[Livro] My Last Lie - Capítulo 3: Girl Gone Wild
Don't Freak Out.
Quando
amanheceu, a notícia já havia se espalhado. Emissoras de TV, estações de
rádios, páginas na internet, de repente Charlie Abrams era o nome mais ouvido
pelas redondezas. Repórteres de cidades vizinhas apareciam em Ridgfield,
querendo um pedaço daquela notícia bombástica, finalmente Charlie Abrams estava
morto e não poderia haver nada mais importante.
A notícia
também estampava a capa dos jornais espalhados pelas bancas da cidade inteira.
Isso lembrava Lola do tempo em que Violet fora assassinada. A cidade inteira
tinha pirado, de repente, sua morte tinha tomado uma proporção assustadora. Com
o tempo toda essa obsessão foi perdendo a força, porém, os moradores daquela
pequena cidade faziam parecer que a tragédia seria lembrada até no próximo
século.
Lola passava
os canais de TV com o controle remoto, expressando tédio, sabia que nada havia
ali além de notícias sobre o suicídio de Charlie Abrams. Parou de mudar de
canal assim que notou que a namorada de Matt era quem estava fazendo aquela
reportagem.
- Estamos em
frente ao sanatório de Georgetown onde há poucas horas o paciente Charlie Berry
Abrams enforcou-se em seu próprio quarto. Abrams foi acusado há dois anos de
estuprar e matar três jovens na pequena cidade de Ridgefield, mas foi internado
nesta instituição psiquiátrica após ser diagnosticado como portador de
esquizofrenia e transtorno de personalidade, além da falta de evidências. Ano
passado Abrams quase foi condenado pelo assassinato do filho do renomado
empresário Phillip Dotts, e causou revolta na população a não ser condenado com
a pena de morte. O diretor do hospital se recusou a dar entrevista, mas revelou
a polícia que Abrams já demonstrava transtornos suicidas e que era apenas uma
questão de tempo até que acontecesse o ocorrido.
Lola deu um
ar de risos debochado, é claro que ele era suicida, ninguém em sã consciência aceitaria
viver aquela vida. Lembrou das amigas quando sua cunhada saiu da tela para
mostrar outra reportagem, dessa vez, sobre o que acontecera no estábulo há dois
anos. Ela discou o numero de Skye em seu celular, queria ter certeza de que ela
não estava vendo televisão, ou teria um ataque de nervos e não iria ao colégio.
- Lola –
Disse Skye, ao atender seu celular.
Precisou
apoiá-lo entre a orelha e o ombro para poder terminar de colocar os livros na
mochila azul. O relógio encima da escrivaninha marcava as sete e quarenta e
cinco, teria sorte se conseguisse chegar a tempo na escola.
- Tem
paparazzi ao redor da minha casa inteira. Olha que ela não é das pequenas.
- Seu pai não
pode fazer nada?
- Não, ele
está esperando eu atirar na cabeça de um deles – Lola olhou pras unhas, tinha
acabado de serrá-las, mas ainda não estavam como queria.
- É, eu meio
que tive a mesma vontade ontem no memorial. Enfim – Skye colocou a mão na testa
e fechou os olhos, estava preocupada – Alguma novidade?
- Sim.
Aparentemente, Charlie Abrams está mesmo morto. Se enforcou na clínica onde
estava internado. Não posso dizer que estou surpresa, não é como se ele tivesse
a vida perfeita.
- Acho que ele
só teve a vida que mereceu.
- Sem
oposições. Vai pro colégio?
- Sim, estou
me arrumando.
- Posso pegar com você aquele dever de física?
– Lola enrolou o cabelo nos dedos e fitou a TV. O olhar preguiçoso e a
expressão de cansaço diziam claramente que estava morrendo de tédio.
- Tudo bem. Lola,
preciso desligar, estou atrasada – Skye colocou a mochila no ombro, a dor
imediata lhe provou que devia deixar a maioria do livros no armário ao invés de
levá-los pra casa.
- Ok, te vejo
no colégio – Antes que Skye pudesse se despedir, Lola já havia desligado.
Skye olhou
pro celular só pra ter certeza que a chamada já havia terminado. Colocou ele no
bolso e abriu a porta. Deu dois passos no corredor, até lembrar que tinha
esquecido a coisa mais importante. Teve que voltar ao quarto apenas para pegar
a máquina fotográfica que estava encima da escrivaninha. Ela não aguentaria
mais um dia no ensino médio sem sua câmera, o passatempo perfeito pra esquecer
que ela era uma das sete garotas.
