[Livro] My Last Lie - Capítulo 20: Love the Way You Lie - Part 2
Never. Lie. Again.
Dawson arregalou os olhos quando viu a figura de Owen parada a sua
frente, era a ultima coisa que estava esperando. Ele deveria estar saindo da
cidade com sua moto para evitar que fosse morto, como haviam combinado. Parecia
até que não estava com medo do perigo.
- Owen... – Dawson jogou o cinto no chão e sorriu – Que prazer em
vê-lo.
- Eu queria poder dizer o mesmo, mas não teria sentido já que
estou prestes a te matar.
- Faz quanto tempo? Uns dezesseis anos? Lembro de você pequeno,
pedindo pra eu ensiná-lo a dirigir porque sua mãe estava muito ocupada fazendo
malabarismo naquele circo ridículo. Eram bons tempos, não acha? – Dawson sorriu,
vangloriando-se da postura e de seu tom de voz natural. Era um psicopata usando
mais uma de suas máscaras.
- Owen, me desamarre! – Pediu Lola, num grito, mas foi ignorada.
- Eu deveria saber que tinha um dedo seu no meio disso tudo – Owen
sorriu com desdém – Os desaparecimentos, as coisas estranhas logo depois da
morte de Charlie. Só não achei que chegaria a tanto.
- Tanto? Você gostou quando todas elas condenaram seu irmão e o
fizeram enlouquecer? Gostou de saber que ele tinha morrido por causa delas?
- Os únicos responsáveis por isso são Charlotte Ridell e Matthew
Ridell. As outras garotas não tiveram nada a ver com isso.
- Não diga besteira! – Dawson gritou, mas Owen estava seguro
demais para estremecer, ou demonstrar qualquer fraqueza – Você sabe que não é
desse jeito? Effy sabia, Matt contou a ela, mas não quis voltar atrás.
- É mentira! – Defendeu Effy.
- Não, não é. Eu queria que fosse, porque eu sempre tive Effy como
uma filha mesmo sabendo o que a mãe dela tinha feito. Não sou um homem mau,
Owen, eu prezo respeito, justiça e fidelidade, e prezo tanto que sou capaz de
ir até onde ninguém se atreve a chegar. Sempre que você tenta fazer o certo vem
um monte de pseudo-intelectuais falando de ética e moral só para que as pessoas
não façam o que é certo. Sabe como isso se chama? Hipocrisia. Essas garotas
destruíram a vida de um homem – Dawson hesitou, não era isso que tinha em mente
– Não, essas garotas tiraram a vida do meu filho, do seu irmão! E foram capazes
de deixar o verdadeiro culpado a solta. Você leu as manchetes? Matt viajava pra
fora do estado três vezes por ano só pra continuar sua chacina. Você acha isso
certo? Você acha que eu devo me sentar e assistir os ricos estúpidos e
egocêntricos dessa cidade fazerem o que bem entendem com as pessoas que não
tiveram sorte de nascer com um rostinho bonito e uma conta bancária bem gorda?
Você não percebe? - Dawson deu dois
passos na direção de Owen, que por sua vez, não se moveu um só centímetro - Não
somos os vilões aqui, somos aqueles que tiveram coragem o suficiente pra fazer
justiça, mesmo que tivessem que quebrar algumas regras. Estamos fazendo isso
pelo Charlie.
- E pela Violet – Concluiu Dean – Ela talvez fosse uma vadia sem
coração, mas não merecia morrer por causa disso.
- Owen, agora você entende? – Dawson se aproximou mais ainda,
estava tentando coagi-lo – Só estou fazendo-as pagar não só pela morte do seu
irmão, como também, pelas coisas que ele passou naquela prisão. Você sabia que
ele tinha um colega de quarto chamado Kirk e que ele era estuprado sempre que os
guardas se descuidavam? Meu filho, passando por tudo aquilo, meu Deus... Será
que você não vê quem é o vilão nessa história?
- Pare! – Ordenou Owen, num grito. Ele temia que Dawson pudesse
fazê-lo acreditar em suas palavras – Cala a boca!
- Por favor, seja coerente. Nos deixe terminar o que começamos e
vamos sair daqui. Peguei as senhas da conta dos Ridell, tem treze milhões
esperando pela gente. Você nunca mais vai precisar trabalhar como mecânico ou
ser humilhado. Vou tratar você como se fosse meu filho e te tirar dessa vida de
merda. Era o que Charlie iria querer.
- Você acha que Charlie iria querer tudo isso? Charlie era bom!
Ele tinha um bom coração!
- Tão bom que quando percebeu que seria condenado a cadeira
elétrica fugiu e tentou matar todas elas. Ele começou isso tudo, e agora temos
que terminar.
- Eu não vou deixar!
