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[Livro] The Double Me - 2x07: Pay Back Is Not a Bitch, You Are [+18]

Previously on The Double Me...  
Hamptons, Nova York. Foi lá que tudo começou.

Nate tinha apenas 15 anos quando foi traído pelos amigos e exilado da cidade para evitar os escândalos de sua vida secreta com o namorado. Eles pensaram que a guerra havia acabado, mas este era apenas o começo.

Nos três anos que sucederam sua trágica perda, Nate transformou-se em um cruel vingador, capaz de perder a si mesmo dentro do próprio ódio para derrubar todos aqueles que lhe fizeram mal. A chegada repentina de seu irmão gêmeo pode ter mudado seus planos, mas nada irá impedi-lo de concluir seus objetivos. No final, será olho por olho. E dente por dente.

A estrada até aqui deixou muitos assuntos inacabados. A fuga de Nate terminou trazendo trágicos desfechos a família Strauss. Alex resolveu perder sua virgindade com Thayer num momento de impulsividade enquanto o irmão tentava suicídio em seu quarto de hotel para fazer justiça em nome de todos aqueles que machucou. Quem vive, quem morre, quem vai ao topo e quem vai a falência, é apenas uma questão de tempo até descobrirmos. 

2x07:Pay Back Is Not a Bitch, You Are
"A morte e seu estranho senso de humor..."

Alex abriu os olhos para o novo dia que amanheceu. Ainda na cama ao lado de Thayer, ele encolheu-se, e olhou fixamente para a janela como havia feito nas ultimas quatro horas. Dormir definitivamente era o único luxo que os Strauss não poderiam comprar.

Thayer, assim que despertou, olhou para o outro lado da cama. Não conseguia ver o rosto de Alex, mas sabia que ele estava acordado. E sabia que ficara acordado a noite inteira. Mesmo depois da noite incrível que passaram juntos, Thayer já havia decidido que aquilo não seria problema seu. Levantou da cama, ajeitou a cueca azul escura, caminhou até a porta e vestiu o roupão pendurado num cabide da parede.

Por curiosidade, olhou para Alex. O garoto não havia se movido um só centímetro.

— Você está bem? — Perguntou. Não havia motivos para ser rude.

— Sim. — Alex suspirou. Queria não precisar lidar com Thayer naquele momento.

— Tem certeza?

— Sim. Só estou sonolento. — Alex suspirou novamente. Também não estava com cabeça para ver Thayer fingindo que se importava.

Afinal, ele e Nate combinavam tanto porque ambos não tinham escrúpulos, e eram desprovidos de qualquer compaixão para com os seres humanos. Thayer, no entanto, havia ajudado bastante lhe tirando da chuva e evitando uma possível pneumonia. Esperar que fizesse algo além disso seria uma total perda de tempo.

— Não se preocupe, eu já vou embora. — Alex levantou.

— Você pode ficar se quiser. — Thayer fez um nó no roupão e andou de volta para sentar na cama. Se Alex estava desconfortável por causa do sexo, precisava de alguém maduro para dizer que tudo o que fizeram era normal. Ou simplesmente esclarecer suas dúvidas. — Você está machucado? Ainda dói?

— Não mais. — Depois de tudo o que passara, ter perdido a virgindade era a ultima coisa que poderia lhe incomodar.

— Me desculpe por não ter sido tão gentil.

— Não tem problema. — Alex olhou para ele cheio de convicção. — Eu não me arrependo.

— Mas você vai.

O celular de Thayer chamou ao lado, mas nenhum deles interrompeu o olhar misterioso que lançavam um para o outro. Alex sabia o quanto Thayer estava certo, mas não poderia se culpar por ter outras prioridades. Depois que todos os seus problemas forem resolvidos, depois de encontrar um lugar para ficar, e depois de se desvencilhar completamente da família Strauss, talvez pudesse considerar o quão estranha havia sido sua primeira vez. Felizmente, isso não o impediu de aproveitar.

— Preciso atender. — Thayer levantou-se e passou pela porta.

Alex jogou o lençol para o lado e tentou fixar os olhos em qualquer coisa. A noite de sono que perdera já havia lhe presenteado com uma terrível enxaqueca.

A sua frente estava a enorme parede de vidro embaçado que separava o quarto do outro cômodo. Podia enxergar Thayer em seu roupão com o celular nas mãos, mas não nitidamente; do mesmo jeito que só conseguia ouvir alguns sussurros.

