[Livro] My Last Lie - Capítulo 16: Wonderland
Don't Believe in Fairy Tales.
Tinha uma
razão para que todos os estabelecimentos estivessem fechados. O baile de
formatura aconteceria naquela noite, e como qualquer outra ocasião, era tratado
como prioridade pelos moradores de Ridgefield.
Nada deixaria
uma garota tão feliz como ganhar a preciosa coroa de rainha, ou fazer uma
entrada triunfal ao lado do amor de sua vida, ou até mesmo criar inveja pras
amigas usando um dos vestidos mais caros que o dinheiro podia comprar. E quanto
aos garotos, só precisavam estar acompanhados pelas mulheres mais lindas da
cidade para que a festa que encerrava sua vida escolar se tornasse lendária.
Mas enquanto
uns encaravam este rito de passagem de forma positiva, Effy preferia ver como
uma maldição. A ausência de um sorriso em seu rosto deixava claro sua
insatisfação, e estava tudo bem, pois de acordo com seu reflexo no enorme
espelho do quarto de sua mãe, os olhos ainda podiam disfarçar o medo.
Atrás dela
estava Mary Beth, dando os toques finais em seu penteado super trabalhado para
que a filha conseguisse pela primeira vez o que ela tinha conseguido por dois
anos consecutivos. Se Effy voltasse pra casa com a coroa de Rainha, seria
tratada como tal pelo simples fato de ter continuado o legado de gerações. Mas
que tipo de Rainha usava maquiagem preta e pintava as unhas de roxo? Se não
tivesse certeza que seu novo eu atrapalharia tudo, Effy teria deixado a si
mesma ter esperanças.
- Tem certeza
que não quer trocar de vestido? – Perguntou Mary Beth, com a voz arrastada por
estar segurando dois grampos com a boca.
- Tenho, eu
gostei desse – Effy suspirou. Olhou pra si mesma pelo espelho dos pés a cabeça.
Até que o chantagista tinha bom gosto para vestidos e sabia exatamente seu
estilo, mesmo que usá-lo parecesse levar consigo uma parte do horror até pra
onde deveria haver apenas alegria.
- Preto é uma
cor forte demais, você deveria usar algo mais alegre – Mary Beth colocou a
cabeça no ombro da filha e olhou para o espelho. Não conseguia não sorrir ao
olhar para Effy – Sua sorte é que você é linda de qualquer jeito.
- Obrigada...
- Que horas
Dean chega? – Mary Beth se afastou. Começou a juntar seus objetos de costura
que jogara na cama para consertar pequenas falhas no vestido da filha.
- Às sete.
- Bom... –
Mary Beth olhou em seu relógio – Então já deve estar chegando. Ele vai cair
duro no chão quando olhar pra você...
Effy observou
a mãe por alguns segundos, e depois, voltou a olhar pra si mesma no espelho.
Estava pensando em Dean. Era ele quem a pegaria de Limusine, e a traria pra
casa assim que visse pela ultima vez todos os seus amigos.
Mas no fim,
não deveria ser ele. Nos poucos momentos em que pensara no futuro e imaginava
seu baile de formatura, era sempre Harry quem estava ao seu lado, num ambiente
que mais parecia ser um casamento. Se o
impossível acontecesse, talvez faria mais sentido para ela repassar todos os
seus sonhos que não puderam se tornar realidade.
Ela olhou pra
penteadeira ao lado por reflexo, havia uma foto virada pra baixo com os dizeres
“Maio de 1991”. Acionada pela curiosidade, ela a pegou, e não demorou nem cinco
segundos para saber quem era o casal abraçado com roupa de formatura.
- O que é
isso? – Perguntou ela, virando a foto pra mãe.
- Ah... –
Mary Beth sorriu, aproximando-se. Parecia envergonhada, mas não o suficiente
para se importar – Somos eu e seu pai na nossa formatura. Acho que foi uns três
anos antes de você nascer... – Ela pegou na foto junto com a filha.
