[Livro] My Last Lie - Capítulo 4: Masquerade
Don't Die So Fast.
- Aqui está –
Disse a garçonete ao deixar dois copos de suco encima da mesa.
- Obrigada –
Agradeceu Paige, assentindo com um meio sorriso.
Ela olhou pela janela de vidro ao seu lado,
viu que o grupo de garotas que estava na mesa ao lado estava saindo da
lanchonete. Ver a morena de cabelos longos colocar seu casaco a fez lembrar do
frio que estava fazendo em Ridgefield naquele fim de tarde. Ela esfregou os
braços, esperando inutilmente que isso pudesse aquecê-la.
- Que droga –
Disparou Tessa, assim que sentou-se a mesa de frente pra amiga – Esse banheiro
é um lixo, tem cheiro de sopa de legumes, deve ser por isso que é público.
- Seu suco
chegou.
- Ah – Tessa
pegou o copo e tomou um gole. Já tinha se acostumado a tomá-lo sem açúcar, e
não precisava mais fazer caretas.
Paige
esfregou os braços novamente e olhou pro lado de fora. O céu indicava que
faltava pouco tempo pra escurecer, porém, as nuvens de chuva já haviam
desaparecido.
- Então... –
Disse Tessa, colocando o suco de volta na mesa – Eu soube o que aconteceu entre
você e a Effy, e não estou me referindo ao beijo triplo de dois anos atrás.
- Bom, quem
não soube? – Paige olhou para seu copo e deu um ar de risos depressivo – As
pessoas dessa cidade têm boa memória e meu rosto ainda está vermelho, então...
- Isso vai
passar, não se preocupe, todos piramos de vez em quando. Com a mãe que ela tem
não sei como não aconteceu antes – Tessa deu de ombros e tomou mais um gole do
suco, parecia indiferente demais.
- Ela te
conta alguma coisa? Você sabe... Vocês são amigas agora...
- Bom, saímos
juntas algumas vezes, conversamos um pouco, nada demais. Não é como se ela
falasse sobre seus problemas, ou fosse sociável.
- Então ela
não mudou tanto assim.
- Uma coisa
que você precisa entender é – Tessa levantou o indicador – Algumas pessoas
mudam, mas outras, não mudam nem a peso de porrada. Effy mudou, e se você não
tivesse abalada com o que aconteceu, talvez presenciasse essa mudança e tivesse
espaço pra você agora. Mas... Você não estava lá quando ela precisou. Pense
comigo, seu namorado acabou de ser assassinado na sua frente, sua melhor amiga
a ignorava porque precisava de um tempo longe de tudo pra poder superar, e ao
seu lado, tinha apenas uma criança de oito anos fã do homem aranha e a mãe
fanática religiosa cuja única solução pra tudo é ir a igreja e pagar o dízimo.
Ou você desistia, ou se acostumava a estar sozinha. Bom, acho que ela fez um
pouco dos dois.
Paige apenas
concordou mentalmente, não teve coragem de dizer em voz alta o que estava
pensando. Sabia que era tudo culpa sua, talvez se não tivesse ficado com medo
de se aproximar das pessoas Effy fosse diferente. Mas, se tudo tivesse a ver
com o trauma, seria bem mais fácil. Era difícil admitir, mas, até um período
próximo de tempo, mal conseguia olhar para uma foto de Effy sem achar que ela
tinha sido a culpada por Charlie Abrams atacá-las No estábulo. Pensamento que
compartilhava com Courtney, e mesmo assim não chegava perto de ser justo.
Tessa olhou
pros dois lados, iria se aproveitar da pequena distração de Paige e das outras
pessoas para colocar um ingrediente especial no seu suco. Do bolso do casaco
bege ela tirou uma garrafa prateada de vodka e despejou em seu copo. Paige
arregalou os olhos, se as vissem com aquilo poderiam ter problemas, ou dar
problemas a seus pais.
- Ficou
maluca? – Sussurrou Paige, repreendendo a amiga.
- O que foi?
Eu disse que algumas pessoas não mudam – Tessa guardou a garrafinha no bolso e
fez cara de paisagem só pra garçonete ao lado não perceber o que tinha feito.
- Droga Tessa
– Paige olhou pro lado. Por sorte, ninguém tinha visto.
- Relaxa,
ninguém ta vendo. Se quiser sair dessa abstinência deixo você beber um pouco.
- Não,
obrigada – Paige voltou a esfregar os braços – Mas se quiser me oferecer seu
casaco, vou aceitar.
