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[Livro] A Punhalada 2 - Capítulo 2: Sangue Novo

- Bom dia vadios e vadias que não estão acordados para o meu programa – Disse Chloe, na rádio – Apesar da data macabra, a manhã está linda. Sei que a ressaca é das piores graças as misturas afrodisíacas e altamente alcoólicas da Alfa Gamma , mas são oito da manhã. É hora de levantar seus traseiros de classe média da cama pra mais um dia tedioso e cheio de obrigações na cidade mais famosa do país.

Assim que Amanda ouviu as ultimas palavras de Chloe, abriu os olhos. Já estava acordada, mas tentava ignorar a voz de sua melhor amiga, que sempre fazia questão de lhe acordar. Ela se virou, ainda deitada na cama, e fitou o rádio encima de sua penteadeira, queria ouvir mais de Chloe.

- Mas não se esqueçam – Continuou Chloe – Precisamos de vocês hoje ao meio dia no memorial, estamos contando com a presença de todos. Vamos sair desse buraco, eu prometo. Mas agora... Vou colocar uma musica super rilex pra vocês enquanto vejo as fotos do Cam Gigandet sem camisa. E isso não é uma brincadeira, é uma verdade, que é apenas engraçada.

Amanda deu outro sorriso. Quando a musica começou a tocar, percebeu que não queria sair dali. Estava perfeito. A musica, a cama, o sono, ela estava sentindo uma paz enorme.

Virou de peito pra cima na cama e fitou o teto amarelo da mesma cor das paredes. Aquilo lhe parecia uma terapia. Acordar, olhar pro teto e pensar em tudo o que iria fazer no dia. Nada mudava, ela fazia exatamente o que pensava de manhã. Mas o problema era que só estava pensando no memorial, se deveria ir ou não. Ainda tentava evitar pensar em Brandon, sentir saudades, ou simplesmente acordar e perceber que tinha apenas 18 anos, mas já tinha visto pessoas demais morrendo.

Mas, tinha que começar pelo mais importante. Suspirou e se sentou na cama, de frente para o berço de seu filho Matty. Não sabia como podia amar tanto alguém como amava aquela criança. Deu outro suspiro quando se lembrou mais uma vez do amor que sentia por ele. E foi só ouvir seu gemido que ela levantou da cama. Andou até o berço e o fitou. Sua roupinha azul clara era linda, combinava com seus olhos grandes e azuis que olhavam também para o teto.

Amanda deu um sorriso bobo e tocou em seu rosto, logo quando ele havia olhado pra ela. Ele deu um meio sorriso e isso fez Amanda feliz. Ele estava feliz em vê-la. Tinha apenas quatro meses de vida, mas a conexão entre os dois era enorme.

De repente, alguém abriu a porta. Amanda olhou pro lado e percebeu que se tratava de Brooke Stone, a babá de Matty.

- Oi... – Ela sussurrou, estava com medo de falar alto e acordar o bebê. Aproximou-se devagar, com um sorriso, que aumentou quando viu o rostinho de Matty – Own, como ele consegue ficar mais fofo a cada dia que passa?

- Eu não sei... – Disse Amanda, e lançou um olhar de mãe orgulhosa para o filho.
Depois, ficou olhando para Brooke enquanto brincava com Matty fazendo caretas. Mas, mesmo com a aparência amigável e gentil de Brooke, ainda não confiava nela. Lembrou-se da mini câmera que instalou secretamente em seu quarto e ainda lhe parecia uma boa ideia. Amanda havia cansado de surpresas.

- Bom, estou aqui – Brooke olhou para ela – Você pode ir, vou cuidar bem dele.

- Tudo bem. Qualquer coisa, me ligue.

- Ok. Vou levá-lo pra tomar banho, já preparei a água – Brooke pegou Matty do berço, que levou seu chocalho colorido com ele.

-Tchau, Matty – Amanda deu um beijo no rosto dele e assistiu ele saindo junto de Brooke.

Ainda parada e olhando pra porta, ela suspirou. Brooke e Matty já haviam saído de sua vista, mas por algum motivo, ainda estava olhando. E ela sabia exatamente qual motivo era esse. Mais uma vez, ela não queria viver o dia. Queria que fossem cortadas metade de suas 24 horas só pra não ter tempo livre, mas era impossível.