- Sério? Então atire – Dawson se aproximou ainda mais, o
suficiente para Owen ficar temeroso. Suas pernas tremiam, assim como sua mão,
ele tinha medo de não conseguir apertar o gatilho – Anda, atira. Atira no único
homem que teve coragem de fazer justiça em nome do seu irmão e que vai te dar
uma vida de rei. Atira!
Owen quase puxou o gatilho, mas se o fizesse, seria um assassino.
Assim como Charlie, assim como Dawson, assim como sua mãe. Era apenas isso que
o impedia de estourar a cabeça de seu ex padrasto. Preferia mil vezes ser morto
ao ver a si mesmo se transformando naquilo que estava bem na sua frente.
Mas sua hesitação acabou fazendo Dawson ter tempo para lhe atacar.
Ele pulou encima da arma e na briga que se formou para a posse do objeto, Owen
demonstrou ser o mais fraco. Dawson conseguiu tirar a arma de sua mão após um
disparo na barriga de Owen, e depois o socou no rosto para que caísse.
- E agora quem é que vai impedir quem? – Dawson deu dois passos
pro lado – Mas veja por este lado: Pelo menos eu não estava mentindo pra você.
Owen apenas caiu no chão fraco demais para fazer qualquer esforço.
Quando olhou para Dawson, viu o momento em que um sorriso malicioso brotava em
seus lábios, e soube que algo iria acontecer. Mas nunca poderia imaginar que os
planos de Dawson fossem outros.
Em fração de segundos, Dawson disparou dois tiros no ombro de Dean
a queima roupa, fazendo-o cair no chão junto de Effy. Owen permaneceu estático,
estava assustado demais pra fazer qualquer coisa. Dawson tinha acabado de
atirar no próprio parceiro, que lhe ajudou em todos os seus crimes, sem sentir
pena ou remorso. Era um completo monstro. Falava tanto de honra, mas era o primeiro
a ser desleal.
- A minha mira ainda está boa, quem diria... – Debochou ele –
Enfim, temos que continuar com o show. Já tivemos empecilhos demais. Mas
antes... – Dawson mirou na perna esquerda de Effy e disparou. Fez uma careta
quando ela gritou com a dor, achava que todo aquele drama era desnecessário –
Você não vai a lugar algum, porque depois dela é a sua vez.
Ele olhou para Lola no canto da sala. Ela tinha aproveitado aquela
distração pra tentar se levantar, e estava quase conseguindo. Mas Dawson nunca
a deixaria escapar.
- Onde você pensa que vai? Agora é a sua vez de morrer – Ele
caminhou até ela e mirou nas suas pernas. Acertou um tiro no joelho direito, e
a fez cair – Você também não vai a lugar algum. Você não sabe o quanto esperei por
este momento – Ele a puxou pelo cabelo e a levou até o centro do ginásio.
Segurou seu corpo bem forte para que ficasse em pé, com o rosto bem próximo do
seu – Por mais que te matar queimada me deixe excitado, não temos tempo. Mas
isso não quer dizer que você não vai sofrer um pouquinho.
Effy viu o momento em que Dawson retirou uma faca da sua cintura.
Não teve como salvar Lola. Ele lhe deu duas facadas na barriga, e sorriu.
- Agora você morre.
Assim que terminou de falar, Dawson ouviu um barulho estrondoso.
Parecia que algo estava sendo demolido, ou havia explodido, e demorou pra
entender o que era. Paige havia invadido o ginásio com o carro que Lola usara
para chegar, na parte esquerda. Girou o volante para alcançar seu alvo, e
atropelou Dawson e Lola de uma só vez.
Eles foram arrastados pelo carro até a arquibancada, perto de onde
havia uma trave velha de futebol. Lola caiu perto dos ferros, já inconsciente,
enquanto Dawson, próximo aos cacos de vidro da janela. Ele estava completamente
vulnerável, e longe o suficiente de Lola para que Paige planejasse seu próximo
movimento.
Ela deu a ré no carro e olhou pra ele uma ultima vez. Estava de
quatro no chão colocando sangue pela boca, com um olhar estrábico por causa da
pancada na cabeça. Era a chance que tinha para matá-lo. Tinha visto pela janela
do lado de fora como ele era cruel. Matou o próprio parceiro, surrou a própria
filha e atirou em Owen. Agora tinha certeza que ter ido embora seria uma
péssima ideia. Se tivesse ido, Effy e Lola provavelmente estariam mortas.
- Desgraçado, morra! – Gritou ela, pisando no acelerador, mas não
conseguiu acertá-lo. Dawson se jogou pro lado e deixou Paige acertar as
arquibancadas.
