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[Livro] Hell Yes - Capítulo 14: Queime Comigo - Parte 1

- Hey Axel, é a Annie – Disse ela, no celular, odiando que Axel não tenha atendido o celular – Bom, esta é a trigésima mensagem que eu mando, então, pare o que está fazendo agora e me dê atenção. Quer dizer, me liga, ok? Estou preocupada e com saudades, beijos – Ela desligou e colocou o celular no bolso.

- Ele está na casa de campo da Elvira – Disse Rebecca, seu olhar já demonstrava tédio – Ele está bem.

Annie assentiu devagar e olhou pra baixo, envergonhada. Rebecca havia ouvido todas as trinta mensagens que ela deixara para Axel e já estava de saco cheio daquilo. Ela sabia que Annie gostava de Axel mais do que ele dela e estava quase dizendo pra garota perder as esperanças porque seu coração é de outra, mas também não queria ser muito dura com ela, que só tinha dois anos de experiência no mundo dos caçadores. E apesar de ter sido uma garota mimada, já estava amadurecendo. Já havia aceitado a morte e a perda, mas ninguém está preparado para enfrentar as dores de um coração partido.

- Onde está Camerom? – Perguntou Annie.

- Comprando comida – Rebecca abriu uma revista e começou a folheá-la.

Annie sentou-se numa das camas do hotel e olhou para tudo. Estava procurando qualquer coisa ou qualquer detalhe que pudesse usar para se distrair e não ter que fazer a trigésima primeira chamada para Axel. Estava se sentindo tão hiperativa que não conseguia ficar parada respirando. Começou a cantarolar uma musica enquanto olhava para todos os lugares.

Rebecca lhe lançou um olhar de desprezo e ódio, queria que Annie simplesmente pulasse pela janela para não ter que ouvir aquela tentativa frustrada de quase melodia.

- Você pode parar? – Perguntou Rebecca, muito grossa.

- Ok – Annie ficou com medo e parou de fazer aquele barulho irritante.

Lá embaixo, Camerom estacionava o carro numa das poucas vagas. O hotel estava lotado. Mas, ao parar, ele não saiu do carro. Recostou-se no banco e continuou com as mãos no volante. Emma, que estava ao seu lado, pensou ter algo errado. Ele parecia pensativo, não só agora, mas desde que ele chamara ela para irem ao fast food.

- Você está bem? – Ela perguntou.

- Sim, apenas... Deixa pra lá.

- Pode me dizer, você sabe disso...

Camerom olhou pra ela, que parecia realmente interessada em ouvir seus problemas. Mas nada estava errado com ele, a não ser aquela sensação gelada de que alguma coisa estava errada.

- Não é nada, Emma – Disse ele, para não preocupá-la – É só... Essa sensação estranha...

- Sensação?

- Sim... Eu sei lá... Ta certo que sou meio sensível por ser um bruxo, mas... Estou com essa sensação que algo vai acontecer...

- Você tem visões? – De repente, Emma pareceu ficar mais interessada no assunto.

- Não, graças a Deus. Mas não sei o que está acontecendo...

- Camerom, você... – Foi só o que Emma conseguiu falar. Penn a puxou pela janela do carro, não dando tempo pra garota gritar.

Camerom saiu imediatamente e viu Penn com Emma nas mãos, ela estava desmaiada. Penn estava sorrindo, apenas com seus olhos vermelhos, as presas ainda estavam recolhidas.

- Solte-a! – Ordenou Camerom.

- Você nem sabe o que aconteceu comigo... – Penn jogou Emma no chão – Você sabia que quando um vampiro deixa um demônio possuí-lo, o vampiro fica mais forte e não perde sua identidade? – Penn avançou em Camerom e com apenas um soco o derrubou no chão.

