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[Livro] My Last Lie - Capítulo 2: Back to Black


Don't Forget Me.

- Espera! – Gritou Violet, segurando a câmera.

Ela a girava nas mãos procurando a lente, ajeitando-a na posição que queria para iniciar a filmagem. Logo seu rosto apareceu no visor, bem de perto, junto com a palavra “rec” piscando em vermelho no canto superior direito. Ela sorriu pra câmera de um modo sereno, tentando não tremer pra gravação não sair com falhas.

- Oi Paul – Disse ela – Eu sou sua irmã Violet, a segunda mulher que mais ama você no mundo – Ela virou câmera pro outro lado, mostrando sua família e as amigas numa mesa ao lado de uma churrasqueira colocada no quintal – E esse é seu aniversário de um ano.

Violet começou a dar zoom, apenas para focar mais em sua mãe com o pequeno Paul em seu colo. Bem ao lado da senhora Hills estava Lola, comendo impecavelmente e tomando a bebida cara que trouxera de casa.

- Olha só você Paul – Continuou Violet – Sim, esse é o Paul. Seus amigos vão rir de você quando virem esse vídeo, mas... – Violet deu uma risada.

Desligou a câmera e a ligou novamente quando viu Effy e Courtney sentadas no sofá. As duas só perceberam que estavam sendo filmadas quando Violet se aproximou dando uma risada.

- Violet, o que você ta fazendo? – Perguntou Courtney.

- Um vídeo pro Paul pra quando ele fizer 18 anos. Vocês querem dizer alguma coisa?

- Claro que não, estamos vestidas pra um churrasco.

- Não seja careta, Courtney, anda – Violet se aproximou com a câmera, filmando as duas mais de perto – Diga alguma coisa. Você também Effy.

- Hey Paul – Disse Effy, acenando – Se você está vendo isso quer dizer que não terá mais vida social por culpa da sua irmã, então boa sorte.

- Para Effy – Violet sorriu, junto da amiga.

- Ok, ok. Paul, saiba que não importa sua idade, vou ser sempre sua tia. Então, pode contar comigo.

- Ah, que fofura – Sibilou Violet, imitando uma voz de bebê que fez Effy revirar os olhos – E você Courtney?

- Parabéns, Paul. Felicidades. E se um dia eu e sua irmã não nos falarmos mais, é porque ela me filmou com esse vestido branco horrível dado pela minha avó.

- Hahaha, ok – Violet saiu andando – Não liga pra ela Paul, ela é amarga porque não tem namorado. Vamos a próxima... – Ela parou de andar assim que viu Tessa no corredor, bem em frente da porta do banheiro. Skye já estava lá dentro a tanto  tempo que ela estava prestes a arrombar a porta – Hey Tessa.

- O que você ta fazendo? – Perguntou a garota, escorando-se na parede.

- Uma gravação para os 18 anos de Paul. Quer dizer alguma coisa?

- O que? – Tessa gargalhou – Violet, de onde você tira essas ideias?

- Eu vi num filme. É legal vai, fala alguma coisa.

- Ok – Tessa suspirou e olhou pra câmera – Hey Paul, sou eu, Tessa, sua tia preferida. E também uma versão mais potente da mulher atraente de meia idade que você conhece agora. É pra mim que você vai correr quando quiser fugir pra balada, e eu vou te encobrir. Conte comigo pras suas escapadas, mas não se esqueça, um dólar por camisinha – Tessa jogou beijo com a mão, fazendo Violet dar mais uma gargalhada.

- Sua idiota! – Violet bateu no ombro dela devagar, era óbvio que excluiria aquela parte da gravação, mas lembraria disso quando quisesse dar algumas risadas.

Ela saiu de perto de Tessa ainda com a câmera ligada. Enquanto caminhava, ouvia-se apenas suas respiração e o barulho de seus passos pelo piso de madeira. Passou novamente pela sala, onde agora, Effy, Matt e Bela conversavam. Logo chegou a cozinha, onde registrou o momento em que Paige Lawless enganava a dieta pra atacar um pote de sorvete.

- Paige Lawless – disse Violet – Quem te viu, quem te vê.