Ela ficou inconsciente subitamente, com a cabeça encima do volante
enquanto respirava a fumaça formada pela queda das estruturas de cimento. Foi
um prato cheio para que Dawson a atacasse. Ele a retirou do carro puxando-a
pelo cabelo e gritando insultos. Iria enforcar a garota que se atrevera a lhe
machucar e interromper seu momento sagrado.
Só não contava que Effy ainda tivesse forças para entrar na brigar
e salvar a amiga. Ela pulou encima dele, e ficou suspensa em suas costas.
- Paige, corre! – Ordenou ela a amiga, e era exatamente a única
cosia que Paige não poderia fazer. Nunca abandonaria Effy, mesmo que morresse.
Ela viu o momento em que Effy era arremessada no chão e decidiu
lhe ajudar. Pegou uma pedra e correu na direção dele, mas teve o braço
segurado. Ele o entortou, olhando nos olhos dela.
- Gosta disso, vadia? – Dawson entortou tanto que acabou quebrando
seu braço.
Era uma dor inimaginável. Por pouco o osso não apareceu na
superfície. Não tinha mais como lutar, era o fim. Mas o interesse de Dawson era
em outra garota. Por isso jogou Paige contra o carro e a deixou agonizando no
chão, segurando o braço.
Ele se virou para Effy, estava encima dos escombros tentando fugir
pelo lado da arquibancada.
- Você não vai a lugar algum! – Disse ele, e correu atrás dela
mancando.
Só Deus sabia o quanto era difícil movimentar-se com aquela perna
ferida. Isso lhe fez perder tempo, e ser alcançada por Dawson. Ele puxou seu pé
esquerdo e tentou jogá-la, mas ela se segurou na arquibancada e tentou fazer
com que ele soltasse.
- Me solta! – Ela gritava.
- Eu vou matar você!
Por estar fraca demais, Effy acabou perdendo. Ele conseguiu
puxá-la para mais perto e lhe arremessou arquibancada abaixo. Ela caiu perto do
carro, e ele caminhou na sua direção com um sorriso sádico no rosto.
Effy não teve tempo de se levantar ou se defender, foi agarrada
novamente e depois jogada perto no metal que dividia o ginásio da arquibancada.
Ela sabia que ele estava apenas brincando. Ele poderia ter tido seus baixos,
mas ainda era um jogo. Ainda sentia prazer em ver as pessoas sofrerem antes de
matá-las, por isso assustou todas elas primeiro para depois acabar com suas
vidas. Ainda se deu ao trabalho de deixar pro final apenas aquelas que tinham
um segredo, só pra ter como chantageá-las se quisesse levar o jogo a outro
nível. Seria o fim, ou Effy poderia tirar proveito de que não iria matá-la
logo?
De qualquer modo, ela tinha certeza que iria morrer. Lola e Owen
estavam feridos, Paige estava agonizando por causa do braço perto do carro, e
não havia mais ninguém que poderia salvá-la.
- Está gostando? – Perguntou ele, aproximando-se novamente. Effy
estava rastejando no chão, tentando se afastar – O que foi, já está cansada? Eu
não!
- Não! Por favor!
- Isso é pelo meu filho! – Dawson pulou encima dela, e lhe virou
de peito pra cima para que pudesse agarrar seu pescoço.
Eles ficaram cara a cara, Effy tinha certeza que nunca tinha visto
tanto ódio no olhar de alguém como estava vendo nos seus. Mas também, ela notou
uma debilitação. Ele estava fraco porque tinha sido atropelado, ainda botava
sangue do nariz e mantinha a perna numa estranha posição. Parecia estar
machucada.
- Está gostando disso? Hein? – Gritou ele, apertando seu pescoço.
Effy tentou se debater para se salvar, mas não conseguiu. Se ele
estava debilitado, ela estava mais ainda. Não tinha jeito. Em poucos segundos
ela morreria e não havia anda que podia fazer.
- E agora quem vai te salvar? O irmãozinho pródigo? A Rainha do
Baile? Hein? Quem vai te salvar?
Em fração de segundos, as palavras de Dawson tornaram-se a mais
fiel das ironias. A ultima coisa que ouviu foi o grito histérico de Paige antes
de receber uma machadada nas costas. Apenas com isso já havia perdido as
forças, e parou de forçar a garganta de Effy. Porém, Paige não parou. Lhe deu
outra machada, que iniciou uma série de ataques, sempre com dificuldade por
estar usando apenas uma mão para se defender.
E parecia que nada poderia lhe fazer parar. Não importava que ele
estava encima de Effy e que ela estava tomando um banho de sangue, Paige estava
incontrolável. Tinha acertado machadas em toda sua costa e na cabeça, ele já estava
morto.
- Paige, para! – Pediu Effy num grito, mas Paige só parou quando
não teve mais forças.