Lá encima, Rebecca tirou os olhos da revista por um minuto e olhou pro nada, estava tentando ouvir alguma coisa. Primeiro ouviu o barulho de vidro quebrando, mas pensou ser apenas sua imaginação, era coincidência demais ouvir outro barulho. Annie notou que ela parecia preocupada e perguntou o que estava acontecendo. Mas ambas só perceberam quando ouviram os gritos de Penn no lado de fora.

- Rebecca! Annie! Desçam, agora! – Ele gritou e imediatamente o alarme de todos os carros que estavam no estacionamento começaram a apitar.

Rebecca e Annie tiraram suas armas da cintura e abriram a porta. Elas viram Penn em pé no meio do estacionamento, Camerom e Emma estavam desacordados e sangrando do seu lado.

Com todo o barulho, todos os hóspedes do hotel abriram as portas dos quartos pra olhar o que estava acontecendo. Rebecca e Annie logo ficaram com medo, não queriam que toda aquela gente visse aquilo, iriam ficar apavorados, isso se conseguissem sobreviver a Penn. E realmente, eles ficaram, quando viram duas pessoas sangrando no chão do estacionamento.

Penn apenas sorriu, e disse:

- Durmam, todos vocês – Quando fechou a boca, imediatamente todas as pessoas caíram no chão, começaram a entrar num sono profundo.

Annie e Rebecca assistiam a tudo aquilo com raiva, queriam matar Penn e descobrir como um vampiro com poucos anos como ele conseguia fazer aquilo com as pessoas. E Penn não estranhou que Annie e Rebecca não haviam caído na hipnose, ele sabia que caçadores sempre andavam com alho nos bolsos, era o repelente para vampiros.

Rebecca abaixou-se e pegou sua arma com balas de madeira de dentro da bota. Apontou para Penn e sem hesitar descarregou a arma nele, mas para sua decepção, Penn nem se mexia do lugar. Rebecca abaixou a arma, chocada, enquanto Penn dava outro sorriso vitorioso.

- Venham comigo, o show vai começar – Ele disse.

- Eu... – Rebecca deu um passo a frente e falou com convicção – Prefiro morrer do que ceder aos caprichos de um vampiro novato que se acha grande coisa.

- Haha! – Ele gargalhou – Você sabe que mesmo sem os poderes demoníacos implantados a mim, eu poderia quebrar seu pescoço com facilidade.

- Quero te ver tentar.

- Rebecca, não! – Annie estava com medo.

Penn abaixou a cabeça e sorriu. Ele sabia como ela era, vários vampiros já tinham informado a ele como Rebecca Van Der Lance agia. Não, ela nunca iria ceder, preferia ser queimada viva, mas nunca faria o que o inimigo estava pedindo, era uma qualidade excelente para uma caçadora durona.

- Bom, então... Vou ter que matar seu irmão na sua frente... – Penn abaixou-se e carregou Camerom, que estava acordado, mas machucado demais para se defender.

Rebecca engoliu em seco, aquilo não podia acontecer. Se Camerom morresse, seria seu fim, era a ultima coisa que queria ver na vida.

Penn passou a mão devagar pelo peitoral de Camerom, quase fazendo um carinho. Camerom abriu os olhos e fitou Rebecca e Annie na parte de cima do hotel. Rebeca estava quase cedendo, mas precisava ser forte. Penn rasgou o peito de Camerom com suas unhas, fazendo quatro marcas. Annie gritou na mesma hora e colocou as duas mãos na boca, estava chocada.

Camerom gritou de dor e foi jogado novamente no chão. Penn sorriu para Rebecca, que olhava seu irmão agonizando no chão. Nos olhos dela, as lágrimas se formaram, mas ela estava fazendo o que podia para prendê-las.

- Se vocês não vierem, primeiro eu torturo ele, depois o mato com meu sangue no seu organismo. Agora! – Ele gritou.

Rebecca se assustou com o grito e tremeu por milésimos de segundos. Uma lágrima conseguiu escorrer por seus olhos e desceu até sua boca. Ela se recompôs, e fitou Penn. Devagar, desceu as escadas brancas junto de Annie. As duas andaram até o vampiro e ficaram na frente dele, cara a cara. Ele sorriu para elas e disse:

- Entrem no carro, vocês vão adorar o que Minerva está preparando.