- Compra um
pra você, ora.
Quando ouviu
seu celular apitar, Paige colocou a mão no bolso. Era apenas uma mensagem,
pensou ser a enfermeira que contratara para cuidar de seu pai enquanto
estivesse no colégio, ou até mesmo Lola em mais um de seus ataques de falsidade
querendo deixar claro que quem decide se são amigas ou não, é ela. Porém, a
mensagem era anônima.
“Não se preocupe, você não vai sentir tanto
frio quando estiver no inferno”.
Paige olhou
pra trás imediatamente, como num reflexo. E aos poucos foi deixando a paranoia
tomar conta da sua cabeça. Não sabia se estava com medo, só sabia que tinha
sido instigada pela mensagem e que ela poderia significar alguma coisa a mais.
Poderia ser anônima, mas considerando suas palavras, tinha sido escrita por
alguém que estava ali e vira que Paige estava sentindo frio.
Todo parecia
normal, no entanto, e nenhuma das pessoas lá dentro poderiam ser culpadas.
Estavam todas vivendo suas vidas normalmente, saindo, entrando, lendo jornais,
sorrindo, conversando. Era tudo tão normal que não poderia passar de uma
brincadeira.
- O que foi?
– Perguntou Tessa, estava curiosa.
- Eu não sei
– Paige virou pra frente, tinha começado a se sentir uma idiota por se
preocupar com aquilo. Olhou pra tela do celular, nem sabia que alguém podia
enviar uma mensagem anônima – Recebi uma mensagem estranha, mas acho que é só
uma brincadeira.
- Deixa eu
ver – Tessa pegou o celular de sua mão, leu a mensagem em apenas alguns
segundos – Nossa, e você preocupada com essas bobagens – Tessa lhe devolveu o
celular – Deve ser algum idiota querendo te deixar assustada só pra ver alguma
ação nessa cidade esquecida por Jeová.
- É, deve ser
isso mesmo... – Sibilou Paige, mas não conseguia acreditar no que tinha acabado
de dizer.
- Engraçado,
recebi um email estranho ontem. Também era anônimo. Alguém dizendo ‘É melhor
trancar a porta’. Onde estamos? Na quinta série encenando Pânico? – Tessa
revirou os olhos.
Paige apenas sorriu,
se dissesse pra amiga que tinha ficado preocupada com aquilo poderia ser mais
uma vítima de seu sarcasmo. Porque mesmo que Tessa estivesse certa, ainda fazia
sentido. Elas duas receberam mensagens anônimas que pareciam ameaças. Se
somassem isso com o fato de terem começado no aniversário de dois anos da morte
de Violet, elas teriam preocupações de sobra. Mesmo assim, eram apenas
mensagens, como as que costumavam receber logo no início e que foram rastreadas
por Skye. Se continuassem era só fazer o mesmo e tudo se resolveria.
O devaneio de
Paige foi interrompido assim que seu celular começou a tocar. Viu a foto de
Dawson no visor, o eterno ‘Senhor Legal’ que tanto desejara ser seu pai. Mas
por que ele ligaria?
- Espere um
pouco – Pediu ela, colocando o celular na orelha – Alô?
Tessa ficou
esperando, a curiosidade lhe dominou assim que percebeu a preocupação nos olhos
de Paige. Não sabia o que estavam lhe dizendo, mas parecia grave.
- Ai meu
Deus... – Sussurrou a garota ao ouvir a notícia. Esperou mais alguns segundos
pra falar novamente – Acho que eu sei onde ela está, vou buscá-la, eu prometo.
Sinto muito senhor Wheeler.
- Quem era?
- Effy está com
problemas – Paige se levantou – Preciso buscá-la. Nos vemos amanhã?
- Ok – Tessa
assentiu. Esperou Paige virar as costas para revirar os olhos. Ainda não
entendia porque ela se importava tanto com Effy se nem mesmo ela se importava
com si mesma.
--
Paige
estacionou o carro em frente ao cemitério. Leu o enorme letreiro macabro ao
lado das estátuas dos anjos, estava no cemitério Saint Bridget. Assim que bateu
a porta do carro e começou a andar na direção do portão, olhou pra cima. O céu
estava servindo com um relógio, e por já ter começado a escurecer, sabia que
não tinha muito tempo. Em poucos minutos a enfermeira iria embora e seu pai
ficaria sozinho, era apenas nele que ela conseguia pensar. Nele, e na melhor
amiga.