Estava tão cansada que caiu assim que terminou. E então, logo veio
o choro. Estava feliz, mas ainda assim se sentindo suja. Tinha acabado de matar
alguém com as próprias mãos e terminado com toda aquela história. Tinha salvado
a vida da melhor amiga, porém, por um preço alto.
Effy percebeu o modo como ela estava sentada no chão e correu para
lhe abraçar, logo depois de tirar o corpo de Dawson de cima de si. Nenhuma delas
se importou com todo aquele sangue, finalmente tinha terminado e elas
conseguiram sobreviver.
Era um abraço de vitória, de angústia, e que finalmente
significava que elas estavam em paz. Não haveria mais ninguém lhes perseguindo,
ninguém mais iria morrer, e elas não precisariam mais mentir. A felicidade era
tão grande que chegava a doer no peito, e acabava soando como um verdadeiro
desespero, que todas elas uma vez conheceram.
- Acabou – Disse Effy no ouvido da amiga, mas ela não parava de
chorar – Paige, acabou... – Por cima do ombro de Paige, Effy olhou para os
corpos de Dean e Owen. Não sabia se Dean estava vivo, mas Owen se mexia, estava
tentando levantar a cabeça. Era um alívio. Por causa dele e de Paige ela estava viva, e
seria eternamente grata.
- Acabou... – Repetiu Paige. Era tão surreal que precisava se
esforçar para acreditar. Era como acordar de um pesadelo, e ter a certeza que
ele nunca mais iria lhe atormentar.
- Hey – Effy segurou seu rosto com as duas mãos cheias de sangue e
olhou em seus olhos – Vai ficar tudo bem, eu prometo...
- Eu sei... – Paige enxugou suas lágrimas.
Mas a paz não durou muito tempo. Do outro lado do ginásio elas
ouviram um barulho, e olharam no mesmo instante com o susto. Era Lola tentando
se levantar com a ajuda do ferro da divisória, mas falhou e caiu novamente no
chão.
- Ela está viva... – Sussurrou Paige.
E isso soava como uma decepção para Effy. Ela não tinha esquecido
tudo o que Lola tinha feito. Ela era a culpada por tudo, e esta era a única
coisa em que Dawson tinha razão. Por isso, só havia um jeito de fazê-la pagar.
Effy pegou o machado caído ao lado e se levantou, fazendo a curiosidade de Paige
ser despertada.
- O que você vai fazer? – Perguntou ela, mas foi ignorada.
Effy não queria dizer mais nada, ou sequer pensar. Caminhou na
direção de Lola com a expressão cansada, porém, cheia de raiva. Lola soube o
que ela iria fazer no momento em que viu o machado em suas mãos.
- Por favor... – Implorou Lola com um gemido – Me ajude... Estou
morrendo...
Effy não disse nada, esperava que seu olhar de desprezo e decepção
falasse por si só. Ela podia ver a falsidade nos olhos de Lola, ela só estava
fingindo para se salvar, como sempre fizera. Era injusto que ainda estivesse
respirando quando pessoas inocentes tinham morrido por causa de sua mentira.
Foi a primeira vez em que Effy sentiu ódio, ela tinha certeza. Era
um ódio tão grande que sua respiração ficou incontrolável aos poucos, ainda
mais depois que percebeu que não teria coragem para fazer aquilo. Não valia a
pena se tornar uma assassina por causa de Lola, não por um ser tão desprezível
que já estava encontrando seu fim. Já tinha perdido sangue demais por causa das
facadas, não tinha como sobreviver.
- Não vale a pena... – Effy jogou o machado pro lado e deu dois
passos para trás. Olhou para Lola novamente com desprezo, mas estremeceu assim
que a ouviu usar suas ultimas forças para dar uma risada.
- Você sempre foi fraca... – Cuspiu Lola – Por isso todos que você
ama estão mortos...
- E agora é a sua vez...
Lola tossiu uma ultima vez, e acabou soltando sangue. Cravou as
unhas no chão por causa da dor que estava sentindo, sabia que seu fim estava
próximo. Mas antes que fosse, ela olhou para Effy mais uma vez só para deixar
claro que a desprezava. Era incrível como nem no momento de sua morte ela
aprecia arrependida.
- Uh... – Gemeu ela, cravando as unhas no chão novamente.
Aos poucos, sua respiração foi perdendo a força e os sentidos
pararam, até que finalmente estivesse morta. Seus olhos continuaram abertos, e
deles ainda escorriam suas ultimas lágrimas.
Effy suspirou. Era o máximo que poderia fazer naquela situação. Não
estava sentindo pena, ou remorso, ou repassando na cabeça as boas memórias para
se sentir menos culpada por ter achado aquilo certo. Lola estava morta, e isso
era um alívio. Porque agora sim, estava tudo acabado.
