[Livro] My Last Lie - Capítulo 6: Acid Girl
Don't Turn On the Lights.
Tessa mordeu
o lábio inferior e fechou os olhos, qualquer descuido e seus gritos poderiam
ser ouvidos pela rua inteira. Soltou um pequeno gemido assim que Corbin passou
os lábios por seu pescoço, descendo bem devagar, até sentir o gosto metálico
que tinha seu cordão. Ela usou suas unhas pintadas de vermelho para arranhar
suas costas e deixar marcas na pele pálida do namorado, marcas que iam de seus
ombros até a extremidade de sua coluna.
Quanto mais
Corbin se aproximava da explosão, mais seus movimentos se intensificavam. Tessa
segurou o lençol com força e gemeu mais alto, franzindo o cenho. Corbin então,
apenas fechou os olhos e parou de se mover. Posicionou a cabeça pra cima, na
direção do teto, sussurrando palavras que Tessa não fazia questão de
compreender.
- Deus... –
Sussurrou a garota, a mão foi até o rosto suado automaticamente.
Em menos de
dois segundos, Corbin deitou do seu lado, colocando uma das mãos embaixo da
cabeça. Ainda estava com a respiração ofegante e um sorriso cansado. Os olhos
já abertos fitavam o teto branco do quarto enquanto seus lábios imploravam por
um cigarro.
- Eu preciso
mesmo ir embora? – Perguntou ele.
- A não ser
que você queira levar uma surra dos Malcolm...
- Que horas
eles chegam? – Corbin virou a cabeça, Tessa ainda fitava o teto.
- Às onze.
- Que droga –
Ele suspirou.
Tessa ajeitou
o cabelo, a enorme franja formada na frente do rosto já tinha começado a
incomodar, assim como ainda estar completamente sem roupa numa casa que não era
sua, e numa cama que também não era sua. Com o lençol cinza ela cobriu grande
parte do corpo, e não se preocupou em deixar a perna direta de fora para que
continuasse no frio. Estava mais preocupada com os pensamentos, e no incômodo
que sentia quando Corbin estava perto no momento em que queria ficar sozinha. Mesmo
que não estivesse servindo de Babá pra duas crianças na casa dos Malcolm e
fosse perigoso ter Corbin ali, ela só queria pensar. Nem acreditava que suas
amigas tinham conseguido lhe convencer de que alguma coisa estava errada e que
isso realmente importava.
- Então, Effy
e Dean vão ao boliche. Ta afim de ir?
- Odeio
boliche – Respondeu ela, curta e grossa. Queria pensar mais, e Corbin sempre
estava disposto a não deixá-la fazer isso.
- Então,
podemos ir ao cinema na terça?
- Tudo bem.
- Ok – Corbin
olhou pro criado mudo do seu lado esquerdo, o celular de Tessa tinha começado a
tocar.
Tessa ignorou o toque e se virou, com as mãos
embaixo da cabeça. Tinha escolhido aquele toque para Effy e com certeza não
iria atender. Mas Corbin não sabia disso. Pegou o celular e passou à ela assim
que viu a foto de Effy no visor.
- É a Effy –
Disse ele, colocando o celular nas mãos de Tessa.
- Eu sei –
Tessa ignorou a chamada com apenas um clique. Jogou o celular no chão e voltou
a posição em que estava, era estranhamente confortável.
- Então, está
com raiva da Effy?
- Não.
- O que está
acontecendo entre você e suas amigas, afinal? Vejo vocês juntas sempre
cochichando, brigam na frente de todos, ignoram umas as outras. Nem sabia que
vocês tinham voltado a ser amigas.
- Não
voltamos, esse é o problema – Tessa sentou na cama e colocou o cabelo atrás da
orelha – Acho melhor você ir, os Malcolm devem estar quase chegando.
- Tudo bem –
Corbin se levantou da cama, a primeira coisa que fez foi pegar a cueca do chão.
Eles não
demoraram nem cinco minutos para vestir as roupas. A pressa acabou fazendo com
que Corbin colocasse o cinto no ombro, mas em poucos instantes, já haviam
descido as escadas e chegado até a porta.
- Te vejo
amanhã? – Perguntou ele, esperando que Tessa parecesse tão ansiosa pelo
encontro como ele demonstrava.
- Claro –
Tessa sorriu. Aproximou-se devagar para beijá-lo mais uma vez, mas recuou assim
que ele fechou os olhos – Boa noite, Corbin.