- Violet mas que merda? – Paige limpou a boca suja com a manga da camisa, mas era tarde demais. Por isso, ela não conseguia ficar de outro jeito se não revoltada – Desliga isso!

- Estou filmando para o aniversário de 18 anos do Paul. Anda, fala alguma coisa, mas não de boca cheia.

- Para! – Paige teve que prender um riso ao ouvir a gargalhada da amiga. Era um jeito estranho de rir, que por si só, já era engraçado.

- Anda, anda, diz alguma coisa – Violet se aproximou e pegou na mão dela.

- Ah não – Paige relutava em olhar pra câmera, estava quase sorrindo e não queria deixar Violet ver. O problema, era que já tinha visto.

Mesmo não querendo, Paige olhou pra câmera, torcendo para que sua imagem não saísse gorda ou que houvesse um jeito de editar o video. Não entendia porque Violet estava fazendo aquilo, mas gostava tanto dela que não conseguia reclamar, muito menos ficar com raiva.

- Vai Paige, conta pro Paul o que você vai fazer mais tarde.

- Sexo.

- Hahaha. Anda, sério.

- Sexo – Repetiu Paige, dando um meio sorriso sem mostrar os dentes.

- Não, conta pra ele quem vai ser a rainha do baile esse ano de novo.

- Você está me deixando envergonhada – Paige sorriu, as bochechas estavam pegando fogo.

- Anda Paige, diz logo...

Então, em milésimos de segundos, a imagem serena e sorridente de Paige havia sido trocada por um show de horrores quando as imagens de Violet morta começaram a aparecer. Ela via sangue, ouvia gritos, e tudo passava tão rápido que não tinha tempo para raciocinar.

Em meio a tantas imagens que passavam rapidamente, a ultima era Charlie Abrams. Estava com seu machado nas mãos, pronto para certar Paige.

Foi aí que ela abriu os olhos. O susto foi grande, mas saber que tudo tinha sido um sonho não a deixava desesperada. Sempre que o aniversário da morte de Violet se aproximava, ela tinha esses pesadelos, que vinham de várias maneiras diferentes, mas terminavam de apenas um jeito.

À sua frente estava o notebook que usara antes de pegar no sono. Apenas apertando uma tecla a proteção de tela desapareceu e deixou a mostra o video que Violet gravara no dia do aniversário de Paul. Ela deu play, estava na parte em que Violet aborda Tessa na porta do banheiro, e depois viria sua cena. Já tinha visto tantas vezes aquele video que sabia exatamente o que iria acontecer, e o que qualquer uma delas iria falar.

Mas naquele momento, seria melhor evitar qualquer coisa que lhe trouxesse pesadelos. Ela fechou a tela do notebook e se levantou da cama, dando um leve suspiro. Caminhou devagar até o espelho ao lado da porta de seu quarto, sua imagem não lhe agradava nem um pouco. O cabelo loiro estava arrepiado, e no canto dos lábios, um pequeno ferimento por ter entrado numa briga no colégio. Suspensão era a ultima coisa que ela queria quando estavam prestes a se formar.

Lentamente, abriu a porta do quarto e desceu as escadas, ajeitando a blusa e o mini short que usava pra dormir. Antes de chegar à sala, percebeu que a TV estava ligada pela luz que refletia na parede. Seus olhos semicerraram quando encarou a enorme TV de plasma da sala, precisou colocar a mão na testa pra poder enxergar.

Seu pai estava na poltrona, dormindo de boca aberta usando apenas um roupão azul. Em sua mão direita estava o controle remoto, quase caindo, como se ele tivesse forças pelo menos pra mudar de canal depois do infarto.

Como sempre faz todas as noites, Paige desligou a TV o cobriu com um lençol quadriculado antes jogado no chão. Caminhou até a cozinha pra beber água e aproveitou pra ver a hora. Ainda era nove da noite, o tempo realmente estava passando rápido.