- Ai meu
Deus... – Effy sorriu – Seu cabelo... – Ela olhou com mais atenção pra foto, ver
os pais com sua idade e sendo definitivamente mais estranhos e caretas que ela
não tinha preço. E de algum jeito bem estranho, também era emocionante.
- Eu sei, meu
cabelo... Anos oitenta, as pessoas achavam legal ser estranhas.
- Olha pro
Dawson todo bonitão...
- É, ele era
– Mary Beth suspirou – Lembro que uma vez Elisa Banks me jogou dentro de uma
piscina por causa dele. Era um partidor de corações profissional...
- Nossa –
Effy deu um ar de risos – Parece que faz um milhão de anos...
- É... – Mary
Beth pegou a foto, ainda estava triste e pensativa por causa das lembranças – Eram
bons tempos...
Effy observou
enquanto a mãe caminhava até a cama e guardava de novo a foto dentro de sua
caixa. Estava cabisbaixa demais, como se há poucos segundos não estivesse quase
pulando de alegria por causa do baile de formatura da filha. Ao que tudo
indicava, terminar mal com Dawson ainda mexia muito com ela. E ver uma foto com
ele era torturante, do mesmo jeito que era uma boa lembrança.
- Vocês
parecem felizes...
- Nós
éramos... Mas é passado. O que importa é ser feliz agora... – Mary Beth levou a
foto junto de sua caixa até seu armário.
Effy abaixou
a cabeça. Queria fazer algumas perguntas, mas não sabia se podia. Não por achar
que a mãe não as responderia, mas porque tinha medo de ficar próxima o
suficiente para se decepcionar. Será mesmo que não podia, ou isso realmente
importava quando estava tendo que lidar com a morte de pessoas próximas?
- Posso fazer
uma pergunta?
- Claro que
pode, querida.
- Ok... –
Effy sentou-se na cama, colocando o cabelo atrás da orelha. Demorou alguns
segundos pra falar, e isso fez Mary Beth esperar ansiosa por algo na sua frente
– Se eu dissesse que estou prestes a ir ao baile com a pessoa errada, você
acreditara?
-
Honestamente... Sim – Mary Beth assentiu devagar. Depois, sentou-se ao lado da
filha e tocou na sua perna – Dean é um rapaz bonito e um ótimo partido, mas
todo mundo sabe que não é por causa disso que se ama alguém...
- Ou eu não
estou dando valor ao que tenho...
- Claro que
está. E é exatamente por isso que você vai ao baile com ele. Pode não ser o
certo pra você, mas por enquanto, é tudo o que você tem, e desistir disso não é
uma opção.
- Eu tive o
certo, e estraguei tudo... Agora é tarde demais, como sempre...
- Querida –
Mary Beth pegou nos ombros da filha, parecia ter palavras cheias de entusiasmo na
ponta da língua – Nunca é tarde demais.
- Por que
você não fala isso pro Dawson, então? – Effy olhou pra mãe, e percebeu o
momento em que ela ficara desconcertada com a pergunta.
- Bom, porque
são coisas totalmente diferentes. Eu cometi muito erros no passado...
- Você quis
dizer que traiu ele por anos com o marido da sua amiga e depois deixou ele se
envolveu com uma viajante misteriosa do circo...
- Ok, não
precisamos ser tão específicas... – Mary Beth quase sorriu.
- Desculpa...
– Effy passou a mão na perna da mãe com um sorriso no rosto. Era engraçado o
jeito como não levava nada a sério quando estava calma.
- O que estou
querendo dizer é que você não pode voltar ao passado, mas já que você o
conhece, pode fazer seu futuro ser diferente. Eu sei como você gosta de ser
teatral, então por que não aproveita o dia do baile pra tomar uma decisão e dar
sentido a toda essa história de “rito de passagem”?
- Essa é sua
maneira inteligente de dizer que devo me separar do meu namorado?
- Essa é a
minha maneira inteligente de dizer siga seu coração.
Effy demorou
um tempo para raciocinar, estava sem palavras por causa da conversa que acabara
de ter com a mãe. Nem lembrava a ultima vez em que elas se deram tão bem, só
poderia estar muito feliz para finalmente ter falado algo inteligente sem
colocar sua religião em primeiro lugar.