- Certo –
Corbin sorriu, ela sempre fazia aquilo, e ele já estava acostumado.
Ele se
afastou devagar enquanto ela fechava a porta, era sempre a mesma despedida, e
só mudaria quando tivessem que colocar um fim naquilo que tinham.
Então, enfim
só. Era só ela, a casa, e as crianças, que por sorte, já estavam dormindo. Após
fechar a porta, Tessa caminhou na direção do banheiro, mexendo no cabelo, tinha
acabado de lembrar que estava com dor de cabeça. Notou pelo espelho que tinha
vestido a blusa do avesso, e isso soou como um alerta. Se os Malcolm vissem,
poderiam desconfiar.
Rapidamente
ela tirou a blusa para colocá-la do lado certo. Foi obrigada a ignorar a
cicatriz embaixo do braço para que não pensasse na noite do acidente, e assim,
tivesse uma noite de paz.
Antes de
sair, se olhou uma ultima vez no espelho. Estava pensando em algo para dizer à
si mesma olhando em seus olhos como as pessoas sempre faziam nos filmes, mas
como nada lhe vinha a cabeça, ela apenas embaçou o espelho com um sopro. Usou o
indicador para fazer um coração com um lado maior que o outro e se despediu da
própria imagem perfeita com um sorriso de satisfação.
A cozinha foi
o próximo lugar pra onde caminhou. Lá, ela se preocupou apenas em atacar a
geladeira, aproveitando a variedade de opções e o aval do casal para que
pudesse comer o que quisesse. Mas, entre tantas iguarias que apenas os ricos
comiam, eram poucas as coisas que faziam seu gosto. Como o prato cheio de
brigadeiro na segunda porta, que decidira levar até a sala no momento em que
botara os olhos.
Quando sentou
no sofá, pra sua sorte, tinha acabado de começar um filme de terror. E esta
seria a única coisa que lhe salvaria do tédio até seus patrões chegarem.
E então, as
horas se passaram, e o filme terminara antes mesmo de começar a ficar bom. Ela
não sabia há quanto tempo estava lá, mas o relógio marcava as dez e meia, e era
só uma questão de tempo até que seus patrões chegassem. E uma questão de tempo
também para que estivesse em casa, na própria cama, usando os fones de ouvido e
dormindo como se não tivesse responsabilidades.
Ela se
levantou do sofá logo após desligar a TV, caminhou na direção da enorme janela
da sala para observar os vizinhos. Estavam chegando em casa, com certeza do
boliche, já que naquela cidade não havia mais nada que um casal de meia idade
poderia fazer. Vê-los usando as chaves para abrir a porta lhe fez lembrar que
não havia trancado a casa, e poderia levar uma bronca se não o fizesse.
Ao chegar nos
fundos, viu a porta aberta sendo balançada pela forte ventania que ouvira falar
mais cedo no noticiário. Algumas folhas mortas eram arrastadas para dentro da
casa, ou simplesmente voavam na altura da porta desgovernadas. Era tão
estranho, que Tessa não pôde negar a si mesma que estava com medo. Ela cruzou
os braços por causa do frio e andou até a extremidade da porta, tendo uma bela
vista do enorme quintal dos Malcolm.
Só o que via
eram as árvores se mexendo, as folhas voando, e o céu escuro prestes a formar
um temporal sobre a cidade de Ridgefield. Foi este cenário macabro que a fez
trancar a porta mais rápido antes que a paranoia aumentasse.
Depois que o
andar de baixo já havia sido trancado, ela subiu as escadas, e aproveitou para
arrumar a cama que ela e Corbin haviam transado depois de passar no quarto das
crianças. Eles pareciam dois anjinhos, mas do tipo que dormem tranquilamente
apenas porque deram muito trabalho quando estavam acordados. Quando os Malcolm
chegassem, veriam que ela fez um bom trabalho e a chamariam novamente para
servir de babá pela diária gorda que os ricos costumavam pagar.
E se as
crianças estavam bem, ela não tinha mais nada pra fazer no andar de cima. Deu
meia volta e caminhou na direção da escada, só parou quando ouviu o barulho de
uma porta se abrindo. De onde estava podia ver que o barulho vinha da ultima
porta, que abriu-se e iluminou pouca parte do quarto com as luzes do corredor. Parecia
que as portas daquela casa simplesmente não queriam permanecer fechadas.