--
Enquanto Effy ajudava Owen a caminhar para fora do The Purple,
Paige girava as chaves do carro. A chuva já havia cessado, por sorte, e estrada
estaria mais limpa para quando eles fossem sair. Mas ainda havia outro desafio.
Se Owen não fosse levado as pressas para o hospital, sangraria até a morte.
- Aqui – Paige abriu a porta do carro para os dois assim que
chegaram.
Com a ajuda de Effy, ela conseguiu fazer com que Owen se sentasse.
Ele gemeu com a dor, e isso fez Paige se policiar para tomar mais cuidado.
Ao ajudá-lo a colocar o cinto, Effy notou um objeto brilhante
encima do porta luvas. Era um isqueiro prateado com as iniciais do acompanhante
de Lola gravadas. Sua imaginação começou a fluir, e de repente, ela tinha
outros assuntos para tratar naquele lugar. Pegou o isqueiro rapidamente e
fechou a porta.
- Agora vão, ele precisa de um hospital.
- Você não vem? – Paige olhou para ela, perplexa.
- Não posso. Preciso resolver uma coisa.
- Effy, não! Você também está ferida! Entre no carro!
- Eu vou ficar bem. Agora vá, Owen está ferido.
Paige ficou olhando pra ela, não tinha como convencê-la a ir
junto. Ela era Elizabeth Wheeler, nunca desistia, e nunca mudava de ideia.
- Você tem certeza?
- Sim – Effy assentiu – Confie em mim.
Desse jeito, Paige realmente não tinha outra escolha. Esperou Effy
se afastar mais do veículo para pisar no acelerador. Só esperava que ela
ficasse bem e não fizesse nenhuma besteira. Mas ela não faria. Não de acordo
com seus princípios, não depois de tudo o que tinha sofrido.
Ela esperou o carro desaparecer no horizonte para voltar ao The
Purple. Entrou pelo enorme buraco criado por Paige quando invadiu o local. E
tudo estava do mesmo jeito. Dean caído no chão, ensanguentado. Lola cheia de
sangue do outro lado. E Dawson, o desgraçado, completamente estraçalhado perto
da divisória da arquibancada. Mas ainda não era o bastante. Toda aquela
história tinha terminado com a morte de Lola, mas ela precisava de um ponto
final para si mesma. E não via como fazer isso se não destruindo aquele lugar.
Ela correu até os galões de gasolina próximos ao corpo de Penn e
os abriu. Esvaziou os dois pelo ginásio inteiro, ou melhor, pelo que mais
importava. Jogou gasolina nas paredes, nos corpos de todos eles e por cima de
todas aquelas ferramentas que Dawson usara.
Estava tudo preparado pro seu ponto final. Effy correu para perto
do enorme buraco e acendeu o isqueiro. Olhou pra tudo por uma ultima vez, só
para que aquilo ficasse na sua memória para sempre. Foi ali que renasceu, e
conseguiu se desprender de tudo o que lhe atrasava, de tudo o que lhe fazia
mal. Foi ali que sua culpa morreu e que as portas foram abertas para que
finalmente fosse feliz. E era exatamente disso que queria lembrar.
E foi com essa pensamento que ela iniciou o incêndio. Jogou o
isqueiro na poça de gasolina no chão e ficou observando as chamas por alguns
segundos, o suficiente para olhar o corpo de Dean sendo carbonizando enquanto
arremessava longe o colar que lhe dera.
Depois, correu pro lado de fora, e parou quando chegou perto das
árvores só para que pudesse olhar o fim do The Purple. Ela ficou em êxtase
quando viu o fogaréu, quase hipnotizada, como se estivesse em choque demais
para ter uma expressão.
Aos poucos o fogo ia se alastrando e o prédio ia desabando. O fogo
iluminou os arredores daquele local, e acabou tirando toda a atenção do céu
estrelado. Era uma linda noite para queimar toda aquela loucura e seguir em
frente. A história de Charlie Abram, morria ali.
--
- Tudo bem senhora, vamos
averiguar, o delegado já está ciente da sua situação – Disse a secretária
Starla ao telefone. Esperou a moça do outro lado da linha terminar o que estava
dizendo para se pronunciar novamente – Ok senhora, mas tente manter a calma.
Uma viatura já está chegando à sua casa. Tudo bem? – Ela hesitou para ouvir a
resposta – Ok senhora. Espero que dê tudo certo.
Então, a chamada foi encerrada. Ela tomou um gole do seu café ao
lado e continuou mexendo no computador. A noite não estava lhe deixando
relaxar, era a terceira chamada em quinze minutos. E pro seu azar, o telefone
tinha acabado de tocar novamente.
