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[Livro] A Punhalada 2 - Capítulo 8: A Nossa Morte


Da cama do hospital, Chloe olhou pela janela de vidro da esquerda e percebeu que a sua enfermeira ruiva favorita estava conversando com um dos médicos. E ela não entendia suas palavras, mas ouvia sua risada, parecia estar enfeitiçada pelo charme do jovem médico.

- Que oferecida... – Sussurrou Chloe quando a enfermeira sorriu e deu um leve toque no peito dele.

Quando a conversa terminou, ela entrou no quarto. Um sorriso malicioso brotou no rosto de Chloe, a enfermeira não tinha entendido.

- O que foi?

- Você está linda hoje, Meredith, aposto que o Doutor Farber pensa o mesmo.

- Cala a boca – Meredith deu um leve sorriso, adorava aquele bom humor de Chloe. Se aproximou dela e começou a ajeitar seu travesseiro.

- Olá – Gritou Megan, da porta, chamando a atenção das duas.

- O que você está fazendo aqui? O horário de visitas já acabou, você não pode ficar aqui.

- Claro que posso! – Exclamou Megan – Eu posso estar nos lugares onde eu quiser, mas não ao mesmo tempo, eu meio que estou trabalhando nisso ainda... – Ela fez uma pose superior e colocou os cabelos castanhos pra trás da orelha.

Chloe deu uma olhada nela, ela era tão estranha que chegava a ser simpática apenas por isso. Estava usando um casaco vermelho por cima da roupa preta, mas o que chamava mais atenção era a cor de suas unhas. Havia um desenho de cartas em cada uma dela, seria uma incrível obra de arte se não fosse tão careta. E a bolsa também não ficava atrás, era do tipo extravagante que apenas interessaria aos mais curiosos. O que completava o look era o salto vermelho de cano alto, e era de longe a coisa mais normal que ela estava usando.

- Ela é Megan Bower – Disse Chloe – Ela pode ficar.

- Eu posso me meter em problemas – Disse a enfermeira, usando um tom cauteloso.

- É só você vigiar a porta, por favor, cinco minutinhos.

- Tipo dez – Megan entrou no quarto – O dobro ou nada.

- Cinco minutos, nada mais que isso – A enfermeira se retirou. Fechou a porta e ficou na frente, vigiando, depois desse favor o mínimo que Chloe poderia fazer era dar um jeito de arrumar um encontro para ela e o Doutor Farber.

- Qual o problema dela? – Megan olhou pra porta.

- Bom, eu... – Chloe não teve a chance de terminar de falar, Megan a interrompeu.

- Cabelo ruivo é tão Nárnia... Enfim – Megan virou e sorriu – Estou aqui para falar de negócios – Ela tirou seu casaco e jogou na poltrona verde, onde se sentou com as pernas cruzadas.

- Ok... – Chloe fez uma careta, não tinha entendido muito bem.

- Estou aqui por causa da entrevista.

- Que entrevista?

- Aquela que você vai fazer na sua rádio quando eu me tornar a nova Miss New Britain.

- Você vai concorrer? Uau – Chloe abaixou a cabeça, um pouco tensa.

- O que?

- Nada, é que... Eu sempre achei que você fosse melhor que isso.  Você é uma sobrevivente, não precisa de um concurso municipal ridículo pra ter uma entrevista comigo.

Megan ficou olhando pra ela, incrédula. A língua dava voltas em sua boca só porque ela gostava de sentir aquele gosto do chiclete de cereja que havia colocado embaixo do banco do carro, mas isso não fazia jus ao que ela estava sentindo naquele momento. Ela tinha acabado de conhecer alguém que gostava dela depois do massacre? Porque era difícil de acreditar que as pessoas simpatizassem com ela num mundo onde só lembram de Aaron e Amanda.

- Me desculpe, o que? – Ela perguntou.

- O que você ouviu. É claro que eu quero entrevistar a garota que tem coragem de sair com desenhos desse tipo nas unhas, e se ela sobreviveu a dois serial killers, é melhor ainda.

- O que tem de errado com minhas unhas? – Megan estendeu as mãos e olhou para as unhas, parecia estar tudo perfeito – É poker, tem aquele ar oitentista de “máfia”... – Ela hesitou por alguns instantes, entortou a cabeça pra olhar suas mãos de outro ângulo – Meus dedos são tão pequenos...

- Megan, foque-se.

- Ok – Ela ajeitou o cabelo e olhou para Chloe – Então, eu estava pensando em responder minhas próprias perguntas, quem inventou esse lance de que entrevista tem que ser a dois? Estamos numa nova geração, quem não segue carreira solo briga em talkshow quando chega na menopausa.