Com um suspiro despertou-se e deu a volta na cama pra chegar até sua penteadeira. Abriu a primeira gaveta e de lá tirou sua blusa preta favorita, iria usar na faculdade. Olhou pra blusa e depois para o porta-retratos ao lado do rádio. Nele havia uma foto dela e Erin juntas no parque de diversões, abraçadas, sorrindo. Ela se lembrou da amiga, assim como acontecia todos os dias.

A saudade era enorme, Amanda sentia um buraco se abrindo no peito toda vez que olhava para a foto. E sempre lembrava desse dia, em que Erin havia tido um ataque de pânico na montanha russa e teve que ser tirada do carrinho. Amanda ficou apenas rindo da amiga, mas sabia que se algo acontecesse com ela, seria o fim.

As gargalhadas de depois que chegaram do parque fizeram Amanda sorrir, foi um dos melhores dias, era uma lembrança que nunca poderia se perder.

Amanda fechou a gaveta e saiu do quarto. A foto brilhava com a luz do sol batendo nela, e ironicamente, a parte onde Erin estava não aparecia com tanta luz refletindo.

Quando entrou no banheiro, seu celular tocou. Jogou a blusa preta encima da pia e atendeu, logo após olhar pro visor e saber que era Miley Potter. Miley era o tipo de garoto que sempre estava com ela e Chloe, ouvindo seus problemas, fazendo parte das risadas, mas nunca conseguia ligar numa boa hora.

- Hey A, acordei você?- Perguntou Miley, parecia animada.

- Não, não. Pode falar – Amanda se olhou no espelho em frente a pia.

- Você vem pra aula hoje?

- Sim, por que?

- Não se esqueça, hoje à noite tem o “Clube do Medo”. Você é novata junto daquela garota Mag, hoje é a iniciação de vocês!

Amanda fechou os olhos, derrotada. Não acreditava que Chloe havia lhe obrigado a entrar nessa com a desculpa que ela precisa superar seus medos enfrentando-os. Ela sabia que se isso fosse verdade, ela conseguiria visitar o túmulo dos amigos mortos e o de Brandon, isso sim era enfrentar seus medos.

- Ah... Ta legal. Vou avisar que não vou dormir aqui essa noite.

- Ok. Ai – Gritou Miley, de felicidade- Vai ser tãããããão divertido ter você lá, Erik vai amar!

- Claro que vai... – Concordou Amanda, se segurando pra não voltar a ser a Amanda de antes e humilhar Miley a ponto dela querer se suicidar por causa da aparência.

- Enfim, vejo você daqui a pouco. Beijos. Haha – Miley ainda estava comemorando.

Amanda desligou. Colocou seu celular na pia e olhou de novo para si mesma no espelho. Estava se sentindo a sub-celebridade mais cretina que já existiu. E apesar de sempre ter ganho a atenção de todos, aquilo era ridículo pra ela. Ela não queria ser convidada para um clube do medo só porque foi uma das sobreviventes de um massacre. Também não queria ser convidada pra uma festa só porque alguma garota da Alfa Gamma sentiu pena por ela ter quase sido morta pelo irmão que amava. Queria apenas ser Amanda Rush, rainha do baile, a garota mais desejada e invejada do colégio, mas agora sentia como se a palavra “massacre” estivesse escrita com sangue em sua testa em letras de forma.

--

Megan acordou. Fitou o teto branco como neve do quarto de Aaron e soltou um suspiro feliz, acompanhado de um sorriso sem barulho. Aquilo era normal, já que fazia um ano que se sentia realizada, apesar da data lhe fazer lembrar que quase foi brutalmente assassinada por pessoas cujo único propósito era se vingar das irmãs. Mas, tentou não pensar nisso, fazendo valer aquela sua promessa de que deixaria tudo pra trás.

Ela se sentou na cama e olhou pra porta entreaberta, logo depois de perceber que Aaron não estava ao seu lado. Viu sua minúscula cadela Chihuahua deitada ao lado da porta.

-Muffy, vem cá, preciosa! – Ela disse, fazendo um gesto de mão pra cadela.

Muffy obedeceu rapidamente, mas ao chegar perto da cama percebeu que era pequena demais para pular ali encima. Megan colocou as pernas pra fora da cama e pegou Muffy no colo. Começou a fazer carinho nela, e a tratar como se fosse um bebê. Muffy lambeu seu rosto, e ao mesmo tempo em que Megan achava nojento, achou fofo demais pra recuar.

