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[Livro] A Punhalada 2 - Capítulo 7: Assombrada

Amanda passou sua mão devagar pelo pequeno rosto de Matty, seus olhos estavam com um brilho especial. Sua boca se mexia suavemente para cantarolar uma canção de ninar para o filho, com bastante pausas, pois olhar nos olhos dele fazia ela esquecer de tudo.

O bebê tirou a mão da boca devagar e foi fechando os olhos, estava quase adormecendo. Amanda sorriu quando viu que ele estava lutando pra não dormir e não conseguia segurar, ela achava que aquela era uma demonstração de que no futuro ele seria um homem forte. Ou pelo menos, era isso o que ela queria. Só não sabia o que ele iria dizer quando soubesse que sua mãe não sabe quem é seu pai pelo medo da certeza. Ou ele seria filho de seu namorado do colégio que parecia ser como qualquer outro garoto, ou ele seria filho de um psicopata sem coração que destruiu a vida de sua mãe. Como a criança iria reagir se tivesse a certeza que foi concebida num estupro?

Um dia Matty iria crescer e iria se perguntar porque os amigos dele têm pais e ele não. Talvez ele até fosse excluído, zoado pelos colegas. Se Amanda parasse pra pensar um pouquinho, poderia ouvir os gritos de crianças maldosas rindo de Matty por ele ser filho de um psicopata. Mas, ela não tinha certeza. Aquela carta ficaria lacrada até ela ter certeza de que a verdade não vai destruí-la.

- Amanda, eu estou indo... – Disse Brooke, entrando no quarto. Ela estava colocando o cachecol em volta do pescoço.

- Shh, ele está dormindo.

- Desculpe – Sussurrou Brooke. Ela se afastou e esperou Amanda sair de perto do berço pra falar com ela.

Amanda deu uma ultima olhada em seu filho antes de sair do quarto. Fechou a porta e ficou cara a cara com Brooke.

- Já estou indo, tenho que vir amanhã?

- Sim, eu e Craig vamos sair – Amanda colocou a mão no bolso e tirou de lá algumas notas – Está aqui.

- Obrigada – Brooke pegou o dinheiro da mão dela e colocou dentro de seu casaco – Até amanhã, tenha uma boa noite.

- Obrigada – Amanda assentiu.

Brooke saiu andando, mas voltou assim que lembrou o que queria falar.

- Os policiais vão estar aqui, não vão?

- Vão sim, não se preocupe, mas entendo se você não quiser vir. Quer dizer, eu não viria, então...

- Não, pode deixar – Brooke tentou demonstrar segurança – Eu venho sim.

- Então, boa noite.

- Boa noite – Brooke desceu as escadas enquanto Amanda olhava pra ela.

Amanda entrou no quarto de Matty novamente. Olhou pro filho no berço por alguns segundos e depois foi até a janela. De lá ela via a viatura de policia que o Delegado Estwood havia mandado, tinha dois policiais lá dentro dividindo comida. Próximo a eles estava Brooke, parada na calçada de braços cruzados. Ela olhava pros dois lados da rua como se estivesse procurando alguém.

Segundos depois um carro vermelho apareceu, era seu namorado Logan que ia buscá-la na porta da casa todas as noites. Com uma inveja sem tamanho, ela observou Brooke e Logan se beijando, sorrindo um pro outro, fazia tempo que ela não se sentia assim. Até quando beijava Craig sentia que uma parte dela ainda estava amedrontada por tudo o que aconteceu.

Ela fechou a cortina assim que Brooke e o namorado partiram. Tirou seu celular do bolso junto com seu fone de ouvido e deitou na cama. Fechou os olhos e deixou a musica tomar conta de si, era disso que ela precisava, uma distração.

Mas não demorou muito pra ela ouvir o primeiro barulho e perceber que não iria ter sossego. Parecia que alguém tinha derrubado alguma coisa, mas não tinha ninguém ali além de Craig que estava no banheiro.

Ela se sentou na cama e tirou um lado dos fones. Olhou pra porta e esperou o barulho se repetir.

- Kyle? É você? – Ela perguntou num grito, ninguém respondeu – Craig?

