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[Livro] My Last Lie - Capítulo 12: My Grave

Don't Stop Digging 

Effy não estava mais aguentando. Assim que estacionou o carro em frente ao The Purple com uma freada brusca, abriu a porta e se jogou no chão para vomitar. Finalmente estava deixando o corpo reagir a tudo o que tinha visto sem nenhuma hesitação.

Há dois metros dela, Courtney estacionava seu carro, e iluminava a garota no chão imundo com os faróis. Lola e Paige foram as primeiras a sair lá de dentro, já preocupadas com o que estavam vendo. Effy era a mais forte de todas elas, mas naquele momento, mal conseguia abrir os olhos e parar de vomitar. O que viu com certeza deve ter sido bem pior do que elas encontraram no porta malas do carro.

- Effy! – Gritou Lola, aproximando-se – Você está bem?

Effy recobrou a postura assim que ouviu a voz da amiga, ainda estava limpando o vômito que ficara no canto dos lábios. Os olhos vermelhos e cheios de lágrimas por si só já respondiam a pergunta de Lola.

- Não... – Respondeu Effy.

- Você limpou o sangue e trouxe os panos?

- Sim...

- E onde ela está?

- No porta malas... – Effy se afastou para que Lola pudesse passar.

E junto de Paige, a garota caminhou até a traseira do carro. Abriu o porta malas sem hesitar e fitou o corpo de Bela junto dos panos usados por Effy para limpar o sangue espalhado em seu quarto.

Lola gemeu e olhou pro lado franzindo o cenho, não conseguia encarar o corpo de Bela por muito tempo, ainda mais pensando no que deveriam fazer com ela para que não fossem as próximas.

- Ai meu Deus... – Paige colocou a mão na boca ao olhar para o corpo. Se afastou do carro chorando, sentia que se olhasse pra ela mais uma vez teria pesadelos pra vida inteira.

- O que vamos fazer? – Perguntou Effy. Estava tentando engolir o choro para que pudesse falar.

- Vamos enterrá-las – Respondeu Lola, olhando pro lado. O The Purple estava há poucos metros de distancia e do outro lado havia uma floresta onde ninguém se atrevia a ir – E vamos fingir que nada aconteceu.

- O que? – Courtney se aproximou – Não vamos fazer isso! Não importa o que ele faça, isso é demais! Prefiro morrer tentando contar tudo à polícia do que participar disso!

- Não é apenas a nossa vida que está em jogo, Courtney! – Gritou Effy – Ele machucou o pai da Paige, machucou meu irmão! É a nossa família!

- É, e são as nossas amigas! Ele está matando todas nós, uma de cada vez, e uma hora vai chegar a nossa vez. E quando chegar, eu quero estar sendo protegida pela policia!

Lola sabia que Courtney estava certa. Se chamassem a polícia teriam mais chances de sobreviver, mas ele contaria todos os seus segredos. As pessoas iriam apontar na rua, cochichar e se afastar. Elas perderiam empregos, não entrariam numa boa faculdade, e o pior, poderiam passar muitos anos atrás das grades. Não valia a pena correr esse risco, mesmo que estar lidando com a morte possa ter o poder de enchê-las de duvidas.

- Não se esqueça do que ele sabe sobre você – Lola se aproximou das duas, junto de Paige – Você está preparada pra deixar o mundo saber seu segredo?

- Eu não me importo! – Retrucou Courtney - Não vou conseguir viver com um segredo como esse! Nenhuma de nós vai conseguir!

- O que você quer fazer, então? – Effy deu um passo a frente  – Esperar que ele machuque a sua mãe? Quer que Lola espere que ele machuque Matt? Nenhuma de nós quer enterrá-las, são nossas amigas, mas temos que fazer o que ele diz ou mais pessoas vão morrer! Pessoas que a gente ama!

- Eu também não concordo – Disse Paige – Até onde isso vai? Se Courtney estiver certa uma hora ele vem nos pegar e se não dissermos nada vamos morrer de qualquer forma.

- Podemos fazer o que ele mandou e ganhar tempo – Respondeu Lola – Ou então nós perdemos tudo e todo mundo.