- Você pode levar o Aaron também? Soube que vocês estão namorando, seria épico ter vocês dois lá.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou a enfermeira Laurie, Chloe logo tratou de lhe olhar com desprezo – O horário de visitas já acabou, saia daqui imediatamente!

- Ela está falando comigo? – Perguntou Megan – Chloe, não trouxe minhas lentes de contato e a voz dela está saindo meio abafada.

- Agora!

- Ta bom, já vou! – Megan levantou da poltrona e saiu correndo. Quando chegou até a porta, olhou pra enfermeira – Eu tenho o creme perfeito pra sua pele, ele...

A enfermeira não quis ouvir, fechou a porta, mesmo com os gritos da garota. Chloe sorriu, aquela cena tinha recuperado seu humor pra noite, mesmo que a atitude de Laurie tenha sido ridícula.

A enfermeira saiu assim que percebeu que Chloe estava confortável. Após alguns segundos, Meredith entrou no quarto, parecia espantada, mas ao mesmo tempo, sentindo-se mal por ter deixado Laurie entrar.

- Me desculpe, me desculpe mesmo. Ela é minha superior, você entende, né?

- Relaxa, Mads. Mas, eu quero um favor.

- Qual?

- Pode me emprestar seu celular? Preciso fazer uma ligação pra matar meu tédio e a vontade de cortar meus pulsos que esse lugar me dá – Chloe estendeu a mão pra ela, Meredith parecia hesitante – Por favor? Posso te conseguir o número do Doutor Farber...

- Cinco minutos, ou posso perder meu emprego – Meredith colocou a mão no bolso.

- Você sabe que sempre vai ter um lugar reservado pra você ao meu lado na rádio – Chloe sorriu, mas por dentro estava dando gargalhadas com o seu poder de manipular todos ao redor.

- Está aqui – Meredith entregou-lhe o celular.

- Você é um amor, Mads... – Chloe fez uma cara fofa.

- Ta certo... – Meredith saiu, completamente desconfiada.

Chloe não perdeu tempo e discou o numero de Amanda. Colocou o celular na orelha e esperou a amiga atender, mas acabou indo pra caixa de mensagens. Era típico, Amanda nunca estava disponível, e com certeza não era por causa do filho. Ela discou o numero de Amanda mais uma vez, porém, o azar parecia estar ao seu lado.

- Vadia, atenda o telefone, estou entediada. Não suma – Após mais alguns segundos na linha, Chloe desligou.

Olhou pro nada, segurando o celular com a mão direita. Se Amanda não entendia, ela precisava ligar pra outra pessoa, e a única com quem poderia falar naquele momento era Ellie. Rapidamente discou seu número.

Ellie estava no corredor do campus, prestes a entrar em seu quarto, quando seu celular tocou. Na mão direita ela carregava uma sacola de compras que variavam entre refrigerante e batata frita, além das tintas pra terminar a pintura da parede do seu quarto.

- Alô?

- Ellie, oi – Chloe pareceu animada, Ellie estranhou – Estou no hospital, me ajude.

- Ajudar? Tipo, fugir? – Ellie fez uma careta. Abriu a porta do quarto e a fechou com o pé, pois as mãos estavam ocupadas.

- Não tenho nada pra fazer, me traga um video game, onde você está?

- No campus, acabei de chegar do shopping, foi a única coisa que me distraiu depois de você sabe o que – Ellie jogou a sacola na cama e sentou ao lado dela. teve que apoiar o celular entre o ombro pra poder tirar os sapatos que estava usando.

- Você pode vir aqui?

- Ta maluca? Sabe que horas são?

- Hora do seu sono de beleza? Vai dormir em um caixão? Fazer um sexo épico e centenário com o Drácula?

- Exatamente – Após tirar seus sapatos, Ellie caminhou até o espelho, ficava ao lado da cama da sua colega de quarto.

- Você pode vir amanhã, então?

- Tudo bem, eu passo aí com Amanda e finalmente você vai se libertar do corredor da morte.

- Ainda bem que você me entende... – Chloe sorriu.

- Eu sempre entendo...

Chloe ficou sem falar por alguns instantes, estava olhando pra baixo com um rosto tristonho. Ela fitava sua roupa quadriculada de hospital e sua mão direita, ligada ao aparelho ao lado que mostrava seus batimentos cardíacos. Estava pensando em tudo o que aconteceu. Com tantos planos na cabeça e tantas teorias que ela havia criado depois de dar de cara pela primeira vez com o cara de fantasma, ela nem teve tempo pra avaliar as perdas.

