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[Livro] The Double Me - 1x02: You Can Join the Family Now [+18]

“A ira e a compreensão sempre fizeram parte da mesma família.”


Nate abriu a porta da enorme mansão dos Strauss completamente dominado pela fúria. Seu raciocínio continua intacto, mas ele não conseguia controlar essa enorme vontade de destruir tudo que encontrasse pela frente.

A primeira vítima foi o vaso caríssimo de sua mãe recentemente colocado na mesinha do hall ao lado da escada. Nate o arremessou na parede e logo depois correu para o próximo compartimento que receberia a decoração de sua fúria.

Simon vinha logo atrás junto de Alex e Gwen, mas não rápido o suficiente para impedir Nate de perder a cabeça. E por causa das mentiras que Gwen lhe dissera a respeito do seu irmão no caminho pra casa, Alex achava que Nate sempre tinha agido dessa maneira, e que ele era uma das piores pessoas que poderia conhecer. Ela até lhe fez acreditar que Nate tinha uma arma escondida embaixo da cama, cuja existência fora ocultada graças a irmã exemplar que ele tinha.

Ao passar pelo Hall, Nate chegou até a cozinha, assustando os empregados que ali trabalhavam em paz. Ele olhou pra enorme mesa e jogou no chão tudo o que tinha em cima dela. O barulho dos pratos, panelas e copos indo de encontro ao piso de madeira ecoou pela mansão, como se o teto estivesse desabando em cima de suas cabeças. Mas de uma forma ou de outra, era exatamente isso que estava acontecendo.

— Ta com medo? — Gritava ele. — É?

Os gritos dos empregados eram estrondosos, eles estavam com medo, e não podiam fazer nada ou então seriam exonerados. Eles correram pela entrada e passaram por Simon, que estava entrando na cozinha. E mais uma vez ele havia chegado tarde demais. Nate já tinha corrido na direção da sala de estar, onde continuou seu rastro de destruição. Primeiro com a mesa de vidro no centro, onde estavam os cinzeiros e o controle remoto da televisão. E depois com a TV de plasma, que partiu-se em vários pedaços ao ser jogada de encontro com o chão.

Ele só parou quando o senhor Strauss conseguiu agarrá-lo.

— Nate, para! — Gritava seu pai, assustado, tentando segurar seu enorme filho que debatia-se em seus braços.

Alex e Gwen chegaram até a sala, os dois estavam horrorizados. Gwen nem imaginava que Nate fosse capaz de uma coisa daquelas, ela estava achando que ele era completamente louco. Os pensamentos de Alex eram parecidos com os de Gwen, mas ele se sentia mal, como se fosse o culpado por tudo aquilo. Talvez se não tivesse aparecido naquela festa, seu irmão não estaria tão alterado.

Nate se debateu tanto que o senhor Strauss acabou caindo no chão. Ele limpou as lágrimas que escorriam de seu rosto e fitou Alex e Gwen, enquanto eles lançavam-lhe um olhar de espanto. O que mais doía não era saber naquele momento que tinha um irmão gêmeo, mas sim ver alguém idêntico a si mesmo que não precisou passar por tudo o que ele passou. Era injusto que apenas um dos irmãos tenha sido o gordinho rejeitado por todo mundo.

— Alex, não é? — Nate parou de chorar, estava apenas fungando. — Você pode ser idêntico a mim e ter o sangue de um Strauss, mas você nunca vai ser meu irmão. Aconselho que você vá embora.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou a senhora Strauss, assim que chegou a sala e jogou suas pequenas malas cor de violeta no chão.

Todos olharam pra ela, intrigados, enquanto seu olhar pairava em Nate e Alex. Eles eram tão parecidos que só podia significar uma coisa: Seus dois filhos estavam juntos.

— Ai meu Deus. — Ela olhou para Alex, sabia identificá-lo com precisão. — É você...