Devagar, ela levantou da cama e andou até a porta. Olhou no corredor, não tinha ninguém. Olhou pra trás, pro berço de Matty, ele não tinha acordado, parecia estar bem. Talvez fosse apenas sua imaginação lhe pregando uma peça, o assassino não seria louco de entrar ali com dois policiais na porta vigiando e Craig dentro de casa.

Ela suspirou, estava cansada, mas precisava descer e comer alguma coisa. Quando deu um passo, parou e deu um grito. O senhor Fuller estava parado bem a sua frente, com aquela expressão de pedófilo de sempre que dava arrepios em Amanda.

- Meu Deus! – Ela disse, mais aliviada – Que susto...

- Desculpe.

- Não sabia que vocês já estavam em casa...

- Acabamos de chegar, só vim dar um beijo de boa noite no meu neto.

- Bom... – Amanda olhou pro berço – Ele está dormindo, então...

- Nossa – Ele olhou por cima do ombro de Amanda, não conseguia ver o bebê – Acho que cheguei tarde. Tudo bem.

- Tenha uma boa noite, Senhor Fuller.

- Você também, Amanda.

Amanda sorriu sem graça, não sabia como agir perto dele. Fechou a porta fazendo uma careta de alívio e discórdia, aquela tinha sido uma situação constrangedora, ele era estranho demais.

Ela andou até o berço, Matty estava bem, mas não conseguia controlar sua compulsão em checar se ele estava com algum problema. Depois que ficou alguns minutos pensando que o havia perdido, todo cuidado era pouco.

Com o celular nas mãos, ela andou até a cama e sentou. Esperou alguns segundos pra se deitar. Quando colocou a cabeça no travesseiro, Brandon pulou encima dela e segurou seus braços. Ela arregalou os olhos com o susto, como aquilo era possível? Ele estava com a roupa do ghostface, mas sem a máscara. Seu rosto estava sangrando, um de seus olhos estava machucado, Amanda lembra que foi ela quem fez isso quando eles lutaram. Além de tudo, ele ainda tinha uma faca nas mãos, estava cheia de sangue, como se ele tivesse acabado de matar alguém.

- Você pensa que pode fugir de mim? – Brandon olhou nos olhos dela.

- Não! – Ela gritou, tentando livrar seus braços – Não é real!

- Não é real? Olha pra mim, Amanda! Eu sou real!

- Você não é real! – Amanda começou a chorar.

- Olha pra mim! – Brandon virou a cabeça dela – Isso foi o que você fez comigo! Com o seu próprio irmão! É por isso que as pessoas morrem perto de você, Amanda. Você é podre! Você deveria ter morrido no meu lugar!

- Não! – Amanda gritou o mais alto que pôde.

Levantou da cama suada, com a respiração ofegante. Olhou ao redor, Brandon não estava ali, tudo estava normal. Tinha sido apenas um pesadelo, como aqueles que ela costumava ter nos primeiros meses após quase ter morrido.

Então, o assassino voltou. Pessoas inocentes estão morrendo de novo e os pesadelos recomeçaram. Àquela altura, ela já estava acreditando que nunca iria ter fim.

Olhou pro seu celular, ainda estava com os fones de ouvido. Tinha alguém ligando no visor, era um numero desconhecido.

- Alô? – Ela disse, ao atender.

- Amanda? – Perguntou Gabriel, do outro lado da linha, a ligação estava péssima – Amanda?

- Estou aqui...

- Chloe está no hospital, ela foi atacada.

Os olhos de Amanda pairavam do chão a parede, ela estava em choque com a noticia e não sabia como reagir a aquilo se não se culpar por tudo estar acontecendo de novo.

--

Aaron olhou para trás assim que o vento frio daquela manhã fez as árvores se mexerem. Algumas folhas mortas caiam no gramado do cemitério e passavam por ele, chegando até o caixão de Miley bem a sua frente. Ao lado, havia o caixão de Trent, com uma decoração diferente. Eles estavam realizando o desejo da garota, ela sempre dissera que queria ser enterrada ao lado do amor da sua vida.