- Obrigada...
– Murmurou Effy – De verdade...
- Effy! –
Gritou Edward. Ele entrou no quarto correndo e pulou no colo da irmã, por pouco
não machucou ela e a si mesmo – Seu namorado chegou! Ele tem um carrão! Vem
comigo! Anda! – Edward a puxou pelo braço, então, realmente não tinha escolhas.
Ela sorriu pra mãe antes de se deixar levar.
Levou vinte
minutos para que Mary Beth finalmente deixasse a filha ir. Entre uma foto e
outra – e a emoção de ver Effy na maior idade – a sessão de fotos acabou sendo
prolongada. Effy já nem sabia mais qual pose fazer, e Dean, reclamava baixinho
perto da namorada o papel que sua sogra estava lhe fazendo passar.
Por fim, Effy
e Dean partiram na limusine. Pela janela ela podia ver a mãe ainda parada na
calçada observando sua partida, com lágrimas nos olhos. Uma grande pena que o
dia não podia melhorar, pois Effy achava que nem mesmo com Paige boicotando o
baile tinha alguma chance de ganhar a coroa de Rainha.
- Bom, ela
começou a chorar... – Disse Effy, ajeitando-se no banco do carro.
- Minha mãe
nem sabe que minha formatura é hoje, acho que isso é um bom sinal.
- É... – Effy
deu um ar de risos depressivo – Acho que sim...
Dean ficou
olhando para ela, não fazia ideia de que estava linda e por causa disso,
acabava ficando ainda mais linda. Parecia até fazer de propósito só para que
seu namorado se sentisse cada vez mais sortudo por lhe ter ao seu lado.
- Hey – Ele
entrelaçou sua mão na dela, fazendo-a olhar para ele – Sei que não costumo
falar isso com frequência, mas estou feliz por você estar aqui comigo...
- Eu
também... – Effy assentiu, mas suas duvidas não lhe deixaram expressar qualquer
emoção.
E então, ela
foi surpreendida com um beijo, mas não era igual aos que ele costumava lhe dar.
Ao invés da selvageria, havia delicadeza, cortesia, como se estivesse beijando
uma princesa e não a namorada troféu como muitos diziam.
Effy poderia
estar cheia de duvidas, mas precisou admitir pra si mesma que havia gostado.
Ela conseguiu sentir uma pequena alegria no coração, a primeira em meses desde quando
fora obrigada a lidar com tanto desespero e catástrofe. Uma demonstração tão
pura de afeto seria sempre bem vinda, se ela não soubesse que era apenas uma em
um milhão.
Depois do
beijo, eles se afastaram devagar, e sorriam um pro outro ainda bem próximos.
Effy virou pra janela enquanto Dean voltava ao seu lugar, e por sorte, ele não podia
ver sua expressão. Ela estava cheia de duvidas, cheia de angustia e cheia de
culpa. Mas em compensação, as coisas já estavam começando a ficar claras.
--
Penn
estacionou seu Jeep em frente à casa de Courtney assim que chegou. Não resistiu
e se olhou no retrovisor, tudo parecia em ordem. O cabelo arrepiado continuava
perfeito, a barba que fizera há poucos minutos não tinha falhas, e por mais que
fosse difícil acreditar, o paletó de seu pai havia servido perfeitamente. A
única coisa que parecia estar errada era a sua acompanhante, mas isso não iria
mais questionar.
Sem hesitar,
ele saiu do Jeep e caminhou por entre o jardim dos Hobbs até a porta da frente.
Apertou a campainha duas vezes, e enquanto esperava ser atendido, aproveitou
para ajeitar o paletó. Pelo demora, pensou que alguém poderia não ter ouvido,
então decidiu apertar de novo. Foi aí que começou a ouvir gritos vindos de
dentro da casa, parecia que duas pessoas estavam discutindo em espanhol. Penn
sabia que isso sempre acontecia na casa de Courtney, mas nem por isso deixou de
ficar com medo.
- Cala-te! – Gritou Courtney assim que
abriu a porta – Es una loca!