Quando
lembrou do termo usado pela população da cidade, deu um meio sorriso. Ser uma
das sete garotas poderia incomodá-la, rotulá-la de uma forma absurda cujo único
propósito é lembrar o que lhes aconteceu, e talvez, seja até uma maneira de
fazê-la ser chacota de quem não levava isso a sério. Mas, era melhor ser uma
das sete garotas a voltar a ser a garota nenhuma que fora a vida inteira.
Ela já estava
descendo as escadas, perdida nos próprios pensamentos. Estava pronta pra passar
pela cozinha, colocar uma torrada na boca e correr pro colégio enquanto come,
como fazia todos os dias desde que decidira ser uma aluna exemplar. Deu de cara
com a mãe fazendo panquecas com um avental rosa florido e o pai lendo jornal na
mesa, a mesma visão de todos os dias. Naquela parte da cidade, o hobbie preferido
das pessoas parecia ser a rotina.
- Já vai? –
Perguntou sua mãe, sorridente.
- É, estou
atrasada.
- Mas a
primeira aula é só oito e meia.
- Não no meu
horário – Skye pegou uma torrada de cima da mesa, foi completamente ignorada
pelo pai.
- É claro –
Sua mãe fechou os olhos e suspirou, dando um meio sorriso. Se aproximou da
filha apenas para lhe dar um abraço, tomando cuidado para que a espátula quente
em suas mãos não encostasse na pele da garota – Boa aula. Vá com Deus.
- Obrigada –
Skye correu até a porta dos fundos, parou quando ouviu a mãe chamar seu nome.
- Não quer
uma carona? Estou indo agora mesmo na floricultura – Ela começou a desamarrar o
avental, pensando que a filha aceitaria a proposta.
- Não,
obrigada. O ar vai me fazer bem, e eu vou com Courtney.
- Ok, então.
- Tchau mãe –
Skye passou pela porta como um vulto, nem se preocupou em fechá-la após a
saída.
Passou pelo
gramado verde e muito bem aparado de sua casa, além da árvore do canteiro que
tinha a sua altura. Olhou pra rua, o pequeno Bart Kelvin estava jogando os
jornais nas portas das residências dos vizinhos, que por algum motivo, não
estavam presentes regando suas flores como sempre faziam àquela hora. Parece
que Charlie Abrams conseguiu parar de novo a cidade.
Skye caminhou
pelas calçadas, sentindo o sol bater no rosto, dava um sorriso sem graça quando
encontrava um conhecido na rua e acenava com a mão com que não estava segurando
a alça da mochila. Não caminhou nem por cinco minutos e já tinha chegado a casa
de Courtney. Era como todas as outras. As únicas coisas diferentes eram o
portão branco ao lado da cerca e o jardim. Os Hobbs tinham tomado a liberdade
de cultivar plantas diferentes que os vizinhos estavam acostumados.
Devagar, Skye
abriu o portão e passou pelo jardim, sentindo aquele perfume forte das plantas.
Subiu as pequenas escadas da varanda e apertou a campainha. Em menos de dois
segundos foi atendida, era a mãe de Courtney, que ainda estava com roupão e vários
bobs no cabelo. Skye teve que prender um riso com aquela cena.
- Oi,
Courtney está?
- Espere –
Disse a mulher, fechando a porta bruscamente.
De repente, a
roupa que a mulher estava usando tinha se tornado o de menos. Skye ouvia os
gritos de Courtney e sua mãe brigando em espanhol, como aqueles evangélicos da
igreja da mãe de Effy faziam, só que ainda mais engraçado. Skye não entendia
uma só palavra, mesmo que tivesse tirado a nota máxima em espanhol. E também
não fazia questão, já que odiaria ter que traduzir um palavrão.
- Cala a
boca! – Gritou Courtney, ao abrir a porta, foi a única coisa que Skye pôde
entender.
Ela sorriu
pra amiga como se nada estivesse acontecendo, parecia impecável.
- Então
vamos? – Disse ela, tomando à frente.
Elas passaram
pelo portão lado a lado, começaram a andar juntas. Skye esperou alguns segundos
para fala sobre sua mãe, não queria estar perto o suficiente para que os
ouvidos biônicos de Gage Hobbs pudessem ouvir.
- Então, sua
mãe...
- Ela é louca
– Disparou Courtney, como se fosse uma coisa balela – Acha que todo americano
quer nos fazer mal. Ontem deu uma palestra sobre estupro por causa das minhas
roupas. Até parece – Ela deu um ar de risos irônico – Um doente mental começa a
perseguir garotas para machucá-las porque não sente tesão quando alguém quer
fazer sexo com ele voluntariamente e é tudo por causa do meu decote. Não tenho
culpa se tem gente que adora rejeição.