Do outro lado estava Ellie e Erik, de braços cruzados. Ela olhava pro caixão de Miley como se quisesse pular nele e fazer de tudo pra amiga voltar a respirar, mesmo que isso parecesse insano. Já Erik, não aparentava estar chocado ou triste, estava ali apenas para dar apoio a Ellie.

Aaron olhou pra ele e parou de prestar atenção nas coisas que o padre dizia quando o garoto lhe olhou de volta. Se perguntou quem era aquele gótico e porque ele tinha um olhar de dar arrepios.

- Dane-se – Ellie deu meia volta e enxugou a lágrima que escorria pelo olho direito – Vamos embora daqui.

- Você tem certeza?

- Sim – Ellie passou por ele e começou a andar na direção do portão do cemitério.

Erik não teve outra escolha a não ser ir atrás dela, estava preocupado, nunca tinha visto ela desse jeito. Ellie sempre lutou pra parecer forte, autossuficiente, nunca se dava por vencida ou demonstrava fraqueza. Se ela estava chorando, era porque aquilo a estava afetando de verdade.

Aaron olhou pro outro lado, viu a tia de Miley chorando inconsolavelmente, além de várias outras pessoas que ele sequer conhecia. Mas, entre tantos rostos que passam despercebidos facilmente, ele encontrou alguém que não esperava ver naquele lugar. Chelsea Tedesco estava com um vestido preto que passava dos joelhos e uma pequena bolsa que levava no ombro. Seus olhos azuis e penetrantes olhavam pro caixão sem piscar, como se estivesse hipnotizada.

Aaron sabia que conhecia aquela garota, mas só depois de algum tempo foi conseguir lembrar. Ela tinha aparecido na televisão após o assassinato de Ashley Carson, como uma possível testemunha. Disse que tinha ido na casa da amiga naquela noite e que Ashley reclamou de alguns trotes que estavam passando. Foi o primeiro indício de que o pai de Ashley estava mentindo sobre ser um assalto, a primeira coisa que fez a policia desconfiar que existia um motivo psicótico por trás daquela morte.

Chelsea olhou para Aaron, sentiu que estava sendo observada. E ao encontrar seu olhar, ela pirou. Sua respiração ficou ofegante e em seu rosto formou-se uma expressão de medo. Aaron continuou olhando, achando estranho, eles não se conheciam, como ela poderia ficar daquele jeito apenas por olhá-lo?

Ela saiu correndo do cemitério, dando de encontro com alguns homens de paletó que estavam atrás dela. Aaron achou mais estranho ainda, por isso duvidou de que ela tenha ficado assim por sua causa. Mas, quando ela olhou pra trás, ele teve certeza que era com ele. Ela olhou bem na sua direção, só pra ver se ele a estava seguindo.

A primeira vista, ele só achou que aquela garota estava louca. Como podia correr de alguém que não conhecia, ainda mais sendo uma celebridade tão querida naquela cidade? Ela agiu como se sua presença significasse perigo, ou como se soubesse de alguma coisa que ninguém poderia saber. E se ela viu o assassino?

Quando seu celular tocou, ele parou de olhar. Se afastou da multidão ao redor do caixão e colocou o celular no ouvido.

- Sou eu – Disse Amanda.

- Amanda? Onde você está?

- Com Chloe, no hospital.

- Ela está bem?

- Sim, está – Amanda olhou Chloe pela janela de vidro do quarto onde estava, a garota parecia estar se recusando a comer a comida que a enfermeira tinha levado – Ela conseguiu escapar. Onde você está?

- Com Miley – Aaron olhou pra trás – E Trent. Acho melhor você não vir.

- Eu sei, posso deixar alguém nervoso, e eu não iria conseguir... – Amanda deu um leve suspiro e decidiu mudar de assunto – Megan está com você?

- Não, ela foi fazer a inscrição pro Miss New Britain, graças a você.

- Entendo – Ela engoliu em seco, já estava se sentindo culpada por estar colocando Megan em perigo – Acho que vou pedir pra ela desistir...

- A gente conversa sobre isso depois, preciso falar com você. Se você tiver tempo, é claro.

- Eu tenho tempo. Pode ser as quatro no Kroks?

- Está marcado. Se cuida.