- Você ta com fome? – Ela perguntou a cadela, com uma voz infantil – Maurrice te deu comida?

Apesar de não ter uma resposta falada, Megan sabia que a cadela estava com fome, já a conhecia suficientemente pra saber disso. Se levantou da cama e saiu do quarto, ainda com Muffy em eu colo, estava fazendo carinho na cabeça dela.

Entrou na enorme sala da casa de Aaron e viu a empregada limpando a mesa.

- Katherine? – Megan chamou.

- Sim, senhora? – Respondeu a empregada.

- Quero que você prepare comida para Muffy, Maurrice deve ter esquecido... Ou comido a comida dela de novo, mas enfim. Não se esqueça, ela só come coisas lights. E depois prepare seu banho de espuma com sais, estou achando ela muito tensa.

-Sim senhora – A empregada prendeu um riso, mas Megan não percebeu.

-Onde está Aaron?

- Ele saiu senhora, disse que chega pro almoço.

Megan fitou Katherine de um jeito estranho, mas nem percebia que estava olhando para ela, pois seu pensamento estava em outro lugar. Ela estava imaginando porque Aaron que só acorda ao meio dia teria saído de manhã cedo e sem deixar um bilhete. Eles não moravam juntos ainda, mas isso não queria dizer que Megan não estava ali.

Katherine já estava se sentindo um pouco intimidada. Ela era tímida, sempre ficava vermelha com os olhares dos patrões. No colo de Megan, Muffy começou a se debater, até Megan não ter outra escolha a não ser colocá-la no chão.

Muffy correu pela sala, passando por Katherine e deitou-se embaixo da estante da enorme TV de plasma da sala, ao mesmo tempo em que o telefone tocou. Katherine imediatamente atendeu, estava ao lado dele.

- Residência de Aaron Estwood, pois não?

Megan, agora, estava prestando atenção em Katherine de verdade, ela queria saber quem era ao telefone.

- Sim, ela está aqui –Disse Katherine, pra quem quer que fosse ao telefone – É pra senhora – Ela estendeu o telefone a Megan, que pegou gentilmente.

- Alô? – Megan disse, curiosa.

- Megan! – Gritou sua amiga de Yoga Laura, ao telefone – Você já sabe o que aconteceu? Ai meu Deus! Estou assustada!

- Laura? Mas o que? Você flagrou Richard com a babyssiter de novo?

- Liga a TV no canal 13! Agora!

Megan olhou pra TV de plasma desligada à sua frente, com uma cara de paisagem sem tamanho, já que não aguentava mais os chiliques de Laura, que em sua opinião conseguia até ser mais insuportável que ela mesma.

- Katherine, ligue a TV no canal 13 – Pediu Megan, bufando, quase revirando os olhos.

Katherine pegou o controle de cima do sofá e ligou no canal 7. Foi apertando os botões até chegar no 13, onde estava passando um noticiário urgente. Uma repórter loira que Megan odiava estava fazendo uma reportagem do que a legenda na tela dizia ser outro assassinato brutal em New Britain.

- [...] A polícia não tem pistas, mas as autoridades puderam divulgar a imprensa que esta é apenas uma tragédia isolada, sem ligação alguma com as mortes do ano passado, apesar do que pensa a população. Tendo ligação ou não, o crime foi tão brutal quanto os criados por Brandon Rush e Sarah Richards, deixando a jovem de 17 anos Ashley Carson com fraturas e ferimentos de faca, além de ter sido cruelmente pendurada por ganchos na cozinha de sua casa. Será que está acontecendo de novo? Será que New Britain não é mais segura? Hoje vamos falar com um especialista em assassinos em série, que vai nos revelar o que se passa na mente de [...]

- Ai meu Deus... – Sussurrou Megan, em choque.

--

- Então, este foi Green Day, em sua mais bela essência – Disse Chloe, na rádio, apertando alguns botões no enorme painel a sua frente – Parece que os caras nunca vão ser como eram no American Idiot, então é bom dar uma trela pro passado.

Chloe colocou a enorme franja loira que caia em seu rosto atrás da orelha, estava atrapalhando sua visão. Na pele branca e pálida havia uma tatuagem, bem no ombro, um coração com uma flecha lhe arrancando sangue, que dizia muito bem como era sua personalidade. Quando os olhos azuis bateram nos de sua amiga Miley Potter bem a sua frente, ela fez uma careta de desgosto, sua amiga estava zoando de novo seu jeito de falar.