- Hija de La puta! – Gritou sua mãe de
volta, mas logo o som foi abafado quando a porta foi fechada.
Courtney
olhou para Penn, envergonhada, ainda não entendia porque todos que iam a sua
casa precisavam ver de camarote aquele show.
- Oi... –
Sussurrou ela.
- Você está
bem...?
- Sim –
Courtney passou a mão pelo cabelo – Então, vamos?
- Ok – Penn
assentiu.
Ele deixou
Courtney ir na frente, mas quando chegaram ao Jeep, passou por ela pra poder
abrir a porta. Ela apenas agradeceu com um sorriso e entrou. Colocou o cinto de
segurança e esperou Penn dar a volta para entrar.
- Sei que não
é uma limusine... – Disse ele – Mas acho que o melhor não está aqui dentro,
então...
- Não, tudo
bem, eu adorei seu Jeep. É bastante original.
- Obrigado –
Penn girou as chaves para ligar o motor, mas antes de partir, olhou pra ela de
novo. Courtney estava usando um vestido azul claro e um cinto preto na cintura.
No rosto, ela havia jogado uma maquiagem leve para não parecer exagerada, junto
de um batom para que seus lábios fossem realçados – Você está linda.
- Obrigada –
Ela sorriu, sem graça.
Penn sorriu
de volta, esperando que aquele elogio não fosse entendido de outra maneira. Ele
pisou no acelerador, e finalmente, Courtney estava longe de casa.
Os dois
permaneceram quietos durante os primeiros minutos da viagem, e o único som que
ouviam era o dos motores do Jeep. Courtney até pensou em tomar a liberdade e
ligar o rádio, mas não conhecia o estilo de musica de seu parceiro, e não
queria lhe obrigar a ouvir nada cantado por uma adolescente famosa só porque
ela gostava.
Desse jeito,
Courtney achava que o melhor a se fazer era ficar quieta e guardar toda e
qualquer conversa já planejada na cabeça pra hora do baile. Foi enquanto
pensava nisso que ouviu o celular tocar. Tirou ele da bolsa rapidamente, e não
demorou nem dois segundos para olhar no visor e saber quem era.
- Oi Paige –
Disse ela ao atender – Algum problema?
- Não –
Respondeu a garota.
Paige estava
andando no corredor do hospital, esperando que seu pai terminasse de ser
medicado para voltar ao seu quarto. Ela usava um moletom cinza e uma blusa azul
por baixo, com uma calça jeans e um salto pequeno, totalmente o oposto do que a
cidade esperava da eterna Rainha do Baile. Seu cabelo amarrado e a ausência de
maquiagem no rosto completavam o look cansado, e tiravam todo o brilho que ela
costumava ter.
- Só liguei
pra perguntar se está tudo bem com vocês e como está o baile...
- Tudo bem.
Ainda não cheguei, mas não sei quanto a Lola e Effy. Acho que ainda dá tempo de
você vir...
- Não
posso... – Paige sentou num dos bancos azuis do corredor e suspirou, sentia que
a cabeça estava prestes a explodir – Estou com meu pai, ele piorou hoje cedo.
Preciso ficar por perto...
- Tudo bem,
apenas não fique sozinha. Tem alguém aí com você?
- Sim – Paige
olhou pro lado – Uns cem médicos andando de um lado pro outro. Estou segura...
- Acho que o
baile não vai ser a mesma coisa sem você subindo ao palco pra pegar a coroa...
- É... As
coisas não estão sendo as mesmas há um bom tempo...
Courtney
abaixou a cabeça, não conseguia não ficar triste com tudo o que estava
acontecendo. Nem mesmo um baile ao lado do garoto que gosta podia camuflar
tanta tragédia.
- Senhorita,
já pode entrar – Disse uma enfermeira.
- Ok. Hey
Court, preciso desligar – Ela se levantou – Se conseguir falar com Effy, peça
pra ela me ligar, estou tentando desde cedo, mas só cai na caixa postal.
- Pode
deixar.
- Se cuida,
por favor.
- Você
também... Tchau – Courtney desligou.
Ela ficou
olhando pro celular por alguns instantes, o suficiente para que Penn achasse
que algo estava acontecendo.