Amanda hesitou por alguns instantes. Olhou pra baixo, um pouco envergonhada. Sabia que precisava apenas dizer o mesmo, mas por um momento, ela se perguntou se isso era possível. Não podia cuidar dela, do filho, da nova família e dos amigos, por isso desde que descobriu que Brandon era um psicopata, escolheu cuidar de todos, menos de si mesma.

- Você também – Ela sussurrou, antes de desligar.

Ela colocou seu celular no bolso e se levantou do sofá onde estava. Entrou no quarto de Chloe, olhando pra amiga, só queria se certificar de que era bem vinda.

Chloe olhou pra ela e não fez nada, ficou esperando uma atitude. Estava com um curativo que cobria metade de sua testa por causa do enorme arranhão que sofreu na queda. Também estava com o braço esquerdo enfaixado, por pouco não o quebrou. E todos esses machucados só pioravam a culpa de Amanda. Sua perna estava quebrada e sua barriga doía como se estivesse perfurada, mas Chloe sempre estava radiante.

- Estou viva, a propósito – Disse Chloe – Entra, aqui não é o mundo dos mortos – Ela olhou em volta, parecia tudo muito morto – Bom, eu acho.

- Chloe, eu sinto muito... – Amanda se aproximou.

- Eu estou bem, não foi nada. Acho que ele pegou leve comigo.

- É sério, eu sinto muito mesmo, eu deveria saber que isso iria acontecer, eu podia ter evitado...

Chloe ficou olhando pra ela, tentando entender o que estava dizendo e toda aquela expressão de garota depressiva que ela tinha. E não pôde chegar a outra conclusão se não achar que ela se sentia diretamente culpada por tudo aquilo.

- Não foi culpa sua, não se atreva a se culpar. Eu não vou deixar.

- O que?

- Eu estou bem, olha – Chloe tirou a atadura de seu braço e mostrou a Amanda – Aconteceu ontem, mas já estou melhor. E meu corte na testa vai sarar mais rápido que o inchaço na testa da Rihanna, então... Não se preocupe.

- Chloe, você quebrou a perna e teve a barriga perfurada por um galho de árvore.

- São só detalhes, não ligue pra isso, eu estou bem.

- Você está bem, mas Miley e Trent não estão.

- Não é sua culpa, você não os esfaqueou até a morte, você não negligenciou ajuda, você não mandou ninguém fazer isso. Amanda, você não tem controle sobre a vida e a morte, você acha que as pessoas estão morrendo por sua causa, quando na verdade estão morrendo porque um doente de merda acha que pode tirar vidas só porque tem uma existência infeliz. Nada disso é culpa sua, até onde eu sei, você também está tentando sobreviver – Chloe olhou pra mão dela, ainda estava com uma atadura.

Amanda olhou para sua mão, era inevitável ter lembranças da noite em que tiveram coragem de colocar seu filho em perigo por causa de um jogo doentio. Não era justo que Matty tivesse alguma coisa haver com isso, ele não tinha culpa de nada, era só uma criança.

- Viu só? – Continuou Chloe – Você é como nós, apenas mais uma vítima.

- As pessoas costumam morrer perto de mim...

- 100 mil pessoas morrem todos os dias, estando perto de você ou não. Amanda, sai dessa, você é uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. Sua amizade vale mais que tudo isso.

- Sua idiota – Amanda deu um ar de risos e a abraçou – Sempre falando a coisa certa pra me animar...

- Estou aqui pra isso – Chloe sentiu o abraço de Amanda ficar mais apertado e gemeu de dor.

- O que foi?

- Minha costela. Ela não quebrou, juro que saiu do lugar por teimosia – Chloe pegou no abdome, estava inchado.

Amanda sorriu, não acreditava naquilo. Mesmo tendo sido perseguida, mesmo quase tendo morrido, mesmo tendo sido obrigada a ver um amigo morrer, ela continuava com bom humor e otimismo. Nunca se daria por vencida, era uma guerreira, Amanda já se sentia com sorte por tê-la em sua vida, pois sabia que ela ficaria do seu lado até o fim.

- Quando você sai daqui?

- Queria sair amanhã, mas é o idiota do médico que decide isso – Chloe se ajeitou no travesseiro atrás dela – Tenho minha rádio, preciso comparecer, ele deveria entender.