- Delegacia de polícia, boa noite – Disse ela, e esperou uma
resposta. Mas só o que ouviu foi uma respiração ofegante – Alô? Tem alguém na
linha? Alô?
- Meu... – Sussurrou Effy.
- Senhora? Fale mais alto, por favor.
- Meu... – Sussurrou Effy novamente, com a voz sem vida – Meu pai
tentou me matar... Estão todos mortos.
- Senhora? Quem está morto? Senhora?
- Siga o incêndio...
E então, a chamada foi encerrada, sem dar mais explicações.
--
Effy estava aparentemente bem. Sua pele estava limpa, e seu
cabelo, de volta ao lugar. As cicatrizes no rosto eram as únicas marcas que
provavam que a noite passada havia acontecido, e se não fossem por elas, ela
teria achado ter sido apenas um pesadelo.
Ela passara a noite no hospital explicando a polícia o que havia
acontecido e tratando de seus ferimentos, e não teve tempo para dormir.
Preferiu cuidar de si mesma com um belo banho para tirar todos os traços da
noite passada e refletir sobre tudo o que tinha acontecido. A maioria das
pessoas se sentiria imperecivelmente traumatizada, mas ela, sentia-se limpa,
quase renovada.
Esperou o sol nascer para sair de seu quarto e visitar os amigos.
Afinal, a noite passada não se resumiu apenas nela, e Paige e Owen saíram com
ferimentos bem mais graves.
De acordo com a enfermeira, Paige estava no quarto trinta e nove,
e Owen, no vinte e dois. Por estar mais próxima do quarto de Owen e já ter
planejado na noite passada algo para lhe dizer, Effy decidiu vê-lo primeiro, e
teve uma surpresa quando viu ele e uma senhora de idade conversando lá dentro.
- Hey... – Sussurrou Effy – Desculpem, não queria interromper. Eu
volto outra hora...
- Não, tudo bem – Disse Owen - Você pode entrar.
Effy olhou para a senhora novamente. Ela tinha cabelos ruivos e
lisos, e uma tatuagem no pescoço. Vestia-se como uma garota mais nova, e isso acabava
lhe deixando mais jovial também.
- É – Disse ela – Eu já estava de saída – Ela olhou para Owen e
pegou na sua mão encima da cama. Seus olhos brilharam quando encontraram os
dele – Eu venho te ver mais tarde, tudo bem?
- Ok – Owen assentiu.
Effy não sabia quem ela era, mas eles pareciam ser bem íntimos.
Tão íntimos que ela se inclinou para beijar sua testa, e até fechou os olhos.
- Se cuida – Disse ela, e começou a andar.
- Tchau mãe – Disse Owen, e Effy ficou paralisada. Ela observou a
senhora caminhar até a porta lhe lançando um sorriso simpático, cheia de
duvidas na cabeça. Ela era a mãe de Charlie, a mãe de Owen, e ex amante de seu
pai. Era a única que poderia lhe esclarecer as duvidas que ainda faltavam. Mas
primeiro, ela precisava falar com Owen.
Quando ela saiu, Effy e Owen se olharam. Então, eram apenas eles
ali dentro, e qualquer que fosse o assunto que ela parecia querer tratar. Mas
era difícil. Ela não se sentia íntima de Owen, ou conectada de alguma forma.
Nem mesmo terem passado por tudo aquilo juntos poderia fazê-la sentir-se mais próxima
dele.
- Você parece bem – Disse
Owen. Estava se referindo a aparência de Effy. Estava usando suas roupas
cotidianas, nem parecia ter levado um tiro na noite anterior – Está indo pra
casa?
- Não, só fugi por alguns minutos. Ainda estou em observação.
- A perna ainda dói?
- Só quando respiro – Effy sorriu, e lhe roubou um sorriso também.
Eles ficaram se olhando por alguns momentos, até ficar
constrangedor o suficiente para que Effy se prostrasse a falar.
- Ok – Ela suspirou – Acho que a ultima coisa da qual você quer
falar é sobre ontem a noite, mas...
- Você não precisa se desculpar... Não foi sua culpa. Nada disso
foi.
- Eu não deveria ter deixado Lola me manipular... Eu deveria
saber...
- Não, não deveria. Não teria como. E isso já passou.
Effy assentiu, mordendo o lábio. Só estava querendo impedir um
soluço de choro. Era incrível como Owen via a situação. Era tão ético e bom,
que parecia um anjo. O anjo que chegou na hora certeza para salvá-las. O anjo
que libertou Paige para que pudesse fazer a diferença mais tarde. E alguém que
soube o tempo inteiro da injustiça que havia sido cometida contra seu irmão e
se calou. Pelo menos o cabelo loiro e os olhos azuis ele já tinha.