--

Axel abriu os olhos, a primeira coisa que fez depois disso foi olhar para a janela do quarto pra saber se era noite ou dia. Ele pôde ver as estrelas no céu, a lua ainda brilhava, não havia se passado nem uma hora desde que caíra no sono. Ele olhou para o lado da cama e percebeu que Taylor não estava ali. Foi aí que as lembranças dos últimos acontecimentos tomaram conta de sua cabeça. Ele tinha acabado de transar com Taylor e deveria se sentir culpado, mas não estava, muito pelo contrário, ele se sentia estranhamente realizado.

Sentou-se na cama e se espreguiçou, seguido de um bocejo bem demorado. Só quando esfregou os olhos que percebeu a musica de um piano. Ele olhou pra porta e lembrou-se do enorme piano que Elvira possuía no quintal da casa. Logo imaginou que Taylor estivesse lá, mas ela nunca mencionou que sabia tocar.

Axel olhou pro chão e pegou suas roupas. As vestiu rapidamente, mas não perdeu tempo procurando sua camisa que parecia desaparecida. Ele abriu a porta do quarto e seguiu no corredor que dava no quintal. Quanto mais ia se aproximando, mais a musica ia ficando alta.

Taylor estava sentada ao piano, com a camisa de Axel e tocando uma linda melodia. Ela já sabia que ele estava ali, parado, perto à porta de vidro ouvindo-a tocar, mas não disse nada e muito menos parou o que estava fazendo. Axel estava achando aquela a melhor melodia que já ouvira na vida. Ele abriu a porta de vidro e andou até Taylor, bem devagar. Sentou ao lado dela e ficou olhando para seus dedos, que iam de um lado para o outro.

A melodia terminou. Taylor e Axel se olharam e deram um beijo rápido. Ela sorriu, mas foi um sorriso triste. Estava lembrando da pessoa que compôs aquilo e que lhe ensinou a tocar.

- Meu avô que compôs – Ela disse, olhando para as teclas – Depois de 41 anos eu ainda lembro...

- É linda... – Ele sussurrou.

- Quando eu voltei pra Terra e encontrei Camerom e Rebecca, a primeira coisa em que pensei foi em saber se meu avô estava vivo... Mas, não tinha como. Quando eu morri ele tinha 69 anos, seria pedir demais viver mais 41 pra esperar o meu retorno...

- Você parece ter sido muito ligada a ele...

- Ah, sim – Ela olhou para Axel novamente – Ele era meu herói.

- Entendo... – Axel alisou o ombro de Taylor devagar, aquele era um gesto de consolo.

Eles ficaram se olhando por mais um tempo. Axel estava pensando que nunca mais havia visto Taylor com aquele olhar superior que tinha quando se conheceram. Ela, de alguma forma, era doce e ao mesmo tempo forte. Já Taylor, pensava que estava com saudades daquele olhar duro de Axel que tentava mostrar a todo mundo que ele não era vulnerável, quando na verdade, era sua característica mais elevada.

- Axel... – Ela sussurrou – O que vai acontecer... Com a gente?

- Como assim?

- Quero dizer... Se isso tudo terminar bem... Como vamos ficar?

- Já somos um nós?

- Começamos a ser quando vimos o que existe entre nossas pernas e os usamos muito ali no quarto... – Ela parecia chateada, estava achando que Axel era do tipo que fugia de compromisso, mas nem era isso que ela queria – Ou dormir depois do sexo te deixa com amnésia?

Ele riu, e não falou mais nada, apenas a beijou, e com isso já havia dito o suficiente. Ele se levantou e saiu andando em direção a porta de vidro, pensando em preparar um lanche para a madrugada, que na verdade já estava se tornando dia. Taylor riu, meio boba.