O toque de seu celular encima do balcão central lhe tirou daquele transe sonolento e lhe impediu de abrir a geladeira. Ela correu até ele, era apenas uma mensagem de Courtney. Ela não desistia mesmo. Estava sendo ignorada há duas semanas e continuava mandando mensagens. A ultima dizia:
"Você não vem? Onde estão Tessa e Effy?”.
 Paige passou os dedos pelo celular, por cima da opção que usaria pra responder a mensagem. Mas desistiu assim que pensou duas vezes. Não iria para a homenagem a Violet no Teatro da cidade, e nem queria dizer onde Tessa e Effy estavam. Porque talvez, nem mesmo elas sabiam.

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Numa cidade conhecida pela paz e calmaria transmitida aos poucos moradores, o único que se atrevia a mudar o quadro era Dean Singleton. Em seu carro preto comprado com o dinheiro roubado da população por seu pai, era o único que se atrevia a descumprir as regras de comportamento impostas por aquela cidade.

Seu carro com os faróis mais brilhantes que o dinheiro podia comprar podia ser visto nas ruas de comércio da cidade, onde àquela hora, não havia nenhuma alma viva. A homenagem a Violet Hills estava acontecendo no teatro principal da cidade, ele poderia tirar proveito da ausência dos habitantes pra fazer uma zona como sempre gostou de fazer.

Ao perceber a luz de uma das lojas ligadas, pisou fundo no acelerador. Jogou pela janela uma garrafa de vodka vazia que ele e a namorada tinham acabado, apenas para ver a vidraça da loja ser quebrada e as mulheres lá dentro tomando um susto. Elas correram pra tentar anotar a placa do carro, já que não conseguiram identificá-lo pelos gritos de vitória que estava dando, mas já era tarde demais. E aquilo era só o começo da melhor noite do ano para ele e sua turma.

Effy estava bem ao seu lado, reclamando pelo que acabara de fazer. Ele já nem ligava, ouvia isso sempre que a surpreendia com alguma loucura. E realmente não ligava para o que Effy estava pensando. Ele era rico, bonito, um bom partido pra qualquer garota daquela cidade, mesmo aprontando demais. Tinha o cabelo castanho espetado e os olhos verdes, além de uma barba mal feita que foi essencial para a aprovação de Effy como seu conjugue. Era ela quem não era suficiente para ele, e isso era o que toda a cidade dizia.

- Que droga, Dean – Disse ela.

- O que foi? Meu pai vai pagar.

- Dane-se – Effy colocou os pés encima do porta luvas e cruzou os braços. Deitou a cabeça no banco pra ficar mais confortável, mas com aquele rock pesado na rádio parecia impossível.

Olhou rapidamente para o retrovisor, além de enxergar seus olhos castanhos rodeados por uma maquiagem preta, também via o que estava acontecendo entre Tessa e Corbin Ranson no banco de trás. Eles estavam se beijando de um jeito selvagem, que chegava até a dar nojo. Eram como dois animais completamente bêbados e suados fazendo um filme pornô. O pior era que combinavam. Ambos loiros, ambos usando drogas, ambos de olhos azuis, ambos não querendo compromisso e gostando de ser inúteis.

Effy deu um ar de risos, não conseguia se incomodar tanto com aquilo como faria há alguns anos atrás. Na verdade, tudo era válido pra esquecer o que estava acontecendo naquela noite. A homenagem a Violet não era uma boa ideia quando deveriam estar seguindo em frente. Ainda não entendia porque aquela cidade não evoluía e deixava tudo pra trás.

Só de pensar em colocar os pés no teatro a imagem de Charlie Abrams vinha à sua cabeça. Ela não queria ter que lidar com as pessoas que estavam no estábulo quando quase morreu naquela noite, muito menos se essas fossem as ex amigas que não fizeram nada pra lhe ajudar.

Effy ainda não sabia como olhar nos olhos delas sem sentir vontade de dizer toda a verdade. Se pudesse gritar pro mundo que Charlie Abrams era inocente, o faria, mas a chamariam de louca. Como o homem que matou seu namorado poderia ser inocente? Era o que iriam perguntar logo após o pré julgamento envolvendo sua sanidade mental. Mal elas sabiam que mesmo estando de cara com a morte, só o que Effy conseguiu ver foi um homem perdido que iria se vingar das pessoas que arruinaram sua vida. Não era a toa que a morte ainda parecia rondar aquela cidade.