Lola olhou para Paige e Courtney, estava esperando que elas discordassem mais uma vez, porém, elas permaneceram quietas. Estavam pensando no que Lola tinha dito. E se realmente elas e seus familiares estivessem em perigo? Quando decidiram contar à policia da primeira vez, foram atacadas por ele e Lola pisou numa armadilha de urso. Agora ele decide lhes testar mandando-as esconder os corpos de suas vítimas, e apenas Effy, a mais prejudicada, parecia cem por cento decidida a fazer o que ele mandou. Isso porque temia que seu irmão mais novo sofresse de novo as consequências de seus atos. Poderia ser a mãe de Courtney, o pai de Paige ou o pai de Lola, ninguém estava ausento do perigo.

Mas então, o que deveriam fazer? Quem deveriam proteger? Poderiam ficar caladas e esconder os corpos para que nenhum de seus familiares se machucasse. Ou poderiam ir até a polícia proteger apenas a si mesmas e torcer para que todos que amam permaneçam seguros. Pelo menos Effy e Lola já sabiam exatamente o que escolher.

- Eu não posso perder Edward... – Disse Effy, quebrando o silencio, finalmente – Eu apenas... Não posso perder mais ninguém...

Paige entendia como ela se sentia, e talvez, entendia bem mais que as outras. Por causa dessa história também tinha alguém que amava no hospital, e por ele, faria tudo.

Ao dar dois passos pro lado e virar o rosto, ela notou algo incomum no chão. Parecia ser uma corrente. Era grossa, marrom, e tinha um bilhete branco em sua ponta. Nenhuma de suas amigas tinha notado, ainda estavam todas discutindo o que fariam com os corpos.

- Não posso fazer isso... – Disse Courtney, chorando – Meu Deus...

- Garotas – Chamou Paige – Tem alguma coisa ali.

As garotas olharam pra direção em que Paige apontara e também conseguiram ver a enorme corrente enterrada.

- O que é isso? – Perguntou Lola, cerrando os olhos na tentativa de enxergar melhor.

Paige caminhou até a corrente e se abaixou para pegar o bilhete. Era de Charlie, impresso no computador para que a caligrafia não fosse vista.
Sigam a corrente e descubram a verdade” – Charlie.
- O que diz? – Effy se aproximou.

- Sigam a corrente e descubram a verdade... – Sussurrou Paige – Charlie – Ela pegou na ponta da corrente e a puxou. Ela estava estirada no chão por debaixo da terra, e passava pela floresta.

Nenhuma delas conseguia ver até onde ia, só sabiam que era arriscado demais se aventurar floresta adentro com tudo o que estava acontecendo. A não ser que Charlie estivesse disposto a lhes dar as respostas que queriam.

- Courtney, pegue o machado – Ordenou Lola.

Courtney obedeceu Lola sem questionar, e em poucos segundos trouxe o que ela havia pedido. Lola pegou o machado de suas mãos e começou a andar, ainda mancando por causa da perna machucada.

A medida do que as garotas se aproximavam da floresta segurando a corrente, iam notando detalhes que lhe ajudariam a enxergar até onde estavam indo. Viram uma cova perto de uma das árvores, e logo depois, tiveram a visão completa de onde Charlie queria lhes levar. Não era uma cova, eram quatro, três vezes menores que uma normal, e todas organizadas impecavelmente na frente de uma placa de cimento onde a corrente estava presa. Cada cova também tinha o nome de uma delas gravado, e uma mensagem caracterizando-as.

Na primeira cova, a de Effy, apenas a palavra “Incendiária”. Na segunda, a de Courtney, a palavra “Violentada”. Na de Paige, a próxima, a palavra “Assassina”. E por fim, na de Lola, a palavra “Cúmplice”.

As garotas leram os dizeres nos túmulos de cada uma, porém, apenas os dizeres em suas próprias covas pareciam fazer sentido. Mas afinal, o que significava tudo aquilo? Era mais uma brincadeira? Um aviso de que suas mortes estavam próximas? Ou havia algo ali que deveriam ver?

Com essa ideia em mente, Effy observou a terra preta na frente dos túmulos. Ela não coincidia com o resto do solo. Tinha uma cor mais avermelhada e parecia ter sido mexida. Então tinha alguma coisa enterrada ali.

