito a dizer. Sou basicamente tudo o que você está vendo. — Mia jogou os cabelos negros para trás.

— Tem que ter alguma coisa que você queira dizer. Conte-me sobre a sua vida! Em qual colégio você estudou?

— Fretz High School. — Mesmo vendo Judit engolir em seco, Mia resolveu continuar. — É um bom colégio, mas nada comparado a Marymount.

— Meus filhos estudaram lá.

— É, eles tiveram muita sorte. — Mia abaixou a cabeça, tentando disfarçar o constrangimento.

— Você faz dezoito anos hoje, acho que é um pouco tarde para Marymount. Mas se estiver interessada em algumas faculdades, eu poderia...

— Você não precisa fazer isso. Eu só queria conhece-los, e isso é o suficiente para mim.

— Querida... — Judit aproximou-se. Sentou ao lado de Mia e tocou suavemente suas mãos. — Sei que está um pouco cedo para isso, mas você faz parte dessa família agora.

— Você nem me conhece...

— Mas eu sinto que já conheci. — Judit sorriu.

Mia deu um meio sorriso, apenas para demonstrar a mesma simpatia que sua anfitriã. Era errado dizer que a nova família estava indo rápido demais e que precisaria de um tempo? Dinheiro não era tudo. Dinheiro nunca seria tudo.

No meio da troca de olhares simpáticos, Mia ouviu o celular tocar. O nome de Michael piscava no visor a medida que seus batimentos cardíacos aumentavam.

— Preciso atender — Ela informou a Judit, levantando-se do sofá logo em seguida.

— Tudo bem — Judit se afastou. Esperou Mia sair de perto para poder pegar sua xícara e tomar mais um gole de chá.

Mia caminhou pela segunda porta da cozinha até chegar à área de serviço. Após se certificar de que ninguém estava por perto, resolveu finalmente atender a ligação.

— Michael, preciso de mais algum tempo. — Olhou mais uma vez ao redor. Nem havia percebido que Gwen estava atrás da porta pronta para ouvir sua conversa misteriosa.

— Tempo? Você está mesmo pedindo mais tempo?

— Por favor. Já sei como arrumar o dinheiro, eu vou pagar tudo o que devo.

— Quero meu dinheiro amanhã. Se você não estiver até às seis da tarde na porta da minha casa, terei uma conversa com a sua mãe. — Michael desligou.

Mia abaixou o celular e deu um grande suspiro. Ouvir a mãe sendo ameaçada de morte era um bom motivo para voltar até a sala e aceitar tudo o que sua nova mãe estava disposta a oferecer. Depois, quem sabe, pudesse retribuir este favor ou simplesmente pagar sua dívida.

Gwen, ainda do outro lado da porta, não tinha certeza se deveria tirar suas próprias conclusões. Talvez precisasse fazer um pequeno teste antes de pensar no movimento mais inteligente para seu jogo.

— Más noticias? — Ela abriu a porta.

— Não. — Mia tentou disfarçar a frustração — Ex-namorado. Tem gente que não sabe ouvir um não.

— É mesmo. — Gwen cruzou os braços. — Tem gente que não percebe que está no lugar errado também.

— O que isso significa? — Mia guardou o celular no bolso.

— Só falei por falar. O que eu queria mesmo dizer era bem vinda a família.

— É claro. Porque você transparece sinceridade a cada palavra, não é?

— O que você disse? — Gwen deu dois passos a frente. O deboche estava presente em casa centímetro de seu corpo, e concentrado de maneira intimidante nos lábios.

— Eu conheço você, Gwenett Strauss. Manipuladora e superficial. Foi capaz e destruir a vida do próprio irmão em troca de dinheiro mesmo tendo uma dúzia de homens casados comprando todas as joias que você quer. Lydia tem muito a dizer sobre você.

— Se você sabe do que sou capaz, por que continua no meu caminho?

— Você está com medo, não é, Gwen? — Mia sorriu com desdém.

— Como é?

— Depois do que Nate fez com seus amigos, eu também ficaria se soubesse que sou a próxima. — Mia deu dois passos a frente. Agora estava cara a cara com sua inimiga.

— O que isso significa?

— Eu não sei. Mas algo me diz que você tem sérios problemas se ele guardou o melhor para o final — Mia deu meia volta e caminhou triunfante de volta a sala.