Ela estava sentindo saudade da rádio, mas também dos amigos. E o fato dela nunca mais poder ver Trent e Miley era o que mais pesava. Não teve tempo nem de se despedir, e a ultima vez que os viu foi pouco antes de serem as próximas vítimas.

- Estou com saudades... – Sussurrou ela.

Ellie parou de se olhar no espelho e hesitou por alguns instantes. Ela estava sentindo o mesmo, e sabia que Chloe estava triste. Ela nunca diz coisas do tipo “te amo” ou “estou com saudade”, a não ser que isso seja verdade a um nível extremo.

- Também estou com saudades...

- A gente pode sair quando eu receber alta? Tipo, assistir algum filme, o que você acha? – Chloe fungou.

- Acho uma ótima ideia.

- Então, está marcado.

- Preciso desligar, vou tomar uma ducha, te vejo amanhã.

- Certo – Chloe finalizou a chamada.

Ellie jogou seu celular na cama e se olhou no espelho mais uma vez. A franja roxa estava perfeita, seu piercing na sobrancelha era destacado pela cor pálida de sua pele. Mas, ela estava longe de ser fútil. Não se achava a garota mais ridícula do mundo, mas também não chegava a ter complexo narcisista.

Depois de se olhar, pegou a toalha branca que estava encima de sua cama. Saiu do quarto correndo, foi direto ao banheiro coletivo no fim do corredor. Tirou a roupa e colocou encima de um dos banquinhos de maneira que havia ali.

Entrou em uma das cabines e ligou o chuveiro. Esperou a água ficar quente antes de se meter debaixo dela. E de repente, esqueceu todos os seus problemas. Era incrível como apenas um banho podia lhe trazer tanta paz, a sensação era tão boa que ela queria ficar ali a noite toda, apenas relaxando.

Passou o sabonete que estava ao lado em todo seu corpo, ficava olhando as poucas tatuagens que tinha espalhadas, eram todas pequenas, mas tinham muito haver com ela. A da perna era uma estrela com a letra “B”, por causa de seu pai Ben, o homem mais incrível que ela já conheceu. A do braço era um símbolo chinês que significava “Paz”, era seu lema, mas lhe rendeu um tapa de sua mãe por ser sua primeira tatuagem. Ela nunca tinha ficado tão feliz por ter escolhido “Paz” ao invés do nome de sua mãe.

Seu devaneio foi interrompido por um barulho na porta do banheiro, parecia ter sido aberta e fechada com força segundos depois. A preocupação passou longe, Ellie sabia que não era a única precisando de uma ducha quente naquela noite frio.

Alguns segundos depois, ela ouviu o mesmo barulho, ficou mais atenta, já que não podia ser coincidência. Olhou da porta da cabine, estava colocando seu cabelo pra trás e tirando a água de seu rosto pra poder enxergar melhor. Não parecia ter ninguém ali.

Seu banho, então, continuou normalmente. Quando olhou pra baixo pra lavar a perna, percebeu que tinha um liquido vermelho vindo pela água da cabine do outro lado. Ela se afastou, com medo do que poderia ser. Aquilo parecia sangue, só que era difícil de dizer. As garotas daquele dormitório viviam pregando peças uma nas outras, ela mesma já tinha sofrido com uma dessas. Nunca esqueceria a mistura de groselha e chocolate que colocaram na sua cama pra parecer sangue ao lado de uma boneca. Era típico daquelas garotas brincarem com os assassinatos do ano passado, quando ninguém importante tinha morrido.

Mas, mesmo que o humor das garotas do campus continuasse aguçado, ainda era estranho. Ellie estava com medo, queria saber de onde vinha aquilo. Colocou sua toalha e se abaixou devagar pra ver quem estava na cabine ao lado. Apoiou suas mãos no chão e abaixou a cabeça, seu cabelo acabou tocando o líquido estranho.

Seus gritos de pavor exalaram o banheiro inteiro quando ela percebeu o que tinha na outra cabine. Erik estava sentado no chão, com a garganta cortada, os olhos ainda abertos. O sangue escorria pela água e ia até a cabine de Ellie, e parecia não ter fim.

Como louca, Ellie se levantou e abriu a porta da cabine. Correu de lá, mas caiu na enorme poça de sangue que foi formada pelo sangue de Erik. Ela não pôde conter o desespero quando percebeu seu corpo inteiro coberto por sangue. Suas mãos, suas pernas, seu rosto, o sangue de Erik escorria pelos seus lábios. O assassino estava ali, com certeza esperando por ela, e apenas correndo ela teria uma chance de se salvar.