No momento em que Effy começara a cavar o tumulo com seu nome, um ninho gigantesco de pássaros saiu voando e fez todas elas tomarem um susto. Lola olhou pra cima, e com a ajuda da luz do luar, os viu levantando voo. Pareciam corvos, ou morcegos, todos voando de maneira organizada e fazendo um escândalo.

- O que você está fazendo? – Perguntou Paige à Effy, e com o som da sua voz, chamou a atenção de Lola.

- Tem alguma coisa aqui embaixo.

As outras garotas decidiram ignorar toda aquela sujeira e fazer o mesmo que Effy estava fazendo, cada uma em se túmulo. Em poucos minutos as quatro já estavam com as mãos totalmente sujas. As unhas estavam cheias de terra e coçando por terem entrado em contato com insetos. Por um momento Lola quase riu daquela ironia, elas estavam cavando suas próprias covas, sem saber o que encontrariam.

Por ter começado antes de todas elas, Effy foi a primeira a encontrar alguma coisa. Havia uma caixa preta no fundo do solo, também com seu nome gravado. As outras garotas encontraram a mesma coisa, só que em diferentes cores.

- O que é isso? – Perguntou Lola quando viu o que Effy tinha nas mãos.

De dentro da caixa, Effy tirou um recorte de jornal com uma foto de Courtney de quando tinha nove anos. De acordo com a matéria, a criança da foto e sua mãe poderiam estar envolvidas no assassinato de Jason Hobbs. Este, o pai de Courtney, que ela dissera ter abandonado ela e sua mãe quando ela tinha nove anos e ainda moravam em Bethel.

Mas o que aquilo significava? Que Courtney era uma assassina? Que ela ajudou sua mãe a matar seu pai? Effy estava bastante confusa. Apenas Lola sabia o que realmente tinha acontecido, por isso se espantou quando viu o que Effy tinha tirado de dentro de sua caixa.

As outras garotas também abriram suas caixas. Lola foi a mais rápida, queria saber se o que tinha dentro de sua caixa era do mesmo nível do que tinha na caixa de Effy. E pra sua surpresa, era sobre Effy. Havia fotos da amiga quando fez estágio no hospital há dois anos. As imagens foram retiradas das câmeras de segurança e mostravam claramente Effy pegando no sono com o cigarro aceso, iniciando assim o incêndio no hospital que a cidade inteira comentou.

- Ai meu Deus... – Sussurrou Courtney ao abrir sua caixa.

- Você incendiou o hospital? –Perguntou Lola. Antes que Effy começasse a se fazer de desentendida, ela levantou as fotos.

Effy levantou e tomou as fotos de sua mão para olhar mais de perto. Com certeza era ela. Estava vestida de enfermeira, dormindo na sala com o cigarro aceso, prestes a cometer o pior erro de sua vida.

Lola levantou logo depois dela, e acompanhou sua expressão de choque e perturbação.

- Ai meu Deus... – A respiração de Effy começou a ficar ofegante.

- Lola? – Chamou Paige, e todas as garotas olharam. Ela estava se levantando do chão junto de Courtney, com alguns documentos que havia tirado de sua caixa. A expressão tensa e pesada dizia a Lola exatamente o que estava em suas mãos – O que seu pai fez?

- O que? – Lola parecia em choque.

- Eu não acredito que você ajudou ele!

- O que você encontrou? – Courtney pegou os documentos das mãos de Paige, e só precisou lê-lo por alguns segundos para também ficar em choque – Lola, por que você fez isso?  Mandou um homem inocente pra cadeia pra ser culpado pelos roubos do seu pai? Você perdeu a cabeça?

- Você não sabe do que ta falando, ok? – Lola ficou olhando pra todas elas. Estava recebendo um olhar de reprovação que nunca penso um dia receber das pessoas que mais confia no mundo - Nenhuma de vocês, com esses olhares de acusação! Vocês fariam o mesmo pelas pessoas que amam, não sejam hipócritas. Eu não coloquei um inocente na cadeia, eu salvei meu pai, e faria de novo se tivesse a chance!

- Você me dá nojo... – Disparou Courtney – E eu pensei que você poderia mudar e não se tornar uma corrupta...