- Eu queria poder entender... Se Dawson sabia de tudo, por que não
tirou Charlie da prisão? Não faz sentido... Por que ele não ficou com Charlie?
- Dawson só descobriu que Charlie era seu filho há pouco tempo.
Então começou a fazer de tudo pra tirá-lo de lá. Ele me pediu pra participar da
fuga que ele estava planejando – Owen deu um ar de risos – Ele era doente...
Por isso eu nunca disse o que tinha acontecido.
- Como ele descobriu?
- Eu não sei. Mas acho que já era tarde demais... – Owen fungou.
Estava na cara que não queria mais falar sobre aquilo, então tratou de mudar de
assunto – E o que vai acontecer com você? Eles vão te culpar pelo incêndio no
hospital?
- Eu não sei... – Effy deu de ombros, de maneira depressiva – Eu
espero que sim... Eu machuquei pessoas, e vou ter que pagar por isso.
Owen ficou olhando pra ela, como se tentasse decifrá-la. Ela logo
sentiu um grande incômodo. Tinha superado o fato de Dawson não ser seu pai e
ser um serial killer que perseguia e matava suas amigas junto de seu namorado,
mas não tinha superado a timidez quando ela e um garoto faziam contato visual.
- O que foi? – Perguntou ela, colocando as mãos no bolso.
- Só estou feliz que nada tenha acontecido com você...
- Obrigada – Effy assentiu,
mesmo não tendo entendido seu tom de voz e seu olhar misterioso – Preciso falar
com Paige. Espero que você fique melhor...
- Valeu.
Effy assentiu mais uma vez, e então, se retirou. Ficou do lado de
fora encostada na porta, olhando as pessoas passando. Nem se importava que
alguma enfermeira lhe reconhecesse, ou que pudesse encontrar seu médico. Ali
parecia um ótimo refúgio para pensar sem ter que ficar tecnicamente sozinha.
E ela pensou. Pensou tanto, que chorou. Colocou a mão na boca e
impediu que um grito saísse. Não era tristeza, angústia, ou qualquer outra
coisa parecida. Era apenas felicidade. Uma felicidade tão grande que ela soltou
uma risada no meio do choro. Obviamente, sentiu-se uma idiota por ter feito
aquilo, mas era altamente necessário, porque era exatamente o jeito como ela
estava se sentindo por dentro. Ela tinha sobrevivido, e era o suficiente.
Ao limpar as lágrimas que escorriam pelo rosto, Effy olhou para o
lado, como num reflexo, e viu uma moça vestida de preto e de óculos escuro com
as mesmas feições de Lola. Ela estava lhe observando com bastante atenção, como
se quisesse lhe dizer alguma coisa.
A primeira coisa em que Effy pensou foi em estar vendo Lola. Cerrou
os olhos e deu dois passos para frente pra ter certeza, não poderia ser, Lola
tinha morrido, ela mesma viu. E então, uma cortina de rodinhas que transportava
um paciente passou na frente da garota e explicou todo aquele acontecimento.
Lola desapareceu subitamente, e Effy ficou preocupada.
Não poderia dizer a si mesma que tinha sido apenas uma alucinação,
porque alucinações nunca são uma boa notícia. Mas vê-la desaparecer de um modo
sobrenatural do mesmo jeito com que aparecera, era no mínimo reconfortante.
- Effy – Disse sua mãe, assustando-a por trás.
Effy deu um pulo e um pequeno grito, havia assustado a mãe também.
- Deus – Mary Beth colocou a mão no peito – Você está bem?
- Não... – Effy olhou para onde a imagem de Lola tinha aparecido.
Nenhum sinal dela – Mas vou ficar...
--
O The Purple tinha sido completamente destruído. Não havia restado
nada, apenas cinzas, e madeiras queimadas, que os policiais de Ridgefield
insistiam em averiguar.
Eles andavam pela floresta inteira procurando os corpos que Effy
Wheeler dissera que haviam lá, ou qualquer outra pista que pudesse ajudar. Cada
detalhe era importante, e ajudaria na identificação das vítimas carbonizadas.
O policial David era o que estava mais perto das madeiras
queimadas. Seus parceiros estavam se aventurando pelos arredores da floresta,
chegando bem perto do local onde as garotas estavam enterradas. Mas ele,
preferiu ver de perto o estrago que havia se formado por causa de uma das
sobreviventes.
Foi averiguando os arredores que ele encontrou algo inusitado. Há uns
dois metros de onde havia várias madeiras carbonizadas, ele viu um salto alto
preto. Estranhou por estar vendo um objeto inusitado naquela cena, e decidiu se
aproximar para ter certeza. Não só havia um salto jogado no meio da lama, como
também, várias pegadas que levavam até o interior da floresta.