Da janela do segundo andar da mansão, Alex observava Nate no jardim enquanto colocava suas malas dentro do carro. E mesmo que seu olhar transparecesse claramente o arrependido por ter criado aquela situação desagradável, Nate parecia furioso. Ele apenas deu um sinal para o motorista partir e fechou a janela do carro, deixando claro que uma aproximação entre eles dois estava bem longe de acontecer.

Alex deu um grande suspiro e clareou sua mente. Se ele soubesse que seria assim, nunca teria ido até a mansão dos Strauss conhecer seus pais. E ele realmente tinha ficado feliz por ter dois irmãos, só era pena ver um deles preferindo dormir num hotel a ficar dentro da mesma residência que ele.

— Eu me chamo Judit. — Disse a senhora Strauss, estava sentada em cima dos lençóis dourados de sua cama.

Alex só olhou para ela quando Nate desapareceu de sua vista. Os olhos dela estavam cheios de lágrimas, era a emoção que estava sentindo por finalmente conhecer seu filho. Mas Alex ainda tinha muitas duvidas antes que pudesse aceitar-se como filho de Judit Strauss. Se pudesse vencer o medo já teria perguntado, mas, de qualquer forma, Judit parecia ser uma mulher incrível. Não só pelas joias e pelas roupas que usava, ou pelo cabelo negro amarrado num coque impecável. Mas por causa de seus olhos azuis cheios de sinceridade. E tão azuis que pareciam brilhar. 

— Vocês não queriam dois filhos? — Perguntou ele. Aquela era a pergunta que poderia acabar com tudo.

— Não pense isso, por favor. — Uma lágrima escorreu dos olhos de Judit. — Eu nunca abriria mão de meus filhos. Nenhum deles...

— Então o que aconteceu?

— Alex, eu... — Ela olhou para suas coxas, estava envergonhada, e com a saia encharcada de lágrimas. Olhou também para suas unhas pintadas de preto. Era apenas um escape para não encarar os olhos azuis cheios de inocência do filho. — Eu não sou uma boa mãe. Você não vai gostar da minha explicação...

— Tudo bem. — Alex andou até ela. Ele se ajoelhou no chão e pegou em suas mãos, sentiu quando as lágrimas dela caíram sobre sua pele. — Eu posso esperar por uma resposta. E seja ela qual for, eu nunca poderia ficar com raiva da mulher que está chorando na minha frente só porque teve a chance de me ver de novo...

— O que? — Ela olhou para ele, seus olhos estavam vermelhos de tanto prender o choro. — Mas por quê?

— Porque você é minha primeira mãe.

Judit sorriu, tinha achado aquilo engraçado e ao mesmo tempo maravilhoso. Então, isso significava que ele teve uma família e não passou por dificuldades? Ela não poderia ficar mais contente.

— Teve uma segunda mãe?

— Sim, e ela é minha vida.

— Lembre-me de agradecê-la por ter feito de você uma pessoa tão boa.

Do outro lado da porta estava Gwen, xingando o nada por não estar mais conseguindo ouvir o que Alex e sua mãe diziam. Amber estava bem ao seu lado com seu celular vendo as notícias sobre o escândalo que os Strauss fizeram na festa beneficente. Entre algumas fotos que mostravam Nate e Gwen tendo uma discussão, havia uma onde ele e Alex apareciam juntos.

Amber ficou de queixo caído com a semelhança entre os dois, e a ironia do destino em fazer deles os irmãos mais bonitos da América.

— Uau. — Sussurrou ela. — Agora eu acredito em você. E me arrependo amargamente de ter saído pra tomar um ar.

— Shh! Estou tentando ouvir a conversa! Deus, esse Alex é o rei do drama e da pobreza, acho até que ele era catador de lixo.

— Bom. — Amber sorriu. — Nunca pensei que um dia iria querer ser um lixo, mas neste caso... Eu até adoraria. — Amber deu zoom na foto dele, estava comendo-o pelos olhos.