E enquanto Chloe esbanjava uma beleza loira e bastante reconhecida, Miley já era diferente. Ela tinha cabelos pretos e longos, um piercing no nariz e uma tatuagem ainda mais provocante que foi coberta por sua calça jeans. Os olhos bem castanhos debochavam de Chloe e não se preocupavam em disfarçar isso.

- Então, vocês sabem que hora é essa? – Disse Chloe novamente, tentando ignorar Miley – Sim, é hora do intervalo, que vocês conhecem muito bem. Deixo uma lista de reprodução aleatória tocando enquanto eu finjo que estou fazendo alguma coisa.

Ela olhou pro enorme vidro à sua direita, Gabriel Pierce estava acenando com a mão direita enquanto a esquerda segurava apenas uma alça da mochila que ele tinha nas costas.

- Idiota – Sussurrou Miley.

- Vejo vocês mais tarde – Chloe se levantou da cadeira logo após colocar sua lista de reprodução em execução.

Ela andou até a porta ao lado de Miley, Gabriel olhou pros sapatos enquanto esperava pelas duas.

- Cheguei numa hora ruim de novo? – Ele perguntou.

- Não, dessa vez você acertou – Chloe olhou pra uma mulher que passara do lado deles e depois voltou sua atenção para Gabriel, cruzando os braços – O que você quer? Não falo com Amanda há três dias, não posso mais dar seus recados.

- Não é sobre Amanda. Quer dizer, é sobre ela, mas não exatamente.

Miley soltou uma risadinha severa quando Gabriel se atrapalhou. Ela se perguntava como um garoto tão lindo podia ser tão atrapalhado. Será que ele sabia que desse jeito nunca ganharia o coração de Amanda Rush?

- Desembucha – Disse Chloe.

- Ta uma loucura lá embaixo, vocês têm que ver. Tem repórteres pra todo lado, a polícia está entrevistando os alunos.

- O que? – Chloe olhou pra porta, um policial tinha acabado de entrar no estúdio – Por quê? Da ultima vez que essa cidade ficou assim, começaram a matar os alunos do terceiro ano...

Gabriel ficou olhando para Chloe, esperando ela entender. Era loira, mas era esperta, não demorou muito pra perceber o que o garoto estava querendo dizer.

- Nem brincando... – Ela passou por ele, disposta a ver o porquê da confusão.

Miley e Gabriel foram atrás dela, mas apenas ele sabia o que estava acontecendo. Elas iriam ter um ataque quando soubessem.

Eles desceram as escadas brancas do edifício, olhando para toda aquela aglomeração. Chloe colocou a franja de novo atrás da orelha e ficou olhando, aquela universidade estava como num filme de terror. Polícia por todos os lados, repórteres também, era como se o mundo inteiro tivesse se reunido ali.

- O que aconteceu? – Perguntou Miley.

- Não sei, acho que temos que chegar mais perto – Disse Chloe, começando a andar.

- Mas e se alguém estiver morto?

- Miley, seu namorado já tem algo morto dentro das calças e você não reclama. Agora vem.

Chloe tomou á frente novamente, os dois seguiram ela, mas apenas Gabriel de boa vontade. Quando eles chegaram mais perto da grama, puderam reconhecer as pessoas. Zoe Pierce, a irmã mais nova de Gabriel com os cabelos castanhos mais bonitos que Chloe já vira estava conversando com sua amiga, um pouco próxima de Ellie Harrington, a garota gótica mais legal daquele campus.

E por mais que tentasse, Chloe não conseguia ouvir o que as pessoas estavam falando, por isso tentou se focar nas matérias ao vivo que os repórteres faziam.

- Por favor, diga que estão assim por causa do concurso Miss New Britain e não porque alguém morreu – Chloe cruzou os braços o observou a multidão com desesperança.

- Vocês não assistem televisão? – Perguntou Erik Mets, atrás deles, a franja emo pelo rosto, as mãos no bolso, a roupa preta chamando atenção.

- Não, eu sou loira, você sabe – Chloe sorriu.

- Ashley Carson foi assassinada em sua casa. Seus pais também foram atacados, estão esperando seu pai recobrar a consciência pra poder saber o que realmente aconteceu.

- E a mãe dela?

- Ela disse que não viu nada, recebeu uma pancada na cabeça e apagou. Quando acordou ela viu a filha morta e o marido ferido, foi ela quem chamou a policia.