Tentando não escorregar, ela correu pra fora do banheiro. O assassino abriu a porta do quarto em frente e a atacou. Ellie desviou, a faca acertou a parede cor de vinho do corredor.

Segurando a toalha, ela continuou correndo, o assassino atrás dela, com a faca preparada pra cravar em suas entranhas e deixá-la exposta ao publico como fez com Erik, só pro terror continuar.

Ela abriu a primeira porta que encontrou e entrou no quarto . Tentou fechá-la, mas o assassino impediu que se fechasse com seu corpo. Ela correu até a cama e pegou a guitarra de sua amiga Betty, acertou ghostface com ela no rosto, fazendo-o cair.

Aproveitando que o havia machucado, ela correu por ele e teve os pés segurados. Rapidamente, se soltou, correu pelo corredor na direção das escadas.

- Alguém me ajude! – Ela gritou, antes de escorregar e cair.

Olhou pra trás desesperadamente, o assassino estava saindo do quarto e correndo em sua direção. Ela levantou e correu novamente, lágrimas já escorriam por seu rosto e se misturavam com o sangue de Erik. Mesmo que escapasse daquilo, nunca iria esquecer aquela imagem, e nunca esqueceria a sensação de estar de cara com a morte.

Quando chegou perto da janela de vidro ao lado da escada, viu um grupo de garotas no jardim do campus, ela poderia gritar por ajuda. Mas isso não aconteceu, ghostface pegou a ponta do tapete vermelho onde ela pisava e o puxou. Ellie caiu com o rosto no assoalho, tinha machucado o nariz. Agora o sangue que manchava sua boca não era apenas de Erik, também era dela.

Com o forte baque, ela revirou os olhos. Conseguia raciocinar, sabia que tinha que fazer alguma coisa pra não morrer. Por isso se levantou e se preparou pra correr, mas já era tarde demais. O assassino deu duas facadas em sua costa e depois a imprensou na parede, de frente pra ele. Deu duas facadas em seu peito e ficou olhando pra ela, estava vomitando o próprio sangue, tão fraca que gastou as ultimas forças pra dar um ultimo grito.

O assassino enfiou a faca dentro de seu olha esquerdo, Ellie perdeu os sentidos instantaneamente. Mesmo já estando morta,  ele a puxou pelo cabelo e a jogou escada abaixo. Seu corpo caiu sentado, sendo recostado pela parede. Ela estava torta, parecia ter quebrado algum osso na queda, e seu único olho ainda estava aberto. Quem a encontrasse, teria pesadelos pelo resto da vida.

Dia 10 de Maio...
Chelsea: Você não entende.
Aaron: Entender o quê? você viu alguma coisa?
Chelsea: Não... Mas ele acha que eu vi.
NESTA QUINTA
Amanda: A gente não pode ficar junto.
Kyle: Isso é injusto.
Amanda: Eu sei o que você está tentando fazer.
A VERDADE
Craig: Vocês dormiram juntos?
Kyle: Foi tudo culpa minha.
Craig: Eu não acredito em você.
NÃO É A ÚNICA
Craig: Eu vou embora daqui!
Amanda: Craig! Para!
QUE DESPEDAÇA CORAÇÕES
Policial:  Tem um cadáver dentro da casa!
Delegado: É Amanda?
Policial:  Não senhor, é um homem.
A Punhalada 2
9- Morrendo por Você
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6 comentários:

  1. Erick morreu,o gótico não é o assassino,Ellie também,então quem pode ter feito isso,a morte da Ellie foi bem legal,ancioso para o proximo.

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  2. Tenho pena da pessoa que encontrar o corpo da Ellie,se fosse comigo nunca mais dormiria na vida.Nesse capitulo além de eliminarmos da lista de suspeitos os góticos Erick e Ellie não podemos esquecer da Chloe,como ela estava no hospital(e não podia sair) não pode ser o ghostface.Muito anciosa pelo próximo,a cada capitulo vai ficando melhor.Até quinta galera!!

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  3. Realmente impressionado com o suspense que fica maior a cada capitulo.

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  4. ainda desconfio da Chelsea e bateu uma pequena desconfiança do Craig(Mas descarto esse por que n seria muito legal)

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  5. NOSSA VÉI, CRAIG VAI SER O MORTO QUE FOI ENCONTRADO DENTRO DA CASA? até porque não poderia ser o Kyle, já que ele é quem é o assassino, (:

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  6. Aff eu gostava tanto da Ellie no começo tive uma esperança dela sobreviver mais fazer o que
    ansiosíssimo pelo próximo

    nossa eu to muito atrasado com essa historia

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