Logo após levantar da cama, vestiu a camisa que estava no chão seguido de sua calça jeans. Já estava pronto para ir embora e deixar Thayer em paz, como achava que deveria. Mas ainda faltavam seus sapatos desaparecidos. Se sua memória não falhava, eles estavam ao lado dos sapatos de Thayer, logo na entrada do apartamento.

Thayer apareceu na porta com o celular nas mãos um segundo depois. Seu olhar angustiado deixou Alex subitamente curioso. 


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— O que aconteceu?

— É o Nate. — Thayer abaixou o celular vagarosamente.

— Nate?

— Ele sofreu uma overdose...

— O que? — Alex deu um passo para trás ao sentir uma pontada no coração.

— Encontraram seu corpo em um quarto de hotel há algumas horas...

Alex permaneceu quieto por alguns instantes, esperando que Thayer sorrisse e dissesse que tudo não passava de uma mórbida brincadeira. Mas desde o primeiro momento não conseguiria notar qualquer vestígio de uma possível mentira. Thayer manteve a expressão séria e angustiada, fazendo-o acreditar aos poucos nas palavras profanadas.

— Você está brincando. — Alex deu mais um passo para trás. Quanto tempo levaria para desabar?

Thayer apenas suspirou. Não estava preparado para explicar a Alex o que realmente tinha acontecido. Mas talvez o silêncio fosse a melhor das explicações.

— Ele está...? — Alex hesitou. Nunca teria coragem de dizer a palavra certa.

— Alex, eu sinto muito...

Alex não conseguiu dizer mais nada. Apenas fitou o nada, tentando controlar sua respiração ofegante e desacelerar seus batimentos cardíacos. Nate não poderia estar morto. Não ele, não seu irmão, não o garoto que prometeu viver eternamente e lhe proteger sempre que precisasse.

— Não! — Exclamou Alex. — Você está mentindo!

— Alex, eu...

— Não! — Alex o empurrou. — Para! Isso não é verdade! Você... Não... Meu Deus! Ele não... — Quando percebeu o escândalo que estava fazendo, Alex parou para raciocinar. Seu irmão estava morto, e não havia nada que pudesse fazer.

— Alex, eu sinto muito...

— Ele está... — Alex engasgou enquanto deixava uma lágrima escapar de seus olhos. — Meu Deus, eu não...

— Hey, está tudo bem. — Thayer o abraçou. Não era o suficiente, mas era a única coisa que poderia fazer.

Alex, mesmo tendo encontrado conforto nos braços de Thayer, sabia que aquele era apenas o começo. E estava com toda a razão.

Dentro da mansão Strauss, Judit tinha acabado de receber a notícia e mal conseguia recobrar o fôlego em meio ao pranto. Vendo seu sofrimento, Lydia, Boris e o restante dos empregados decidiram continuar ao seu lado, mesmo que fosse apenas para fazer a companhia que ela achava não precisar.

— É tudo culpa minha. — Ela lamentava.

Todas as pessoas ao seu redor discordavam do que havia dito com exceção de Lydia. Mas dada a circunstância, decidiu permanecer calada acariciando seus ombros, certa de que nunca haveria um bom momento para confessar a Judit a verdade sobre seu filho. Nunca poderia lhe dizer sobre a falta desmedida que Nate sentira dela enquanto estava em Paris. E nunca poderia dizer que este foi um dos motivos para que se tornasse tudo o que sempre odiou.

A culpa, apesar de ser uma velha amiga, também assolava os pensamentos de Jensen. Ali, sentando no sofá de seu apartamento, com os olhos vidrados no nada, ele encontrou um escape para impedir a si mesmo de desmoronar. Não se mexia, não falava, e mal conseguia lembrar que ainda existia uma vida do lado de fora.

Jake, ao seu lado, resolveu apenas esperar que negação do irmão chegasse ao fim para fazer o seu papel. Não precisava tocá-lo, não precisa ouvi-lo, não precisava dizer o quanto sentia pelo ocorrido. Só precisava estar lá o tempo inteiro como prometeu diversas vezes.

Mais rápido que a percepção de Jake, Jensen levantou do sofá apenas para caminhar de um lado para o outro próximo a parede de vidro. Foi quando Jake percebeu que precisa agir.