Como já
esperava, as correntes que lacravam o portão estavam caídas no chão. Só
precisou puxar as grades enferrujadas e entrar. Elas fizeram um ruído
estridente ao serem movidas, e se tivesse alguém ali dentro, com certeza iria
ouvir.
Paige caminhou
por entre as tumbas, observando as lápides velhas cheias de gravuras que não
queriam lhe dizer nada. Se lembrasse onde Harry fora enterrado, encontraria
Effy.
E então,
simplesmente há havia encontrado. Effy estava há alguns metros em frente ao
túmulo de Harry. Ela relia seu nome enquanto a enorme dor em seu coração era
despejado em forma de lágrimas encima da grama. Paige nem lembrava da ultima
vez que tinha lhe visto chorar, e durante esses dois últimos anos, até achava
que Effy nunca mais conseguiria fazer isso.
Quando Paige finalmente
decidiu se aproximar, não teve coragem de dizer uma só palavra. Não achava que
Effy a trataria mal, ou que pudesse falar a coisa errada, só não queria
estragar aquele momento. Effy parecia tão concentrada que nem reclamava que
alguém estava lhe vendo chorar, e deveria permanecer desse jeito se quisesse
continuar próxima.
- Eu venho
aqui todos os dias, esperando que de algum jeito, meus problemas se resolvam –
Effy fungou – Pensando que estar perto dele vai me fazer pensar direito ou que
as coisas vão melhorar... E isso nunca acontece. Porque não importa o quanto eu
tente, eu nunca consigo senti-lo, e é como... – Effy se afastou. Colocou as
mãos na cintura e tentou controlar o choro, estava prestes a desabar – É como
se ele nunca tivesse estado aqui, nunca tivesse existido... Como se ter um
túmulo num lugar especial fosse o suficiente pra provar que ele merece ser
lembrado...
- Effy... –
Paige tentou se aproximar, mas parou quando a amiga continuou a falar.
- Todo mundo
fala sobre a Violet, sabe? Como se ela fosse mais importante, como se tudo
tivesse se resumido só a ela. Ninguém lembra dele, ele não recebe homenagens,
visitas... – Effy fungou novamente, Paige já tinha percebido que ela parecia
revoltada – Parece que só está dentro de mim e não é o bastante porque eu quero
que ele exista. E eu quero tanto que eu não consigo pensar em mais nada... – De
repente, sua respiração já não estava mais a mesma. Começou a soluçar e a
tremer ao mesmo tempo, e todo aquele descontrole mal lhe deixava raciocinar –
Eu não sei porque... Eu não sei por que ele teve que ir. Ele era a única coisa
que eu tinha e agora eu não tenho nada... Eu devia ter ido no lugar dele, eu
devia ter ido com ele...
- Effy –
Paige correu até ela assim que resolveu despejar todo o choro.
As lágrimas,
os gritos, os gemidos, tudo se intensificou enquanto a dor permaneceu intacta,
mas Effy estava completamente grata pelo abraço. Ter sua amiga ao lado não
traria Harry de volta, mas lhe faria companhia quando a falta que ele fazia
ameaçasse fazê-la desabar.
- Eu sinto
muito... – Sussurrou Effy, em meio aos soluços.
- Tudo bem...
– Paige passou a mão em seu cabelo – Vai ficar tudo bem...
Depois de
algum tempo abraçadas, Effy já parecia estar mais calma. Foi parando de chorar
aos poucos, finalmente estava se sentindo protegida. Não era mais como se ainda
estivesse sozinha, e se dependesse dela, seria apenas o começo de uma melhora
significativa.
Paige teve
que interromper o abraço quando seu celular apitou. Tirou o celular do bolso
enquanto Effy limpava suas lágrimas e ajeitava o cabelo embaraçado. Era de
Lola, a ultima pessoa com quem poderia querer falar numa situação como aquela.
“Quero você no The Purple agora. Traga Effy, é
urgente”.
- Quem era? –
Perguntou Effy, colocando o cabelo atrás da orelha.
- É a Lola –
Paige olhou pra ela – Quer que a gente vá ao The Purple.
- O que? Isso
ainda existe? – Effy deu um ar de risos.
Só em lembrar
do The Purple já sentia vontade de achar graça. Era o point das garotas, o
lugar onde costumavam se encontrar pra fazer suas lendárias reuniões, fundado
quando ainda eram crianças. Não era nada tão organizado, já que se encontravam
na antiga escola primária abandonada perto da floresta e era de longe o lugar
mais macabro daquela cidade, mas era o único lugar onde poderiam ficar
realmente sozinhas.