O medo se encarregaria de devorar sua nova irmã aos poucos.



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Nate abriu a porta do quarto vagarosamente. Apesar de aprovar seu comportamento teatral, todo o suspense e a precaução tinham um motivo em especial.

Aquele era o quarto de Justin Priestly, reformulado e organizado do jeito que seu pai pedira para fazer valer a fortuna que paga aos médicos. Nate não sabia há quanto tempo ele estava trancado numa clínica de reabilitação, mas fora tempo o suficiente para que ficasse encolhido no fundo do quarto e escondendo o próprio rosto por trás de uma camisa vermelha de capuz.

— Nossa chapeuzinho vermelho, que rancor enorme você tem. — Nate fechou a porta e ficou esperando alguma reação. Logo de alguém que nem parecia mais estar ali. — Deus, você está péssimo. Aposto que nessa espelunca eles não oferecem hidratantes.

Justin fez de tudo para continuar a ignorá-lo como ele merecia. Afinal, era isso que ele queria; chamar sua atenção, zombar de sua derrota. E olhá-lo nos olhos para ter certeza que seu inimigo nunca mais iria se levantar. Como se o grande vencedor já não tivesse sido coroado.

A única coisa que poderia confortar o coração despedaçado de Justin era saber que aquela tortura tinha um prazo de validade. Seu pai chegaria a qualquer momento para tirá-lo da clínica e leva-lo para qualquer parte da Europa, onde poderia não ter a chance de ser homossexual. Talvez pudesse estudar em casa com um professor particular quase aposentado. Talvez estivesse indo para um lugar frio onde ninguém poderia tirar suas roupas. A criatividade homofóbica de seu pai era tão impecável que havia se tornado a única coisa que poderia salvar sua vida... Ou não.

— Não se faça de difícil, Bieber, todo mundo sabe que você é o quase garoto mais fácil dos Hamptons. Fale comigo, me amaldiçoe, ou simplesmente diga que eu venci e que depois dessa, nunca mais vai entrar no meu caminho. — Nate hesitou novamente. Em algum momento, Justin precisaria quebrar o gelo. — Você me odeia, Justin? É por isso que não fala comigo?

— Eu só quero ser deixado em paz — Justin ajeitou seu capuz.

— Você pode recomeçar. Mas é claro, contanto que seja longe de mim, da minha família e do meu Jensen.

— Seu Jensen... — Justin estremeceu. A dor no peito era intensificada cada vez que lembrava que esta poderia ser a sua realidade. Jensen e Nate juntos, como em seus piores pesadelos.

— Não é nada pessoal, mas você deveria saber que não iria dar certo. Nunca vai dar certo enquanto eu existir, então, sua melhor alternativa é simplesmente desaparecer. Tenho certeza que este foi um pedido dele.

Percebendo a apatia de Justin, Nate correu até ele e abaixou o capuz a força. Agora estava encarando o rosto pálido e as olheiras vergonhosas de quem costumava ser tudo o que o que elite exigia.

— Meu Deus, Bieber — Nate fez uma careta. — Você está péssimo, juro que nunca mais troco seus remédios por alucinógenos.

— Você fez o que?

— Você me ouviu — Nate andou até a janela do quarto, sem se importar com o olhar furioso de Justin em sua direção. — Sabe, depois daquela noite, a única coisa que eu podia fazer era olhar pela janela e pensar no quanto eu era infeliz; mesmo que estivesse na cidade mais bonita do mundo. Então eu pensei, que poesia deveria ser usada para simplificar meus objetivos? Não precisei ir muito longe para descobrir. — Logo já havia voltado seu olhar para Justin. — Você já ouviu falar em “olho por olho”?

— Vai pro inferno.

— Jensen não é mais seu, assim como a sanidade e o segredo da sua preferência sexual. Acredite, ninguém sabe mais do que eu como essas coisas podem fazer falta. Mas ao invés de ir para uma cidade bonita, que tal ser esquecido na Estônia? Seu pai disse que aquele colégio interno é exatamente do que você precisa.

— O que? — Justin finalmente havia saído de sua zona de conforto — O que você fez?

— Você vai perder seus amigos, sua família e nunca mais vai ver o amor da sua vida. Isso é tão catarse, você não acha?

