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[Livro] My Last Lie - Capítulo 15: The Step-Mother

Don't Press Play.

- Bondade sua, senhor – Disse Dean, com um sorriso no rosto. E pela primeira vez naquela noite, não era um sorriso forçado.

Ele estava de frente para um dos amigos parlamentares de seu pai e sua adorável esposa com metade de sua idade. Dean tinha acabado de arrancar um elogio sincero da boca do homem mais exigente que já conhecera na vida, que fazia até mesmo seu pai parecer um cordeirinho. Era uma coisa que nunca pensou estar vivo para presenciar.

- Você tem muito talento, filho – Continuou o senhor – Se não fosse comprometido talvez ainda pudesse fazer parte de minha família.

- É, realmente uma pena. Sua filha é uma ótima garota, mas só tenho olhos para uma.

- Faz muito bem, fidelidade é muito importante na vida de um homem, e exatamente o que os políticos de hoje em dia precisam.

- Concordo plenamente – Dean assentiu, prendendo um riso. Como um homem que fora flagrado no hotel com duas orientais pela mulher poderia ter algum crédito pra falar sobre fidelidade? Se rir de um homem tão poderoso não fosse quase um crime naquela cidade, não haveria porque não gargalhar de toda aquela situação.

- Então... Onde está a adorável garota que estava com você ainda pouco?

- Ela... – Dean olhou ao redor, só o que via era convidados indo de lá pra cá como se brotassem do chão. Mas, entre eles estava Effy. A garota descia as escadas enquanto ajeitava o vestido, parecia tão abalada que para ele, alguma coisa definitivamente tinha acontecido – Ali está ela – Dean apontou e logo tratou de disfarçar o que tinha percebido – Bom, agora é hora da nossa dança. Se vocês me dão licença...

- Tudo bem.

- Foi um prazer – Antes de passar pelos dois, Dean deu um ultimo sorriso. Ele caminhou na direção de Effy e sem querer, acabou lhe dando um susto . Ela estava tão apavorada que temia até a própria sombra – Onde você estava? Fiquei procurando você por uma hora.

- Lá encima no banheiro – Mentiu ela, engolindo em seco – Não estava me sentindo bem, desculpe.

- Você quer uma carona pra casa? Não parece bem mesmo.

- Não, não se preocupe, só vou tomar um ar e já estou de volta, sei que essa festa é importante pra você.

Dean hesitou por um momento, ela estava sendo amável demais. Da ultima vez que falara com ela naquele tom de alguns minutos atrás levou dois socos no rosto e ficou três dias sem vê-la. E agora de repente ela estava sendo gentil, submissa, e todas as outras coisas que sempre fez questão de não ser. Tinha acontecido alguma coisa, e talvez a chegada de sua amiga Paige tenha sido o motivo.

- Você tem certeza?

- Sim – Effy se aproximou para beijá-lo, nem conseguiu fechar os olhos de tanta pressa – Eu não demoro, prometo – E então, ela passou por ele correndo, sem se preocupar em esbarrar num ou outro convidado.

Dean tomou o ultimo gole de seu champanhe enquanto observava a namorada sair. O olhar de desconfiança demonstrava que ele sentia que algo estava errado, mas a festa não iria parar por causa de uma mentira de Effy. Logo após ela sair de sua vista, outro casal lhe abordou perto das escadas para falar sobre seu pai, e então tudo isso simplesmente desapareceu de sua mente.

Effy olhou pra trás assim que desceu as escadarias enormes da mansão. Não estava sendo seguida, nem observada, porém, o medo de que algo pudesse dar errado só aumentava. Era como nos filmes onde alguém estava prestes a descobrir algo importante, e o vilão dava a volta por cima. E se ele a matasse antes de ouvir a gravação? E se acontecesse alguma coisa com Lola e Courtney antes de voltarem de Georgetown para que a gravação secreta nunca seja ouvida? Poderia acontecer tanta coisa que ela nem se atrevia a passar da hipótese em que todas elas poderiam morrer ainda naquela noite.

Quando ela chegou ao chafariz, teve que recuar dois passos para não ser atropelada por Paige. Era o nervosismo que estava tomando conta de todas elas.

- Entra – Disse Paige ao abrir a porta. Ela esperou Effy se acomodar no banco e colocar os cintos para que pudesse partir com o carro.