- Alguma
coisa errada? – Perguntou ele, revezando o olhar na direção e nos olhos dela.
- Não – Ela
sorriu – De jeito nenhum.
- Ok – Penn
assentiu.
E em poucos
segundos, ele estacionou o Jeep. Courtney não esperou ele abrir a porta para
que saísse, estava ansiosa demais para entrar. E aparentemente, o baile de
formatura superava suas expectativas. Apenas a entrada era maravilhosa, com
arranjos de flores em todo lugar e flashes de câmeras para todos os lados. E
enquanto Penn entregava as chaves ao manobrista, ela observava as amigas
tirando fotos embaixo do arco florido próximo a porta do hotel. Havia uma fila
pra foto, e por sorte, não estava grande.
- Vem – Disse
Penn, pegando em sua mão para que andassem – Quer tirar uma foto?
- Você quer?
- Sim –
Courtney sorriu a apertou a mão dele.
Junto eles
caminharam até o arco para fazer parte da fila. Acabaram ficando atrás de Ian
Hardley e sua namorada da semana, quase engolindo um ao outro com o beijo
molhado que faziam questão de dar na frente de todos.
Courtney
olhou ao redor, não via nenhuma de suas amigas ou seus respectivos pares. Pensou
que ainda não tivessem chegado, por ainda estar cedo. Mal ela sabia que dentro
do prédio, naquela pista de dança, os formandos do ensino médio já tinham
encontrado sua rainha.
Como o
colégio inteiro sempre disse, Lola era a rainha da pista de dança sempre que se
propunha a dançar. E dessa vez não era diferente, mesmo que no momento não
estivesse se sentindo uma Rainha. Ela dançava pra esquecer os problemas, com o
rosto triste e cansado e se misturava fácil no meio da multidão quase passando
despercebida. Na verdade, era exatamente o que ela queria.
Quando a
música agitada terminou, a multidão parou de se mexer. E enquanto o resto deles
aplaudia o DJ, Lola fitava o nada. Estava com o rosto suado e o olhar distante,
apenas pensando.
Ela andou por
entre as pessoas com cautela, até encontrar a mesa onde deixara seu companheiro
esperando. Mas ele não estava mais lá, só o que ela via era seu copo de ponche
vazio e o arranjo florido que ele lhe dera antes de entrarem no prédio.
Lola se
aproximou da mesa e pegou sua bolsa em sua cadeira. Sentou-se e olhou ao redor,
ainda não conseguia vê-lo, achava até que por ter sido triste e depressiva
desde que chegaram ele havia ido embora sem se despedir. Então, se fosse assim,
estava tudo bem. Ele apenas havia antecipado o que aconteceria no fim daquela
noite.
Foi tentando
achá-lo no meio da multidão que ela avistou na porta a entrada triunfal de Effy
e Dean, como um casal Hollywoodiano perfeito por quem todos babavam. Effy, como
sempre, estava doce e serena, tentando lidar com a timidez por ter chamado
tanta atenção. Mas Dean, ele gostava que todos o encarassem e sentissem inveja.
Ainda mais agora, quando a garota mais bonita do salão estava de mãos dadas com
ele.
- Acho que
meu vestido está rasgado... – Sussurrou Effy no ouvido do namorado – Todos
estão olhando...
- É porque
você está lindar, amor – Dean sorriu.
Effy sorriu
de volta, mas ouvir um elogio do namorado não diminuía o nervosismo. Todos
ainda estavam olhando, e tudo porque a roqueira estúpida que usava maquiagem
preta todos os dias parecia finalmente ter encontrado sua fada madrinha. Era
difícil de acreditar que estava tão bem a ponto de chamar a atenção de todos, e
por mais que tivesse desejado a vida inteira não passar por aquela situação, ela
estava gostando de ser admirada. E em alguns casos, até invejada.