— Eu não vou a lugar nenhum!

— Isso é papai quem decide. — Nate olhou novamente pela janela, no mesmo instante em que Nathan estacionava sua limusine no jardim da clínica. — Ele está aqui, com mala e tudo. Acho que isso é um adeus.

— Não! — Justin começou a chorar descontroladamente. Parecia que o pesadelo nunca iria ter fim. — Por favor, me ajuda! Por favor! Eu sinto muito por tudo o que eu fiz! Eu sinto muito!

— Eu vou te perdoar, mas nunca vou esquecer. — Nate aproximou-se e lhe deu um beijo na testa — Você está livre agora.

Justin fitou o nada, com os olhos cheios de lágrimas; e tão distraído com o próprio esmorecimento que nem conseguira perceber a deixa de Nate. Os pensamentos obsessivos, segundo após segundo, levavam-no para o caminho sem volta que tanto se esforçara para evitar. Até onde a própria mente iria aguentar? Até onde sua doença lhe permitia seguir? Enquanto o tempo passava sem que tomasse uma decisão definitiva, o corpo inteiro entrava em estado de choque. As mãos tremiam, o rosto suava, a cabeça girava e os olhos imploravam para que perdesse a consciência. O tempo passava muito devagar para uma agonia que parecia nunca ter fim. Nunca mais veria Jensen, nunca mais falaria com seus amigos, nunca teria a vida de um príncipe. Ainda valia a pena viver?

— Você está pronto pra ir, Justin? — Nathan apareceu de repente — As malas estão no carro.

Justin olhou para todos os lados, procurando uma saída. O olhar severo de seu pai logo se transformou em preocupação quando percebeu que havia algo errado.

— Justin, você está bem? — Perguntou, dando um passo a frente.

— Para aonde nós vamos? — Justin piscava excessivamente.

— Estônia. Você precisa ficar longe das más influências.

— Não, pai. — Justin correu até ele, suplicante. — Por favor, não, eu não posso ir! Minha vida inteira está aqui!

— Não, Jensen McPhee está aqui. Você tem dezessete anos de idade, não acha que ainda dá tempo de viver uma vida normal?

— Eu sou normal! — Justin gritou tão alto que até mesmo seu pai parecia assustado. — Eu não sou uma aberração! Eu só quero viver minha vida! Ela é minha vida!

— Justin, quem decide isso sou eu, não você.

— Não! — Justin colocou as mãos em frente ao rosto. Caminhou até a parede e sentou no chão escorado nela.

Nathan precisou virar o rosto para impedir uma lágrima de cair. Desejava que houvesse uma maneira menos rígida de ajudar o filho com seus problemas. Ele nunca aprovaria seu estilo de vida. A sociedade nunca aceitaria seu estilo de vida. Deus nunca perdoaria um pecado tão grande sem arrependimento. Nathan faria qualquer coisa para que seu filho deixasse de praticar abominações.

— Isso é culpa minha. Eu deveria ter te dado limites, mas só o que eu consegui fazer foi dizer sim a todos os seus caprichos. Justin, você se tornou o tipo de pessoa mais desprezível que eu conheço, e isso muito antes de ter se tornado homossexual. Eu quero que você seja uma boa pessoa, filho. Eu quero ter orgulho de você.

— Então eu sou uma vergonha?

— Você só está perdido, precisa de direção. Venha comigo. — Nathan estendeu a mão para ele. — Nós vamos passar juntos por tudo isso.

Aos poucos, o olhar entristecido de Justin foi se transformando em uma sentença de ódio capaz de abismar até a si mesmo. Nathan não era ninguém para dizer-lhe o que fazer, muito menos para julgar a pessoa que sempre fora. Havia crueldade em todas as suas atitudes. Havia inveja em todas as suas decisões. E talvez merecesse tudo o que Nate esteva fazendo. Mas o que aconteceria se pudesse simplesmente reagir da sua maneira? Justin estava pagando para ver.

Após limpar as lágrimas, ele pegou na mão de seu pai e foi guiado em direção a porta do quarto. Sua atitude havia concedido o pequeno traço de esperança que Nathan precisava para prosseguir.

— Você vai melhorar, eu confio no seu potencial.