- Effy, chegamos – Disse Dean, estacionando o carro num beco.

- Então, vamos entrar – Tessa olhou pela janela, estava colocando seu casaco amarelo que Corbin havia tirado.

- Você tem certeza que quer fazer isso? – Dean olhou nos olhos de Effy, esperando que ela não desse pra trás. Notou certa hesitação em seu olhar, porém, e tratou de ser intimidante o suficiente para que ela não tivesse coragem de desistir.

- Quero – Respondeu ela, mudando a expressão de duvida – Vamos logo – Ela abriu a porta do carro e saiu.

Cruzou os braços por causa do frio, seu casaco preto não estava ajudando em nada. Teve que esperar os outros saírem do carro pra poder se movimentar. Corbin estava segurando uma mochila marrom onde havia tudo o que iriam precisar.

As garotas se posicionaram perto dos meninos enquanto tentavam arrombar a porta de ferro. Tessa parecia animada, mal conseguia se conter. Observava o trabalho dos dois com um sorriso enquanto dava suspiros de excitação.

Se houvesse a hora perfeita para Effy sair correndo, seria aquela, que desperdiçou pelo medo de decepcionar Dean. Quando ele abriu a porta, olhou pra ela e deu um sorriso.

- Voilá – Dean entrou, sendo seguido por Corbin e Tessa.

Effy demorou alguns segundos para entrar, ainda estava processando aquela ideia. Quando entrou, percebeu que estava prestes a destruir o paraíso. Era uma galeria de artes com pinturas magníficas, tão bonitas que apenas um lunático sentiria prazer em aniquilar. As cores iam de branco e cinza para preto, com um toque chique. Era a melhor galeria da cidade, e o mais importante, não tinha segurança algum. Pelo menos agora vão sentir necessidade de contratar um.

Dean colocou a mochila no chão e abriu o zíper, deixando a mostra todas aquelas latas de Spray. Tessa foi a primeira a pegar uma e logo correu pro quadro ao lado.

- Então, Effy – Disse Dean, acocando-se. Ele olhou pra baixo, estava vendo as cores que tinha trazido – Qual cor você quer? Rosa? – Ele olhou pra ela e sorriu, sabendo que ficaria chateada. Ela sempre ficava quando era tratada como mulherzinha.

- Preto – Effy estendeu as mãos. A voz ficou dura, já tinha começado a ver aquilo como um desafio.

Dean jogou uma lata de spray em suas mãos, ela a agarrou com força. Depois, olhou para Tessa, estava se divertindo com um quadro cheio de dados. Apertava o spray com felicidade, como se fosse uma criança experimentando um brinquedo novo. Até Corbin já estava fazendo das suas, estava pichando o quadro do outro lado com as tintas vermelha e azul. Ele entendia de desenho, então podiam esperar que ele modificasse toda aquela arte para colocar seu grafite de rua no lugar.

O quadro escolhido por Effy foi exatamente aquele que lhe chamou mais atenção. Era de uma garota com o cabelo bagunçado, maquiagem pesada, que mais parecia um cartoon mal feito e rabiscado. Ela estava chorando, pois seu rímel escorria pelo rosto e caia encima da flor que tinha nas mãos, apodrecendo-a imediatamente. Era quase como um autorretrato que ela sentiu necessidade de destruir. Jogou o spray preto por cima do quadro e fez alguns desenhos, tendo ciência do quanto estava pessoalmente envolvida.

Depois do primeiro quadro, correu pro próximo, já estava com as mãos sujas. Àquela altura a galeria já tinha sido completamente modificada graças a seus amigos. Até as paredes e o chão tinham sido pintados, se não tomasse cuidado, podia escorregar com toda aquela tinta espalhada.

- Merda! – Gritou Dean ao ouvir as sirenes do carro de polícia – É a polícia!

Ele correu, pegando sua mochila. Effy, Tessa e Corbin correram atrás dele, no exato momento em que os policiais invadiram a galeria. Eles os viram tentando sair pela porta dos fundos por onde entraram, mas estava trancada. Então, a única saída era subir as escadas e encarar a escada de incêndio.

- Hey, parada! – Gritou um policial ao disparar.