Mas, sem
hesitar, ela caminhou até o fim do corredor. Observou por entre a escuridão, e
como esperava, não havia nada de estranho. Então, fechou e desceu as escadas.
Agora era a porta da frente que estava aberta. E dela vinha sons estranhos,
impossíveis de serem reconhecidos.
Pensando ser
mais uma brincadeira, Tessa abriu a porta com fúria, e deu de cara com um
brinquedo em forma de caixão encima do tapete de Boas-Vindas. A cruz vermelha
gravada em sua tampa piscava num tom vermelho, no momento em que apitava.
- Mas que
merda... – Ela se abaixou para tocá-lo.
Assim que a
cruz vermelha foi tocada, a caixa se abriu, e dela pulou uma boneca com os
olhos vermelhos, gritando a palavra “surpresa”. Tessa ainda não havia
entendido, e nem viu quando tudo aconteceu. Foi agarrada por trás pelo
assassino e deixada inconsciente com a ajuda de um lenço umedecido colocado em
seu rosto. Não teve tempo de gritar, ou lutar, ou entender, apenas caiu ao lado
do brinquedo. Estava tão vulnerável, que chegava a ser injusto o que estava
prestes a lhe acontecer.
--
Quando Tessa
abriu os olhos, sua ultima lembrança lhe roubou um susto. Tentou se mover, mas
estava num local tão estreito que era impossível até mesmo levantar as pernas. Também
era escuro demais para que pudesse ver alguma coisa, e o cheiro de madeira
molhada não lhe dizia nada.
Ela tocou algo
em seu lado enquanto se remexia desesperada, era uma lanterna, que usara pra
descobrir o que realmente estava acontecendo. Com ela pôde enxergar suas pernas
e o fundo do caixão onde estava. Mas assim, o desespero só aumentou. A primeira
coisa em que pensou foi que tinha sido enterrada viva, e não poupou gritos e
desespero pro que ela achava que seriam os últimos minutos de sua vida. Mesmo
que se debatesse, mesmo que usasse a lanterna para quebrar a madeira, era
resistente demais.
- Não! –
Gritou ela pela ultima vez, antes do choro consumi-la e ela começar a se
entalar com a própria saliva. Jogou a lanterna pro lado pra poder arranhar a
tampa do caixão e bater com as duas mãos. Já nem estava conseguindo ver direito
por causa dos olhos cheios de lágrimas.
Então, um
barulho do lado de fora lhe calou. Primeiro, parecia que alguém tinha batido na
madeira. E depois, era como se alguém estivesse andando por cima do caixão de
um lado para o outro.
Os olhos de
Tessa tentavam seguir os passos, mas o desespero acabou lhe fazendo achar que
eles vinham de todos os lugares. E como num passe de mágica, eles cessaram. Por
alguns segundos Tessa pensou estar mais segura, e todo aquele desespero de
achar que seria enterrada viva passou para que pudesse prestar atenção se o
barulho de passos iria se repetir.
Mas ao invés
disso, ela ouviu apenas o barulho do primeiro monte de terra caindo sobre o
caixão. Seus gritos se intensificaram quanto mais terra ouvia cair, pensava que
se implorasse desesperadamente por sua vida poderia ter chances de sobreviver,
ou ser salva por alguém. Estava vendo a hora da garganta explodir de tanto que
estava gritando, e do coração parar de tanto medo que estava sentindo.
Tessa demorou
alguns instantes para perceber que a terra havia parado de ser jogada. Ela
segurou a lanterna contra seu peito, as mãos tremiam como se estivesse levando
um choque e os olhos não sabiam pra onde ir.
A porta do
caixão foi aberta, pra sua surpresa, e num reflexo, ela se levantou
imediatamente e foi agarrada pelo coveiro. Pensando que ainda estava em perigo,
ela começou a se debater, mesmo com o senhor pedindo para que tivesse calma.
Aos poucos
ela foi se deixando levar pela gentileza do coveiro e o agarrou com força. Ela
estava fora do caixão, e ainda estava viva.
- Chame a
polícia – Disse o senhor ao ajudante - Está tudo bem – Ele passou a mão pelo cabelo
de Tessa, tentando fazê-la se sentir segura o suficiente pra parar de chorar e
contar quem tinha feito aquilo com ela. Mas, mesmo que Tessa não consiga dizer
uma só palavra, quem fez isso com ela havia deixado sua marca na parede de
terra – Minha nossa... – Sussurrou ele, assustado.