— Jensen... — Ele correu para abraçar o irmão, no momento em que viu seus olhos encherem de lágrimas e a negação desmanchar-se diante de si.

— Não! — Jensen gritou, apertando o irmão com todas as suas forças.

O abraço, mesmo sendo exatamente o que precisava, dourou apenas dois segundos. Jensen empurrou o irmão sem mais nem menos, e completamente dominado pela fúria, começou a atirar na parede todos os objetos que viu ao seu redor. Não se importava com o valor, com os vizinhos, ou com o irmão, ao seu lado, tão assustado. Porque a única coisa que lhe importava de verdade nunca mais iria voltar.

“Você nunca mais vai me ver...” — Foram as palavras usadas por Nate para se despedir. Jensen nunca se perdoaria por não ter compreendido a tempo de impedir que tudo acontecesse. Para ele, a única justiça que o mundo poderia oferecer era a sua própria morte, não de Nathaniel Strauss, não a do pequeno Nate.



"Deveria ter sido eu" — Gritava dentro de sua cabeça.

Quando terminasse de rescindir o apartamento inteiro e nada além de si mesmo lhe restasse, o que o impediria de qualquer loucura cometer? 


Andy abriu a porta do novo quarto de Justin, bem mais humilde que a suíte presidencial onde costumava passar suas noites.

O garoto estava sentado em sua cama de lençóis beges, com os joelhos na altura do pescoço e os braços sobre eles; os olhos vermelhos de tanto chorar e as roupas amassadas, da maneira que uma enfermeira agressiva havia lhe entregado.

— Hey Bieber, você está péssimo. — Andy fez uma careta. — Cadê aquela cara de princesa da Disney que a gente tanto gosta?

— Vai se foder, caipira nojento.

— Já vi que ainda não tiraram as drogas do seu sistema, estressadinho. — Andy fechou a porta e andou em sua direção. — Como está se sentindo? Traído? Desprezado? Injustiçado? — Andy prendeu um riso que brotou após a pronuncia da ultima palavra.

— Não quero você aqui se não for me ajudar.

— Justin — Com a voz agradável, Andy sentou-se ao seu lado, fingindo estar com pena. — Não posso ajuda-lo enquanto for fiel ao Nate.

Justin permaneceu calado, mas seu olhar espantado falava o suficiente. Andy estava ajudando seu maior inimigo a destruir todos eles. E descobrir isso tarde demais era inaceitável.

— Seu verme maldito. — Foi apenas o que seu orgulho lhe permitiu cuspir.

— É por essas e outras que você está aqui, na reabilitação, como a celebridade de quinta que jurou nunca se transformar.

— Poupe-me desse discurso de penitência que provavelmente foi roubado do seu mestre. Um dia eu saio daqui e vou mandar você direto para o chiqueiro de onde nunca deveria ter saído.

— Então é melhor eu me certificar que você fique aqui para sempre, não é? — Andy deu um sorriso sarcástico enquanto Justin mantinha o mesmo olhar furioso de sempre. — Olhe para você. Se fosse homem o bastante, tenho certeza que bateria em mim. Estou certo?

— Cai fora daqui. — Justin olhou para o lado. O caipira que tanto desprezou não poderia ver em seus olhos que havia ganhado a guerra.

— Tem certeza que quer ficar sozinho com a enfermeira Aylana? Nate pagou uma grana preta para ela dopar você toda noite e não permitir que fuja.

— Eu não vou deixar...

— Ninguém pode impedir Nathaniel Strauss, você sabe disso. Só precisa aceitar.

— Não. — Justin fechou as duas mãos em um punho e abaixou a cabeça. Não poderia estar derrotado. Não poderia passar o resto da sua juventude numa clínica de reabilitação. E só de pensar na ideia, sentia vontade de cometer uma loucura.

— Apesar de tudo, estou com pena de você. — Andy levantou da cama e começou a circular pelo quarto. — Você é o mais fraco de todos eles, o mais chorão, o doidinho que toma remédio controlado. Não é justo ser tratado como Amber, que é saudável. — Pegou um vidro de perfume que estava em cima da penteadeira e olhou para Justin, sem saber o que estava fazendo ao certo. — Se você continuar aqui dentro, vai acabar enlouquecendo de verdade. Isso se as drogas de Aylana não destruírem seu organismo primeiro...