Quando notou o pequeno vaso de flores artificiais em cima da penteadeira, Justin não pensou duas vezes. Agarrou com a mão direita e jogou na cabeça de Nathan para nocauteá-lo.

Não havia mais como entender a gravidade de suas atitudes. E no final, também não importava. Mesmo com o olhar assustado e os olhos arregalados, ele sabia que era a única maneira de escapar. Seu pai nunca entenderia o que era ser gay, muito menos a necessidade de ser quem sempre foi. Então para que ter um pai?

Justin enxugou suas lágrimas e passou pela porta. Correu pelos corredores paralelos da clínica – tomando cuidado para não ser reconhecido pelos médicos – até chegar ao estacionamento; havia uma enorme van branca que sempre fazia entregas para o local nos finais de semana. Não foi difícil entrar no veículo que lhe levaria ao lado de fora. Não foi difícil esconder-se entre as caixas de papelão da parte de trás. E não seria difícil vingar a própria morte. 



— Por que você me trouxe até aqui? — Perguntou Alex. Tinha certeza que suas duvidas eram bastante justas.

Não fazia nem uma hora que Thayer o convidara para atravessar a enorme ponte do Brooklyn sem se preocupar em dar um motivo. E agora estavam diante de uma rua escura e quase deserta que nenhum morador dos Hamptons se atreveria a conhecer. A não ser que tivessem tantos segredos quanto Thayer Van Der Wall demonstrava ter.

— Nossa, você ficou algumas semanas com os Strauss e já está subestimando o Brooklyn? — Thayer sorriu.

— Só quero saber o que Thayer Van Der Rico está fazendo num lugar como este. E porque eu tive que vir junto.

— Estou aqui porque é o lugar onde costumo me divertir. E você está aqui para se divertir comigo antes que sua depressão me obrigue a socar seu rosto.

— Muito educado da sua parte. — Alex deu um ar de risos.

— Hoje você vai relaxar. — Thayer simplesmente parou de caminhar.

Alex olhou para o letreiro com luzes de neon em cima da sua cabeça. Ele mostrava a palavra “SugarTop” piscando em várias cores diferentes, e isso não ajudava em nada no raciocínio do garoto. Só depois que ele notou casais gays se beijando do outro lado da rua que foi perceber onde havia se metido. Era uma boate gay, com casais gays, musicas gays, bebidas gays, cenários gays e tudo para agradar os gays. 


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O coração disparado poderia ser um grande indício de que Alex não estava preparado.

— Thayer, eu não...

— Não seja careta. Já estamos aqui, você precisa dar uma chance. — Thayer tomou a frente. Alex olhou para os dois lados antes de decidir que o melhor a fazer era segui-lo.

Uma vez do lado de dentro, Alex sentiu que não podia mais escapar. E uma parte de si mesmo também não queria perder a experiência. Não era apenas uma boate voltada para o publico gay, era como um novo mundo, onde todos poderiam ser fieis a suas personalidades sem se importar com a vida lá fora. Gays, lésbicas, dançarinos sarados, música eletrônica, decoração exótica e bebidas diversas. Se parecia tão perfeito, por que sentia tanto medo?

— Eu sempre venho aqui. — Thayer quase gritou. Era a única maneira de fazer Alex entender suas palavras entre a musica alta do local. — Seria uma tragédia global se eu tentasse visitar boates gays nos Hamptons ou no Upper East Side.

— Está explicado. Agora podemos ir?

— Ir? Ta brincando né? Você só sai daqui quando beijar alguém. Ou me provar que sabe se divertir como uma pessoa normal.

— Thayer, sério. — Alex cruzou os braços e se afastou. Algumas transformistas estavam passando. — Eu quero ir embora.

— Alex, estou tentando te ajudar. — Thayer segurou nos ombros dele, pairando a sua frente. — Se você voltar pra casa agora, nunca vai descobrir do que é capaz de fazer. Esqueça o Jensen, esqueça o Nate, esqueça sua mãe adotiva preconceituosa e a sua nova família cretina. Você pode fazer o que quiser aqui dentro, ser quem quiser.

— Eu não quero ser... — Alex olhou para o lado — Drag Queen...

