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[Crítica] Acorrentados


Direção: Jennifer Chambers Lynch
Ano: 2012
País: EUA
Duração: 94 minutos
Título Original: Chained

» Será distribuído pela Europa Filmes, direto em DVD, com o título Acorrentados. A tradução segue literal, apesar do título estar no plural, o que é estranho considerando que apenas um personagem fica acorrentado ao longo do filme.

Crítica:

Atualmente, enredos focando em seriais killers estão ganhando notoriedade do público e, cada vez mais, produções começam a surgir - nos cinemas e na TV. Não estou dizendo que assassinos em série não atraiam público antigamente, porém, é impressionante a quantidade de produções que tem surgido nos últimos tempos (Destaque para a ressurreição de Lecter, na série da NBC, Hannibal). A grande maioria dessas produções trabalha de uma forma semelhante, ousando, mas sempre focando em pontos semelhantes. Por isso fiquei tão - positivamente - surpreendido por esse filme.

A história gira em torno de Sara e seu filho de oito anos, Tim, que pegam um táxi dirigido por Bob, um motorista perturbado que está em busca da sua próxima vítima. Tim presencia então, pela primeira vez na vida, um assassinato: O de sua mãe. Mas este não é o último. Mantido preso, ele é forçado a limpar e enterrar os corpos das jovens mulheres que Bob leva para casa. Agora já um adolescente, Tim precisa fazer uma difícil decisão: Seguir os passos de Bob, ou tentar escapar de seu raptor.

A maioria das produções que exploram seriais killers mostram seus vilões fortes, com uma super inteligência e uma habilidade sobrenatural em escapar da polícia. Porém, Chained segue um caminho oposto. Não estamos acompanhando o "Deus dos Assassinatos", não há nada de especial ou glamouroso em torno de matar pessoas inocentes. O vilão também não é óbvio e não fica desafiando o FBI. O diferencial desse filme é a sua abordagem realista. Diferente de outros filmes repletos de exageros, esse segue uma linha mais contida e racional, o que resulta em um filme diferente e maravilhoso.

Os detalhes em torno do vilão não são a única diferença entre os demais filmes do gênero. Ao invés de focar no vilão e suas vítimas, o enredo foca no jovem que ele poupou quando era criança. Há uma relação genuína entre assassino e vítima, até o ponto em que essas linhas não são tão claras. O roteiro é inteligente e desenvolve essa relação entre os dois de uma forma coerente e muito interessante de acompanhar. No meio do filme há uma grande passagem de tempo, até atualmente, onde o garotinho já se transformou em um adolescente. E o mais legal é que o enredo não desperdiçou o desenvolvimento na primeira fase, mostrando tudo o que era possível, só passando o tempo quando era realmente necessário, sem pressa.

Quem assistir esse filme esperando algo frenético, com muitas mortes, vai se decepcionar profundamente. Há toda uma construção psicológica entre os dois personagens principais. O fato da corrente também passa a se tornar uma metáfora. Tim está preso ao Bob e deverá seguir os seus passos? É algo que a audiência se perguntará o tempo inteiro. Tive medo que a trama se perdesse no final, mas acabei me surpreendendo novamente, porque a trama conseguiu me deixar de boca aberta, entregando um desfecho excelente, digno de todo o seu desenvolvimento.

Muitos vão achar que a trama irá caminhar para um desfecho óbvio, mas será surpreendido quando menos esperar. A reviravolta final é muito boa e acontece em um momento em que você não está esperando mais nada. Enfim, achei esse filme excelente. Sua atmosfera opressiva e o desenvolvimento e interação dos personagens principais são o ponto alto da trama. E, claro, nada disso funcionaria se o elenco não fosse extremamente competente, o que sem dúvidas é. Agora, se você não curte filmes mais parados e gosta de ver a tela sangrar sem pausa para respirar, vá se divertir com uma serra elétrica. Esse filme não é para você, mas certamente é para muitas outras pessoas.


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Comentário(s)
5 Comentário(s)

5 comentários:

  1. Oi, o que você acha que aconteceu com Andy? Ele prestou ajuda né?

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    1. É ótimo o filme
      Mas o que acontece? Andy é solta? Ele vai viver assim? O final poderia ter sido mais loco.

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    2. Ao meus entender, a Angie voltou/voltará para casa sim. Vale dizer que ela não estava presa, como ficou o Coelho. É bom lembrar que ela já havia sido esfaqueada há dois dias e o Bob ainda a machucou. O Coelho apenas cuidou dela e a deixou descansando na casa enquanto ele resolvia esse assunto pendente com o pai psicopata. Assim que voltou, provavelmente ele chamaria a polícia e tudo mais. Mas foi um fim com o intuito de nos fazer pensar. O diretor quis deixar no ar o que o garoto faria. Bem, matar a Angie ele não mataria, pois não faz o menor sentido. Acredito que o que o diretor queria passar é que o garoto vai morar naquela casa, na casa do psicopata que torturou ele a vida toda. Ele morará lá por que é o único lugar que conhece no mundo. Não possui mais nada. E isso é muito ironico, se não fosse trágico.

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  2. Também quero saber.
    Se reparar bem, antes dele ir no pai a Angie aparece deitada na cama dele na cozinha. Da a entender que ele ficou com ela. Mas não posso afirmar.

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  3. Gostei muito do filme, a relação entre o serial killer e o garoto é bem construída e Vincent D'Onofrio engrandece ainda mais a trama.

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