Justin prendeu o choro e olhou para a janela do outro lado. Nunca se arrependeu tanto do que acontecera há três anos como se arrependia naquele momento. Nunca deveria ter conhecido Nate. Nunca deveria ter se apaixonado pelo seu namorado. Nunca deveria tê-lo subestimado. O preço que estava pagando por seus erros lhe parecia muito maior que a recompensa que costumava conhecer.

— Justin, você se meteu com a pessoa errada. — Disse Andy, como se estivesse lendo sua mente. — Na verdade, com as pessoas erradas. Mas como eu disse, tenho pena de você, e acho que sei do que precisa.

— O que eu preciso? — Justin deu um ar de risos depressivo. — Só pode estar brincando...

— Você roubou o namorado de Nathaniel Strauss e ajudou a provocar o acidente que o deixou inválido por alguns meses, mas acho que você já pagou por isso perdendo seu grande amor e sabendo que vai passar um tempinho aqui na reabilitação. Então, acho que você merece a chance de se defender e empatar o jogo.

— Você quer que eu acredite que vai me ajudar? — Justin estava incrédulo. Suas palavras naturalmente saiam num tom de deboche.

— É você quem decide. Pode aproveitar a oportunidade para vingar-se e ser respeitado como acha que deve ser, ou pode simplesmente perdoar, ganhando assim o direito de sair daqui e viver sua vida sem que nenhum de nós interfira.

— Perdoar? Eu destruiria a mim mesmo sem pensar duas vezes se soubesse que Nate iria junto...

— Muito bem. — Andy tirou seu celular do bolso e em poucos segundos ele e Justin já estavam olhando para a pasta de vídeos. O segundo, no qual clicara, era uma sex tape feita por Nate e Quentin há alguns dias. — Você está vendo este vídeo? É com ele que Nathaniel Strauss vai cair, caso seja essa sua decisão. — Tirou o celular da vista de Justin e apertou alguns botões aleatórios.

— O que você está fazendo?

— Olha — Andy lhe virou novamente o celular, mostrando opções de envio na tela. — Se você apertar um botão, ele será enviado para toda minha lista de contatos e o mundo inteiro vai ver Nathaniel Strauss dando para Quentin Cavanaugh. É você quem decide.

Justin olhou nos olhos dele, queria saber se estava realmente falando a verdade. Andy parecia bastante seguro de tudo o que havia dito, mas não fazia sentido. Ele era cúmplice de Nate e tinha bons motivos para não se importar, mas estava lhe dando a chance de expor seu inimigo para provar o quanto poderia ser ético. Era uma oportunidade ou uma armadilha? Não importava para quem não tinha nada a perder.

— Vou destruí-lo. — Justin tomou o celular de suas mãos e sem hesitar, clicou em “enviar”. Antes mesmo de ler a confirmação no visor, já estava se sentindo mais leve.

— Muito bem. — Andy tomou de volta seu aparelho. — Você fez a sua escolha, Justin Priestly. Mas infelizmente foi a escolha errada.

— O que?

— Você não enviou o vídeo do Nate, você enviou o seu vídeo transando com Jensen McPhee diretamente para o seu pai. — Andy levantou da cama. — Nem quero saber qual vai ser o seu destino quando o Senhor Priestly souber. Mas enfim, você escolheu não perdoar. Acho que agora estou convencido de que você merece.

— O que? — Justin arregalou os olhos. — Não...

— Pode acreditar. — Andy caminhou até a porta. — Desculpe, Justin. A vingança não é uma vadia. Você é.

Com cautela, Jensen empurrou a porta de vidro que levava até os corredores monótonos do Instituto Médico Legal de Nova York. Ensopado por causa da chuva, deixava pegadas por onde passava, e chamava a atenção de todos os doutores que entravam em seu caminho. Seus olhos vazios e a expressão sem vida diziam claramente que ele estava no lugar certo.

Ao dobrar no primeiro corredor a direita, Jensen avistou Lydia e Judit sentadas em um banco marrom, com as mãos entrelaçadas e os olhares fixados na porta a sua frente. Mesmo que o corpo encontrado estivesse com os documentos de Nate e o nome Nathaniel Strauss ter sido registrado no hotel onde fora encontrado, ambas ainda tinham esperança que fosse apenas um engano.