- Aposto que isso é melhor que ser uma ninfeta que gostava de ser abusada pelo pai – Lola cruzou os braços, estava jogando na cara de Courtney a única coisa que não deveria.

Courtney caminhou na direção de Lola e sem hesitar, lhe lançou um tapa.

- Nunca mais fale do meu pai!

Effy olhou para o recorte de jornal em suas mãos, a matéria era clara. Um homem tinha sido assassinado numa casa em Bethel e tinha o mesmo nome que o pai de Courtney. A foto dela aparecia no canto, ainda estava nova, e de acordo com o jornal, era suspeita junto de sua mãe.

- Você matou ele? – Perguntou Effy, levantando o recorte de jornal.

Courtney não conseguiu responder, os olhos se encheram de lágrimas e ela caminhou pro lado. Foi o bastante para que Effy e Paige tivessem uma resposta.

- Courtney é culpada, mas não da forma que vocês pensam... – Disse Lola, engolindo em seco.

- Lola, não se atreva!

- Cala a boca! – Gritou Lola, o mais alto que pôde. As garotas tremeram com a intensidade de seu ódio, e não tiveram coragem de dizer uma só palavra – Cala a boca, Courtney, ou eu juro por Deus que eu mesma faço você calar. Estamos nessa porque não fomos honestas umas com as outras e agora ele está usando isso contra nós. Me desculpe se isso é doloroso, mas precisamos ficar juntas, e dizer a verdade pelo menos uma vez nessa droga de vida!

Courtney cruzou os braços e virou o rosto, não conseguia mais olhar pra nenhuma das amigas sem sentir vergonha. Porém, estava convencida de que não deveriam mais mentir.

- Quando Courtney morava em Bethel – Continuou Lola – Ela ficava na casa do pai. Ele... – Lola fungou bem forte – Ele a violentava sempre que bebia, e ameaçava matar sua mãe se ela contasse.

- Ele tinha uma arma no escritório... – Continuou Courtney, com o olhar distante e a voz completamente sem vida – Então uma noite eu fui até a gaveta e ela não estava mais lá... – Courtney engoliu o choro pra continuar – Eu ouvi gritos, eles estavam vindo do quarto dele. E quando eu entrei, minha mãe estava apontando a arma pra ele, culpando-o pelo que ele tinha me feito... Eu tentei impedir, pedi pra ela não fazer, mas ela fez... Atirou quatro vezes no peito dele... Ele morreu na hora...

- Ai meu Deus... – Effy fechou os olhos e suspirou.

- Então ela chamou a irmã dela, Tanya, pra ajudar a esconder o corpo. Enterrou suas malas, colocou seu carro num depósito, limpou todo o sangue e me disse pra falar que ele tinha ido embora... – Courtney fungou – Eu me lembro dela dizer “Ok querida, tudo já passou, ele não vai mais machucar você” e eu comecei a chorar... Não por ele, mas sim porque estava livre... E se ela não tivesse feito, eu mesmo teria.

Paige colocou as duas mãos na boca, não estava aguentando, precisava chorar. Já Effy, não conseguia mais chorar, estava chocada demais para que pudesse fazer qualquer coisa.

- Courtney, não foi culpa sua... – Disse Lola, tentando amenizar a situação. Porém, foi recebida com gritos.

- Claro que foi! – Courtney se virou – É fácil pra você falar! Não é você que tem que conviver com isso todo maldito dia como eu! Não tem uma manhã que eu acorde e não pense no que aconteceu... Deus... – Courtney soluçou – Eu preferia morrer do que continuar lidando com isso...

- Não, Courtney! – Lola se aproximou dela – Você precisa ser forte! Nós estamos aqui por você, nada mais vai acontecer. Isso já passou...

- Ela tem razão... – Paige também se aproximou – Não foi sua culpa, sua mãe fez isso por você...

Effy deixou uma lágrima escorrer de seus olhos e olhou pro lado. Também tinha uma história pra contar, e queria partilhar. Não só com todas elas como amigas, mas com todas elas como ser humano. Nunca tinha contado isso pra ninguém a não ser seu pai, e se pudesse escolher, teria pagado pelo que fez só para que seu coração fosse liberto da culpa.