Tessa olhou
pra ele, confusa, percebeu a direção em que ele olhava. E de repente, tudo tinha
ficado ainda pior. Era uma mensagem escrita com sangue da mesma pessoa que lhe
colocou ali dentro, e com certeza, da mesma pessoa que estava mandando
mensagens anônimas para suas amigas.
“Da próxima vez você será comida por minhocas”
– Charlie
--
Effy abriu a
porta do quarto com a mão direita. Na outra, havia um copo de café que comprara
para Paige, ela precisaria tomá-lo para forrar o estômago antes que tivesse
dores. A ultima vez que havia comido tinha sido no dia anterior ao ataque das
cobras, e depois, ficara até a noite ao lado do pai no hospital.
Era triste
vê-la daquele jeito, segurando as mãos da pessoa mais importante da sua vida
esperando que não morresse. Naquele momento, o apito da máquina cardíaca ao
lado era o único som que podia aliviá-la, e o único que indicava que seu pai
ainda estava com vida.
- Hey P,
trouxe um café pra você... – Sussurrou Effy, fechando a porta devagar.
Paige
finalmente saiu da posição que havia ficado nas ultimas duas horas, suas
articulações começaram a doer imediatamente. Ela pegou o café das mãos da
amiga, dando suspiros de cansaço.
- Como ele
está? – Effy sentou ao lado dela na poltrona azul, com a perna aberta e os
cotovelos encima dos joelhos.
Ela olhou
para Steven Lawless por um breve momento antes que Paige respondesse, ele nem
parecia o homem forte e cheio de vida que tinha dois empregos, mas ainda tinha
tempo pra família. Lembrou-se da ultima vez em que o vira, ele lhe ganhou no
uno doze vezes seguidas sem trapacear, como um profissional de jogos infantis.
Era tão estranho ver alguém bom numa situação como aquela que Effy se perguntava
se poderia haver justiça. Corruptos e sequestradores continuavam vivos, mas foi
o pai de família quem ganhou uma morte ambígua.
- Está na
mesma – Paige passou a língua pelos lábios após tomar um gole de café.
Posicionou o copo na coxa direita, segurando-o com as duas mãos – Disseram que
não sabem se ele vai ficar bem.
- Mas se ele
não recebeu nenhuma mordida, então o que aconteceu?
- O susto.
Disseram que ele viu a casa infestada de cobras e saber que não podia nem se
mover pra se salvar fez ele sofrer uma parada cardíaca. Como se já não fosse o
suficiente ficar vegetando...
Effy engoliu
as palavras, estava prestes a fazer mais perguntas quando percebeu que essa era
a ultima coisa que Paige queria ouvir.
- Meu pai
está vindo me buscar – Disse ela, ainda com a voz serena – Você quer uma
carona? Um lugar pra ficar?
- Hoje não –
Paige fungou e olhou pra ela – Vou dormir aqui.
- Quer que eu
fique com você? Porque se quiser...
- Não, tudo
bem. Mesmo assim eles só deixam uma pessoa ficar, então...
- Ok – Effy
pegou no ombro da amiga, no exato momento em que ouviram um barulho do lado de
fora.
Ambas olharam
pra vidraça, Matt estava batendo nela com dois dedos para chamar sua atenção.
Ele usava o uniforme da policia, mas não estava de serviço, era apenas o que
tinha que usar pra fazer hora extra e descobrir como todas aquelas cobras foram
parar na residência dos Lawless.
- Acho que
ele tem novidades – Disse Effy, levantando-se. Ela saiu e bateu a porta bem
devagar.
- Como ele
está? – Perguntou Matt.
- Na mesma –
Effy cruzou os braços – Você tem novidades?
- Sim, descobrimos
de onde vieram as cobras. Acontece que na noite de ontem um instituto de cria e
pesquisa de répteis em Bethel foi invadido, mas apenas de manhã recebemos uma
chamada. Foram levadas as quarenta e nove serpentes que eles mantinham em
cativeiro.
- Quarenta e
nove? – Effy deu um ar de risos depressivo – Então alguém realmente queria nos
matar.
- É aí que
está. Todas as cobras encontradas na casa estavam sem veneno, é um procedimento
padrão que o instituto segue no caso de terem que entrar em contato com répteis
hostis. Mas por precaução, levamos algumas cobras para análise e constou que
nenhuma poderia causar danos maiores que uma simples mordida.