Quando ouviram o barulho de sapatos molhados tocando no chão, viraram para ele. Era óbvio que estaria li por Nate. E era óbvio que Judit não apreciava sua presença.

— Ele está lá dentro? — Ele perguntou.

— Esperamos que não. — Lydia trocou um olhar cauteloso com o garoto, até que encontrou novamente a porta de ferro a sua frente.

Jensen assentiu. Não se atrevia a sentar no mesmo lugar onde elas estavam, então, apenas recostou-se na parede da sua esquerda, com a cabeça pra cima e os olhos fechados. Precisava de um descanso, uma longa pausa daquele filme alucinante que passava em sua cabeça. Mas só poderia quando tudo fosse esclarecido.

— Hey — Disse Jake, havia acabado de chegar. — Você não me esperou...

— Desculpe. — Jensen abriu os olhos. Agora fitava uma das lâmpadas do corredor.

— Podemos entrar?

— Eu acho que não.

— Ok. — Pensando estar incomodando as pessoas com seu falatório, Jake apenas assentiu e recostou-se na parede ao lado do irmão. Parecia que ficariam ali mais do que imaginava.

Ao soar dos passos de um homem a direita, todos ficaram atentos. Era um dos enfermeiros do local. E de acordo com seu crachá, chamava-se Tommy.

— Boa tarde. — Cumprimentou antes de passar pela porta de ferro.

Dentro da sala ele encontrou a Doutora Addison Sheevers. — uma linda mulher ruiva na faixa dos quarenta — sentada atrás de uma mesa de ferro, analisando vários papeis. Ela havia percebido sua entrada, mas estava ocupada demais para cumprimenta-lo.

— Eles ainda estão aí fora, doutora. — Tommy jogou a prancheta que tinha nas mãos ao lado da pilha de pastas a esquerda.

— Que bom.

Do outro lado da sala, deitado numa mesa de ferro, estava o cadáver coberto que havia comprometido um dia inteiro de trabalho. Sendo Nathaniel Strauss um bilionário, era óbvio que todos esperavam que o mundo parasse, mesmo que para Addison, pessoalmente, isso não significasse nada.

Tommy aproveitou a distração da doutora e caminhou até a mesa de ferro para ver o cadáver mais de perto.

— Então esse é o famoso Nathaniel Suicide Strauss? — Ele sorriu, talvez decepcionado. — Deus, ele é perfeito. Queria tê-lo conhecido enquanto estava vivo.

Addison paralisou a mão em cima do documento que analisava para lançar um olhar de reprovação ao enfermeiro. Seus lindos olhos verdes já não pareciam assim tão radiantes como Tommy lembrava.

— Sério, Tommy? — Ela o olhou por cima dos óculos de leitura. — Até um cadáver?

— Você sabe que eu estou brincando. — Tommy sorriu cortês. E logo em seguida, voltou o olhar para a mesa. — Mas ele era perfeito de verdade. Por que se matou, afinal?

— Eles dizem que dinheiro e beleza não trazem felicidade. — Alguns segundos depois, Addison voltou a analisar seus documentos. — Acho que estavam certos.

— Ah ta. — Debochou Tommy. Quando notou as cicatrizes em seu braço, esticou o indicador para senti-las. — Ele ainda estava vivo quando o encontraram?

— Estava. Mas morreu logo depois de ter sido atendido. Sinais vitais zero. Ah sim. Não toque no cadáver, por favor.

— Me desculpe. — Tommy se afastou. — Acho que precisamos informar a família quando vão poder entrar. Eles me olharam como se fossem me matar caso eu não desse uma notícia.

— Certo. — Addison fitou os papeis em cima da mesa. Estava decidindo se terminaria sua análise de uma vez ou esperaria para dar assistência a família da vítima. — Mande-os entrar, eu termino. — Ordenou, não tão certa do que havia dito.

— Ok. — Tommy retirou-se.

E não levou nem dez segundos para retornar. Addison mal teve tempo de levantar da cadeira e já estava encarando mais uma família apreensiva, como em todos os outros dias da sua vida.

Jensen tomou a frente de Judit e Lydia em direção a mesa de ferro. Achou que estaria tudo bem, mas Judit nunca aceitaria ver o responsável pela morte do seu filho chorando ao seu lado.

— Tommy, chame os seguranças. — Disse ela, espantando todos ao redor. — Não quero Jensen McPhee dentro desta sala.