Effy puxou na
memória a ultima vez que foram, foi um ano antes de Violet morrer, ela acabou
tendo uma discussão com Lola e desde então, nunca mais estiveram lá. Talvez
Effy com alguns garotos quando sua mãe estava em casa, ou Paige, quando queria
lembrar dos bons momentos. Mas, nunca juntas. Era apenas o lugar onde passaram
a maior parte da infância que não lhes servia mais pra nada. A não ser agora,
quando por algum motivo ainda desconhecido, Lola queria reuni-las novamente.
- Você quer
ir? – Perguntou Paige – Seus pais estavam preocupados, acho melhor você ir pra
casa.
- Não posso
ir, vamos ao The Purple e depois vou pra sua casa. A gente liga pro Dawson, dá
um jeito.
- Tudo bem –
Paige guardou o celular no bolso, não iria discordar da amiga nunca mais –
Então vamos.
--
- Elas estão
demorando – Resmungou Lola, andando de um lado pro outro.
Courtney
olhou pela janela embaçada, via apenas a árvore morta na frente da escola e as
folhas no chão. Então, o lado de fora não estava tão diferente como o de
dentro. Havia coisas mortas por toda a parte, cadeiras, quadros, cadernos, tudo
deixado para trás quando o incêndio começou. As paredes – antes verde claras –
estavam carbonizadas, junto com 70% do restante dos móveis.
O chão –
extremamente podre – fazia qualquer passo fazer barulho, e estava tão sujo que
ninguém poderia se arriscar a pisar descalça. A situação daquele lugar só não
estava pior devido a arrumação semanal que as garotas costumavam fazer, ou
então, estaria tudo com os dias contados como todos os outros compartimentos.
- Não estou
vendo nada – Disse Courtney, no momento em que Tessa e Skye voltavam do pequeno
tour.
- Elas ainda
não chegaram? – Reclamou Skye – Preciso chegar em casa antes das oito.
- E eu
preciso trabalhar – Tessa passou por elas e sentou na janela onde Courtney
estava, sem medo que ela desabasse – Sabe como é, não sou filha de um
empresário como vocês, preciso ralar pra ganhar meu próprio dinheiro.
- Sim, porque
arrumar um namorado rico é muito difícil assim... – Lola sorriu com falsidade,
logo cruzou os braços e olhou pela janela ao seu lado. Não notou nada além da
coruja parada na árvore morta.
- Por que
você não fala logo com a gente e depois repete quando elas chegarem? – Tessa
levantou as sobrancelhas.
- Afinal, por
que você reuniu a gente? – Courtney olhou ao redor – Ainda mais nessa
residência condenada. De The Purple foi pra The Lixo.
- Sabe Courtney,
o tempo passou, mas essa cidade ainda funciona do mesmo jeito – Lola olhou pra
ela – A sociedade ganha mais com você calada. Esse é o tipo de coisa que não
muda.
- Onde está
Bela? – Perguntou Tessa.
- Hey
pessoal... – Disse Paige. Ao lado dela estava Effy – Chegamos.
Tessa olhou
para o rosto de Effy, estava inchado, sabia que ela tinha chorado. Mas não
diria nada. Talvez pra Effy de antigamente, mais sociável, elegante e
inteligente, mas a Effy de agora poderia até lhe socar no rosto se lhe fizessem
alguma pergunta.
- Até que
enfim – Resmungou Courtney – Onde vocês estavam?
- Não importa
– Effy sentou na janela ao lado de Tessa, ainda estava fungando por causa da
choradeira. Cruzou os braços e olhou para Lola – Então, o que você quer?
- O que eu
quero... – Lola sorriu com deboche. Caminhou até o laptop encima da mesa velha
e o trouxe pra uma mesa mais próxima, só para que todas as garotas pudessem
vê-lo – A pergunta é: O que ele quer? – Ela apertou play no video em destaque,
ficou olhando pras garotas só pra saber suas reações. A mais indiferente seria
a culpada... Ou não.
No video,
Lola e Tessa apareciam de costas no estábulo, Effy tinha acabado de se retirar.
E então, de repente, Lola se levanta para abrir o portão trancado por Bela
assim que começa a ouvir os gritos de Effy. Era unanimo, todas as garotas
estavam chocadas.
- Ai meu
Deus... – Sussurrou Courtney, colocando a mão na boca.