Enquanto isso, lá dentro, Alex e Judit pareciam estar bem mais próximos e à vontade. Depois de conversar por alguns minutos, ela se levantou da cama e pegou em seu closet os álbuns de fotografia, queria mostrar a Alex como tinha sido a vida de sua verdadeira família. Ele ficou animado com a ideia, só não sabia como controlar a inveja. Não que a sua vida tenha sido ruim ao lado de sua mãe adotiva, mas seria tudo diferente se ele tivesse sido criado pelas pessoas que o geraram.

Judit deixou os álbuns em cima da cama e pegou o primeiro, era de dois mil e três. Alex olhou pra capa com um sorriso, havia uma foto de Judit, Nate e Simon Strauss abraçados, pareciam ser uma família feliz.

— Esse é o Nate, ele tinha nove anos. Era uma fofura. — Judit passou o dedo no rosto do filho na foto, aquelas eram boas lembranças.

— Eu também era assim, só que um pouquinho magrelo.

Judit riu, mas sentiu uma pontada de tristeza por não ter tido a oportunidade de passar estes momentos com Alex.

Quando abriu o álbum, a primeira foto que apareceu foi de Nate brincando no parque que fizeram só pra ele no jardim. Ele não estava com os dentes da frente, mas sorria pra câmera com felicidade. Gwen estava no fundo da foto, rodeada por bonecas, parecia estar brincando de chazinho em cima da mesinha rosa.

Judit virou a página e apareceu fotos do aniversário de nove anos de Gwen, ela estava vestida de branca de neve. Com certeza era a coisa mais linda do mundo.

— Esse foi o aniversário da Gwen. — Judit apontou para uma das fotos. — Acredita que ela queria se vestir de Ariel? Mas Ariel era uma sereia, como ela andaria pela festa com uma calda enorme?

Alex sorriu. Apesar de conhecê-los apenas agora, parecia que os Strauss tinham sido uma família muito feliz.

Judit passou para a próxima folha, aquela era dedicada apenas a fotos de Nate e Jensen. Eles eram amigos desde sempre, e aquele foi o dia em que o pai de Jensen ligou para a casa de todos os amigos pra saber onde seu filho de dez anos estava.

Alex logo reconheceu Jensen e preparou-se para fazer perguntas.

— Quem é esse? — Ele apontou para Jensen na foto.

— O melhor amigo de Nate. Eles eram amigos de infância. — Judit engoliu em seco, sabia o que significava eles dois estarem juntos.

Alex pensou. Então Jensen o confundiu com Nate na rodoviária, e isso explicava todo o mal entendido. Mas eles não pareceram amigos de infância como Judit acabara de dizer. Parecia que Jensen havia feito alguma coisa e que Nate estaria com raiva, mas o que poderia ser?

— Eles brigaram? — Perguntou, constrangendo Judit.

— Não. Nate teve que morar com a tia em Paris e eles apenas se distanciaram...

Alex olhou em seus olhos enquanto ela falava, sabia que estava mentindo, ela parecia desconfortável demais. Tão desconfortável que virou a página e entrou em um assunto completamente diferente. Ela começou a falar do aniversário de Simon e em como Nate e Gwen esconderam os presentes dele pela mansão e fizeram um mapa pra ele encontrar. 

Alex decidiu deixar pra lá, afinal, a situação de Nate e Jensen poderia ser mais uma coisa que precisava de tempo para falar.


Quentin olhou em seu relógio novamente, já havia passado da hora combinada com Nate. Ele olhou pra TV, estava passando um programa de auditório tão tedioso que sentiu-se obrigado a mudar de canal.

Ele tentava se distrair, mas a preocupação com Nate não deixava. Nem fazia ideia do que tinha na cabeça para ter saído de Paris ao seu lado para ajudá-lo numa vingança de colegial. Ele sabia muito bem o que tinham feito a ele e sabia que deveria seguir seu coração, mas entrar numa briga contra os poderosos de Hamptons estava começando a parecer uma péssima ideia.

Quando ele finalmente conseguiu encontrar uma distração, Nate abriu a porta do quarto. Ele se levantou e foi até o garoto, sabia que algo ruim tinha acontecido por causa de seus olhos vermelhos de tanto chorar.