Juntas elas passaram pelos portões da mansão e assim que dobraram na próxima rua, Paige tratou de aumentar a velocidade. Quanto mais rápido chegassem, mais rápido saberiam da verdade.

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Lola fitava o gravador encima da mesa de centro como se estivesse olhando para Deus. Mas, ela tinha seus motivos para não querer fazer aquilo sozinha. Um objeto tão difícil de ser encontrado e guardado a sete chaves só poderia ter todas as respostas que precisavam. E desenterrar segredos era a primeira coisa que poderia causar a sua morte.

Ela estava pensando em Violet, e nas coisas que Effy dissera pelo celular. Não era mais uma suposição, ou um jogo de palavras que poderia fazer sentido ou não. Havia provas concretas de que Violet escondia um segredo tão tenebroso que apenas sua morte poderia livrar alguém de pagar por seus crimes, alguém que não hesitou em matar quatro pessoas e não hesitaria em matar mais quatro para que tudo permanecesse enterrado. E se naquela fita dentro do gravador bem a sua frente pudesse ter exatamente o que não queria ouvir?

De qualquer modo, não havia tempo para dúvidas. Effy e Paige tinham acabado de chegar, e todas elas já estavam prestes a descobrir o que de tão importante havia ali dentro.

Quando Effy e Paige chegaram até a sala, a primeira coisa que viram foi o gravador encima da mesa de centro. Ele parecia se destacar de todo o resto, como se nada mais existisse no ambiente. Se isso não fosse loucura, Paige diria que estava sendo observada por ele.

- Vocês já ouviram? – Perguntou ela.

- Não, estávamos esperando vocês.

- Hmm – Effy olhou ao redor, não estava vendo Courtney. E devido aos últimos acontecimentos, ela logo pensou no pior – Onde está Courtney?

- No banheiro, desde que chegamos.

- Estou aqui – Gritou a garota, do outro corredor. Tinha acabado de puxar a descarga e bater a porta.

Quando entrou na sala, nenhuma das garotas deixou de perceber como ela estava abatida. Parecia ter emagrecido mais alguns quilos e chorado tanto que não era possível enxergar a Iris branca de seus olhos. Ela estava passando álcool em gel pelo corpo inteiro, só para eliminar todas as bactérias as quais havia sido exposta assim que descobriu o cadáver de Edgar.

- Vocês não foram seguidas? – Perguntou Lola, virando-se para Effy e Paige.

- Não – Disse Effy - Eu fiquei observando enquanto Paige dirigia. E vocês?

- Também não. Mas é só uma questão de tempo, ele está em todos os lugares e sabe de tudo, não vai gostar de saber que estamos com algo dele.

- Podemos simplesmente ouvir isso logo, por favor? – Courtney fungou. Sua voz era suplicante e fez com que as outras garotas ficassem com pena dela. Parecia ser a mais frágil do grupo, e também a mais ética, mesmo que colocar Charlie na cadeia tenha sido um tanto fácil para ela.

- Não podemos perder tempo – Disse Paige.

Effy precisou trocar um olhar com Lola para ter certeza do que estavam prestes a fazer. Lola apenas assentiu, e essa era a resposta que precisava. Effy caminhou até o gravador e apertou o play. Se afastou de volta pra perto das amigas e ficou olhando.

Do gravador, nenhum som saia, nem mesmo um ruído. Lola até cogitou a hipótese de não estar ligado, mas podia ver uma luz vermelha piscando e a fita girando dentro do aparelho. Então, isso só poderia significar uma coisa: Não havia nada gravado.

- Há – Lola deu um ar de risos depressivo – Eu já imaginava... – Ela correu até o gravador e o abriu.

- Espera, pode estar do outro lado – Alertou Paige.

- Talvez esteja com defeito... – Courtney se afastou, foi mais pra perto da parede, estava tão apavorada que na sua cabeça aquele gravador poderia até mesmo ser uma bomba.

- Ok – Lola trocou a fita de lado e em fração de segundos, já havia fechado o gravador e deixado no lugar. Ela se afastou para ficar perto das amigas, sem tirar os olhos do aparelho.

Mais uma vez esperaram por qualquer tipo de som, e nada aconteceu. A fita rodava, a luz vermelha piscava, e tudo indicava que o aparelho funcionava perfeitamente. Mas era difícil demais admitir que tiveram todo aquele trabalho apenas por uma pista falsa.