- Eu... – Effy deu um grande suspiro e se sentou na enorme pedra da esquerda. Finalmente iria se pronunciar, e já tinha chamado a atenção de todas elas – Eu fui a culpada pelo incêndio no Hospital há um ano... – Effy olhou pra baixo e fungou. Estava sendo mais difícil falar do que imaginava.

- O que? – Paige arregalou os olhos.

 - Ano passado estava fazendo um estágio no hospital, e depois de um dia inteiro eu acabei entrando num dos quartos vazios pra descansar... Sabe? Dia corrido, tinha atendido muita gente e quase nem dormi na noite passada, então... Me deitei no sofá pra descansar por cinco minutos... Acendi um cigarro, liguei a TV e acabei pegando no sono. Acordei com cheiro de fumaça, meu cigarro tinha caído na cortina que esbarrava no chão, e quando eu vi, já tinha fogo em todo lugar... Eu não sabia o que fazer... Tentei apagar o fogo, gritei por ajuda, mas fiquei com tanto medo que saí correndo e não vi o que aconteceu...  Depois soube que ninguém tinha morrido pelos noticiários, mas o fogo se alastrou e dois pacientes ficaram com queimaduras de segundo grau – Effy fungou. Ter todas aquelas imagens do momento do incêndio na cabeça estava lhe deixando num estado de nervos preocupante – Meu pai tinha alguns contatos, usou o dinheiro da minha faculdade para suborná-los e deu um fim nas fitas que me mostravam dentro da sala... Se eu tivesse matado alguém, juro por Deus, eu não conseguiria viver com isso...

À aquela altura, o choro de Effy já havia comovido todas elas. Lola forçava suas lágrimas a continuarem nos olhos, mas não conseguia. Então, as deixou escorrer mantendo uma expressão dura nos olhos, sem perceber que era exatamente como demonstraria sua fraqueza.

Ela correu até Effy e sentou ao seu lado para que pudesse lhe abraçar. As duas, então, choraram juntas, cada uma por seus motivos, e uma tentando consolar a outra.

- Eu não sou um monstro... – Sussurrou Effy enquanto soluçava – Eu juro, eu não queria, eu preferia que eu tivesse me machucado! Eu não queria.
- Eu sei – Lola assentiu – Todas nós sabemos...

- Eu queria pagar pelo que eu tinha feito, eu queria, eu queria ir pra cadeia, eu mereço ir pra cadeia! – Effy apertou a roupa de Lola o mais forte que pôde. Queria poder controlar a tremedeira, mas quanto mais falava, mais ficava nervosa.

Lola olhou para Paige, ela estava se afastando de todas elas, o rosto estava mais assustado do que deveria. Se sua teoria sobre aquilo tudo estivesse certa, Paige também tinha seu segredo. O assassino havia colocado o maior segredo de todas elas em túmulos diferentes para que todas elas descobrissem, e tivessem uma ideia do que iriam perder se não fizessem o que estava mandando. E Paige com certeza também tinha algo para esconder.

- Pode contar, P. Estamos do seu lado – Disse Lola.

Paige demorou alguns instantes para começar a falar. Quanto mais as garotas olhavam pra ela, mais achava que não tinha coragem de dizer. Achava que mesmo depois de Lola ajudar o pai em golpes, Courtney estar envolvida no assassinato de seu pai e Effy incendiar um hospital, o que ela e Tessa tinham feito era bem pior, e com certeza, bem mais cruel.

- Dois meses depois daquela noite no estábulo eu comecei a sair com Tessa. Saíamos pra beber, dançar, todas essas coisas que sempre gostamos de fazer... Então, numa noite eu e ela saímos de uma boate as oito da manhã, estávamos quase caindo de tão bêbadas... Lembro que eu disse que era melhor deixarmos o carro no estacionamento e chamar um táxi porque não estávamos em condições de dirigir, mas Tessa... Ela insistiu – Paige fungou. Teve que hesitar por alguns segundos por causa do turbilhão de lembranças na cabeça. Era como se estivesse vendo aquilo acontecer naquele momento - Não lembro direito, parece que tem um buraco na minha cabeça, só sei que de repente tínhamos batido em alguma coisa. Eu tentei olhar, mas não deu, Tessa pisou logo no acelerador pra gente fugir, então eu olhei pra trás... Tínhamos atropelado um garotinho e ele estava cheio e sangue jogado na pista perto da bicicleta... E nós fugimos...