- Quer sanduíche? – Ele perguntou, aos gritos.

- De carne humana? – Ela brincou, mas ele parou de andar, achou meio tenso – Estou brincando.

- Certo – Ele sorriu, mas depois suspirou.

Foi até a cozinha e abriu a geladeira, que estava repleta de coisas, como se Elvira tivesse acabado de fazer as compras do mês. Tinha tanta coisa que era difícil até de achar o pão e o queijo, mas depois de procurar, Axel percebeu que estavam encima da caixa de cereal. Ele fechou a geladeira e levou o prato de queijo junto do pão até a mesa redonda.

Taylor saiu do piano e foi trocar de roupa. Pegou a mesma que estava antes de dormir com Axel, estava toda espalhada pelo chão. Olhou para o celular dele jogado no chão, ele apitava, dizendo que havia 30 chamadas não atendidas e 30 mensagens de Annie. Ela revirou os olhos e saiu, voltou para o piano.

Lá fora, ela estava tentando compor sua própria melodia. As primeiras notas ela já sabia, desde quando estava viva tentava compor tão bem quanto as musicas do seu avô. Mas, algo não fazia sentido. Ela tocava as sete primeiras notas e a oitava saia com outro som. Era um som forte, alguma coisa deveria estar errada com aquele piano.

De repente, seu olfato notou um cheiro estranho. Era o cheiro de Penn, mas estava diferente, algo nele havia mudado. Taylor largou o piano e correu pra porta da casa, passando por Axel e sua bandeja de sanduiches. Ela deu um chute na porta que voou na direção de Penn, ele caminhava na direção da casa. Com apenas uma mão ele afastou a porta que vinha em sua direção e sorriu pra Taylor.

- Desgraçado! – Ela gritou e correu pra cima dele.

Penn estava desviando de todos os ataques dela com facilidade, estava distraindo, tempo suficiente para Jasmim entrar na casa e desmaiar Axel. Penn olhou para ela,  estava arrastando o corpo de Axel para fora, mas Taylor não percebeu, continuou tentando acertar Penn.

Quando Jasmim e Axel já estavam fora de vista, Penn lhe deu um soco que a fez voar para longe. Os ossos do rosto de Taylor quebraram instantaneamente, assim como se reconstituíram. Ela olhou pra ele, assustada, Penn estava bem mais forte desde a ultima vez em que se viram. Ele andou até ela, devagar. Não queria dizer nada, queria que ela descobrisse por ela mesma o que havia acontecido.

Taylor o avaliou, pensou em várias hipóteses, mas quase nada no mundo faria Penn ficar mais forte que ela da noite pro dia. Ele estava apenas de olhos vermelhos, suas presas não saiam, mas seu sorriso continuava o mesmo. Foi apenas quando sentiu cheiro de enxofre que ela pôde perceber. Logo arregalou os olhos, era possível? Era possível Penn ter sido possuído por um demônio? Mas como? Vampiros não têm alma.

- Você... – Ela sussurrou – Não é possível... Você não tem alma! – Ela gritou.

- Isso mesmo. É só um casco vazio sedento por sangue, muito mais fácil de possuir.

- Taylor! – Gritou o metamorfo atrás dela, se fazendo passar por Axel.

Por incrível que pareça, Taylor não percebeu que aquele não era o verdadeiro Axel. O cheiro era o mesmo, as roupas, o cabelo despenteado, tudo estava igual. Penn sorriu, sabia que ela não perceberia o feitiço que Minerva colocou no metamorfo. Era impossível quebrar um feitiço que ela mesma criou.

- Axel, corre! – Ela gritou, mas Jasmim apareceu atrás dele e socou sua nuca.

O metamorfo caiu no chão e Taylor sentiu uma dor no peito, ainda pensava que aquele era o verdadeiro Axel. Jasmim o colocou nas costas e ele riu só porque sabia que Taylor não podia ver.

- Solte ele! – Berrou ela.