- Não tem nada gravado... – Murmurou Lola, a decepção estava saindo por seus poros.

- Não acredito nisso... – Effy deu um longo suspiro de olhos fechados e colocou as mãos na cintura. Se não estivesse tão exausta, talvez pudesse deixar a revolta tomar conta de si – Todo esse trabalho pra nada...

- Acho que ele está brincando com a gente. Talvez ele tenha colocado a pista falsa na caixa da Violet e feito a gente dar toda essa volta pra nada. Ele está nos manipulando.

- Vocês querem dizer que isso não vai acabar? – Courtney fungou mais uma vez.

Se tinha algo ainda mais revoltante do que ter seguido uma pista falsa, era ver Courtney se desesperar. Lola estava com vontade de descontar suas frustrações na garota para ela se recompor, mas ao invés disso, preferiu manter a calma. Afinal, ela era a líder, e precisava se comportar como tal.

Foi no meio do seu discurso de consolação que Paige ouviu um barulho estranho vindo do gravador. Primeiro pensou ser um ruído qualquer, talvez por ser um gravador antigo que está há muito tempo sem ser usado. Porém, o barulho se repetiu inúmeras vezes, e alto o suficiente pra chamar a atenção de todas elas.

Effy e Lola trocaram outro olhar cauteloso, estavam sentindo o coração bater tão forte que não tinham coragem de estragar o momento dizendo uma sequer palavra. E quando os ruídos terminaram, elas ouviram apenas uma musica no fundo, que aumentava como se alguém estivesse pressionando o botão do volume.

- É uma musica... – Comentou Paige, tinha acabado de olhar para Effy.

- Não – Effy engoliu em seco – É Rob Zombie, Living Dead Girl – Effy olhou pras amigas – A musica que estava tocando na casa da Crystal quando Violet sumiu no bosque.

- O que? – Lola quase gritou.

As garotas voltaram a olhar pro gravador, cientes de que o que estavam prestes a ouvir iria mudar suas vidas para sempre.

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2010, Festa de Aniversário da Crystal
Apenas a frente da casa de Crystal Cooper já demonstrava que aquela festa tinha saído do controle. Não pela quantidade de pessoas, já que Crystal sempre teve uma lista limitada de convidados. Mas porque o som estava tão alto que apenas adolescentes alcoolizados conseguiriam suportar.

Entre vários convidados que estavam entrando e saindo, estava Charlie Abrams. Com a jaqueta preta impecável e os sapatos completamente sujos de lama. Ele aproveitou que ninguém prestava atenção em ninguém para passar despercebido antes que algum dos jogadores de futebol resolvesse cometer bullying. As luzes, porém, dificultavam tudo. Se conseguisse ver um palmo a sua frente já era muito, e esbarrar nas pessoas realmente já tinha lhe cansado.

Após passar pela multidão, Charlie entrou no primeiro banheiro que viu. Trancou a porta pelo lado de dentro e se olhou no espelho encima da pia. Seus olhos estavam cheios de olheiras e a boca lapidada de tão seca. Era o efeito das drogas, e o preço que tinha que pagar por alguns minutos ignorando a realidade cruel onde era obrigado a viver.

Ele tirou de dentro do bolso da jaqueta um pequeno gravador, onde seria usado para provar que nem todas as pessoas dizem a verdade. Ele checou dentro, a fita estava em perfeitas condições e o aparelho pronto para gravar.

Depois que o colocou de volta no bolso, ele ligou a torneira e lavou seu rosto. Mesmo estando limpo não conseguia disfarçar o quanto ele estava precisando de uma boa noite de sono. Talvez comer alguma coisa para tapar o buraco no estômago, ou beber um copo de água como não fazia há dois dias. Mas, isso tudo poderia esperar, pois algum dia seria recompensado pelo que estava prestes a fazer.

Quando abriu a porta do banheiro, deu de cara com Skye. Ela ficou paralisada com a mão direita erguida fechada em um punho, estava se preparando pra bater quando foi surpreendida.

- Oi – Murmurou ela, tentando sorrir.

- Oi – Charlie imediatamente passou por ela, sem se preocupar em empurrá-la pro lado para ser mais rápido.