A bala quase acertou Effy, e o susto, lhe fez correr pro lado contrário ao dos amigos. Já nem sabia mais onde estava, só via uma enorme cortina e aparelhos que controlavam os shows que sempre faziam na galeria. Tentou passar por uma das portas, mas havia mais dois policiais saindo dela. Parecia um beco sem saída, até encontrar a porta do porão.

Rapidamente desceu as escadas e procurou alguma saída. O único lugar por onde podia escapar era a janelinha vermelha no canto superior direito, de onde podia ver o beco do outro lado sendo consumido pela chuva forte que acabara de se formar. Effy pegou a primeira coisa que estava a seu alcance e quebrou a vidraça. Subiu no freezer velho embaixo e colocou-se pra fora. Estava difícil subir com a chuva, a água estava deixando tudo liso e escorregadio. Mas, fazendo força, ela conseguiu passar. Se levantou do chão molhado onde estava e começou a correr, mas precisou parar assim que os carros de policia cercaram o beco. Atrás dela só havia um muro de tijolos vermelhos, que era muito alto para que conseguisse passar.

Não tinha saída, teve que levantar as mãos e se render ou então poderia se machucar. Os policiais correram até ela, enquanto ela lamentava pra si mesma o ocorrido. Não sabe como chegou até aquele ponto, só sabia que era exatamente onde Harry não queria que ela estivesse. E imaginar o olhar dele reprovando tudo aquilo, era bem pior que estar sendo algemada.

--

Skye tirou os fones do ouvido assim que os passageiros do voo 112 começaram a desembarcar. Deu um pulo do banco de espera, deixando os livros que tinha nas mãos caírem no chão junto de seus óculos. Ela abaixou para juntar suas coisas, sem elas, não seria Skye Madsen, e não enxergaria nem um palmo a sua frente.

Ao colocar os óculos, olhou pra porta por onde esperava que Bela saísse. Tinha acabado de ligar para Courtney dizendo que seu avião tinha pousado, e após alguns minutos, finalmente Bela tinha aparecido. Estava do mesmo jeito que era antes, nada mudou, se não o estilo das roupas. Há dois anos era mais angelical e patricinha, mas agora se vestia como uma mulher. Estava arrastando sua mala de rodinhas, procurando por alguma das amigas.

Quando viu Skye, deu um sorriso de orelha a orelha. Ela correu para abraçar a amiga, jogando a mala pro lado pra poder ter as mãos livres.

- Ai meu Deus, que saudade de você – Disse ela, sentindo o perfume do cabelo de Skye.

- Eu também.

- Nossa – Bela se afastou e deu uma olhada em Skye, a garota não tinha mudado muito, só estava usando um óculos que não lhe deixava tão ridícula e mudado as vestimentas pra algo mais normal – Parece que faz séculos, Skye...

- Pois é... – Skye deu um meio sorriso e abaixou a cabeça, envergonhada, tinha visto aquilo como um elogio – Então... Você está bem?

- Eu? É, acho que sim – Bela tirou a franja da frente do rosto e tentou sorrir – Sabe, o pior já passou. Ainda não estou 100% recuperada, mas aposto nuns 90.

- Fico feliz por você – Skye colocou o cabelo atrás da orelha.

- Clínicas não são tão ruins, sabe? Fiz muitas amizades e conheci um garoto. Conto pra você no caminho.

- Ok, só vou ligar pra Court pra dizer que você já chegou – Skye tirou o celular do bolso.

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- Obrigada, senhor – Disse Lola, como resposta ao elogio do prefeito Singleton.

Ela deu um sorriso forçado, mas fingido o suficiente pra ele acreditar que era verdadeiro. Não achava que podia aguentar mais daquelas pessoas, nem tinha feito o discurso e já havia pegado na mão de duzentos idosos importantes que lhe diziam o quanto estava bonita e o quanto sentiam muito por Violet. Era tudo tão automático que Lola sentia que estava prestes a explodir.