- O que? –
Effy olhou pro lado, cheia de duvidas, estava tentando ligar os pontos, mas
nada fazia sentido – Isso não é possível...
- Acho que
tem alguém querendo assustá-las, e está disposto a cometer crimes pra fazer
isso. E se tem alguém intimidando vocês, nós precisamos saber. Não podemos
deixar que o incidente de dois anos atrás se repita.
- Eu não
sei... Nós estamos recebendo essas mensagens e elas dizem coisas... Estranhas.
Mas sei lá, você não sabe quantas vezes os adolescentes dessa cidade nos
mandaram brincadeiras sem graças, não sei o que pensar.
- Colocaram
quarenta e nove cobras na casa onde você estava, você sabe exatamente o que
pensar. Vou registrar uma ocorrência e ver se consigo rastrear as mensagens.
- Nós meio
que já conseguimos rastrear... – Effy hesitou, não conseguiria dizer seu nome
sem criar coragem – E chegamos até Charlie Abrams.
Matt
permaneceu quieto, mas lançou para Effy o mesmo olhar que ela lançava para ele.
Era um olhar cauteloso, de duas pessoas que não faziam ideia do que estava
acontecendo, e de até onde tudo aquilo iria chegar.
--
- Tem certeza
que não quer que eu te leve em casa? – Perguntou Skye, apertando a alça da
mochila.
Courtney
colocou as mãos no bolso e olhou pra baixo. Mal conseguia enxergar alguma coisa
com as luzes da varanda da casa de Skye apagadas.
- Não, tudo
bem, minha mãe já chegou. Então...
- Você pode
passar a noite aqui se quiser, minha mãe não liga e meu pai... Bom, meu pai nem
deve saber que eu existo, então tudo bem.
- Não consigo
dormir fora de casa, preciso da minha cama. E talvez hoje a noite, também de um
calmante... – Courtney colocou o cabelo atrás da orelha e tentou não pensar no
que tinha acontecido. Ainda sentia o gosto amargo das minhocas em sua boca
mesmo tendo escovado os dentes trinta vezes. Lembrar pioraria tudo.
Skye
aproveitou o silencio que se formou para olhar pra varanda de sua casa. Era
estranho que ainda não tinha ninguém se já era onze da noite.
- Acho que eu
vou entrar e esperar meus pais chegarem. Você me liga?
- Claro. Boa
noite, Madsen.
- Boa noite –
Skye subiu as pequenas escadas da varanda, Courtney demorou um tempo para
começar a andar.
Quando a
amiga passou pelas cadeiras de balanço, ela virou, aliviada por estar longe de
pessoas só para que pudesse desabar sozinha. Ela caminhou ainda com as mãos no
bolso pela calçada, passando pela parede de flores dos Mark que tinham dois
metros de altura e não lhe deixava ver a propriedade. O único som além de seu
salto na calçada era o dos grilos. E agora, o de seu celular.
Era outra
mensagem de texto, como aquela que recebera minutos depois de ver sua geladeira
infestada de minhocas.
“Se contar pra alguém, eu conto pra todos o
porquê de você não ter um pai” – Charlie.
Courtney
olhou pra frente e suspirou, quase soluçando. Já tinha aprendido a levar a
sério a pessoa que lhe mandava mensagens. E nada podia fazer se não continuar
andando e fingir até para si mesma que nada estava acontecendo.
Com a mão
esquerda, Skye tocou a parede do hall de sua casa, procurando o interruptor.
Logo as luzes se acenderam e ela pôde entrar sem medo de tropeçar em algum
móvel.
- Mãe? Pai? –
Perguntou, jogando o casaco no encosto do sofá.
Pra ter
certeza que ninguém estava em casa, ela caminhou até a cozinha, também ligando
as luzes através do interruptor. Ela parecia estar sozinha ali dentro, e essa era
a chance que tinha de revelar algumas fotos antes que seu pai lhe mandasse ir
pra cama.
Ainda com a
mochila nas costas, ela desceu as escadas pro porão onde ficava a pequena sala com
luzes vermelhas fluorescentes construída para que revelasse fotos. Ao passar
pela porta, colocou a mochila encima da mesa de ferro e olhou pras fotografias
penduradas no varal acima de sua cabeça. Conseguiu reconhecer algumas delas
onde as amigas estavam sorrindo, e das plantas que havia fotografado na manhã
daquele dia.