- Belo ponto
de vista – Skye olhou pra baixo quando o sol começou a bater em seu rosto, não
sabia como continuar a conversa sem que os pontos de vista dispensáveis de
Courtney fossem citados.
Elas não
perceberam, mas há apenas alguns metros, havia um homem andando em suas
direções. Estava com a roupa preta, com manga comprida, , além de usar botas do
exército. O capuz sobre o rosto impedia que qualquer pessoa olhasse diretamente
em seus olhos, ou até mesmo, reconhecesse quem estava por debaixo.
- Deus, odeio
essa cidade – Disse Courtney, expressando nojo ao ver a vida pacata dos
moradores – Quando eu morava em Bethel era completamente diferente. Mas graças
ao meu bom Deus, só me resta mais uma semana, então vou poder dar Adeus a
Ridgefield e olá para Princeton. Já sabe pra onde você vai?
- Ainda
não...
- Não fale
como se fosse triste, você foi aceita em todas as faculdades em que se
inscreveu. Você é a porra do Jimmy Neutron, faz Harvard parecer pouco demais
pra você.
- Obrigada –
Skye sorriu, não sabia se tinha sido um elogio.
Seu celular
vibrou imediatamente dentro do bolso. Courtney olhou pro lado, nem tinha
percebido que Skye estava com o celular nas mãos. Era apenas uma mensagem,
porém, anônima, e isso não costumava acontecer naquela cidade.
"Você
está linda com esse vestido da Violet”.
Skye sentiu
sua espinha gelar. Sempre que lia o nome Violet não conseguia permanecer
normal. Mas, não era apenas isso dessa vez. Ela não havia entendido. A mensagem
anônima, o conteúdo, era como se mais alguém soubesse que ela estava usando
aquele vestido florido de Violet quando poucas pessoas viram. E também quando
um numero bem menor de pessoas sabia a quem tinha sido a primeira dona.
A duvida a
fez paralisar na calçada, despertando a curiosidade de Courtney.
- O que
aconteceu?
- Nada – Respondeu
Skye, estava criando teorias.
A única coisa
em que pensou foi que poderiam estar sendo seguidas. O homem que as seguia se
escondeu rapidamente atrás das árvores. Se tivesse demorado apenas mais um
segundo, Skye o teria visto quando olhou para trás.
Courtney
olhou pra mesma direção que a amiga, fez uma careta quando não viu nada. Estava
confusa, Skye de repente tinha parado de andar e olhado pra trás e parecia
aflita.
- O que
estamos olhando?
- Nada – Skye
guardou o celular no bolso e mudou a expressão. Precisava tirar tudo aquilo da
cabeça, precisava acreditar que não estava sendo seguida e que aquela mensagem
era apenas uma brincadeira. Porque qualquer duvida a levaria direto para
Charlie Abrams, e este era um péssimo caminho – Mau pressentimento, eu acho.
Deve ser essa coisa com o Charlie.
- Ai meu Deus
– Courtney revirou os olhos – Esqueça o Charlie, ele não pode fazer nada com a
gente – Ela cruzou seu braço com o de Skye, incentivando a amiga a continuar
andando – Vem logo Jimmy Neutron, preciso da sua ajuda em química.
- Ok – Skye
sorriu, deixando-se levar por Courtney. Em poucos segundos já tinha esquecido
todo aquele agouro.
--
Effy abaixou
a cabeça mais uma vez antes de suspirar. Fechou os olhos e contou até dez. Era
o reinicio de um ciclo que havia terminado na contagem até cem noite passada,
apenas para ser mais suportável estar num lugar onde não queria estar. Porém,
um lugar onde achava que merecia estar.
Em sua cela,
ela conseguia ver apenas o básico. O vaso sanitário ao lado da cama, a pia para
escovar os dentes, a pequena janela no meio da parte que parecia ter muito mais
proteção que a grade a sua frente.
Ao primeiro
sinal de que alguém estava se aproximando, ela olhou pra frente, os olhos
cheios de esperança. Viu seu pai ao lado de um policial que abriu a porta de
sua cela. Finalmente iria sair daquele lugar, mas, iria para o próximo inferno,
o mesmo lugar que sua mãe a obrigava todos os dias a chamar de lar.
Rapidamente
se levantou da cama e caminhou até a saída. Sentiu vontade de abraçar o pai e
dizer obrigada, depois sair correndo com ele dali pra lanchonete mais próxima.