— Você sabe do que eu estou falando. — Thayer piscou para o garoto que passou ao seu lado. Teria seguindo-o até o banheiro se não estivesse servindo de babá para o gêmeo do bem.

— Eu não quero ser mais ninguém. Não quero ser popular ou requisitado. Não quero distribuir beijos para os mais bonitos ou encontrar alguém num banheiro público pra fazer uma pegação maluca. Eu não sou legal, não sou divertido. Sou tímido e careta, e quero deixar as coisas assim. Adeus. — Alex deu meia volta e caminhou até a saída, tempo suficiente para Thayer pensar numa resposta.

— Deve ter sido por isso que o Jensen preferiu ficar com seu irmão gêmeo ao invés de você. — Thayer esperou Alex virar-se novamente para prosseguir — Vocês são idênticos por fora, mas por dentro Nate é muito melhor. Ele tem atitude, sabe se divertir e encarar a realidade. Ele não precisa se trancar num quarto e perguntar a Deus porque é tão infeliz como você. Acho que o irmão errado tentou suicídio.

Alex preferiu não questionar. E como poderia, se Thayer estava com toda a razão? Nate era uma versão mais bonita, inteligente e criativa de Alex Bennett, como todos costumavam dizer. Seria muito mais fácil ter coragem o suficiente para encarar os problemas e fazer loucuras sem se importar com o que os outros vão pensar. Seria muito mais fácil ser um pouco mais como o irmão ao invés de prender a si mesmo dentro do próprio corpo.

Alex tinha certeza que precisava mudar drasticamente. E talvez a resposta estivesse dentro daquela mesma boate.

No fundo da pista, ao lado do DJ, ele notou um enorme palco onde pessoas subiam para fazer strip-tease. A multidão parecia estar a todo vapor, quase como um convite formal para ser tão corajoso quanto achava merecer.

— Você queria que eu enlouquecesse? Então olha. — Alex passou por Thayer, já com a decisão tomada.

Caminhou entre a multidão até as pequenas escadas que levavam ao palco. Apesar da fama dos gêmeos Strauss, poucas pessoas conheciam o garoto que tinha acabado de se mostrar para a boate inteira. Mas não depois daquela noite.

Alex começou jogando seu casaco preto em direção a plateia. E quando a musica sensual foi selecionada pelo DJ, tirou a camisa listrada, revelando o corpo perfeito que qualquer um na multidão mataria para conseguir. Não precisava de muito esforço para levar o público a loucura, muito menos imitar o seu irmão. Aquele era Alex Bennett em sua mais pura e inestimável essência.

Thayer, na plateia, decidiu ir além dos incentivos para soltar gritos delirantes em nome de Alex. Estava tão animado que acabou chamando a atenção de um garoto ao seu lado.

— Você o conhece? — Ele perguntou para Thayer. Não conseguia tirar os olhos de Alex em cima do palco.

— Eu pensei que conhecia.

— Ele é demais!

— É... — Thayer fitou o nada quando percebeu o que tinha acabado de dizer. Seus olhos encontraram os de Alex novamente e começaram a brilhar sem sua permissão. — Ele é demais...

Como se fosse uma ironia do destino, seu celular tocou no momento exato em que Alex estava prestes a tirar outra peça de sua roupa. Ele olhou no visor, havia um novo email na sua caixa de entrada contendo vários vídeos diferentes que ele não compreendia. O título da mensagem principal, no entanto, foi capaz de esclarecer todas as suas duvidas.

— “Vídeos dos garotos dos Hamptons se divertindo vazam na internet” — Ele leu. E então, olhou para Alex novamente. — Ai meu Deus...

A essa altura, a cidade inteira já havia descoberto o que os garotos fazem quando não há ninguém por perto.

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2x10: Why Am I Letting You Do This To Me? (23 de Agosto)
Aqui o capítulo 2x09 como prometido. E sim, os eventos de final de temporada já começaram. Os videos privados dos garotos dos Hamptons foram divulgados para todos e só Deus conhece a carga de drama que será despejada sobre o ombro dos nossos bad boys.

Bônus: Eis aqui a minha versão para o Justin, ou como o deuso gosta de chamar, BIEBER. É um modelo que eu achei na internet e lembra bastante a imagem que eu tenho do personagem na minha cabeça. O meu dreamcast combina com o de vocês? Espero que sim <3










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