As fotos
estavam tão perfeitas que Skye acabou se sentindo mais inspirada para que mais
fotos fossem reveladas. Da mochila ela retirou sua câmera, e acabou sendo
vítima mais uma vez de seu tique nervoso. Sempre que tirava a câmera da
mochila, limpava suas lentes com a manga da blusa, por motivo algum se não o
próprio costume.
Ela pendurou
a câmera no pescoço, e logo em seguida, tirou um dos filmes de dentro dela para
observar os negativos e ver quais fotos iria revelar. Foi só prestar atenção também
nas fotos penduradas ao lado que notou algo estranho. Nas fotos onde aparecia,
havia uma mancha preta e vermelha na frente de seu rosto, como se alguém
tivesse queimado a foto.
Se o defeito
tivesse saído em apenas uma foto, ou em outros rostos, poderia ter cometido um
erro na hora de revelar. Mas todas as fotos onde aparecia – colocadas lado a
lado numa enorme fileira – apenas seu rosto parecia ter sido afetado. Teve que
passar a mão por cima das fotos pra ter certeza que não estavam sujas e pra
descobrir com o toque o que era aquilo. Mas antes que pudesse fazer isso com
todas as fotos, as luzes se apagaram.
- Merda! –
Sussurrou ela, caminhando na direção da porta.
Apertou nos
interruptores duas vezes só pra ter certeza que a falha não era ali. Mas, ao
abrir a porta e olhar pra escada, percebeu que a casa toda estava um breu. O
pior era que nem sabia onde estavam as velas, ou simplesmente mexer no gerador
que ficava atrás da garagem.
- Só pode ser
brincadeira... – Resmungou ela, correndo até a mochila. Tirou seu celular lá de
dentro, mesmo que não iluminasse mais que um metro a sua frente. Era a única
coisa que tinha para ajudá-la a sair dali e procurar uma vela.
O mais difícil
foi mesmo subir as escadas sem errar os degraus, pois quando chegara ao andar
de cima, soube se locomover com mais precisão. Conseguiu enxergar o balcão
central ao chegar à cozinha, mas encima dele havia apenas uma cesta de frutas. Próximo
a ele estavam os armários, a única esperança de encontrar uma vela.
- Onde estão
vocês...? – Sussurrou pra si mesma ao começar a vasculhar. Porém, não demorou
nem cinco segundos para ouvir o primeiro barulho estranho vindo dos fundos.
- Mãe? Pai? –
Perguntou ela, sem obter respostas. Mas esperar alguma resposta na escuridão,
realmente não era uma opção – Sinto muito, mas vou dar o fora daqui.
Skye passou
pelo balcão central e continuou no corredor onde estava, que ia na direção da
sala. Passou pelo sofá e encarou a janela sendo iluminada pela luz do luar. Era
a única coisa que a possibilitava de ver o sofá e uma parte do chão da sala.
Então, antes
de sair, ouviu algo se mexendo perto da parede. Virou com o susto, colocando o
celular na sua frente pra tentar enxergar alguma coisa. Ouviu o mesmo barulho
de novo, mas dessa vez, do outro lado da sala. Teve a impressão de quem alguém
estava correndo no escuro para assustá-la e a luz de seu celular era fraca
demais para lhe permitir enxergar.
- Quem está
fazendo isso? – Gritou ela com a voz desesperada.
A mesma coisa
aconteceu de novo, e ao virar, Skye teve certeza que um vulto passou perto da
janela. Ela parecia estar cercada por alguma coisa que circulava a sala fazendo
barulho para que ficasse apavorada.
- Para com
isso! – Gritou ela.
Foi ai que
lembrou da câmera pendurada no pescoço, que poderia lhe ajudar a enxergar. Mas
o medo de fotografar alguma coisa a fez hesitar com a câmera nas mãos. Se visse
algo com a ajuda do flash, não saberia o que fazer.
Então, ela
apertou o botão de disparo bem devagar e o primeiro flash saiu. Não conseguiu
ver nada de estranho, nada além da parede bege de sua casa onde havia um
quadro. Depois virou pro outro lado e apertou novamente o botão, só conseguiu
ver o sofá branco e uma parte da mesinha de centro.
Quando o
mesmo som se repetiu na parte de trás, ela se virou, e apertou o botão de
disparo com precisão enquanto caminhava pra trás. Não conseguiu ver nada além
do corredor que dava pra cozinha, mas levou um susto quando algo lhe tocou. Deu
gritos insanos enquanto se debatia, sem saber o que tinha lhe atacado.