Elas ficaram
em silencio por mais alguns segundos só para se focarem no video. Ele terminou
assim que Effy entrou no estábulo coberta de lama.
- Qual de
vocês mandou isso? – Perguntou Lola – Aliás, qual de vocês teve a ideia de
gravar isso?
- Gravar
isso? Ta brincando né? – Effy sorriu de um jeito sarcástico.
- Não estou
dizendo que vocês sabiam que Charlie iria nos atacar e colocaram a câmera ali
só porque seria divertido brincar de Big Brother e o video ganharia muitos
acessos. Alguém colocou uma câmera ali e nos filmou, sem saber o que iria
acontecer.
- Ai meu
Deus, ai meu Deus... – Courtney colocou a mão na cabeça e se afastou, não
acreditava que aquilo estava acontecendo.
- Por que uma
de nós filmaria? – Contra atacou Paige – Antes de tudo acontecer estávamos
falando sobre Charlie, registrar aquela reunião poderia nos condenar por
perjúrio.
- Isso não
pode estar acontecendo... – Skye se afastou, não conseguia prender o choro.
-
Sinceramente, não quero dar uma de Pacto Secreto e achar que estamos sendo
perseguidas – Falou Lola – Mas se nenhuma de vocês gravou isso e me enviou
anonimamente por email, então quem foi?
-
Anonimamente? – Paige olhou para Tessa, ambas ligando os pontos – Eu e Tessa
recebemos mensagens anônimas também, mas nada como um vídeo.
- Diga que
você está brincando... – Lola ficou séria. Tinha que ser brincadeira, ou então,
isso significaria que alguém tinha algo contra elas.
Effy olhou
pra baixo, se perguntando o que estava acontecendo. Foi quando Courtney tomou a
frente para falar o que estava pensando e iniciou um bate boca entre as garotas
que ia de acusações até hipóteses sobre possíveis ameaças. Lola queria alguém
pra culpar, qualquer uma delas, só pra não admitir que aquilo poderia ser
grave. Mas Courtney não acreditava em nada, parecia ser apenas uma brincadeira.
Não via motivos para pensar que alguém as perseguia, tampouco que queria
matá-las. Porque se isso era verdade, significaria que alguém estava do lado de
um assassino e não das vítimas.
Skye
aproveitou a distração para pegar o laptop e dar uma olhada, nenhuma das
garotas tinha percebido. Quem tivesse enviado aquele email deixaria um rastro,
e nisso ela era especialista.
- Eu também
recebi uma mensagem... – Disse Effy, seu pronunciamento acabou terminando com
aquela bate boca e lhe dando toda a atenção – Eu pensei que era uma
brincadeira.
- A droga
desse video parece uma brincadeira pra você? – Gritou Lola. Effy lhe lançou um
olhar indiferente, nunca mostraria suas frustrações a ex amiga.
- Foda-se o
que eu acho, você vai sempre fazer o que quer ou pensar o que quer.
- Olha, eu
não posso lidar com isso – Courtney se afastou devagar – Eu passei tempo demais
pensando nisso, já está na hora de seguirmos em frente. Querem que a gente
fique como Bela?
- Eu vi a
cara do meu namorado ser partida em dois e é ela quem vai pro hospício. Vadia
maluca... – Effy tirou um cigarro do bolso, continua indiferente e sarcástica.
- Querem
saber? Eu vou embora – Courtney deu meia volta. Depois virou pras amigas,
deixando claro que aquela seria sua deixa – Não posso fazer parte disso, me
desculpem. Não vou deixar Charlie Abrams ser a coisa mais importante da minha
vida. Boa sorte resolvendo seus problemas.
- Vadia! –
Gritou Tessa quando ela foi embora. A garota lhe mostrou o dedo do meio, sem parar
de andar.
- Quem liga
pra ela? – Lola fez uma careta e virou pras amigas – Temos que resolver isso
rápido.
- Não sei
como – Effy acendeu seu cigarro, o isqueiro logo foi colocado no bolso após uma
tragada – Nenhuma de nós gravou o video, seria suicídio. Charlie Abrams poderia
estar livre agora se ele tivesse vazado.
- Então vamos
descobrir.
- Pessoal...
– Chamou Skye, logo recebeu toda a atenção.
As garotas
olharam pra ela, estava no canto da sala sentada numa cadeira velha com o
laptop encima da perna. Ninguém notaria que ela ainda estava ali se não tivesse
se pronunciado. E seja lá por qual motivo queria a atenção de todas, parecia
preocupada com isso.