— Nate? Meu Deus, o que aconteceu?

— Aconteceu que eu tenho a porra de um irmão gêmeo! — Nate jogou seu casaco no chão e andou até a cama.

— O que? — Quentin estava chocado. Isso realmente era possível?

— É isso aí. E sabe o que é pior? — Nate sentou na cama e arremessou os sapatos pra longe. — Ele é exatamente como eu. Cabelo, corpo, rosto, pernas, braços, tudo!

— Nossa. — Quentin ficou na defensiva, não tinha coragem de mandá-lo se acalmar.

— Deus! — Nate jogou-se na cama de braços abertos. Até mesmo olhar para o teto lhe faria bem depois da grande descoberta. — Eu preciso beber. Isso foi completamente inesperado. E inacreditável...

— Eu sei. Um irmão, e ainda gêmeo. Nossa...

— Não é isso, é que. — Nate suspirou. Não queria mais ficar deitado, então, sentou-se novamente. Tudo fazia parte de sua rotina nervosa que o impedia de ficar parado no mesmo lugar sempre que algo lhe incomodava. Era uma coisa que Quentin estava tentando evitar respondendo com poucas palavras, mas não estava obtendo sucesso. — Não gosto de saber que existe alguém por aí idêntico a mim que não teve que passar pelo que eu passei. Acho que eu to com inveja. Ele deve ter sido sempre assim, deve ter conseguido a garota que sempre quis. E aliás, por que eu tive que ser o gêmeo gordo? Do jeito que ele é tapado teria aceitado isso melhor que eu.

— Talvez você precise... — Quentin se aproximou, já com seu olhar provocante. Ele subiu na cama de joelhos e ficou atrás de Nate para que pudesse massagear seus ombros.

— É tão injusto. Eu preferia não ter tido família a ter passado tudo o que passei. 

— Relaxa. — Quentin subiu até seu pescoço e começou a beijá-lo.

— Não Q, hoje não. — Nate levantou-se da cama, empurrando Quentin pro lado.

Ele andou até o espelho ao lado da TV e fitou-se por alguns instantes. Nem se importava com o garoto rejeitado em cima da cama que de olhos fechados faria de tudo por ele.

— Qual o meu problema? — Nate fitou seus lindos olhos verdes em busca de uma reposta, mas só o que encontrou foi negação, desespero, dor e uma enorme ausência de amor que um dia já lhe fez desmoronar. Se a resposta não estava em seus olhos, talvez Quentin pudesse lhe dizer. 

— Não tem nada de errado com você, Nate...

— Eu sei. Meu corpo, minha pele, meu cabelo, é tudo tão... Perfeito. Então por que eu ainda não consigo me sentir assim?

— Porque pessoas perfeitas não se acham perfeitas, simples assim. — Quentin sentou na cama, de um ângulo que lhe dava uma visão perfeita de Nate através do espelho.

— Vai sempre faltar alguma coisa, eu sei. — Nate olhou pra ele pelo espelho, notando sua fisionomia.

Apenas quando estava triste e sentindo-se um mal consigo mesmo que ele conseguia notar Quentin, o garoto bonito e educado que estava sempre ao seu lado. Ele tinha cabelos pretos e espetados, uma linda barba mal feita e os olhos castanhos mais bonitos que Nate já vira. Além disso, ele não era como os outros garotos dos Hamptons. Ele parecia ter uma vida brilhante pela frente seguindo os passos do avô. Nate até havia sonhado com o nome Quentin Cavanaugh pregado num jaleco branco. Queria vê-lo se tornar o cirurgião mais bem sucedido da Europa. 

O único problema de Quentin que poderia arruinar tudo a seu respeito era o que sentia. Ele achava que Nate não sabia sobre seus sentimentos, mas Nate sabia, e infelizmente usava aquilo a seu favor para conseguir o que queria. A ideia de usar alguém leal e de caráter era perturbadora até mesmo pro garoto perfeito que teve seus sentimentos carbonizados, mas se quisesse fazer justiça, precisava mantê-lo do seu lado até o fim.