- Você não consegue parar de ser estranho? – Perguntou Miley, com um a cara de nojo.

Erik olhou pra ela e sorriu com malícia, não se importava com sua opinião, ou a de qualquer outra pessoa.

- Ok – Chloe pensou – Uma garota foi assassinada e seus pais estão feridos, isso acontece, não é?

- Nossa, você é loira mesmo – Erik sorriu – Ou cega demais...

Chloe olhou pra frente quando Zoe chamou seu irmão. Ele correu até ela, deixando Chloe e Miley na duvida sobre o que iriam falar. Mas isso deu tempo pras duas pensarem. Uma garota que não estudava naquela universidade tinha sido assassinada em sua casa exatamente um ano depois do massacre. E a não ser que a policia tenha um suspeito que estude ali, só pode significar uma coisa: Alguém quer recriar o massacre, e o alvo com certeza é Amanda.

Mas isso seria clichê demais, Ou até mesmo, impossível. Porque assassinos em série não aparece aos montes, certo? Não é como se a vida dos moradores de New Britain fosse um filme e de tempos em tempos alguém quisesse matar Amanda e quem estivesse ao seu lado.

- Gabriel, você soube? – Perguntou Zoe, assim que sua amiga se afastou.

- Quem não soube? Uma garota assassinada em sua casa exatamente um ano depois de todas aquelas mortes?

- Isso não pode ser aleatório... – Zoe olhou ao redor, sentia que não conseguia mais respirar com tanta gente ali – E parece que todos acham isso. Onde você estava ontem?

- Em casa – O tom de Gabriel era acusador – Assistindo TV enquanto você tomava todas na Alfa Gamma. Você chegou bêbada ao extremo, te levei até o banheiro, segurei seu cabelo pra você vomitar e depois te coloquei na cama antes que a mamãe notasse.

- É, isso é bem a minha cara – Ela sorriu.

Zoe olhou por trás do ombro de Gabriel, era a entrada da universidade, Amanda estava saindo de seu carro. Ela sorriu com malícia, sabia que a coisa ia pegar fogo quando ela chegasse.

- Olha lá sua amada. Acha que ela é a próxima ou a protagonista dessa vez?

- Para, Zoe – Pediu Gabriel, mas sua irmã manteve o sorriso.

Assim que Amanda saiu do carro, ela notou uma multidão vindo em sua direção. Ela foi protegida por policiais que estavam lá perto, eles a ajudaram a entrar na universidade sem se machucar. O pior era que ela não sabia o porquê de tudo aquilo, pensava que tudo tinha terminado quando seu filho nasceu e os jornais locais se cansaram de sua história.

Quando a porta de vidro da universidade se fechou, ela olhou, alguns policiais estavam impedindo que os repórteres entrassem.

- Ai meu Deus! – Exclamou ela – O que foi isso?

- Saiam da frente! – Gritou Megan, lá atrás – Saiam da frente! Sobrevivente branca passando! Sobrevivente branca passando! – Quando ela conseguiu entrar, fitou Amanda, que ainda não sabia o que estava acontecendo.

- Megan? – Ela perguntou, incrédula, fazia tempo que não se viam.

- Ai meu Deus! – Megan correu até ela e lhe abraçou – Ai meu Deus eu sinto tanto! Amanda, eu sinto muito! Ai meu Deus!

Amanda aceitou o abraço cômico, mas ainda não sabia de nada. Megan segurou em seu rosto com as duas mãos, as unhas pintadas de vermelho cheguei lembravam algo que Amanda rezava para esquecer.

- Nós vamos sair dessa! Nós vamos!

- Ok Megan, é claro que vamos. E eu vou pra minha sala agora...

- Espera! Você pode falar comigo, sou uma ótima ouvinte. Ainda terei meu próprio talk show, vamos escrever um livro juntas.

- Megan, o que ta acontecendo?

- Você não sabe? – Megan se afastou, com cautela.

- Não – Amanda cruzou os braços.

- Querida, você não assiste TV? Que vida miserável... Não que o que seu irmão fez tenha sido melhor, mas...

- Megan, me deixa em paz – Amanda deu as costas pra ela.

Megan ficou gritando coisas sem nexo lá atrás, até perceber que precisava ser direta ou então seria ignorada.

- Alguém morreu! – Ela gritou, fazendo Amanda parar.