- Consegui rastrear
o email. A conta está no nome de Charlie Abrams.
--
Bela olhou no
relógio do carro, estava tarde, era a hora perfeita para fazer uma surpresa a
seu pai. As ruas de Ridgefield já estavam todas desertas, uma das coisas das
quais sentiria falta quando seu voo saísse no dia seguinte. A calmaria, a paz,
a tranquilidade, exatamente o que Nova York não podia lhe dar.
Bela estacionou
o carro em frente ao prédio onde ficava o escritório de seu pai, rezando para
que não tivesse chegado tarde demais. Olhou no celular no banco ao lado, tinha
esquecido-o no modo silencioso. Havia dez mensagens de Lola, que ela só
responderia a caminho de casa.
Ao sair do
carro Bela ligou o alarme, e os apitos pareceram soar altos demais diante
daquele silencio. Ela colocou as chaves no bolso e entrou no prédio através da
porta de vidro automática. Deu de cara com a recepcionista arrumando suas coisas
para ir embora, parecia mesmo ter passado da hora.
- Não, diga
que não está tarde – Disse ela, com a voz suplicante.
- Senhorita
Desmond? Não sabia que estava na cidade.
- Cheguei
ontem, vim pro memorial e acabei perdendo. Meu pai está?
- Sim, está
terminando a ultima reunião do dia. Quer que eu ligue pra avisar que você está
aqui? – A recepcionista pegou o telefone, estava prestes a ligar quando Bela a
interrompeu.
- Não, quero
fazer uma surpresa – Bela sorriu – Mas obrigada Keisha. Você é a melhor.
Bela correu
até o elevador, as portas se fecharam quando ela ainda estava sorrindo,
imaginando o reencontro com o pai. Fazia tanto tempo que não via seu herói que
mal conseguia se conter. Nem mesmo aquela musica chata no elevador conseguia
roubar sua ansiedade.
Quando as
portas se abriram, ela correu pelos corredores, acabou percebendo que não
lembrava ao certo onde ficava a sala do pai. Ficou em duvida sobre qual caminho
pegar, pois quando era criança já tinha se perdido.
Depois de
pensar e puxar na memória, a esquerda lhe pareceu o melhor lado para seguir.
Começou a ler os nomes nas portas, nenhuma era a sala de seu pai. Sem falar que
sua sala tinha uma porta marrom dupla, pois ele tinha um cargo importante na
empresa.
No fim do
corredor no qual dobrou, Bela conseguiu reconhecer a porta. E não precisou de
mais de dois segundos para ter certeza que aquela era mesmo a sala de seu pai.
Se aproximou devagar pros saltos não fazerem barulho e denunciar sua presença.
A porta estava entre aberta, então, o pai estava ali, por sorte. Ela olhou pela
brecha, só porque estava curiosa pra espiar. Mas acabou vendo o que não queria.
Seu pai
estava fazendo sexo encima da mesa com uma mulher de cabelos pretos que ela não
conhecia, mas com certeza não era sua mãe. A descoberta lhe roubou o sorriso
que sustentava no rosto, trocando-o por uma expressão de choque e angústia. Ela
nem sabia o que pensar, só sabia que aquilo significava que seu pai não poderia
ser o herói que sempre pensou que fosse. Heróis não traem as esposas, heróis
não mentem, heróis não deixam de pegar a filha no aeroporto pra transar com uma
vadia no escritório.
Naquele
momento, só o que pensava era entrar na sala e lhe dizer umas boas verdades. Parar
o que aqueles dois estavam fazendo pra deixá-los constrangidos de uma forma que
os fizesse nunca mais cometer tais atos. Mas, ao invés disso, escolheu ficar
quieta. Se afastou da porta e escorou a cabeça na parede, deixando uma lágrima escorrer
pelo rosto. Era melhor ficar quieta. Voltaria pra casa, pegaria seu avião e
depois ligaria pra mãe contando tudo, ela sim precisava fazer alguma coisa a
respeito. Mas era triste demais saber que aquilo estava acontecendo.
Ela correu
pelo corredor, enxugando as lágrimas. Parou antes de dobrar só pra se escorar
novamente na parede antes de sair dali. Se passasse por Keisha chorando ela
perguntaria o motivo, sempre se importou com os sentimentos da filhinha rica de
Peter Desmond. Então, teve que pensar no plano novamente, sua mãe iria lidar
com aquilo, não podia fazer isso por ela, nem ficar triste por causa das
imoralidades do pai.