As luzes
voltaram no momento em que caiu encima da mesinha de centro, como num passe de mágica.
Seu gato estava perto do sofá, olhando pra ela e miando bem baixo. Ela logo
entendeu o que tinha acontecido, por isso pensou ter ouvido seu gato miar
quando algo lhe tocou. Ele estava encima da estante de pratos perto da parede e
provavelmente tinha pulado de lá. Agora tudo fazia sentido.
- O que está
acontecendo? – Perguntou Ivy ao passar pela porta. Viu a filha jogada encima da
mesa e pensou que algo grave tinha acontecido.
- Damon está
acontecendo – Skye olhou para o gato.
- Por que as
luzes estavam todas desligadas? Acabei de religar o gerador na garagem.
- Eu não sei
– Skye se levantou – Eu estava revelando fotos, então tudo apagou – Ela ajeitou
o óculos – Onde está o papai?
- Pegou o
turno da noite, pensei que você soubesse. Enfim, quer comer alguma coisa?
- Sim, por
favor.
- Vou
preparar – Ivy passou pela filha, caminhou direto pra cozinha.
- Vou estar
lá embaixo – Skye correu pelas escadas do porão, sem esperar pra ouvir o que
sua mãe estava terminando de dizer.
Ela passou
pela porta e colocou a câmera encima da mesa de ferro. Riu de si mesma pelo
susto que acabara de tomar, estava se sentindo uma idiota por ter deixado seu
pequeno Damon fazer aquilo pela enésima vez. Mas, ela já se sentia segura, e
agora só precisava revelar as fotos e ir pra cama.
O primeiro
passo era saber quais fotos revelar e quais teria que descartar, por saírem
tremidas, ou simplesmente sem foco. Ela ligou a câmera ao computador do fim da
sala por um cabo USB e o deixou fazendo o reconhecimentos das fotos. Foi até a
estante onde se encontrava os ingredientes que iria usar e notou que um deles
estava faltando. De manhã quando saíra de casa, havia um jarro de ácido
sulfúrico, mas agora, nenhum. Seu pai deve ter pegado para alguma coisa, ou
deve ter quebrado sem querer, como já fizera. Mas isso era o de menos quando
havia uma caixa cheia deles na parte inferior da estante. Ou pelo menos, era
isso que ela pensava.
Ao abrir a
caixa, percebeu que só havia um frasco dentro dela, quando deveria haver doze. A
não ser que seu pai tenha jogado tudo fora por ser perigoso, algo estava
realmente errado.
No fim, ela
preferiu não ligar e pegar o jarro restante, mas sua expressão deixava claro
que estava achando tudo estranho demais.
Para se
juntar ao ácido, Skye também pegou água, uma espiral, duas vasilhas onde
despejaria os produtos químicos e as folhas de papel para que os negativos
fossem ampliados. Depois os organizou lado a lado na ordem em que usaria cada
um.
Ao terminar,
o computador já tinha feito a verificação das fotos. Ela se sentou na cadeira
giratória e navegou pelos álbuns. Entre as fotos de amigas e das lindas
paisagens de Ridgefield, ela encontrou as fotos que tinha acabado de bater quando
seu gato Damon estava lhe pregando uma peça. Nada havia nas primeiras se não os
móveis da casa e seus maiores detalhes por causa da alta resolução. Mas na
terceira, havia uma figura preta com uma máscara de olhos e bocas costurados
que estava atrás da estante. O zoom lhe ajudou a ver melhor, e só assim teve
certeza que tinha alguém dentro da casa.
- Mãe! –
Gritou ela desesperada, ao sair correndo pelas escadas. Temia que sua mãe
corresse perigo, e faria de tudo para protegê-la.
Ela subiu
rapidamente até a cozinha e viu o liquidificador ligado com uma lata de leite
jogada no chão. Ao se aproximar devagar, notou que a mãe estava jogada no assoalho
em meio a uma poça de sangue, devido a um ferimento na cabeça.
- Mã... –
Antes de terminar o sussurro, Skye foi agarrada por trás pelo homem mascarado e
teve sua boca tapada.
De tanto se
debater, o assassino bateu as costas na parede e teve que soltá-la. Ela
precisou se equilibrar para não cair, e com a ajuda da parede, chegou até a
porta da frente. Mal teve tempo forçar a maçaneta e logo foi alcançada. Recebeu
uma pancada na cabeça com o machado do assassino e caiu no chão
semi-inconsciente. Seus olhos tremiam, queriam se abrir, mas o traumatismo
havia sido grave.