Amanda olhou pra trás, Megan parecia mais calma. Ela tentou raciocinar, mas antes que pudesse, o delegado Estwood chamou por seu nome. Ela olhou pra ele, em choque.

- Precisamos conversar com você, Amanda.

Ela olhou pro lado, os olhos cheios de lágrimas. Então, o que temia estava acontecendo? Alguém morreu de novo e estão atrás dela novamente, assim como nos filmes?

- Diga que ninguém morreu...

- Amanda – O delegado pegou em seu ombro e manteve a expressão séria, provando a Amanda que aquela era uma situação delicada - Precisamos conversar.

Ela balançou a cabeça positivamente antes de entrar na sala ao lado. Deu uma ultima olhada em Megan, antes de sentar na cadeira e ouvir o que tinham a lhe dizer.

--

Com a mão na nuca e a outra no bolso da calça, Craig caminhava pela delegacia, esperando uma resposta. Fazia muitas horas que Amanda estava lá dentro conversando com os policiais, temia que ela pudesse estar em perigo, ou que o bebê pudesse estar em perigo.

Desde que aceitara ter um relacionamento com Amanda e criar seu filho que as coisas começaram a ir mal. Primeiro, por causa de seu irmão Kyle. Ele não gostava nada de sua futura esposa e sempre reclamava do que ela fazia. Depois por seus pais, estavam achando o filho louco por querer criar um bebê dentro de casa junto da irmã de um psicopata.

Mas para Craig, Amanda era a única, e vê-la passando por todo esse horror de novo era no mínimo desesperador.

Quando viu a porta da sala se abrindo, ele parou de andar. Viu Amanda saindo de lá, o rosto sereno, ela parecia bem pro que ele esperava que estaria. Então, tinha ocorrido tudo bem? Pois ela estava sorrindo como se tivesse recebido uma boa notícia.

- Qualquer coisa me ligue, Amanda – Disse o delegado Estwood.

- Pode deixar – Amanda suspirou quando ele fechou a porta. Ela olhou para Craig, ao lado, ele estava incrédulo. Rapidamente ela correu até ele e o abraçou – Ainda bem que você está aqui.

- Está tudo bem?

- Sim, eu acho – Ela olhou pro pingente do cordão dele, aquele símbolo japonês  sempre chamou sua atenção– Acho que vou ficar bem.

- E o que eles disseram?

- Eles me disseram o que aconteceu com a garota e depois me mostraram algumas fotos. Depois ficamos discutindo sobre os assassinatos do ano passado até chegarmos a conclusão de que ele não se encaixa. Parece que o pai dela acordou e disse que tentaram assaltá-los, algo assim.

- Ai caramba – Craig suspirou – Que susto. Pensei que você e Matty estavam em perigo.

- Mas não estamos...

Amanda olhou bem nos olhos dele, era impossível não se apaixonar. Ele tinha o cabelo castanho caído na frente numa franja que ela mesma havia feito só pra não namorar alguém de cabelo espetado. Seus olhos eram castanhos, e se olhassem bem, o formato de seu rosto era bem parecido com o de Matty.

Ela o beijou, bem devagar, sentindo sua barba mal feita roçar em sua pele, aquilo não incomodava mais e tinha ficado até prazeroso.

- Podemos ir? Matty deve ter deixado a babá louca de novo.

- Meus pais estão lá ajudando, mas você precisa mesmo dormir. Foi um dia longo.

- Muito, muito longo, e ainda tem mais – Amanda sorriu com malícia e o beijou , deixando claro o que iriam fazer quando chegassem em casa.

- Kyle ta lá fora com o carro – Craig olhou pra ela, não estava vendo suas coisas – Onde está sua bolsa?

- Merda – Amanda olhou pra trás, num reflexo – Devo ter deixado dentro da sala.

- Vou pegar pra você, me espere no carro – Ele a beijou.

- Certo.

Amanda saiu da delegacia, logo avistou o enorme carro preto de Kyle. O loiro de olhos castanhos estava com a mão na boca, mordendo seu anel enquanto olhava pro lado oposto ao qual Amanda estava.

Ela entrou no carro, ao lado do banco do motorista. O barulho da porta chamou a atenção de Kyle.

- Cadê o Craig? – Ele perguntou, sem tirar a mão do volante.

- Foi pegar minha bolsa – Amanda olhou pro lado, estava tentando não falar com Kyle o máximo que conseguia.

- E você, o que disseram?