- Chloe, você não pode voltar. Você quase morreu, sem falar que voltar ao local do crime seria bizarro.

- Pra você, eu tenho que voltar. Aquela rádio é tudo pra mim, eu não seria eu mesma se desistisse da coisa mais importante da minha vida porque eu quase morri. Sem falar que voltar ao lugar onde tudo aconteceu pode me ajudar a superar, a gente tem que enfrentar nossos medos, e eu sou legal demais pra ser depressiva.

Amanda hesitou, ficou pensando nas palavras da amiga. Alguns terapeutas já tinham lhe dito coisa parecida, mas naquela época, era cruel demais enfrentar a realidade, pois a certeza de melhora não era certa, além de existir coisas muito perturbadoras a ponto de piorar o quadro. Mas e se Chloe estivesse certa? Ela nunca tinha se atrevido a enfrentar seus medos e seus monstros, deve ser por isso que eles têm força o suficiente pra continuar voltando.

- Isso funciona?

- Eu tenho certeza – Chloe tossiu – Aquela rádio precisa de mim, a gente deve lutar por aquilo pelo que vale a pena viver, não é?

- Acho que sim – Amanda tentou assimilar o resto das coisas que Chloe dissera e só no que conseguia pensar era em Matty. Valia a pena viver por ele, ela não podia deixar seu passado interferir a vida de seu filho, nem lhe dar uma mãe doente – Eu tenho que ir, venho te ver amanhã.

- Ok – Chloe assentiu – Aonde você vai?

- Eu conto amanhã – Amanda saiu correndo pela porta, deixando Chloe imaginando o que faria sua melhor amiga agir daquele jeito.

Amanda correu até seu carro e saiu do hospital. Dirigiu rapidamente até encontrar a casa onde morava. Seu coração acelerava de acordo com que chegava mais perto do local onde queria parar.

Ela desceu do carro bem na frente de sua antiga casa. O bairro estava morto, uma parte dos moradores tinha se mudado há algum tempo por causa dos assassinatos. E também porque aquela casa trazia agouro. Ela estava velha, acabada, a grama tinha crescido e a pintura estava desbotando, parece que estava desabitada há muitos anos.

Só de olhar pra sua entrada, Amanda sentia calafrios. Começou a se aproximar devagar do jardim, as lembranças já tinham consumido sua cabeça. Estava lembrando de quando era pequena e brincava com Brandon naquele gramado. Lembrou de quando ela insistiu para que seus pais deixassem ela, Erin e Samantha acamparem ali, foi uma noite assustadora, mas não tanto como o que estava por vir.

Ela sentia que podia ouvir a risada de Brandon, e até seu choro, quando ela sem querer o derrubou das pequenas escadas do pátio. Era tanta coisa pra lembrar apenas olhando pro jardim, que se tornou ainda mais difícil entrar. Mas ela sabia que precisava, já estava na hora de enfrentar seus medos e colocar um fim em todo aquele sofrimento, já estava na hora de deixar Brandon ir e aceitar a morte de seus amigos. Estava na hora de viver por seu filho e fazer dele um grande homem.

Devagar, ela foi entrando na propriedade, tentando não pensar em nada. Abriu a porta e observou tudo. Os móveis não estavam mais ali, a casa parecia maior, mas estava tudo muito velho. Ela andou pela sala, não deixando passar nenhum detalhe, estava crente de que aquela sensação horrível iria passar e depois ela iria ficar bem.

Depois de olhar a sala, ela subiu as escadas, levantando a cabeça pra olhar melhor. Caminhou lentamente até o quarto que pertencia a Brandon e abriu a porta, dando de cara com sua cama. Ela ainda estava ali, ninguém tinha mexido, com certeza por ser perturbador demais. Tão perturbador que por um segundo ela pensou ter visto o irmão deitado ali com um dos livros da série True Blood, como sempre fazia.

O choro foi inevitável, mas seus olhos foram enchendo de lágrimas aos poucos. Ela sentia que podia ouvir sua voz, estava lembrando das ultimas conversas, quando seu irmão mais novo jurava protegê-la de todo mal que estava acontecendo naquela cidade há um ano. Quando ele mentiu dizendo que não deixaria ninguém lhe tocar e que iria superar tudo aquilo algum dia. Ela só não entendia o porquê de tantas mentiras.