- Não será possível... – Respondeu Penn – Ele faz parte do nosso plano.

- Não, não o levem! – Taylor berrou mais – É a mim que vocês querem! Levem a mim!

- Bom, já que você insiste em ir... Jasmim, coloque ele no carro junto com os outros.

- Outros? – Repetiu Taylor, acionando imediatamente seu olfato.

Ela descobriu pelo cheiro que Camerom, Rebecca , Annie e Emma estavam na Picape azul parada perto das árvores. Ela também sentia cheiro de sangue, eles estavam feridos, e desmaiados.

- Não! Não! – Ela gritou, assim que percebeu que mais pessoas poderiam morrer por sua causa.

- Venha conosco, Taylor. É a única saída se quiser ver seus amigos de novo... – Penn estava prendendo o riso, achava hilário Taylor ainda não ter percebido que aquele que Jasmim estava colocando na picape não era Axel.

Taylor franziu o rosto, sua respiração ficou ofegante. Sim, a hora era aquela. Minerva tinha um plano que envolvia ela e para tentar salvar as pessoas que ama, precisava ceder. Mas e se Minerva quisesse destruir a Terra? Ou abrir os portões do inferno? Valia a pena matar toda a humanidade pela vida dos seus entes queridos?

- Vamos Tay – Disse Penn, estava fingindo que estava sendo gentil – Minerva já está nos esperando, vamos acabar logo com isso.

- Leve-me – Disse ela, sua voz era fria e sem vida, ainda não estava conformada que os demônios iriam ganhar aquela batalha.

--

Minerva fitou a tumba. Ao seu redor havia tochas cravadas no chão num formato circular, além de várias criaturas assistindo o desfecho de seu mistério.

A garotinha suspirou e deu um sorriso, estava aliviada, finalmente iria conseguir o que queria. E tudo estava dando certo como ela e sua mãe sempre sonharam. Brian era o que estava mais perto da garotinha, que estava prestes a ficar diabólica novamente.

- Aqui dentro, amigos – Ela começou a falar – Encontra-se a solução de nossos problemas. A pedra dos portais está logo ali, e só precisamos que uma alma boa do inferno faça o serviço – Ela virou-se e olhou para todos – Taylor Van Der Lance está chegando e vamos abrir essas portas e deixar nossos irmãos passarem, custe o que custar.

Os olhos de Minerva ficaram roxos e sua boca deu um sorriso diabólico, ela estava feliz que finalmente as portas do inferno poderiam ser abertas.

- Não se preocupem – Continuou ela – Todos vocês que me ajudaram serão muito bem recompensados – Ela olhou para Brian, que sorriu. E depois fitou as árvores – Saia daí, Emerald, não se esconda nas sombras como se fosse uma vampira comum de sua espécie.

Das árvores escuras, Emerald surgiu, seu rosto foi iluminado pela luz do luar, ela estava sorrindo com vitória, nunca daria o braço a torcer para Minerva. Atrás dela surgiram inúmeros vampiros, já com as presas de fora.

- Como posso ajudá-la? – Perguntou Minerva.

- Você sabia que este dia chegaria, M. Eu estou aqui e não estou sozinha.

- É uma pena que você veio aqui apenas para ser morta, queria muito que o restante das Rainhas continuassem vivas, a não ser uma.

- Haha! – Emerald gargalhou – Sua anãzinha insignificante, como ousas?

- Infelizmente é isso que acontecerá se você persistir em não me deixar alcançar meus objetivos – Minerva deu três passos na direção de Emerald, que ainda sustentava aquele sorriso vencedor.

- Primeiro, vou matar seus amigos – Emerald se abaixou, para ficar da altura de Minerva – E acho que enquanto isso, você deveria pegar suas perninhas finas e correr o mais rápido que pode, pois pretendo fazer que sua morte dure por muito, muito tempo.

- Foi escolha sua – Minerva sorriu e como se fosse mágica, a garotinha sumiu, e no lugar dela havia uma mulher que aparentava ter 19 anos e possuía roupas roxas, estava vestida como uma odalisca.