- O que? - Indagou Lola – Vocês disseram à minha mãe que não tinha sido vocês. Corbin mentiu sobre o álibi?

- Tessa disse que se não fizéssemos isso iríamos ficar na cadeia pro resto da vida. Não teríamos faculdade, emprego, nada... – Paige olhou pro lado, com a respiração ofegante. Estava finalmente puxando o ar que havia recusado pra poder falar – Nós matamos uma criança e eu penso que se cuidar do meu pai vai ficar por cima disso, mas não vai, Eu sou um monstro! Eu... Eu mereço morrer... Era pra ser eu no lugar da Bela...

Com uma rapidez incrível, Effy agarrou Paige com força. Elas quase caíram com o impacto, agora era sua vez de consolá-la, exatamente como fizera no cemitério quando a dor era grande demais para que pudesse lidar sozinha.

- Effy, eu mereço morrer – Sussurrou ela no ouvido da amiga – Eu sou um monstro! Eu não deveria estar aqui...

- Não, você não é!

- Ai meu Deus... – Courtney colocou a mão na boca e virou. Não queria mais olhar pra nenhuma delas ou então não saberia como parar de chorar.

Lola finalmente estava entendendo tudo. Talvez fosse a única ali disposta a questionar tudo o que Charlie fez, e tudo o que está fazendo. Ele quis primeiros lhes dar um susto, para lhes deixar apavoradas e brincar com seus psicológicos. E Então, começou a matar primeiro as garotas que não tinham segredos, para que no final pudesse fazer chantagem com todas as outras. Infelizmente, Tessa não havia sobrevivido para que fosse chantageada, mas era a mais fraca do grupo inteiro. Estava no limite, pronta a jogar tudo pro alto e entregar tudo. Ele não poderia correr o risco de ter seu joguinho doentio interrompido por uma delas.

Tudo precisava levá-las até ali, onde os segredos são revelados e todas as máscaras caem. Onde ele pode fazer o que quiser sem se preocupar em ser denunciado, pois se ele cair, todas elas também caem.

Então, depois de tudo, Lola tinha tomado uma decisão. Juntou todos os pontos e pensou na melhor coisa a se fazer para que esses segredos permanecessem enterrados.

- Acho que vocês sabem o que tudo isso significa... – Lola manteve a voz firme, e chamou a atenção de todas as garotas – Se Charlie contar tudo isso pra alguém é o fim de tudo. Tudo o que construímos, tudo o que queremos pro nosso futuro... Nossa vida vai ser completamente arruinada. Quantas de vocês querem correr este risco?

Nenhuma delas respondeu. Paige ainda achava que merecia uma punição, mas não queria arruinar sua vida. O que todas elas queriam era esquecer de tudo isso e prosseguir, mas parece que alguém estava fazendo de tudo para que isso não acontecesse.

- Muito bem – Continuou Lola – Vamos enterrá-los... E que Deus nos perdoe.

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6 Comentário(s)

6 comentários:

  1. CARALHO, PQP, QUE FODA, QUE FODA, QUE FODA, QUE FODA, TO SEM AR AQUI, PRECISO DO PRÓXIMO CAPÍTULO AGORA, OMG, EFFIE E LOLA ♥ , BRILHANTE IDEIA ESSES TÚMULOS, PARABÉNS PELA HISTÓRIA, É ÓTIMA!

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  2. Agora eu fiquei com pena delas,que coisa,todas elas cometeram seus erros,mas acho que todas estão pagando por isso,e que capitulo foda esse héim? muito bom estou esperando anciosamente o proximo.

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  3. Adorei o capitulo,fiquei com pena das garotas elas erraram feio mais o preço que estão pagando é alto demais,"Charlie" está pegando pesado com elas.Esperando ansiosamente o cap. 13.

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  4. Simplismente amei o capitulo
    coitadas os segredos delas são mais terriveis do que eu pensei
    Coitada da Paige

    vou ler agora o proximo capitulo antes que meu prfofessor chegue

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