Ela observou
a decoração do Hotel logo depois que os olhares lhe cansaram, estava tudo tão
lindo que ela finalmente entendeu toda a obsessão de sua mãe por um baile de
formatura. Havia flores por todos os lados, e a cor das cortinas, mesas e
guardanapos iam de roxo a branco. Se olhasse pra cima, veria alguns artistas
enrolando-se em cordas e dançando com bambolês lá no alto, além do jogo de
luzes impecável que fazia o ambiente parecer uma boate sem perder a classe. No
palco, uma banda chamada Plastiscines composta por garotas estava tocando um
rock animado e enlouquecendo as pessoas na pista de dança.
Tudo lhe
pareceu bastante aleatório, até ela olhar para trás e ver o enorme letreiro
encima da porta por onde passou. Ele estava piscando as palavras “Bem Vindos ao
País das Maravilhas” com luzes de Neon, era o tema escolhido para aquele ano.
Só assim ela
foi perceber que estava num ambiente familiar. As mesas, as cores, os cogumelos
enormes no final do salão onde os formandos podiam se deitar... Aquilo era
definitivamente o país das maravilhas, e ela estava completamente extasiada. Parece
que o Baile de Formatura não era tão, no fim das contas.
Ao caminhar
pelo lado esquerdo do salão, Dean e Effy acabaram topando com um conhecido.
Este, Mark Ewing, mais um amigo do time de Lacrosse de Dean que Effy nunca
ouvira falar.
- Dimmo! –
Gritou ele, Effy tomou um pequeno susto.
- Marco! –
Gritou Dean de volta, e logo o puxou para um abraço – E aí, como você ta, cara?
- Cheio de
contusões, só vou poder jogar em Setembro. Mas fora isso, tudo certo.
- Sério? –
Dean passou o braço pelos ombros de Effy.
- É, mas não
se preocupe. Recebi uma proposta dos Jokers, acho que vou me dar bem.
- E jogar ao
lado de Ted Schwartz? Isso me parece dispensável.
- Você só tem
raiva dele porque ficou com a sua garota, anda, supera – Mark sorriu.
- O cara é um
idiota. Fez o que? Três gols a vida inteira? Se não tivesse comprado até a avó
dos patrocinadores e não dirigisse uma Ferrari ainda estaria na lama.
- Seu
namorado costuma ser invejoso desse jeito? – Perguntou Mark à Effy.
- Não, só
quando tocam na ferida – Effy sorriu.
- Muito
engraçado...
- Ok, vou
deixar vocês em paz agora. Minha garota ta me esperando. Foi bom ver você, cara
– Mark tocou o ombro de Dean e sorriu para ele e Effy.
- Você também
– Respondeu Dean.
Effy observou
Mark indo embora, parecia ser um bom rapaz. Porém, não lembrava de Dean já
tê-lo mencionado.
- Ele parece
legal – Disse ela.
- Ele é.
- Por que
nunca falou dele pra mim?
- Porque isso
é gay demais.
- Certo –
Effy sorriu. Então estava tudo explicado.
- Então... –
Dean a puxou pela cintura, de forma delicada, e colocou um sorriso malicioso
nos lábios – Você quer ficar falando dele ou aproveitar o baile?
- Eu tenho
escolha? – Effy também sorriu com malícia.
- Eu acho que
não... – Dean a beijou.
Depois, eles
sorriram um pro outro. Era um bom momento para conversar com ele, mas ver Lola
perto de sua mesa fazendo sinais com as mãos acabou deixando Effy curiosa. Ela
estava chamando-a para conversar, talvez tivesse algo importante a dizer sobre
Charlie.
- Então
Dimmo... – Disse Effy, com a voz aveludada e ao mesmo tempo sexy – Por que você
não vai pegar um pouco de Ponche pra gente enquanto eu falo com as minhas
amigas?
- Dimmo – Ela
sorriu com desdém – Deus, eu vou matar o Mark. Ok, eu já volto – Dean lhe deu
um ultimo beijo antes de partir.
Effy sorriu
uma ultima vez para o namorado, e então, voltou a ficar séria. Estava com medo
do que Lola poderia querer conversar, e por causa disso, hesitou alguns instantes
antes de ir a seu encontro.