No fim, o prefeito se despediu e finalmente ela pôde expressar o que estava sentindo. Fez uma careta demonstrando seu nojo, além de um suspiro que dizia “alguém me tire daqui”. Quando organizou aquele evento não pensou que seria tudo tão chato. As pessoas estavam arrumadas como se estivessem num evento de gala, apenas para sair bem nas fotos e não ser mal falados pelos vizinhos. Havia fotógrafos por toda parte esperando o momento em que Lola subiria no palco e discursaria sobre sua melhor amiga e o quanto fazia falta. Ela sabia, ninguém se importava com Violet, parecia um show de falsidade, e apenas Lola sabe o quanto é ruim ver pessoas sendo mais falsas que ela.

- Lola – Sussurrou Courtney, se aproximando.

- O que aconteceu? – Lola sorriu para um dos convidados, mas logo depois voltou a atenção pra melhor amiga – Você conseguiu falar com elas?

- Não, acho que nenhuma quis vir.

- O que é mais importante que isso aqui? – Lola sorriu para outro convidado que estava passando, era só um disfarce, que esconderia de todos o quanto estava chateada.

- Sei lá, Effy deve estar com Dean e Paige cuidando do pai doente.

- Tudo bem, podemos fazer isso sozinhas. Conseguiu falar com Skye?

- Na verdade, ela acabou de me ligar. Disse que o avião de Bela estava pousando e que já estavam vindo.

- Menos mal. Espero que Bela já esteja bem, não quero nenhum escândalo hoje – Lola passou a mão pelo cabelo e olhou a multidão – Se ela começar a ver Charlie Abrams em cada rosto idoso daqui juro que a próxima homenagem vai ser pra ela.

- Não, está tudo bem – Garantiu Courtney – Ela recebeu alta há mais de um ano. Sem falar que ainda toma os remédios só pra evitar recaídas, então tudo bem.

- Você pode me fazer um favor? – Lola se aproximou dela e olhou em seus olhos – Faça Skye colocar o vestido que mandei. Se ela não quiser, queime seu suéter.

- Nossa. Espero que esteja com um humor melhor amanhã.

- Se não tiver que cumprimentar trezentos idosos soados e dizer que suas esposas em decomposição estão joviais, estarei – Lola olhou pra entrada, ainda estava chegando pessoas. Sentiu taquicardia só em vê-los – Deus me ajude.

- E agora, vamos ouvir a pequena homenagem feita para Violet Hills por uma de suas melhores amigas – Disse o palestrante encima do palco – Charlotte Ridell – Lola olhou pro palco, era seu nome. As pessoas já tinham começado a aplaudir e olhavam pra ela esperando o momento em que fosse subir ao palco.

Lola precisou disfarçar a frustração para sorrir. Subiu as pequenas escadas com a ajuda do palestrante, e impecavelmente, caminhou até o centro. Seu discurso foi trazido por Courtney e deixado encima do pedestal de vidro onde havia o microfone. Lola agradeceu com um sorriso antes da amiga se retirar, também impecável como sua mentora.

O nervosismo de estar numa situação com aquela era exatamente o que Lola não estava sentindo. A garota se sentia segura de si, e estava lisonjeada por estar fazendo aquela homenagem, mas não era exatamente isso que a população deveria saber. Lola, então, dissimulou um nervosismo e despejou sorrisos sem graças enquanto fingia estar abalada demais para conseguir ler.

- Muitas pessoas se perguntam o porquê de estarmos aqui, nos organizando, criando horários, cancelando compromissos para estar presente num evento que marca o aniversário de uma tragédia. Essas pessoas não sabem, mas estar aqui vai muito além do que imaginam. Não é nosso modo de demonstrar que não superamos, ou lembrar as pessoas que coisas ruins acontecem. Estamos aqui para homenagear alguém que já se foi, e foi tão importante, que precisa ser lembrada sempre. Não do jeito cruel e injusto com que se fora, mas pela pessoa que era, enquanto estava aqui.

- Quatro pessoas morreram e só estão ligando pra branquela que morreu jovem – Disse uma senhora de vestido vermelho na plateia, alto o suficiente para Courtney ouvir.

- Cruel é ouvir um discurso chulo que nem este – Disse sua amiga.

Courtney se segurou para não dizer nada. Decidiu focar-se apenas em contemplar o belo discurso da amiga, e com um suspiro, deixou a raiva passar.