Skye olhou pra trás, tinha achado estranho demais, até mesmo pra ele. Mas o único motivo que conseguia pensar para ele estar assim eram as drogas, então realmente não precisava se preocupar quando a culpa era toda dele.

Charlie passou novamente pela multidão, mas dessa vez, não pra fugir. Demorou alguns instantes até que finalmente encontrou quem estava querendo. Violet dançava sozinha no meio da pista, com um copo de cerveja nas mãos e a expressão provocante. Quando percebeu que Charlie iria se aproximar, fez questão de ir até o chão sem tirar os olhos do garoto, mesmo sendo observada com ódio.

Charlie não teve outra alternativa se não desviar. Tinha treinado um texto na noite passada para abordá-la, mas o medo de que ela descobrisse seu plano ainda era grande. Então, era melhor esperar outra oportunidade, pois só tinha uma chance.

Ele sentou numa das cadeiras do bar e olhou as prateleiras de bebidas. Antes que pudesse ler os rótulos, seu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de texto  de Violet, que praticamente havia caído do céu.
“Precisamos conversar, me siga até o bosque” – Sua madrasta.
Charlie deu um grande suspiro assim que percebeu que era mais uma provocação. Olhou pra trás, podia vê-la parada por entre a multidão, com um sorriso vitorioso no rosto.

Assim que ela começou a se mover, ele a seguiu. Primeiro até a porta de entrada, onde lhe foi lançado mais um olhar provocante.

Exatamente naquele momento, as outras garotas discutiam no andar de cima o que mais uma vez tinha se tornado uma festa horrorosa.

Tessa estava sentada na cama com o olhar furioso, não conseguia parar de pensar na humilhação que acabara de sofrer. Como se não bastasse ter visto o namorado aos beijos com a aniversariante, ainda foi empurrada na piscina na frente da festa inteira quando tentava acertar as contas com a mesma. Por isso as roupas molhadas, a maquiagem escorrida e as faíscas de ódio saindo de seus olhos.

- Eu vou matar aquela desgraçada! – Tessa estava bufando – Vou matar os dois! Não acredito que fizeram isso comigo!

- E eu não acredito que você roubou dois namorados dela e ainda acha que está com a razão – Lola cruzou os braços.

- Você está aqui pra me julgar?

- Claro que não... – Effy tentou se aproximar, mas Tessa estava hostil demais para fazer qualquer contato humano.

- Não encosta em mim! – Tessa pulou da cama – Eu to legal! Não preciso que vocês sintam pena...

- Neste caso, estamos liberadas? – Lola sorriu com desdém.

- Para Lola – Repreendeu Effy – Tessa, vamos embora, você não tem mais nada pra fazer aqui. Amanhã você se vinga, faz o que quiser.

- Ah, eu vou me vingar mesmo, acredite.

- Então vamos, vou chamar as outras garotas e pegar o carro. Essa festa acaba aqui – Effy passou pela porta, fazendo Lola dar um ar de risos.

As outras garotas a seguiram até o andar de baixo, e depois, até a porta.

- Bela! – Gritou Lola, acenando – Estamos indo embora!

Bela sorriu pra ela, não tinha entendido uma palavra do que tinha dito pelo efeito da bebida, mas os sinais eram inconfundíveis.

- Bom, a filhinha do papai está finalmente enchendo a cara. Se deixarmos ela aqui talvez perca a virgindade – Lola sorriu.

- Lola, todas nós vamos embora – Disse Effy.

- Ok – Lola deu mais um sorriso, era puro deboche. Não via motivos para todas estarem preocupadas com uma simples briguinha de colegial quando poderiam aproveitar a festa. Mas, dar sua opinião estava fora de questão quando sabia que seria repreendida.

Como as outras garotas estavam andando devagar, Lola tomou a frente e foi a primeira a sair pela porta. Não estava vendo Violet e Courtney em lugar algum.

- Courtney e Violet não estão aqui – Disse Lola – Devemos procurá-las?

- É claro – Effy olhou pra frente, foi a primeira que viu o exato momento em que Violet entrava no bosque sendo seguida por um homem de jaqueta preta – Ali está Violet. Hey Violet!

Todas as garotas olharam, até mesmo Bela, que tinha acabado de chegar. Mas Violet e Charlie estavam tão longe que não puderam ouvir, ou simplesmente notar que estavam sendo observados.