A princípio nenhuma conclusão podia ser tirada, a não ser que
alguém que estava lá dentro havia corrido pra fora antes de tudo desabar. E a
única que estava usando saltos ali dentro, era Lola Ridell.
- Hey David – Chamou o Policial Kurt num grito, estava perto das
árvores. David se virou pra olhar, ainda com o salto nas mãos – Encontrou
alguma coisa?
- Não – Respondeu David, e olhou para o salto novamente – Ainda
não...
E então, deixou o objeto no mesmo lugar. Se o que foi dito sobre
Lola Ridell era verdade, ela já estava longe. E se já estava longe, era melhor
que assim ficasse. Para seu próprio bem, e pelo bem dos moradores de
Ridgefield.
Fim...?
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Final Perfeito, a melhor história que voce escreveu *_* Parabéns e aparentemente terá uma continuação, espero que sim :DD
ResponderExcluirJoao, demore o tempo que precisar, pra trazer a próxima historia ou continuação, porque você tem uma mente divina.
ResponderExcluirAi meu Deus que final perfeito,Por favor My Last Lie 2 já!!!!! essa foi com toda a certeza a história mais foda que voce ja escreveu, Effy e Owen precisam ficar juntos,SERA QUE A Lola sobreviveu? espero que sim,Lola precisa voltar e ter um Bitch Fight com a Effy no proximo livro,nossa valeu a pena esperar,o final mais perfeito que eu ja vi.
ResponderExcluirNão posso negar que fiquei muito feliz por essa ponta, Lola viva *-* Que final maravilhoso, Owen e Effy precisam ficar juntos porque a tensão sexual deles no hospital foi muito forte, Paige subiu no meu conceito, e Lola é simplesmente foda, personagem preferida, quero My Last Lie2, vai ter né João, responda por favor.
ResponderExcluirFinal 100% PERFEITO!!,espero que a Lola esteja mesmo viva assim é garantido uma continuação,quero que Effy fique com o Owen já que o Penn morreu,coitado do Charlie por tudo que ele passou é de se esperar que ele tenha surtado,esperando ansiosa e paciente My Last Lie 2.
ResponderExcluirA melhor historia, pena que ficou muito grande.
ResponderExcluirPena que ficou muito grande, a faça um favor e va ler chapeuzinho vermelho "Anônimo". - ÓTIMO JOÃO, MEU DEUS, ESPERANDO ANSIOSAMENTE A CONTINUAÇÃO QUE ACHO QUE VAI TER, NÉ?
ResponderExcluirUau perfeito eu fiquei sem palavras com cafa frase que eu lia
ResponderExcluirDawson muito foda com todas as suas falas
effy e owen precisam ficar juntos eles formam um belo casal
Paige sobreviveu e ainda foi a heroina do dia muito obrigado joão por deixar ela viva
agora a personagem mais vaca Lola estava mais diva do que nunca ate na hora da sua quase morte tomara que ela sobreviva para ter uma perte dois com as três
Mas eu queria perguntar algo, voces ja tem planos para algum outro livro ou um hell yes 2 ?
Obrigado mais uma vez pessoal, vocês são os melhores, já disse isso né? *---*
ResponderExcluirE Desculpem a demora pra responder. Tava esperando os outros 3 leitores terminarem de ler, mas parece que vão demorar, então aqui estou KKKKK.
Então gente, a sequencia de My Last Lie vai acontecer, mas vai demorar bastante. Porque agora temos o Concurso EA, uma história do Nefferson pra postar e A Punhalada 3, que precisam vir primeiro.
Mas essa sequencia não vai trazer nenhum dos personagens antigos de volta. Vai ser uma história completamente diferente, sobre mentiras, é claro, e talvez com um grupo formado apenas por garotos ou misturado. Os outros personagens serão apenas mencionados, só pra deixar claro o que aconteceu com cada um, se Effy ficou com Owen, se Paige foi condenada pela morte do garotinho que atropelou e etc...
Ah, e anônimo, provavelmente meu próximo livro vai ser A Punhalada 3. Quanto a Hell Yes 2 e Destino Final 2, apenas no futuro, e ainda não sei se realmente vão acontecer. =D
o atrasado de novo, comentei no capitulo acid skye a situação sobre a categoria de livros e vi que vc ja posto aki separadinho.
ResponderExcluirbom ja li a punhalada e preciso de uma continuação este livro foi realmente incrivel e tambem merece uma continuação, parabéns pelo seu trabalho.
Obs: para mim o verbo fitar esta para punhalada assim como sibilar esta para my last lie, sempre que ouvir as palavras irei lembrar na hora das historia, só acho dificil alguem as usa-la mas emfim.
até a próxima.
Felipe