Mas, como fazer isso com alguém que parecia mais um estranho do que um pai?
- Seu pai
pagou a fiança – Disse o policial – Você pode ir.
Effy olhou
para o pai, logo abaixou a cabeça quando percebeu seu olhar de desaprovação. Não
gostava dele, mas saber que Dawson Wheeler estava decepcionado era
estranhamente ruim.
Ela Colocou
as mãos no bolso, e sem falar nada, os dois caminharam pela delegacia. Passaram
por alguns policias e secretários, estavam todos olhando, mas não pelo motivo
que Effy pensava. Ela era a primeira das sete garotas, a mais afetada por
Charlie Abrams, e com sua morte era inevitável não encará-la e ver de camarote
o que uma tentativa de assassinato pode fazer com uma vítima.
Effy e Dawson
saíram da delegacia, caminharam em linha reta para o carro como se já tivessem
ensaiado aquilo. Fazia tempo que não o via, era uma bela BMW preta que ela
sempre quis dirigir, mas nunca pôde. E se não via o carro, era porque seu dono
não aparecia com muita frequência.
Ela entrou e
colocou o cinto, ficou olhando pra frente, pensando no que tinha feito. Dawson
sentou ao seu lado e ficou do mesmo jeito. Estava esperando que ela lhe pedisse
desculpas e prometesse que nunca mais iria fazer coisa parecida, e era
exatamente a única coisa que ela não podia prometer.
- Então... –
Murmurou ele, apenas para quebrar o silencio constrangedor – Se você não vai me
dizer, vou ter que perguntar.
- Faça o que
quiser – Effy virou pra janela, com medo de encarar o pai. Se olhasse em seus
olhos, veria como ela estava insegura e que toda aquela grosseria era apena
suma máscara para esconder a garota assustada que era por dentro.
- Não vou
falar pra sua mãe, se é isso que você acha. Pode ser um segredo só nosso.
- Por mim
tudo bem...
Dawson
assentiu devagar e voltou a olhar pra frente. Já não sabia mais como lidar com
ela. Se tentava ser seu pai, era rígido demais. Se tentava ser seu amigo, agia
feito um idiota. Era difícil saber o que estava acontecendo. Ele pode ter
ficado ausente por anos, mas estava tentando ser um bom pai, e tinha começado
guardando seu segredo.
- Effy, se isso
é por causa do incêndio no hospital...
- Não tem
nada a ver com isso – Effy olhou pra ele, queria impor sua verdade – Eu fiz
porque eu quis.
A grosseria
lhe incomodava, mesmo este sendo o único jeito de lidar com tudo. Não podia
falar o que sentia à ninguém ou então a chamariam de louca. Ninguém entenderia
o que estava passando, ou a falta que ele fazia, ou todos aqueles pesadelos
envolvendo Charlie Abrams. E se contasse sobre os cortes em seu braço, no
mínimo seria internada em alguma clínica como uma suicida lunática que não
consegue dar valor na beleza e no dinheiro que tem.
Quando notou
os cortes à mostra esticou a manga da blusa, para que seu pai não os visse. O
que ela não sabia era que ele já estava ciente sobre aquilo, e só queria
ajudar.
- Essa não é
você.
- Como você
sabe? Não é como se tivesse estado aqui o tempo todo – Effy deitou a cabeça no
banco. Tinha começado a fazer uma prece para que a conversa terminasse ali.
- Effy, eu
só...
- Você pode
me levar ao colégio, por favor? Não quero perder a ultima semana de aula.
- Certo –
Dawson assentiu, aquela era a deixa para sua insistência. Deu a partida no
carro e pisou no acelerador.
Como um
quebra gelo, o celular de Effy começou a apitar. Ela relutou em tirá-lo da
bolsa que seu pai pegara com a policia, não estava querendo falar com ninguém,
muito menos por SMS. Porém, quando notou que era anônima, sua curiosidade foi
despertada.
“Papai não vai salvá-la o tempo todo, e eu
conto com isso”.
Effy
suspirou. Não quis criar teorias, apenas guardou o celular de volta na bolsa e
encostou a cabeça no banco do carro, se importar com uma brincadeira sem graça
– provavelmente do melhor amigo mala do namorado – era exatamente o que não
queria fazer.
Eles levaram
apenas quinze minutos para chegar à porta do Ridgefield High. Por sorte, as
portas tinham acabado de ser abertas e os alunos tinham começado a entrar. Effy
não perdeu tempo, cortou a próxima frase que o pai iria dizer e abriu a porta
do carro.
- Valeu –
Disse ela, fechando a porta.