Mesmo que
algo tivesse acontecido, ela ainda teria como se defender. Havia amarrado uma
faca na parte de trás da coxa, que era coberta completamente por seu vestido
preto. Effy a ajeitou enquanto caminhava só para ter certeza de que não iria
cair, mas é óbvio, de modo discreto para que Lola não desconfiasse.
- E aí,
alguma novidade? – Perguntou ela.
- Não, eu ia
perguntar isso pra você. Onde estão as outras?
- Courtney eu
vi tirando foto lá fora. Paige não vai vir, teve que ficar com o pai no
hospital – Effy preferiu não comentar, mas tinha conseguido perceber o
nervosismo de Lola pela sua voz.
- Sorte a
dela... – Lola olhou ao redor – Eu daria tudo pra não estar aqui...
- Nem me
fale... O baile é importante pro Dean... – Effy olhou pro lado. Por uma brecha
na multidão podia ver Dean e mais alguns amigos perto da mesa do Ponche, ele
parecia feliz.
- E eu não
tenho a mínima ideia de onde está meu acompanhante... Ricos bêbados têm essa
capacidade de desaparecer, se é que me entende...
- Sei... –
Effy sorriu.
- Ah – Lola
abanou a si mesma – Acho que preciso de um ar...
- Eu vou com
você...
- Por quê?
- Não devemos
ficar sozinhas, lembra?
- É... Ta
bom, você vem, mas só se prometer não fumar.
- Ok – Effy
sorriu.
- É sério,
estou salvando você de um câncer...
- Vai logo –
Effy empurrou Lola, ainda com um sorriso no rosto.
--
Um barulho de
trovão acabou tirando Paige de seu sono profundo. Os olhos azuis – ainda
embaçados – pairaram no leito de seu pai ao lado, ele continuava dormindo do
mesmo jeito. Então, todas aquelas imagens dele sorrindo e dizendo o quanto era
feliz tinham sido apenas um sonho.
Quando ouviu
o barulho de outro trovão, ela olhou pra trás. Estava vendo a enorme cortina
rosa que dividia o quarto para duas pessoas, e logo atrás, a janela de vidro
aberta. Ainda não estava chovendo, mas do jeito que o vento batia nas árvores, não iria demorar
muito.
- Droga –
Disse ela antes de se levantar para trancar a janela. Acabou por derrubar no
chão o livro que estava em seu colo, mas não ligou pra isso.
Depois, olhou
para o relógio na parede, ele marcava às oito. Parece que tinha dormido por
muito tempo, mas não havia se passado nem uma hora desde que sentara na
poltrona para ler seu livro.
Dando um
enorme suspiro, ela saiu do quarto, e foi direto até o refeitório. Ele estava
quase vazio, com apenas três médicos jantando na mesa do centro e uma
adolescente rebelde brincando no celular perto das máquinas de chocolate.
Próximo as janelas, Paige também podia ver a faxineira recolhendo o lixo e
algumas cozinheiras conversando. Então, ficar sozinha dentro daquele lugar era
impossível, ela não tinha com o que se preocupar.
Lentamente ela
caminhou até as máquinas de chocolate e tirou uma moeda do bolso. Quando a
colocou na máquina, ouviu seu celular tocando dentro do bolso. Era sua mãe,
finalmente retornando depois de suas trezentas ligações.
- Alô? –
Disse ela, ao atender, alto o suficiente para chamar a atenção da garota que
brincava com o celular – Sim, estou com ele no hospital...
Ela olhou
para Paige, e pôde assistir de camarote o momento em que a garota começara a se
descontrolar.
- Sim, ele é
meu pai, mas é seu marido também [...] Não estou dando conta de tudo isso
sozinha [...] Não me venha com essa, não é só minha responsabilidade!
- Nossa... –
Sussurrou a garota.
- Eu estou
pedindo a porra da sua ajuda, sua idiota! – Gritou Paige. Logo em seguida,
percebeu que a mãe havia desligado na sua cara – Inferno! – Paige deu um chute
na máquina a sua frente, chamando a atenção de todos no refeitório. Ela olhou
pra eles, pareciam assustados.
- Você ta
precisando... – Começou a garota, mas logo foi cortada por um grito histérico
de Paige.