Quando foi se aproximando mais da cama, ela não aguentou ficar de pé e caiu de joelhos no chão.

- Por quê? Por que você teve que fazer isso? Por quê? – Ela gritou, dando socos no chão sujo – Eu não entendo!

Ela continuou a chorar, sabia que ali ela podia, ninguém iria ouvir, ninguém iria aparecer, era apenas ela e seus fantasmas do passado, que assombravam-na o tempo inteiro.

Quando olhou pra cama dele, com a vista embaçada, percebeu uma coisa estranha. Ela parecia estar cortada e havia a ponta de alguma coisa. Tinha algo lá dentro? Era difícil ver com os olhos cheios de lágrimas.

Ela foi até lá e rasgou o colchão. Havia algumas fotos lá dentro junto de alguns papeis. Ao pegar uma por uma das fotos, ela viu do que se tratavam. Eram dela e seus amigos, foram tiradas aleatoriamente por alguém que provavelmente os estava seguindo. E tinha de todo mundo, Chloe, Miley, Trent, Ellie, Gabriel, Erik, Zoe, tinha uma de Ashley Carson com a roupa em que morreu, talvez tenha sido tirada na noite em que ela foi assassinada.

Mas, o que aquelas fotos significavam? Só podiam ser do próprio assassino. Então, aquele era seu esconderijo? Era lá que ele ficava pra planejar as coisas?

- Ai meu Deus... – Ela levantou do chão e saiu correndo.

Desceu as escadas rapidamente e correu pro seu carro. Quando entrou, girou a chave para ligá-lo. Pisou no acelerador, mas o carro não andava. Estava ligado, mas não se mexia. Ela olhou pelo retrovisor e viu que tinha algo no banco de trás. Era uma frase, escrita com sangue, ela dizia “Olá Amanda”.

Imediatamente, Amanda saiu do carro. Olhou para os pneus, eles estavam furados, os quatro, era por isso que o carro não saia do lugar. Mas ela estava mais preocupada com a frase escrita com sangue no banco de trás do seu carro. Isso significava que o assassino estava lá, e que ele sempre vai estar um passo a sua frente.

Segurando firme as fotos em suas mãos, ela correu dali, sabendo exatamente o que fazer com elas. Primeiro as usaria para identificar as pessoas que não estão nas fotos para tentar saber quem é o assassino. Depois daria ao senhor Estwood para ele mandar verificar as digitais. Ela estava mais perto de descobrir a verdade, mas sempre um passo atrás daquele que quer vê-la morta.

Próximo Capítulo: 8- A Nossa Morte
Dia 03 de Maio 
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18 Comentário(s)

18 comentários:

  1. Primeiro comentário,preciso dizer que desconfio da Chloe ? ela foi a unica além de Amanda e Kyle que sobreviveram ao ataque do novo Ghostface,mas pode ser uma pista falsa,estou tentando achar a ligação mas ta difícil,capítulo muito bom esse Amanda assombrada e voltando a antiga casa,muito legal,mostrou como é dificl voltar lá e encarar o que aconteceu com ela,muito legal,os pais simplesmente fugiram não é? bando de covardes...Esperando muito o proximo capitulo.

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  2. Gostei muito do capitulo e para mim a chloe poderia ser a assassina mais pode ser pista falsa mesmo.Uma outra desconfiança que tenho é do gótico,ele é estranho e também a Chelsea,mas vamos esperar né

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  3. Bom eu amei o capitulo,e a Chloe é suspeita mesmo,mas acredito que se tudo esta ligado aos assassinatos originais o video de Brandon em um lugar onde não conhecemos,e só revelado agora...algo me diz que a semelhança entre Sarah e Brandon ia além do desejo de matar,sabemos pouco sobre a origem dele.