— Me desculpa. — Pediu Nate, virando-se para encará-lo. — Não posso deixar meus problemas familiares afetarem você...

— Como assim?

Nate não disse nada, apenas sorriu com malícia. Sabia exatamente o que fazer para vencer a tristeza de Quentin, e sabia que uma vez feliz, Quentin faria tudo o que pedisse. Incluindo, é claro, não se importar com a frieza dele.

Nate tirou sua camisa polo branca em movimentos rápidos sem tirar os olhos de Quentin. Ele viu quando o garoto começou a ficar sem ar, e a maneira como seus olhos subiam e desciam perante ao abdome do garoto perfeito. Para Nate, ver Quentin naquela situação era como estar na Disneylândia.

— Nossa. — Sussurrou Quentin.

E Nate não perdeu tempo, caminhou até a cama e montou em cima dele, ainda lançando um olhar sedutor e penetrante. Logo em seguida, agarrou os cabelos de sua nuca e lhe deu um beijo molhado, da mesma maneira que fizera no dia que se conheceram naquele cassino.

O volume de Quentin apareceu em sua bermuda imediatamente, mas o calor do momento não lhe permitiu perceber que Nate não se sentia da mesma maneira. Ele não sabia porque, mas fazer aquilo com Quentin não lhe dava tanto prazer. Por diversas vezes entre os beijos ele abria os olhos e se perguntava o que estava fazendo ali. Não era possível ainda sentir alguma coisa por Jensen, ou era?


— É claro, sim, ele conseguiu chegar, é o garoto mais bondoso que já conheci. — Disse Judit ao telefone, estava falando com a mãe adotiva de Alex.

Ela não sabia, mas Alex espiava tudo pela porta da cozinha, com um sorriso nos lábios por ter se dado tão bem com sua mãe biológica. Felizmente eles o aceitaram e ele passaria um mês ali perto da pessoa que lhe deu a luz. Era tempo suficiente para conhecer melhor todo mundo, apesar da saudade que iria sentir da família que o criou.

— É feio espionar os outros. — Disparou Gwen. Ela estava encostada no armário da cozinha balançando o suco de laranja em seu copo.

Alex ficou imediatamente envergonhado. Nem tanto por ter sido pego no flagra espionando a conversa de sua mãe, mas pela maneira como Gwen estava vestida.

A garota usava um pijama rosa claro completamente liso com um short do mesmo modelo que só ia até a metade da coxa. A blusa tinha alças finas e cobria completamente seus seios, mas era pequena, e deixava uma parte de sua barriga a mostra. Para Alex, Gwen já era a garota mais bonita dos Hamptons.

— Não estou espionando. — Ele disse, engolindo em seco. Esperava que Gwen não tomasse aquilo como uma falta de educação.

— Eu to brincando. — Ela sorriu. — Deus, você é sempre assim?

— Assim como?

— A pessoa mais tímida do mundo? Sério, isso não funciona por aqui. — Gwen deu alguns passos até chegar na mesa da cozinha. — Você precisa se impor ou então os tubarões te devoram.

— Acho que posso fazer isso.

Gwen não disse mais nada, apenas ficou olhando para ele de maneira simpática, sem saber que aquilo lhe deixaria desconfortável. 

— O que foi? — Perguntou ele, pensando que havia algo de errado.

— Nada, é só... Você é idêntico a ele. Ou pelo menos ao que ele é agora. — Gwen puxou uma das cadeiras marrons para ela. — Senta aí, vamos conversar.

— Ok. — Alex sentou de frente para ela, ainda incomodado com aquele olhar. Era como se fosse um experimento cientifico que deu certo e de repente ficou famoso. Tanto que apenas observando a rua pela janela ele encontraria vizinhos curiosos querendo entender a situação, todos com o mesmo olhar que Gwen estava lançando. — E o que você quer dizer com “o que ele é agora”?