O pai apenas
assentiu e pisou no acelerador, fazendo Effy olhar pra trás. Ele nunca saia tão
rápido, sempre ficava ali parado esperando-a chegar até as escadas da entrada. Mas
também, pouco importava. Quando entrasse no prédio iria logo tomar a ducha que
ficou a noite inteira desejando. Depois assistiria o restante das aulas e não
ganharia falta. Assim não teriam motivos para ligarem para sua mãe avisando
sobre sua ausência, ou falando qualquer coisa que faça Mary Beth Lancer
desconfiar que ela tinha estado na cadeia.
Passando
rapidamente pelos alunos mais lentos, ela entrou no prédio, segurando a alça da
bolsa preta.
- Hey Effs –
Disse Tessa, tinha acabado de chegar. Aumentou a velocidade dos passos para
andar lado a lado com a amiga.
- Hey Tessa.
- Olha, me
desculpa por ontem. Eu pensei que você estava atrás da gente e quando percebi
que não estava, não tinha como voltar.
- Ok, eu
entendo – Effy assentiu e olhou pro lado, não parecia muito interessada naquela
conversa.
- Então, está
tudo bem com a gente? – Tessa ficou de lado para deixar passar um aluno que
vinha em sua direção. Isso a fez ficar pra trás, Effy nem se preocupou em parar
de andar.
- Está sim,
não se preocupe.
- Ok. Mas
então, você não contou pra ninguém que eu estava com você, não é?
- Não – Effy
já tinha entendido o motivo do papo. Então, ela queria apenas saber se sobraria
pra ela – Eles sabem que não estava sozinha, mas não disse o nome de vocês.
Então, diga ao Corbin que ele vai se ferrar, mas não dessa vez.
- Ok,
Obrigada – Tessa sorriu, parecia eufórica. Deu um beijo no rosto da amiga e
saiu correndo – Amo-te, Effs.
- Certo –
Effy sorriu.
Percebeu que
já tinha chegado ao seu armário e largou a bolsa no chão. Quando o abriu, seu
olhar a direcionou automaticamente para a foto de Harry. Ela precisava olhar
pra ele mesmo que apenas uma vez por dia, isso faria o resto das horas serem
mais suportáveis. Mas passar a mão por seu rosto na foto era um caminho
perigoso, que ao invés de melhorar, poderia fazer as coisas desandarem de vez.
Era tanto
pensamento que o único jeito que Effy viu de se livrar deles foi fazer as
coisas rápido. Assim, começou a arrumar os livros para poder pegar as roupas
atrás deles, junto de suas luvas que usava na academia para treinar.
- Taylor
Momsen – Disse Ian Hardley, encostado no armário. Estava se referindo ao visual
que Effy adotara há um ano e meio, como se fosse a vocalista de uma banda de
rock, e estava longe de ser um insulto.
Effy olhou
pra ele, logo preparou o olhar de desprezo que ele tanto gostava.
- Channing
Tatum – Disse ela enquanto colocava os livros em seus devidos lugares.
Ian sorriu, adorava
sua criatividade e seu novo apelido, porque sempre recebia nomes de
celebridades que têm o abdome definido.
- Então, eu
tenho dois ingressos pra um jogo de basquete nessa quinta. Ta afim?
- Odeio
esportes.
- Bom, já
estava começando a achar que você era lésbica – Ian sorriu, e por alguns
segundos, soava como um alívio – Então, podemos ir ao cinema?
- E depois na
sua casa? – Effy deu um meio sorriso – É claro.
Do outro
lado, sem que percebesse, havia alguém que escutava tudo. Paige tinha desistido
de responder a SMS de Lola para prestar atenção na conversa da ex melhor amiga.
Não acreditava que ela iria sair com Ian Hardley de novo. Não por trair o
namorado pela centésima vez, mas por ficar com alguém cujo único talento além
de ser bom em esportes violentos é arrotar o alfabeto. Era deprimente assistir
a tudo aquilo.
- Então
beleza. Mas se você começar a fazer aquelas coisas com a mão dentro do cinema,
a gente vai ter que vir pra casa correndo e vai perder o filme.
- Não fale
como se isso fosse uma coisa ruim – Effy ajeitou os livros e deixou as luvas no
lugar. Olhou para Ian por uma ultima vez, o papo precisava terminar ali se
quisesse colocar aquela conversa na lista das mais cretinas – Te vejo na
quinta.
- Sim senhora
– Ian sorriu antes de se retirar.