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  4. Poster fan-made ficou um pouco fail,eu adoro imaginar como seriam os novos personagens

    http://2.bp.blogspot.com/-rTx7M0nu0bA/T5tTWReZoNI/AAAAAAAAACc/1s6bTIwpYwo/s1600/A+punhalada+2.jpg

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  5. Na boa véi, ou você invadiu minha cabeça, ou você é muito foda. Quando escrevo, imagino a Amanda como a Nina Dobrev. O Aaron como o Chace Crawford e a Megan como a Julianna Guill. O resto errou, mas... ESTOU CHOCADO! HSAUSHUSAHASUAHUAHSS'. Mas espera, depois de postar aqui, coloquei numa comunidade do orkut como eu imaginava os personagens, coloquei as fotos deles lá. Você viu, ou você é mesmo foda? HAHA

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  6. Eu vi na comunidade HDCP da qual eu faço parte,eu vi sim,mas voce só fez isso no primeiro A Punhalada,depois eu fiquei curioso para saber quem seriam os novos personagens kkkk

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  7. HUASHUHAUHSUASHAUS' Ah ta, entendi. Não ficou tão ruim o poster. Claro que tem que melhorar, mas ta no caminho certo. E que pena que você viu, seria uma ótima coincidência hahaha

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  8. Ótimo capitulo

    Amei Amanda voltando para sua casa enfrentando seus medos eu acho que não é a Chloe e nem o Erik mais iria ficar muito bom o gótico e a melhor amiga

    são quantos capítulos ?

    PS: cadê o estilo trailer haaaaaaaa

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  9. João diz quem voce imagina os novos personagens,faz uma montagem ou só comenta,uma das coisas que eu mais gostava era imaginar eles de verdade.

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  10. Melhores amigas sempre morrem,se não morrem são assassinas,vide ''Lenda Urbana''

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  11. Chloe recebeu um telefonema quando estava sozinha, não faz sentido ela ser a assassina e mesmo assim receber um telefonema. Desconfio dos irmãos, Kyle e Craig.

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  12. Respondendo as perguntas.

    Anônimo: são quantos capítulos ?
    R: Ao todo, são 13.

    Anônimo: Cadê o Estilo Trailer?
    R: Essa semana Nefferson teve problemas, assim como eu, então, essa semana não vai ter. Mas semana que vem, vamos voltar com o estilo trailer.

    Anônimo: João diz quem voce imagina os novos personagens
    R: Bom, apesar de ter feito uma lista completa do primeiro, nem todos do segundo imagino alguém. Tem personagens que apenas imagino uma pessoa normal, não necessariamente uma tor famoso.
    Chloe: Ashley Benson
    Miley: Kierstin Koppel
    Trent: Lucas Till
    Brooke Stone: Tiffany Hines
    Erik Mets: Richard Harmon
    Os que não estão nessa lista são os que não consegui imaginar alguém famoso e tive que apelar pra minha imaginação mesmo.

    Espero ter ajudado =D

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  13. Lembrando que no telefonema Chloe estava e não estava sózinha pois estava ao vivo na rádio para muitos ouvintes,então faz sentido sim...mas é só uma hipotese,os irmãos Kyle e Craig também seria legal.

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  14. Os possíveis assassinos na minha opinião são: Os pais de Craig e Kyle... Chloe, ou até mesmo uma terceira pessoa q ajudava Brandon e Sarah.

    Estou curtindo muita essa história pois além de ter os elementos da série pânico tem elementos de outros filmes também.

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  15. Amei o capitulo,com isso fica claro que o assassino está fazendo isso por causa do Brandon.Desculpem pelo sumiço é que estava meio enrolada e não pude comentar semana passada.Não acho que seja a Chelsea pois se ela fosse o ghostface não teria fugido do Aaron daquele jeito,e tbm não acho que seja a Chloe(é óbvio que isso é uma pista falsa,já que todo mundo desconfia da sobrevivente ao ataque),agora eu desconfio da babysitter Brooke não sei por que mais me veio isso na cabeça logo depois de ela ter ido embora,possa até ser uma terceira pessoa mesmo assim seria uma quebra no clichê(já que no máximo só teve dois assassinos).João me diz em qual comunidade você postou a foto dos personagens do primeiro,quero ver quem você escolheu.

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  16. Essa comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=108809548

    Que vontade de dar spoiler, meu Deus, acho que não vou ver os comentários por um tempo HAHA =X

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