— Há alguns anos ele não era tão magro ou sociável como é agora. As pessoas eram más, sabe? Diziam que ele era a vergonha dos Strauss. — Gwen mordeu o lábio inferior, sempre fazia isso quando começava a jogar seu veneno.

— Isso é horrível...

— É, nem me fale. — Gwen fingiu estar triste. — Por isso ele sempre foi revoltado. Eu disse pra mamãe não se culpar por ele ser gay, afinal, é culpa do destino. Eu acho... — Ela tomou um gole de seu suco, estava adorando colocar Alex contra seu irmão.

— Ele é gay? — Alex parecia surpreso. Nem em mil anos iria imaginar que o garoto másculo e revoltado que conhecera na festa era gay. Mas isso não importava. Alex era totalmente contra o preconceito, tendo inclusive discutido várias vezes com sua mãe adotiva a respeito de homofobia.

— É, ele namorava um garoto. Daí ele humilhou esse garoto e cortamos nossos laços de amizade. Ele foi pra Paris, quase destruiu a vida da nossa tia avó e agora está de volta.

— Nossa. — Alex deu um ar de risos depressivo. — Que história...

— Nem me fale. Nós ficamos em choque quando descobrimos, mas sempre apoiamos. Foi ele quem nunca nos deu valor. — Gwen deu de ombros e virou o beiço. Ela sempre foi ótima na arte da atuação, mas agora estava se superando.

— Ele parece meio... Triste, eu acho. Parece que guarda algo dentro dele que precisa extravasar...

— Você acha? — Gwen tomou mais um gole, o suco já estava acabando.

— Eu tenho uma irmã, Tina, a gente não se dá muito bem. Nossa mãe sempre se preocupou em fazer eu não me sentir excluído por causa da adoção e acabou deixando ela de lado. Acho que é por isso que ela me odeia.

— Você não tem culpa de ser melhor que ela.

— O que? — Alex parecia ofendido. — Isso foi. Ridículo. Nenhum filho pode ser melhor que o outro, pensei que você soubesse disso.

Gwen tentou voltar atrás no que disse, mas Alex não lhe deixou falar. Ele saiu da cozinha e foi direto pra sala, onde tentaria esquecer a conversa estranha que teve com a irmã. 

Gwen suspirou de raiva e xingou a si mesma mentalmente. Como ela pôde dizer aquilo ao garoto que está tentando manipular? Agora seu irmão vai pensar que ela é uma garota mimada e superficial, e nunca vai conseguir colocá-lo contra Nate.

Antes que Alex pudesse chegar até a sala, ele ouviu um baque na porta. Os empregados estavam ocupados preparando o jantar e Judit parecia tão distraída ao telefone que ele achou que não tinha o direito de interromper, então, caminhou até a porta e abriu ele mesmo.

Do lado de fora ele encontrou Lydia Strauss, uma mulher de idade com os cabelos grisalhos e uma roupa roxa, que carregava um guarda-chuva nas mãos para onde quer que fosse. Eles ainda não tinham se conhecido, mas ela estava furiosa.

— Seu pestinha! — Sem que ele esperasse, ela acertou o guarda-chuva na sua cabeça.

Alex tentou se proteger dos outros ataques, mas ela era rápida, e obviamente louca por estar batendo em alguém que ela nem conhecia. A não ser que fosse mais uma daquelas situações em que ele estava sendo confundido com Nate. Afinal, esse é o preço que tinha que pagar por ser idêntico ao filho de um famoso bilionário. 

— Como é que você teve coragem de fugir de mim? — Dessa vez, ela acertou o guarda-chuva na costela de Alex. — Eu fiquei preocupada com você, ingrato. 

Judit ouviu os gritos e imediatamente largou o telefone. Quando chegou ao Hall, viu Lydia acertando o guardava chuva em Alex mais uma vez, enquanto o garota usava os braços para proteger o próprio corpo.

— Tia Lydia! — Judit correu até ela e lhe arrancou o guarda chuva. — O que a senhora está fazendo?