Bela dobrou o
corredor com pressa quando decidiu finalmente sair dali, já nem sabia mais onde
estava e nem mesmo encontrava o elevador. Teve que caminhar mais e mais,
tomando cuidado para não parar no mesmo lugar. Quando finalmente encontrou o
elevador, tomou um susto com a figura vestida de preto petrificada na frente
dele. Ela não conseguia ver seu rosto porque estava oculto dentro do capuz do
casaco de frio que usava. Ele também estava com uma jaqueta preta e uma calça
da mesma cor, era macabro só de olhar.
- Oi? – Disse
Bela, sem disfarçar o medo – Olá?
Ela deu
alguns passos pra trás, aquilo era estranho demais. O homem parecia uma estátua,
não se mexia, não falava, apenas a encarava, posicionando as mãos pra trás.
- Quem é
você? – Bela deu mais alguns passos pra trás, não queria demonstrar o medo que
sentia, ou então estaria sendo preconceituosa e paranoica.
O homem
finalmente se moveu e ela não teve mais que esperar uma resposta. Devagar ele
foi tirando as mãos das costas e revelando um machado prateado que estava
escondendo.
- Ai meu
Deus... – Sussurrou Bela.
O homem
começou a correr em sua direção, Bela quase caiu com o susto. Dobrou o corredor
e começou a correr gritando por ajuda. Ela não sabia o que estava acontecendo,
mas estava pensando em Charlie Abrams. Achava que era ele, a roupa era igual, o
machado era igual, e ele definitivamente estava querendo matá-la.
Ela, então,
entrou na primeira porta que viu pela frente. Trancou-a por dentro, mas ainda
não estava se sentindo segura. Ficou olhando pra ela, esperando o momento em
que o assassino a encontrasse, e então, nada se ouviu. Nada além de sua
respiração ofegante que demonstrava o quanto ela estava apavorada. Também podia
ouvir seus batimentos cardíacos, era como se tivesse uma bomba relógio dentro
do próprio corpo.
Quando o
silencio lhe pareceu um boa notícia, ela suspirou de alívio. Mas, em menos de
um segundo, o assassino derrubou a porta apenas com um chute. Tentando desviar,
Bela acabou caindo encima da mesa. O assassino tentou lhe dar uma machada, mas
ela desviou, e o machado acertou a mesa de madeira.
Bela correu
pelo buraco formado pela ausência da porta. O casaco bege que usava já estava
caindo, o cabelo, completamente arrepiado. E o corpo ensopado de suor. Como se
não bastasse o prédio estar quase vazio, seu salto tinha acabado de quebrar.
Ela se equilibrou pra não cair e o tirou do pé. Correu mancando até a janela do
corredor, de onde podia ver a escada preta de incêndio.
Olhou pra
trás, o assassino não estava atrás dela. Com o outro salto ela quebrou a
janela, retirando os cacos dar bordas para não se cortar. Subiu na janela e
chegou a escada, era só descer um andar pra chegar até o chão. Cometeu o erro
de olhar pro chão e dar às costas a janela, foi quando o assassino tentou lhe
dar outra machadada. Ela desviou a tempo e o machado acabou acertando a grade
preta.
Mesmo com
medo e estando fraca, Bela tentou lutar. Empurrou o assassino pra dentro quando
ele tentou sair pela janela, e se debateu tanto que fez seu machado cair. Ela
desceu as escadas enquanto ele descia atrás dela. O pior era que não importava
o quanto gritasse, ninguém iria ajudá-la, Charlie Abrams estava tentando
terminar o que havia começado.
Por descer
devagar, ela acabou sendo alcançada. Foi puxada pelo cabelo e arremessada até o
chão. Caiu de costa nos inúmeros cacos de vidro espalhados pelo beco onde
estava. E apesar disso, ainda estava viva. Com forças suficientes para abrir os
olhos após alguns instantes de inconsciência. A vista embaçada olhava para onde
ela estava e já não enxergava o assassino.
Bela Demorou
a se levantar, mas com a ajuda da parede, conseguiu se erguer. Os cacos de
vidro ainda estavam grudados em sua pele e não tinha como tirá-los, estavam
doendo como o inferno. Ela deu gritos de dor enquanto se movia na direção da
saída do beco, segurando na parede pra não cair. Achava que por ter caído de um
andar próximo ao chão o assassino desceria pelas mesmas escadas e acabaria lhe
pegando.