- Quem é aquele? – Indagou Lola – É o Charlie?

- Charlie Abrams? – Effy olhou pra ela, logo depois para Charlie. Não tinha certeza, nunca prestara atenção direito no garoto – Eu não sei...

- Violet sua vadia! – Gritou Tessa, tinha usado praticamente a garganta inteira para soltar o grito mais alto de sua vida – Ah, que dane, vou pegar o carro – Tessa passou pelas garotas batendo os pés. E se ela estava furiosa pelo menos q metade do que demonstrava, era melhor ir atrás dela antes que fizesse alguma besteira.

- Tessa, espera! – Effy correu atrás dela, sendo seguida por Bela.

Lola foi a ultima a sair dali. Preferiu ficar até o momento em que o homem de jaqueta preta desaparecia de sua vista só para aguçar ainda mais sua desconfiança . Se não estivesse sempre segura de que nada de ruim iria acontecer, o medo com certeza já teria lhe deixado paranoica.

Mal ela sabia que naquele bosque, duas pessoas iriam se confrontar, e apenas uma sairia por cima.

- O que você quer? – Perguntou Charlie assim que Violet parou de andar.

Ela virou para encará-lo como uma diva, ainda mantendo o sorriso vencedor no rosto. Apenas ele sabia como aquele sorriso era destruidor, mas ninguém naquela cidade iria acreditar.

- Trate sua madrasta com mais respeito, ou você sabe, pode ficar de castigo.

- Corta essa, fala logo o que você quer.

- Não sabia que você curtia ser tão direto, mas enfim – Violet cruzou os braços – Fez o que eu mandei?

- Fiz.

- E...?

- E... – Charlie hesitou – Ele prefere morrer a ter que olhar pra você de novo. E acho que ele não é o único.

- Sabe, isso é uma grande pena. Apesar de ser PHD, Edgar não parece ser muito inteligente – Violet virou pro outro lado, perto dela havia uma árvore com as iniciais dela e de Edgar, feitas num de seus passeios noturnos há algum tempo atrás. Em volta dela Violet podia ver duas borboletas azuis, havia um ninho ali perto, e sempre que se encontravam naquela parte da floresta elas os rodeavam. Era uma lembrança que fazia seu peito encher de dor, porém, precisava ser forte se queria tê-lo de volta.

Sua distração acabou dando tempo para Charlie verificar o gravador dentro do bolso. Ele o pegou e deu uma olhada discreta antes de tirar a mão, estava tudo ok, a gravação não havia parado e Violet parecia não desconfiar de nada. Ainda estava ocupada passando a mão nas iniciais dela e de Edgar, enquanto era consumida pelas lembranças.

- Passamos bons momentos juntos, mas parece que nada pra ele estava bom. Vivia com medo que fôssemos descobertos e que pudesse parar na cadeia... Acho que não confiava em mim – Violet virou os beiços, parecia uma criança mimada reclamando do brinquedo que sua mãe não comprou. Depois que esfregou os próprios pulsos na árvore para sujar as iniciais, virou-se novamente para Charlie – E agora ele está cometendo o maior erro da sua vida. Prefere parar na cadeia a ficar com alguém como eu. É como se eu não fosse boa o suficiente, e não existe coisa mais ridícula que essa. Olhe pra mim, me diga que a garota perfeita diante de seus olhos pode não ser boa o suficiente pra alguém – Violet cruzou os braços novamente, encarava Charlie como se estivesse com nojo e ao mesmo tempo apática.

- Você é louca.

- Eu prefiro o termo “apaixonada”... – Violet começou a dar passos na direção dele, enquanto fingia estar indiferente de uma maneira cínica – Ou “mulher capaz de fazer tudo pelo homem que ama”. Sabe, é menos pejorativo.

- Você precisa se tratar... – Charlie fechou as mãos num punho, estava tentado se segurar para não fazer uma besteira.

- Sabe Charlie, sinto orgulho em dizer que tudo o que faço, faço por amor. Você não conhece muitas pessoas que podem dizer o mesmo, conhece?

- Você não pode obrigar ninguém a ficar com você. Você não pode obrigar ninguém a gostar de você.