- Não quero falar sobre isso - Ela colocou o cabelo atrás da orelha, um pouco constrangida.

- Justo – Ele olhou pra frente e sorriu, sabia o que ela estava fazendo – Sobre o que você quer falar então? Sobre a noite passada quando Craig pensou que você estava na Alfa Gamma, mas você estava comigo dentro desse carro?

- Kyle, não – Amanda mudou seu tom, estava quase sussurrando, mas ainda era de alerta – A gente combinou que não ia falar sobre isso... Não é justo.

- Comigo, com você ou com o meu irmão?

- Com nós três. Por favor, vocês são minha única esperança. Minha única esperança do Matty ter uma vida normal depois de tudo. Eu te imploro... Pelo meu bebê...

- Amanda eu te...

- Hey – Disse Craig, quando abriu a porta. Ele sentou do lado de Amanda, os três ficaram alinhados na frente – Desculpe a demora, eles quiserem trocar umas palavras comigo.

- É, eles disseram que iam fazer isso... – Amanda olhou pras pernas, coçando a nuca, constrangida.

- Obrigado por pegar a gente aqui, Kyle – Disse Craig – Te devo uma.

- Acho que sim – Kyle pisou no acelerador e em poucos segundos eles já tinham saído dali.

Quando chegaram em casa, Kyle pulou do carro e bateu a porta bastante irritado. Apenas Amanda sabia o motivo real, e Craig já tinha parado de se preocupar com a bipolaridade do irmão. Kyle tinha sempre sido assim, irritado, arrogante, o bad boy da família, que usa uma jaqueta de couro e seduz garotas virgens quando não está brigando com alguém. Mas Amanda sentia que a vergonha da família tinha sido dividida entre os irmãos, já que Craig namorar a irmã de um psicopata também era vergonhoso.

De mãos dadas, Amanda e Craig entraram na casa. A senhora Fuller estava com Matty no colo, brincando com ele perto da escada.  Quando notou a chegada de Craig e Amanda, olhou pra eles, um pouco preocupada.

- Eles só liberaram vocês agora? – Ela perguntou, nem ligava por Matty estar balançando seu chocalho bem na sua frente.

- Sinto muito – Amanda andou até ela e pegou seu filho – Senti tanto a sua falta, meu coelhinho...

- Ele está sujo – Disse a senhora Fuller – Vocês precisam ver isso.

- Deixa comigo – Craig pegou Matty em seu colo – Eu cuido disso – Ele subiu as escadas enquanto brincava com a criança.

Agora, sozinhas, Amanda e Maisy se fitaram. Amanda colocou as duas mãos nos bolsos de trás de sua calça jeans enquanto Maisy, a eterna Senhora Fuller elegante, apenas lhe olhava com o desprezo de sempre.

- Obrigada por ficar com ele – Começou Amanda – Sei que não é sua responsabilidade, então agradeço muito.

- Eu adoro o pequeno Matty, não seja boba. Mas a babá foi embora cedo, tive que pagar do meu dinheiro.

- Não tem problema, eu pago de volta, mas obrigada.

- Querida, você sabe que não precisa, não tente fingir que é uma boa moça agora, ok? – Maisy sorriu de um jeito falso – Agora suba, você tem um filho, lembra?

Maisy se retirou, deixando Amanda olhar pro chão, derrotada. Mas ela sabia que se quisesse que Matty tivesse um futuro melhor que o seu, tinha que aguentar tudo isso. Ela então, lembrou de quando saiu de casa, três dias depois de ter decapitado seu irmão. Sua mãe não conseguia mais olhar pra sua cara enquanto seu pai tinha preferido afogar as mágoas na bebida, como sempre.

Era demais pra eles, e ela sabia, por isso saiu de casa, só para não atrapalhá-los. Mas vê-los se mudar da cidade há sete meses tinha sido mortal. Agora sua casa estava ao léu, completamente desabitada. A grama tinha crescido e a placa de vende-se tinha caído, ninguém queria morar ali.

Ainda com a cabeça abaixada, subiu as escadas. Passou pelo quarto do bebê onde Craig estava trocando suas fraldas e ficou olhando da porta, até que um sorriso brotou em seu rosto. Craig era perfeito em todos os sentidos e estava sendo um ótimo pai, era bem mais do que ela merecia.