Paige esperou
dois segundos após a saída de Ian, estava em duvidas sobre ir até Effy e falar
sobre aquilo. Poderia ouvir o que não queria, como estar se metendo na vida das
outras pessoas, como se não tivessem sido melhores amigas. Como se não tivessem
feito inúmeras festas do pijama, conversado milhares de vezes sobre garotos e
chorado juntas quando algum idiota partia seus corações. E era exatamente por
isso que ela tinha que falar.
- Então você
ainda está saindo com o Ian? Você disse que isso tinha acabado – Sussurrou ela
ao se aproximar.
- Então você
continua ouvindo a conversa dos outros? Eu não sei porque estou surpresa.
- Effy, você
sabe que isso não está certo.
- Claro que
sei, mas estava pensando que sua mãe tinha lhe ensinado bons modos – Effy
fechou o armário e começou a andar. Foi seguida por Paige, ela insistiria até
que Effy cedesse.
- Effy, não é
hora pra isso.
- Toda hora é
hora pra ignorar alguém que já me ignorou.
- Pensei que
a gente já tinha superado tudo isso – Paige correu e segurou em seu braço. Effy
virou contra a vontade, e isso só aumentou sua raiva – Effy, fala comigo.
- Sobre o
que? Violet Hills? Charlie Abrams? Harry Dotts? Minha vida sexual?
- Qualquer
coisa.
- Se eu bem
estou lembrada, quando eu quis falar sobre qualquer coisa, você ignorou minhas
ligações. Quando escrevi uma carta perguntando porque você não queria falar
sobre qualquer coisa, você a rasgou e jogou no lixo. Quando eu fui na sua casa
pra falar sobre qualquer coisa e fazer qualquer coisa, você fingiu que não
estava. Me corrija se eu estiver errada, mas acho que tenho direito de não
falar qualquer coisa com você.
- Quais os
seus direitos? – A voz de Paige saiu rígida, o suficiente para começarem a
chamar atenção – Sair de casa e ficar bêbada? Falar palavrão e se achar
foda? Faltar aula por causa de garotos?
- Não sabia
que você tinha se tornado a garota responsável. Até onde me lembro, a rainha do
baile estava vomitando os litros de álcool que bebeu quando Charlie Abrams
tentou me matar. Não é como se você pudesse falar sobre o que eu faço... Na
minha opinião, é claro – Effy sorriu com falsidade, tinha deixado Paige
irritadíssima.
Lola,
Courtney e Skye tinham acabado de chegar. Olharam pras duas, apenas Skye
parecia inconfortável com aquilo. Lola e Courtney estavam sorrindo, já tinham
sentido falta daquelas brigas de garotas que costumavam ter.
- Ok, me
desculpe por me importar – Disse Paige, tentou parecer indiferente – Você acabou
de me provar que foi um erro. Você obviamente está traumatizada demais com o
que sua vida se tornou que prefere afastar todo mundo.
- Eu estou
bem! – Gritou Effy, se aproximando, queria intimidá-la – Não preciso que se
preocupem comigo. Eu sou bonita, inteligente e tenho dinheiro, é claro que
estou bem.
- Mas você
não precisa transar com metade do colégio pra provar isso.
Effy não
pensou duas vezes, após sentir uma pontada no peito com as palavras da amiga,
lhe deu uma bofetada. A plateia inteira parou, não estavam esperando por
aquilo. Até Paige que estava a par da personalidade de Effy conseguiu ficar
chocada, logo quando tinha começado a achar que seu desentendimento não
chegaria a este ponto.
Devagar,
Paige voltou a olhar nos olhos da amiga, tirando a franja loira que havia caído
no rosto após a bofetada. Ao invés dos olhos encherem de lágrimas, pareciam
revoltados. Era isso que iria ganhar de alguém importante que tentava ajudar?
Ela esperou
Effy se aproximar dela, parecia ter algo a dizer. E pelo olhar revoltado, não
era qualquer coisa. Effy apontou o dedo
para seu rosto antes de começar a falar, e Lola, lá atrás, continuava a vibrar.
- Você não
sabe nada sobre a minha vida! – Gritou Effy, mas, Paige não perdeu a postura.
- E eu peço
desculpas por isso... – Paige deu meia volta e correu. Abaixou a cabeça quando
percebeu que o choro estava vindo, e ao dobrar o corredor, finalmente poderia
desabar.
Por um
segundo, apenas por causa do brilho verdadeiro no olhar da melhor amiga, Effy
se arrependeu de tudo o que tinha dito. Só conseguia sentir raiva de si mesma e
mais uma vez, poder voltar no tempo.