- Mas posso obrigá-lo a enxergar que não vai existir vida pra ele sem mim, assim como não existe vida pra mim sem ele – Violet dobrou as mangas da blusa e levantou o braço, deixando a mostra todas as marcas de cortes de faca que fazia a noite quando não conseguia suportar tanta saudade – Isso foi o que eu fiz quando ele me deixou. Olhe bem Charlie, quase cheguei nos pulsos, falta bem pouco. Mas não vou morrer sem levar todos vocês pro inferno comigo. Eu realmente não era o tipo de garota que dizia “Se não for meu, não vai ser de mais ninguém”. Mas adivinha, se ele não for meu, não vai ser de mais ninguém – Violet sorriu antes de se afastar novamente, estava apenas fazendo um joguinho com seu enteado.

- Não faça isso, por favor...

- Acho que tudo depende dele – Violet virou, no momento em que tirava uma foto dobrada de dentro do decote da sua blusa. Ela a desamassou e segurou ao alto para que Charlie pudesse ver – Olha essa foto, foi um dos nossos melhores momentos – Violet olhou pra foto em suas mãos – Claro que quando estiver nas mãos da polícia vão interpretar nosso sadomasoquismo de cada dia como um estupro de menor registrado com câmera, mas se eu conseguir o que eu quero, são só detalhes. Acho que neste momento você já se convenceu do que é melhor pra vocês.

- Na verdade... – Charlie fungou. Se recompôs por completo, pois sabia que aquela batalha já estava ganha – Você e suas ameaças podem ir pro inferno. Acha mesmo eu nos submeteríamos a uma chantagem doentia dessas sem nos defender?

- Hahaha! – Violet gargalhou – Não me diga que vão me matar.

- Não – Charlie tirou o gravador do bolso e deixou a mostra. Agora ele seria o vencedor, e não havia nada que ela podia fazer – Apenas mandar você pra uma instituição psiquiátrica por um bom tempo.

Violet ficou sem palavras no instante em que viu o que Charlie tinha nas mãos. Não conseguiu disfarçar o choque, e por alguns instantes, preferiu acreditar que ele estava blefando. Afinal, ela era a garota mais inteligente daquela cidade, e não poderia ter caído na armadilha de um drogado que não tinha onde cair morto.

- Sabe Violet, eu poderia chantagear você agora. Mas como sou daqueles que preferem fazer ao invés de falar, então vou ser bem claro. Não importa o que você faça, essa gravação vai direto pra polícia, e você já era.

- Você não pode fazer isso... – Violet tentou se recompor, mas estava assustada demais para conseguir convencê-lo que aquilo não iria lhe abalar.

- Bom, eu meio que posso. E depois que todos descobrirem que você é uma mentirosa, ainda vamos faturar um bom dinheiro da sua tão querida herança.

- Você não vai fazer isso, você não passa de um drogado.

- A partir de agora, é drogado rico pra você, sua vadia.

Charlie deu meia volta e saiu do bosque enquanto Violet esperava que ele fosse embora para poder explodir. Ainda estava viva quando ele foi embora, e isso, é exatamente o que aquela cidade não sabia.

--

As garotas olhavam pro nada como se estivessem em transe. Durante os incontáveis minutos em que estavam ouvindo a fita, sentiram que de repente o mundo havia caído sobre suas costas. Não era possível que tudo o que acreditaram a vida inteira pudesse ser mentira.

Porém, em meio a tanta negação, elas conseguiam raciocinar, e já tinham certeza de duas coisas. A primeira, Violet era uma psicopata com complexo de rejeição que chantageava Charlie e seu pai em busca da reciprocidade de seu sentimento doentio. E a segunda, Charlie não mataria Violet depois de ter provas suficientes para condená-la a um hospício e ganhar alguns milhões por causa do processo. Então, a única conclusão a que conseguiam chegar era que alguém realmente estava fazendo justiça. Elas arruinaram a vida de um pobre garoto que só queria salvar o pai das garras de uma doente mental e deixaram o verdadeiro assassino a solta. E este grande erro estava custando suas vidas.

Effy foi a primeira a sair do devaneio em que se encontravam após ouvirem a fita. Se levantou do sofá onde estava sentada e deu um grande suspiro ao andar na direção da janela.