— O que eu deveria ter feito desde que este meliante colocou os pés nas impecáveis calçadas de Paris!

— Não, tia Lydia, ele não é o Nate.

— O que? — Lydia lhe lançou um olhar assustado. — Estou sem óculos de novo?

— Não, não está. Sinto muito você descobrir desse jeito, mas ele não é o Nate. Ele é Alex, meu filho.

Lydia lançou um olhar perplexo para Alex no mesmo instante enquanto Judit permanecia cautelosa. Quando ela se aproximou para ver de perto seus olhos, o garoto recuou, temendo que fosse machucá-lo novamente.

Não, o garoto parado a sua frente não era Nathaniel Strauss, disso ela tinha certeza. Só precisou olhar diretamente para seus lindos olhos azuis, que eram a única coisa que o diferenciava do irmão. E então, começou a entender sua individualidade. As roupas baratas, o cabelo bagunçado, o olhar inocente. Era como se ele fosse idêntico a seu irmão, mas ao mesmo tempo, tão estranhamente diferente.

— Meu Deus, Judit. Você o encontrou?

— Ele me encontrou sozinho. — Judit olhou para ele, como uma verdadeira mãe orgulhosa.

— Mas ele é idêntico ao Nate de verdade. — Lydia observou Alex dos pés a cabeça, de boca aberta. — Você também é desobediente e sem coração igual seu irmão?

— Não senhora.

— Então está tudo bem. — Lydia sorriu para Judit, aquela sim era uma notícia maravilhosa.

— Oi tia Lydia. — Disse Gwen, da porta que ligava a sala ao Hall.

— Como você ousa andar com este tipo de roupa por uma casa descente, garota? — Lydia andou até ela, mas Judit impediu que chegasse perto.

— Ok, tia Lydia. — Judit manteve seu tom de voz uniforme. — Por que nós não vamos até a sala enquanto Gwen troca de roupa? — Ela olhou para a filha.

Gwen, como uma verdadeira garota rebelde, sussurrou “Nem fodendo” pra mãe, fazendo questão de dar ênfase em suas palavras. Ela subiu as escadas batendo o pé enquanto Judit guiava Lydia até a sala. Mas antes de chegar ao segundo andar, sorriu com desdém para Alex. Foi quando ele soube que havia algo de errado com sua irmã, e que enquanto não soubesse o que era, deveria ficar longe.

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Boys Just Wanna Have Fun (07 de  Setembro)
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7 Comentário(s)

7 comentários:

  1. Gostei do capitulo,e estou bem curioso pra saber porque o Alex não foi criado com a familia, no capitulo passado eu tinha gostado do Nate,mas nesse ele estava intragável, sei que ele sofreu bullying e tals e foi bem terrível,mas bancar a patricinha chiliquenta não é o caminho (o caminho é esmagar os vermes que o fizeram sofrer e acima de tudo manter a classe) enfim apenas no aguardo para o terceiro capitulo, parabéns essa história promete.

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  2. Eu ri com o comentários acima. Bem legal o capitulo. A mãe parece prestar mas sei lá né. Vai que também não presta.

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  3. Pelo menos o Alex é hétero.

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    1. Será? Irmãos gêmeos costumam ter a mesma sexualidade

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  4. Esse capítulo foi curto e não valeu a espera, devo dizer. Mas gostei da Tia Judit. Aprecio a ousadia do autor para trazer o tema homossexualidade até nós, sinceramente, sobre isso sou arcaico. Sei que o corpo humano não foi preparado para isso - o sexo anal vai contra todos os princípios lógicos, pois não concede prazer ao homem, ou a mulher e além disso, traz problemas sérios. Mas gosto de acompanhar esses tipos de tramas. Aguardando!

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    1. Vejo que temos uma autoridade em sexo anal, muito entendido voce héim moço, ta sabendo legal.

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  5. adoorei a tia lydia,e adoorei o capitulo,parece realmente q estou lendo uma serie de tv

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