Ele, então,
aproveitou o estado de Skye para juntar suas mãos no alto e amarrá-las num
pedaço de arame farpado. Ela só voltou a consciência quando ele começou a
puxá-la pelo corredor e o arame furou seus pulsos. Ela foi arrastada da porta
até o banheiro da casa depois da cozinha, aos gritos, vendo o próprio sangue
fazer um rastro até o banheiro.
Quando chegou
lá dentro, pensou que teria tempo para correr, mas foi puxada pelo cabelo assim
que suas mãos se livraram do arame farpado. O assassino pressionou sua cabeça
contra a banheira cheia, e pensando que seria afogada, Skye resistiu.
Debateu-se usando as mãos até derrubar o xampu dentro da banheira. Foi aí que
percebeu que aquilo era ácido, tão poderoso que dissolveu um vidro de xampu em
poucos segundos.
O desespero
só aumentou e os gritos se intensificaram, mas não teve jeito. Skye teve a
cabeça mergulhada na banheira cheia de ácido por alguns segundos, porém, tempo
suficiente para o produto causar grandes danos ao seu rosto. Ele a mergulhou
mais uma vez, por mais tempo, e os danos causados foram bem maiores. Seu rosto
já estava completamente desfigurado, com a arcada dentária prestes a aparecer
por completo.
Então, ela
foi mergulhada no ácido mais uma vez, por mais tempo, até que não estivesse
mais respirando. Seu corpo sem vida foi jogado pro lado, com o rosto tocando o
chão. A pele que se soltava grudava nas lajotas, fazendo uma poça de sangue no
chão onde seu rosto estava. Teria sido uma morte horrível, se o que aguardasse
todas as outras não fosse ainda pior.
Aff...Não gostei, não do capítulo, mas eu pensei que a história seguiria as meninas com ameaças e talz, eu realmente pensava que a Skye iria viver, foi como uma decepção, e ainda diz que mais meninas vão morrer... meio que desanimei.
ResponderExcluirNãããão!!! eu gostava da Skye,que pena que ela morreu,é duro quando voce curte um personagem e ele morre,e a cena da Tessa então OMG! Ameeei,enterrada viva deve ser a pior morte que tem,aguardando anciosamente o proximo capitulo.
ResponderExcluirAo contrario do Geedes,eu gostei do capitulo é uma pena que a Skye morreu era uma garota legal gostava dela,esse Anonymous é cruel,Angel acho que a pior morte que tem é ter o rosto desfigurado por ácido isso sim deve ser dolorido,quero mais mortes no próximo cap.
ResponderExcluirAff, eu coloquei que o capítulo foi bom, só não gostei do rumo que a história ta tendo, só isso... eu gosto da história e vou continuar lendo, saiba interpretá o que ler Georgie.
ResponderExcluirEu concordo com Geedes. Se as meninas todas morrerem não vai ter graça. Mesmo que eu ache o Lindley muito criativo kkkkkkkkkkkk Gostei do capítulo sim. - A precisa aprender algumas coisinhas u.u
ResponderExcluirAmeii esse capitulo..
ResponderExcluirNão acho que todas as meninas vão morrer,mas é obvio que umas tem mais destaque e são mais interessantes que outras,eu aposto em Lola e Effy como Final Girls
ResponderExcluirPor favor não mate mais nem uma garota, eu sei que se não matarem elas não tem ninguém para matar
ResponderExcluircoitada da Skye ela era a minha terceira personagem favorita
vou ler logo o outro capitulo e tentar não me atrasar mais
mas tomara que nem uma garota morra
OHHH atrasado ja havia lido a punhalada 1 e 2 voltei no site pra ver se ja havia lançado e achei este incrivel livro, skye era minha personagem favorita mais acho que mais por me fazer lembrar da skye de my super psycho sweet sixteen, mas com o passar do tempo percebi que a effy se parece mais com a skye de my super psycho do que a propria skye deste livro kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk pelo menos pra mim, mas emfim amei o livro.
ResponderExcluirobs 1: ja li o livro completo em pdf mas precisava vir aki pra comentar
pbs 2: achei que da muito trabalho pra achar os livros aki, caso vc vlica na categoria livro nao aparece todos.
Felipe