- Socorro! –
Ela gritou quando viu um carro passar. Porém, ninguém dentro dele pôde lhe
ouvir.
Ao sair do
beco, Bela pôde olhar pra rua, não era a mesma pela qual tinha chegado. Não via
seu carro, ou alguma pessoa, ou o mercado por onde passara prestes a fechar.
Então, o único jeito de sobreviver era continuar correndo. Ela logo tratou de tentar
pedir ajuda nos estabelecimentos que via, batendo nas grades, implorando aos gritos.
E no fim, tudo em vão, só o que tinha conseguido era fazer alguns cachorros
começarem a latir.
Então de
repente, a rua escura se iluminou. Ela olhou pra trás, viu os faróis de um
carro preto acesos em sua direção. Soube
quem estava lá dentro quando o motor começou a fazer barulho e o carro ameaçou
dar a partida.
- Não! – Bela
começou a correr o mais rápido que seus machucados lhe permitiam.
O assassino
imediatamente acelerou o carro na direção dela. Tentou dirigir devagar só para
que seu desespero aumentasse e depois, finalmente, lhe daria seu golpe de
misericórdia. Àquela altura até mesmo Bela sabia que já estava morta.
Ele pisou
fundo no acelerador e a atropelou no exato momento em que ela se aproximava de
uma pet shop cheia de cachorros latindo. O carro a imprensou nas grades, de um jeito
que não tinha como fugir.
O assassino
esperou alguns instantes para sair do carro, e quando o fez, deixou o machado a
mostra para que Bela continuasse seu escândalo. Ninguém iria ouvir, ninguém
iria ajudar, e quanto mais medo tivesse, era melhor.
Ele olhou pra
ela bem de perto, queria primeiro contemplar aquela vista. A ultima coisa que Bela
viu foi sua máscara, refletida pelo espelho da loja. Ele usava uma meia preta
para cobrir o rosto, deixando apenas um olho de fora. A boca e o outro olho
estavam costurados, era exatamente o que queria fazer com suas vítimas. Calar
suas bocas de onde só saem mentiras e fechar seus olhos ao apresentá-las a
morte.
Ele levantou
o machado e acertou Bela na cabeça sem dó nem piedade. Ela parou de gritar
imediatamente, caiu no capô do carro como se a coluna tivesse sido quebrada. Os
olhos ainda abertos e cheios de lágrimas, era uma pena que ela não tivesse vivido
mais para ver o que as amigas iriam passar. Uma mentirosa a menos numa cidade
onde todas mereciam morrer.
PS: Fiquem atentos aos gifs dos próximos capítulos, eles sempre dão dicas do que vai acontecer, e revelam coisas importantes.
PS: Fiquem atentos aos gifs dos próximos capítulos, eles sempre dão dicas do que vai acontecer, e revelam coisas importantes.
Ahhhhh, coitada da Bela! morrer com aquela imagem do Pai! pfvr joão muito mal! joão, não mate uma garota a cada capítulo, por favor, mate coadjuvantes, queria que a Bela tivesse sobrevivido!
ResponderExcluirOK OK! MEU DEEEUS , MUITO BOM, INTENSOOOO... KKKK, EU CONHEÇO TANTO AS MORTES DE A PUNHALADA QUE EU JÁ SABIA QUE A BELA IA MORRER RSRSRSR! QUERO O PRÓXIMO CAPÍTULO LOGO.
Aiiiii amei,adorei a morte da Bela,meus personagens preferidos são,Effy,Lola,Page,Skye,não as mate please,o resto pode morrer kkkkkkkkkk
ResponderExcluirAmei esse capitulo,principalmente a sequência da morte da Bela imaginei tudo na minha cabeça e foi eletrizante,pobre da garota morrer depois de ver o pai traindo a mãe é muita maldade,gostei da máscara do Anonymous(gostaram do nome?) bem assustadora,Geedes assim que a Bela apareceu no cap. já sabia que ela seria a primeira vítima da vinçança mortal tudo culpa do João e A Apunhalada kkkk.
ResponderExcluirQuero o cap.05 AGORA!!
Anonymous kkkkkkkkkkkk morri/
ResponderExcluirNossa morri amei muito esse capitulo.. Necessito do outro capitulo..
ResponderExcluira morte da Bela foi muito nem sei o que falar
ResponderExcluircoitada ela era a minha segunda personagem favorita tomara que a Paige não tenha esse mesmo destino tão trágico vou ler o próximo agora