- Me deixa em
paz! – Paige saiu correndo.
Só parou
quando chegou até o quarto onde estava seu pai, mas hesitou antes de entrar.
Estava primeiro limpando as lágrimas e tentando se convencer de que realmente
não precisava da ajuda de sua mãe. Sempre tinha resolvido tudo sozinha, e dessa
vez não seria diferente.
Quando passou
pela porta, ela caminhou até a poltrona e pegou seu livro do chão. Limpou suas
lágrimas e o abriu, apenas ler conseguia lhe distrair naquele momento. Mas,
ainda se perguntava como era possível alguém não se importar com o próprio
marido ou a própria filha e ainda se dizer mãe. Talvez se tivesse estado
presente pelo menos o suficiente, a filha tivesse aprendido a não camuflar seus
problemas com a bebida.
De qualquer
modo, a única coisa que poderia fazer se estivesse ali era assisti-lo morrer
aos poucos, e ninguém poderia obrigá-la a querer isso. Então, não havia nada a
fazer se não chorar, ou sentir raiva. Não de sua mãe, ou de seu pai, ou do
homem que está matando suas amigas, mas sim de toda essa situação, e tudo que
levou as coisas chegarem a este ponto.
De repente,
junto ao barulho incessante de trovões no lado de fora e o chiado da TV sem
sinal, Paige começou a ouvir vozes. No começo pareciam gemidos, mas depois ela
percebeu que eram palavras sendo repetidas sequencialmente, e que faziam
sentido. Era como se um robô estivesse falando, ou qualquer outro brinquedo com
a voz irritante.
Ao que tudo
indicava, elas vinham de trás da cortina rosa, onde havia um leito vazio. Paige
não hesitou, apenas correu até a cortina e a puxou para ver do que se tratava.
Pra sua surpresa, era uma boneca, do mesmo modelo daquele que vira sendo queimada
quando ela e as amigas foram atacadas no The Purple.
A distração
acabou não lhe deixando perceber que o assassino estava embaixo da cama de seu
pai com uma faca prestes a lhe atacar. E em fração de segundos, teve o
calcanhar esquerdo cortado na horizontal. Até segurou na cortina para evitar a
queda, mas acabou caindo no chão do mesmo jeito.
O assassino
saiu debaixo da cama e caminhou na sua direção, ignorando os gritos histéricos
que ela dava. Estava achando que iria ser a próxima a morrer, sem saber que para
ela outros planos estavam guardados.
Com apenas um
soco o assassino conseguiu lhe deixar inconsciente, e só assim o escândalo
havia cessado. Seu nariz estava quebrado, e de seu calcanhar, o sangue não
parava de jorrar.
Finalmente o
ultimo dia de todas elas havia chegado. E se tivessem um pouco de sorte,
morreriam rápido.
#GameOn
#GameOn
Leffy ♥ - Meu Deus, Paige não, Deus do céu, não faça isso, mate qualquer um, menos as 4, porque eu quero um My Last Lie 2. ÓTIMO capítulo, já vi que o próximo vai ser ótimo já pelo final, tirando o final, o capítulo foi mais divertido e romântico, foi realmente bom.
ResponderExcluirNãoooooo please não mate a Paige!!!! Paige não pode morrer,ela e Effy são minhas personagens favoritas,adoro a amizade delas. O episódio foi bom,acho que as gaortas estão tão atordoadas por esse jogo doentio que nem estão aproveitando,o que pra elas deveria ser o momento mais importante,pela primeira vez não sei o que pensar,não tenho nenhum suspeito em mente e isso me da mais vontade de saber quem é.
ResponderExcluirCoitada da Paige,por favor não a mate quero as 4 vivas no final,tbm não tenho nenhum suspeito e essa situação está me deixando aflita a cada cena em que o Anonymous ataca me deixa mais desesperada quero saber logo quem ele é.
ResponderExcluirNão mate ela eu te pesso por favor
ResponderExcluirfora a morte de Paige que eu estou sentindo a historia esta muito foda esperando o proximo capitulo
Nããoo Paige.
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