- Olha ali a mamãe – Ele disse, assim que colocou outra fralda no bebê. Ele o pegou no colo e chegou bem perto de Amanda – Você sabia que o tio Craig ama a mamãe, sabia? Ele ama ela e o neném mais do que eles pensam.

- Você é um doce.

- Posso fazê-lo dormir hoje? Você está cansada...

- Craig, você não...

- Amanda, eu te amo. E se eu quiser ficar com você, esse bebê também vai ter que ser meu.

- Você tem razão – Amanda suspirou – Vou dormir um pouco. Se ele quiser mamar, me avise.

- Ok – Craig saiu do quarto.

Amanda olhou pra trás, viu Craig passando pela frente do quarto de Kyle. O garoto estava sentado em sua cama, escorado na cabeceira, com fones de ouvido e seu celular nas mãos.

Quando seu olhar encontrou o de Amanda, ele se esticou pra fechar a porta. Ela entendeu, afinal, ela era a culpada de tudo aquilo.

Com passos lentos, ela caminhou pelo quarto do bebê. Fitou o teto decorado e as paredes, fitou as coisas de seu filho, que havia ganhado milagrosamente de Maisy. Mas ainda tinha algo errado, algo que ainda incomodava.

Ela caminhou até a penteadeira azul e abriu a primeira gaveta, ela tinha um fundo falso. Dentro dele havia uma carta de um teste de paternidade que havia pedido para Matty quando nasceu, mas nunca teve coragem de abrir. Não seria fácil saber quem realmente era o pai de seu filho quando poderia ser um psicopata.

Por isso ela ficou olhando pra carta, pensativa. Querendo e não querendo abrir. Mas quem seria o pai? E se fosse Brandon, Matty poderia ter uma vida normal?

Dia 29 de Março... 
Gabriel: E a festa?
Zoe: Vou distribuir os convites hoje.
AS REGRAS NUNCA MORREM
Ellie: Amanda Rush é o sonho de consumo de qualquer fã do terror.
Miley: Não estamos num filme de terror.
Chloe: Se estivéssemos, você seria a próxima.
ELAS MATAM
Amanda: Que Maldade!
E NA PRÓXIMA SEMANA
Chloe: Eu sou a melhor amiga, tenho uma morte sofrida no final.
Erik: Loiras nunca chegam tão longe.
DESCUBRA ATÉ ONDE VOCÊ PODE CHEGAR
Amanda: Posso imaginar.
Chloe: Não morri antes dos créditos inicias, estou feliz por isso...
A PUNHALADA 2
3- Não é Uma Sequencia
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9 comentários:

  1. A Amanda tá traindo o Craig?!

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  2. Fico até com medo de saber quem vai ser o próximo, é sempre tão imprevisivel. Desde a morte da Ginger e da Trish fiquei até traumatizado.

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  3. Amei a Chloe mas vejo que terá uma morte trágica.Gostei de todos os outros personagens menos o heart breaker que tá pondo chifre no irmão

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  4. Otima saga, mas queria fazer uma critica, porque não ambientar a história no Brasil? Porque ser Estados Unidos? Vejo isso em muitas historias na internet, autores brasileiros escrevendo historias ambientada nos estados unidos.

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  5. Amei!!!!! adorei a Chloe,quem sera o proximo?

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  6. "Por que não ambientar a história no Brasil?"
    Nunca escreveria sobre assassino algum perseguindo uma Maria Celestiana e estudando pelo Prouni HSUAHASUHSUSHAUAHS'
    É Estados Unidos porque a cultura de lá combina bem mais com o que eu quero na história, combina bem mais que a daqui. Halloween, modo de vida, o que os jovens fazem (como ser lider de torcida), acho que tudo isso combina mais com as ideias que eu tenho pra escrever. Mas, se algum dia, eu vir que alguma ideia minha não pode ser ambientada neste país, escreverei sobre o Brasil sim. E não só sobre ele, depende muito da história também =)

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  7. Gostei do Graig,ele parece ser uma pessoa maravilhosa,é uma pena que a Amanda tá traindo ele com o idiota do Kyle,essa Senhora Fuller é muito nojenta me deu vontade se dizer umas verdades pra ela,o Matty deve ser uma graça só espero que ele não seja filho do Brandon,o bêbezinho não merece um castigo desses.

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  8. Meu Deus estava morrendo de saudades

    o capitulo foi bom, me simpatizei com a maioria dos personagens menos o irmão e a mãe do Craig

    amei a fala da Megan "sobrevivente branca passando"

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