--
Effy abriu a
porta de sua casa, acabou levando os sapatos de seu pequeno irmão Edward que
estavam espalhados pela casa. Após trancar a porta, teve que desviar dos
brinquedos altamente cortantes espalhados pelo chão até chegar na escada. Ouviu
sua mãe chamando seu nome duas vezes, e apenas ignorou, não havia nada de tão
importante que ela pudesse falar para impedir Effy de subir pro seu quarto e
permanecer sozinha em seu mundo.
Não lidaria
com ela quando podia deitar na cama, ligar o notebook e virar a madrugada
navegando na internet. Talvez assistir um video pra maiores de idade, brigar
com alguém com o intelectual abaixo do seu, ou até mesmo, apenas ouvir musica e
ficar olhando a arte do álbum do artista que gosta. Porém, no momento em que
tirou os sapatos e se jogou na cama ao lado do notebook, sua mãe passou pela
porta. Caminhou em sua direção só pra tirar os fones que tinha acabado de
colocar.
- Você não
ouviu quando eu chamei?
- Desculpa – Pediu
Effy, estava fazendo questão de demonstrar seu tédio na voz.
- O jantar
está pronto. Se não descer agora a comida vai esfriar.
- Tudo bem –
Effy sorriu por dois segundos, não se preocupava em agir de acordo com a
vontade da mãe, ou ser educada.
Mary Beth
suspirou, iria insistir apenas mais uma vez e depois lhe tiraria o que tinha de
mais precioso. Sem aquele notebook ela ficaria completamente louca.
- Quero que
você desça Effy, agora.
- Ok – Effy
se levantou com o notebook e passou pela mãe, ainda concentrada no navegador de
internet que tinha acabado de abrir.
Só parou de
olhar pro notebook quando desceu as escadas. Mary Beth, que descia logo atrás,
conseguiu passá-la por estar descendo muito devagar. Ambas chegaram a cozinha,
onde o pequeno Edward comia e fazia seus desenhos. Os lápis de cera estavam
sujos de comida, e Mary Beth parecia não ligar. Effy se sentou de frente pra
ele, colocando o notebook do lado encima da mesa.
- Hey,
gorducho – Disse Effy, o irmão olhou pra ela no mesmo instante – O que você ta
fazendo?
- Desenhando
a mamãe.
- Porque você
não desenha o papai? Ele tem super poderes, sabe? Ele é o homem invisível. Se
procurarmos ele, puff, não está.
- Para, Effy
– Alertou sua mãe, o olhar de reprovação parecia fuzilar a filha.
- Você quer
que eu desenhe você? – Perguntou Edward, os olhos verdes claros pairavam nos da
irmã e eram a coisa mais linda do mundo. É claro, juntos daquele cabelo em
forma de cuia, que lhe fazia parecer um índio, porém, com a pele tão pálida
como da irmã mais velha.
- Eu quero.
- Posso te
desenhar com asas?
- É, acho que
não – Effy fez uma careta, não imaginava porque ele tinha dito aquilo.
Eles ainda
não tinham percebido, mas estavam sendo observados pela janela por alguém que
se camuflava por trás das árvores.
- Effy, vamos
jantar, tire o notebook de cima da mesa – Pediu Mary Beth ao colocar os pratos.
- Qual o
problema em me deixar comer com o notebook do lado?
- Ele vai
tirar sua atenção e você precisa se alimentar. Aliás, é falta de educação –
Mary Beth se sentou. Passou a mão devagar pela cabeça do filho ao seu lado e
depois olhou para Effy - Vamos orar – Ela juntou as mãos encima da mesa e
fechou os olhos.
- Você só
pode ta de brincadeira – Sussurrou Effy, Mary Beth preferiu ignorar para se
concentrar no que estava fazendo.
Era a mesma
de sempre. Estava agradecendo pela comida, pelos filhos maravilhosos, pedindo
para que Deus mudasse o coração de Effy e lhe transformasse numa garota como as
garotas da igreja, ou que simplesmente tirasse aqueles zilhões de pulseiras que
tinha no braço direito, pois já era um bom começo. Effy achava tudo ridículo
demais, pois sendo assim, Mary Beth nunca iria poder reclamar do que os
vizinhos falavam sobre ela. A pior coisa, de longe, era ser chamada de Carrie
White por causa de sua mãe.
Ao terminar,
Mary Beth pegou seus talheres e olhou pra filha. Percebeu que o notebook ainda
estava encima da mesa, achava que Effy tinha tirado o dia para lhe atormentar.
- Você pode,
por favor, tirar o notebook de cima da mesa?
- É, não
dá... – Debochou Effy, focando-se novamente na internet.