— O que? — Exclamou Jake. — Você está brincando, não é?

— Não, Jacob. — Judit fitou Jensen com desprezo. — Você não vai ver meu filho, você não vai tocar no meu filho, não quero você perto da nossa família. Foi você quem nos arruinou.

— Você não pode... — Jake tentou contestar, mas pela intervenção do próprio irmão, parou de falar.

— Jake, pare. — Jensen virou para Judit, suplicando com os olhos como nunca imaginou que poderia. — Por favor, Senhora Strauss, eu preciso vê-lo...

— O que você precisa é sair desta sala e deixar nossa família em paz.

— Judit, pare. — Lydia segurou em seu braço direito. Judit precisava cair em si e evitar o escândalo enquanto podia.

— Não! — Judit gritou. — Eu não o quero aqui! Ele não vai ficar perto do meu filho!

— Por favor, eu... — Antes que pudesse terminar o que iria dizer, Jensen levou uma bofetada do lado esquerdo do rosto.

Jake, ao seu lado, esperava que essa fosse a sua deixa para não criar uma grande confusão. Ele respeitava os direitos e a dor de Judit como mãe, mas não ficaria parado vendo o irmão levar a culpa pela morte do amor da sua vida.

— Jensen, por favor. — Lydia implorou com os olhos.

De cabeça baixa Jensen retirou-se, seguido pelo irmão logo depois. Sua dor lhe permitiu caminhar apenas até a metade do corredor, e então, socou a parede do lado esquerdo com todas as suas forças. Suas mãos imediatamente começaram a sangrar, e de seus olhos, caíram as lágrimas mais sinceras que já havia derramado. Não haveria mais despedida e não veria Nate pela ultima vez. As dores físicas eram o mais insignificante de seus problemas.

Assim que Tommy fechou a porta, Judit e Lydia caminharam até a mesa de ferro onde estava o corpo de Nate completamente sem vida. Mesmo com o rosto coberto, Judit não conseguiu encarar seu filho sem ter um acesso de choro. Lydia, sem querer, tornou-se a única coisa que a impedia de desabar.

— Está tudo bem. — Repetiu ela duas vezes para acalmar a sobrinha. — Pegue um copo de água com açúcar para ela, por favor. — Pediu gentilmente. E Tommy sem hesitar lhe obedeceu.

— Eu não posso olhar. — Judit virou o rosto para o outro lado. — Me diz que não é ele...

— Você precisa se recompor, sua família precisa de você agora.

— Vocês gostariam de ficar a sós? — Perguntou Addison, dando um passo para trás.

— Não, tudo bem. — Garantiu Lydia. — Ela vai melhorar.

Judit limpou as lágrimas e tentou engolir o choro. Não deixaria que suas emoções lhe impedissem de ver o filho pela ultima vez. Precisava de lhe dar um beijo de boa noite, pedir desculpas por tudo o que causou e lhe desejar paz. Porque seu filho merecia, porque todos mereciam.

Com a ajuda de Lydia, ela voltou a encarar a mesa.

— Eu sinto muito. — Sussurrou — Eu sinto tanto...

Addison, escondida próximo às sombras, precisou encarar a parede para impedir que a emoção lhe tomasse conta. Não tinha pais, filhos ou tios. Mas se algo acontecesse com sua irmã Sasha, a única pessoa que amou de verdade, sua vida estaria acabada. Era o suficiente para entender tudo o que aquela família estava passando.

— Eu posso...? — Judit olhou para ela, com as mãos próximas ao lençol eu cobria o rosto do filho.

— Vá em frente. — Addison anuiu.

Judit precisou de alguns instantes para se preparar. Suspirou fundo, assentiu com a cabeça e se certificou de que sua mente estivesse preparada para o que estava por vir. Lydia e Addison estavam ali para apoiá-la, não precisava temer. Só precisava se despedir e enfrentar tudo de cabeça erguida. Se conhecesse Nate como achava que conhecia, estava certa de que era isso que ele iria desejar.

— Filho... — Judit puxou o lençol. E em poucos segundos viu o coração encher-se de dúvidas.

— Algo errado? — Addison deu dois passos a frente.

— Não é meu filho...

— Como é? — Addison correu para olhar o cadáver que havia em cima da mesa de ferro. Não havia nada errado, aquele era o cadáver que havia chegado de manhã e fora identificado como Nathaniel Strauss. — Isso é impossível, senhora.