- O problema é que mesmo que tentemos, nunca vamos conseguir esquecer Violet. E eu ainda não sei se isso é um problema... – Lola hesitou assim que viu Paige passando pela porta da entrada. A garota estava vestida de um jeito inapropriado e parecia ter visto um fantasma. Era exatamente o que temia, mas nada atrapalharia seu discurso – Estaremos aqui todo ano, relembrando o quanto Violet foi especial, sem menosprezar as outras garotas que também foram vítimas da loucura de um homem – Naquele momento, o telão atrás de Lola ganhou vida e começou a mostrar fotos de Violet junto das outras duas mulheres assassinadas. Aquela era sua deixa – Obrigado pela presença de todos.

Ao terminar seu discurso, Lola desceu pelas pequenas escadas marrons até os bastidores, onde vira Courtney seguir Paige. As duas conversavam perto do bebedouro, Paige ainda parecia assustada e inquieta.

- Isso é hora de chegar? – Repreendeu Lola – E que roupa é essa?

- Ela não quis me dizer o que aconteceu – Disse Courtney, cruzando os braços. Não conseguia disfarçar o medo na voz. A ultima vez que isso aconteceu foi antes de Charlie Abrams persegui-las com um machado.

- Paige, abra a boca.

- É o Charlie.

- O que? – Courtney olhou para Lola, desesperada. Esperava encontrar um olhar protetor na amiga, mas só o que via era duvida.

- Ele está morto – Terminou Paige, estava com um nó na garganta.

Lola não pôde manter a expressão autoritária por muito tempo. Logo a notícia a deixou com os nervos a flor da pele, e completamente sem palavras. Era a ultima notícia que esperava ouvir naquela noite dedicada a Violet.

- Ai meu Deus... – Sussurrou ela, suspirando. E mais uma vez, Charlie estava sendo a coisa mais importante de suas vidas. Era a prova de que nunca teria um fim.

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8 comentários:

  1. Amei,a mudança nelas é visivel,incrivel como condenar um inocente pode destruir voce,Violet parecia ser alguém legal,uma pena que morreu,esperando o proximo capitulo

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  2. Effy é minha personagem favorita já, esse capítulo foi ótimo, foi pequeno, mas foi ótimo, Charlie Morreu..."HEEEEE" \o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/
    Ok, 07 de agosto, chegue logo.

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  3. Nossa valeu a pena esperar "Quase morri mas ok rsr " Ficou muito bom .. Charlie morreu o.O chocada rsrs

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  4. Muito bom o capítulo, quero morte no próximo! Violet parecia ser super gente boa, diferente da vadia da Ali em PLL. Pelo que to vendo, é pouca coisa parecia com PLL, estou amando, e com certeza seria foda se fosse uma série.
    Effy já é minha personagem favorita, desde o o 1º capítulo, mas tinha que namorar um retardado, que por sinal, quando li o nome Dean, já imaginei uma versão mais nova Jensen Ackles interpretando ele kkkkkkkkkkkkk.
    Que venha dia 07!

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  5. Gostei do capítulo. Mas sinceramente prefiro o outro. Sinceramente, gostei da Violet, não parece ser como Alison. Mas Lola é divônica, assim como a Ali. Espero que o próximo capítulo seja tão badalado quanto o primeiro. Véi, o que houve com Effy? Se fudeu! :(

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  6. Lola continua me irritando, sorry UHAHUAHUA e esse cap tava MUITO BOM <3333

    QUERO MAIS, kd? :(

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  7. Gostei do capitulo,só que tbm prefiro o primeiro que teve mais ação,a Effy tbm é minha personagem preferida e ela mudou muito quem diria que seria presa por pixar uma galeria e esse Dean é um completo idiota além de metido,a Lola tbm me irrita e coitado do Charlie mais é melhor morrer do que ficar preso,a Bela pirou depois da tentativa de assassinato no celeiro e ainda bem que a Skye está se vestindo melhor.


    E amanhã cap.03 \o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/

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  8. esse capitulo foi muito bom um jeito de mostrar que alguns personagens mudam e outros não
    minha personagem favorita com certeza é Paige

    vou correndo ler o outro capitulo pq eu estou muito atrasado

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