- Effy,
agora! – Gritou Mary Beth, com autoridade.
- Por que não
posso usar essa droga e comer ao mesmo tempo? Vou pro inferno se fizer isso?
- Porque
estou mandando.
Effy apenas
assentiu, se fazendo de desentendida. Nunca deixaria a mãe ganhar, era uma
questão de honra. Se levantou da mesa com o notebook nas mãos, ficaria sem
jantar, mas não iria obedecer. Mary Beth, então, levantou da cadeira e foi até
a filha, tirar o notebook de suas mãos a força.
- Para com
isso, sua louca!
- Effy,
Larga!
- Para! –
Effy fez mais força, estava achando que a mãe tinha enlouquecido de vez.
Mas, ela era
sem duvidas mais forte. Os gritos das duas acabaram assustando Edward na
cadeira, ele parou de desenhar para olhar as duas mulheres de sua vida em mais
uma disputa.
Com raiva,
Effy empurrou o notebook para o lado da mãe e o soltou. Mary Beth acabou caindo
na mesa, ferindo o rosto quando ela se transformou em milhares de cacos de
vidro. Effy imediatamente entrou em pânico. Arregalou os olhos ao olhar pra mãe
machucada no que antes era uma mesa de vidro. Seu irmãozinho estava assustado,
com medo, e mal conseguia se mover na cadeira.
Mary Beth,
tonta, pegou na testa e percebeu que estava sangrando. Effy não sabia o que
fazer, e como sempre que isso acontecia, ela correu. Sabia que se ficasse ali
iria lhe acontecer algo muito pior.
Passou pela
porta da frente, já com a respiração ofegante. E quando chegou na calçada,
olhou pros dois lados da rua. Queria saber pra onde ir e pra quem correr. Poderia
ir até Paige se não tivesse estragado tudo, poderia ir até Skye e ouvir que a
culpa era toda sua. Ou, poderia ir a um lugar silencioso onde sempre ia quando
se sentia sozinha.
Então, ela
correu, com apenas um destino em mente, sem saber o que se passava na própria
cabeça.
CARALHO EFFIE, AHSAUHSAUHSUAH, ESSE CAPÍTULO FOOI ÓTIMO, EU QUERIA MAIS DE LOLA, MAS A HISTÓRIA ESTÁ ÓTIMA, COMEÇANDO A SE MOSTRAR, É MUITA INJUSTIÇA TER QUE ESPERAR 7 DIAS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO... SÉRIO. AAArrrg!
ResponderExcluir- Se eu bem estou lembrada, quando eu quis falar sobre qualquer coisa, você ignorou minhas ligações. Quando escrevi uma carta perguntando porque você não queria falar sobre qualquer coisa, você a rasgou e jogou no lixo. Quando eu fui na sua casa pra falar sobre qualquer coisa e fazer qualquer coisa, você fingiu que não estava. Me corrija se eu estiver errada, mas acho que tenho direito de não falar qualquer coisa com você.
ResponderExcluirFOOOOODDAAAAAAAA,amei,Effy é a melhor personagem ever,adoro ela,sua história é demais e as mensagens ja começaram que demais,adorei mesmo,aguardando o proximo capitulo
Nossa amei esse capitulo !! Mas se o Charlie "morreu" quem esta persiguindo elas? o.O rsr
ResponderExcluirMuito bom esse capitulo Joao .. Verdade 7 dias è muito!! rsrsrs
Cada vez gosto mais da Effy,definitamente é minha personagem preferida,essa Paige é uma cara de pau depois de ter ignorado a amiga ainda se acha no direito de critica-la hipócrita,até que enfim as mensagens começaram e ao contrario da(o)-A essa pessoa não tem um pseudonimo,essa cena do jantar foi tensa e a Mary Beth é uma mala.Faltam 6 dias pro cap. 04 =/(esperar é uma droga).
ResponderExcluirVou explicar uma coisa, eu não ligo para a descrição do personagem, eu imagino logo um artista para o personagem e acabou! esses são os que eu tenho até agora.
ResponderExcluirLola -Troian Bellisario
Skye- Blake Lively
Violet- Sasha Pieterse
Courtney - Shay Mitchel
Effie- Nina Dobrev
Tessa- Ashley Benson
Corbin- Liam Hemsworth
Ian- Chord Overstreet
Paige- Lucy Hale
=D
esse capitulo foi ótimo
ResponderExcluirpara min a Paige era uma barraqueira e iria quebrar a cafa da Effie mais não ela é muito sentimental amo Paige tomara que ela não morra