— Não é meu filho. — Judit olhou para Lydia. Ela também estava surpresa com o que via. — Lydia, não é meu filho!

— Senhora, por favor, se acalme. Eu preciso verificar se houve algum erro. — Addison correu até a pilha de papeis na pequena mesa aonde estava.

Enquanto Judit repetia para si mesma desesperadamente que aquele não era seu filho, Lydia aproximou-se da mesa para enxergar os mínimos detalhes. O cadáver parecia com seu neto, mas não o suficiente.

— Se este não é Nate, então aonde ele está? — Perguntou ela, sem saber exatamente para quem.

Poucos segundos após terminar seu raciocínio, ouviu-se um estrondo no corredor. Judit, Lydia e Addison correram imediatamente para o outro lado, a tempo de ver Nate saindo de dentro de uma das salas com a janela quebrada e correndo na direção da porta de vidro do lado esquerdo. Ele olhou para os dois lados procurando qualquer coisa, até que avistou Jensen e Jake parados em frente a porta, conversando sobre tudo o que havia acontecido.

— Jensen! — Ele gritou, fazendo o garoto virar.

E por um segundo, Jensen achou que havia enlouquecido. Nate estava diante dele, usando roupas de hospitais, com os olhos cheios de lágrimas e chamando por seu nome. Não poderia ser real, ele não poderia estar ali. Ou era o milagre que ele nunca acreditou ser possível? Com certeza era o que menos importava.

Nate tentou correr para alcança-lo, mas no meio do caminho, perdeu as forças e caiu no chão completamente inconsciente. Nem mesmo ele sabia o que estava acontecendo.


— Você fez o que? — Gritou Quentin, chamando a atenção da maioria das pessoas que estavam no bar.

— Você quer falar baixo? — Andy sorriu para os estranhos da mesa ao lado, só para que parassem de encarar. — Ninguém pode saber disso. Aliás, por que não me agradece? Seu amado está vivo por minha causa.

— Agradecer você? Nate quase morreu, e eu nem sei o que você fez!

— Você não assiste Nikita? Meu Deus, está mesmo desatualizado.

— Andy, o que você fez? — Quentin fechou uma das mãos em um punho. Paciência, quando se tratava de Nate, não era uma coisa com que poderia lidar.

— Existe uma toxina capaz de imitar a morte. Ela deixa os sinais vitais tão baixos a ponto de ninguém perceber. Foi bem fácil coloca-la na bebida do Nate, se é isso que você está se perguntando. — Andy sorriu enquanto tomava um gole da sua bebida.

— Então ele não sabia?

— Claro que não, ele queria morrer, dã. E antes que você pergunte, eu comprei os paramédicos e o legista para não realizarem uma autópsia. Queria ser uma mosca para ver a reação da família Strauss quando descobrir que sua ovelha negra está viva. — Andy sorriu, vangloriando-se do seu próprio feito.

— Você é doente. — Quentin lançou um olhar enojado.

— E Nathaniel Strauss é imortal. É apenas isso que todas vocês, vadias, deveriam saber. 


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2x08: Left to Cry There (2 de Agosto)
Tudo o que eu tenho a dizer é:



Bônus: Mais um personagem para o nosso Dreamcast de The Double Me. Dessa vez apresento-lhes Gwennett Strauss, a maior vilã do universo do livro. E também a mais gostosa, diga-se de passagem. Esse final de temporada vai focar bastante nela e no que Nate fará, então, esperem uma guerra entre esta belezura e o nosso imortal :p
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3 Comentário(s)

3 comentários:

  1. Ai meus deuses ainda bem que o meu Nate tá vivo <3 Eu a partir de agora AMO o Andy, com todas as minhas forças!

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  2. Uma saída de mestre. Tantas reviravoltas e a profundidade dramática dos personagens já fazem nesse ponto de mais de metade da temporada pela frente, a season 2 superior a primeira em minha opinião. A primeira foi fantástica, mas o que foi feito em termos de roteiro aqui foi estupendo.

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  3. Uma saída de mestre. Tantas reviravoltas e a profundidade dramática dos personagens já fazem nesse ponto de mais de metade da temporada pela frente, a season 2 superior a primeira em minha opinião. A primeira foi fantástica, mas o que foi feito em termos de roteiro aqui foi estupendo.

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