As outras garotas acompanharam seus passos, ela parecia tão aflita e ao mesmo tempo tão calma que só podia estar prestes a explodir. Mas, ao invés disso, Effy apenas continuou olhando pela janela e repassando seus pensamentos. O homem que condenaram por ter matado a melhor amiga era inocente, e merecia viver mais do que todas elas. Essa era a difícil verdade que ela estava tentando aceitar.

- Effy, você ta legal? – Perguntou Paige, logo depois engoliu em seco.

- Não, não estou bem... Charlie Abrams era inocente, e todas nós merecemos morrer.

Logo depois de Effy terminar sua frase, alguém tocou a campainha. As garotas se olharam, com medo, e mesmo preferindo acreditar que era apenas uma visita, todas pegaram armas pra se proteger ao andarem juntas até a porta.

Paige observou a frente pelo olho mágico, não havia ninguém, apenas uma bandeira vermelha pregada talvez no chão. Ela abriu a porta devagar e encarou uma caixa marrom enorme com um bilhete encima. Enquanto Courtney e Effy olhavam dentro da caixa, Paige e Lola pareciam mais interessadas em ler o bilhete.

- São vestidos – Disse Courtney enquanto remexia na caixa. Os vestidos eram de cores diferentes e ainda possuíam tags com o nome de cada uma delas.

Paige aproximou o bilhete, e sem hesitar, começou a lê-lo:
“Parabéns! A missão foi completada com sucesso, aqui estão suas recompensas. E nunca se esqueçam, a verdade dói, mas precisa ser contada. Vejo vocês no baile” – Charlie.
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7 Comentário(s)

7 comentários:

  1. O M G!!!!! que foda essa história, e eu que pensei que a Violet era uma garota boazinha,que nada era um vadia psicopata kkkkkkkkkkkkkkkkkkk essa história esta ficando cada vez melhor.

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  2. Sem comentários para a Lola nesse capítulo, divando total, minha personagem preferida, no começo de My Last Lie Lola e Effy eram tipo inimigas, e eu tenho que dizer que a amizade delas é a melhor, uma precisando do consentimento da outra pra fazer alguma coisa é tão fofo, eu shippo "Leffy" como friendshipp até o fim.

    O capítulo foi ótimo, todo mundo pensando que a Violet era santa, era pior que a Alison Dilaurentis, e devo falar que eu nunca deixei de acreditar que o Charlie era inocente, e se for pra chutar digo que o Dean vai ser o próximo a morrer, não vejo nenhum sentido do motivo de ele ainda está vivo do jeito que o João é. kkk.

    Agora as suspeitas, eu não tenho nenhuma, foge de mim, analisando a história o "Charlie" pode ser um time, como o "A" Team, só que melhor rsrsrs, agora suspeitos não tenho nenhum, parece que vou ser surpreendido.

    ops, esqueci de falar, o irmão da Lola que eu esqueci o nome agora, não teve nenhuma notícias dele, acho que ela vai sofrer muito quando descobrir, na hora que a campainha tocou eu juro que pensei que ia ser o corpo colocado lá, porém "Charlie" com certeza tem um jeito muito melhor de apresentar seus cadáveres.

    XAU.

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  3. Olá gente, olha eu fiz um poster fã made das 4 principais personagens, essas atrizes que eu imagino: http://img836.imageshack.us/img836/8864/mylastlie.jpg

    acho que todos já sabem os nomes dessas atrizes...
    amo todas elas =D

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  4. Anônimo, adorei o poster, mas senti falta da Hanna, poxa vida HUAHUSAHUSAUSAHUSAHAS' Sdds

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  5. A João, A Hanna era a Tessa kkk ... =(

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  6. O.M.F.G.!!,quem poderia imaginar que a Violet era uma vadia psicopata sadomasoquista,isso prova que ela merecia morrer pois se continuasse na Terra destruíria muitas vidas e o pobre do Charlie só por ser diferente levou a culpa pela morte dela sempre acreditei que ele era inocente se eu fosse as garotas levaria isso pra polícia sei que não traria o Charlie Abrams de volta mais o nome dele merece ser limpo e a cidade saber toda a verdade.


    PS:Gostei do pôster.

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  7. Violet é uma vadia manipuladora e mentirosa meu Deus
    coitado do Charlie estou com pena dele

    vou ler logo o proximo capitulo minha irmã disse que a Paige vai morrer não pode ser é a minha personagem favorita

    Por favor João não mate a Paige

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