A nova Minerva atacou Emerald, atravessando seu braço pelo corpo da Rainha. Os vampiros que estavam atrás de Emerald recuaram, ficaram apavorados quando viram o que Minerva poderia fazer com uma Rainha.

Emerald agonizava por dentro, era como se o braço que Minerva atravessou em seu corpo fosse feito de alho e aquilo a deixava fraca e com muita dor. Minerva, por outro lado, estava rindo e demonstrou que sua real forma de humana conseguia ser mais diabólica que a garotinha que ela usava.

- Sabe, Em – Sussurrou Minerva, no ouvido de Emerald – Eu não queria matá-la apenas por questões éticas, mas sempre quis arrancar sua cabeça e dar aos meus filhotes de Bi-Hades – Minerva tirou a mão de dentro de Emerald e ficou na frente dela, parada, sorrindo – Eu sei quem você é e o que você fez.

Emerald colocou as duas mãos na barriga que sangrava, ela sentia que estava morrendo. Olhou para Minerva, não podia ser verdade que alguém sabia seu segredo.

- Você, Emerald, é uma farsa. Você não matou a verdadeira Rainha Vampira... Você a aprisionou, que vergonha. A lenda da passagem de espíritos é falsa – Minerva deu um soco em Emerald e ela caiu no chão.

Ela deu alguns passos e ajoelhou-se ao lado de Emerald, que não tinha forças para se levantar.

- O que... O que está acontecendo comigo? – Gaguejou ela.

- Meu veneno – Respondeu Minerva – Ele é meio lento e por isso é perfeito. Queria que você vivesse o suficiente para ser desmascarada na frente de todos. Você pode morrer agora – De dentro da palma da mão de Minerva saiu uma estaca, que era grudada a seu sistema. Ela enfiou no coração de Emerald, fazendo a vampira explodir logo em seguida, sem a chance de dar um ultimo grito.

Minerva suspirou, tinha sido divertido, mas ela tinha coisas mais importantes a fazer. Levantou-se do chão e olhou para os vampiros, todos estavam cautelosos, morrendo de medo de serem mortos. Ela riu da covardia deles, mas achava justo eles acharem que não devem mais se meter, já que sua Rainha era uma impostora.

- Saiam daqui – Ordenou ela – Agora.

Não demorou nem dois segundos para todos os vampiros correrem dali. Minerva nem os viu saindo de lá, mas sentiu o vento batendo em seu rosto.

- Ai, ai... – Ele se virou pras criaturas que assistiam de pé ao espetáculo – Vocês são os primeiros a me ver desta forma. Muitos viram apenas a garotinha e encontraram seu fim logo em seguida, e alguns condenados tiveram a sorte de ver como eu realmente sou.

Brian engoliu em seco, estava começando a ficar com medo. Ele achava a garotinha muito mais assustadora, já que era diabólica e angelical ao mesmo tempo, mas a Minerva adulta parecia ser muito mais perigosa. Ela tinha acabado de matar uma Emerald com muita facilidade. Ela poderia não ser Rainha, mas ele nunca viu nenhuma criatura desafiá-la ou muito menos ganhar uma batalha.

De repente, ouviu-se barulho de carro. Penn estava chegando dirigindo a picape velha e Taylor e Jasmim estavam ao seu lado. Ele parou e saiu, assim como Jasmim e Taylor. Eles andaram um pouco, Taylor não sabia que aquela mulher bonita numa fantasia roxa de odalisca era Minerva, mas já imaginava, tudo o que tinha haver com a cor roxa estava relacionado a ela.

- Chegamos – Disse Penn, empurrando Taylor no chão.

Taylor levantou a cabeça e olhou para Minerva, teve certeza que era ela quando soube identificar seu sorriso e quando seus olhos piscaram duas vezes e ficaram na cor roxa. Mas aquela era uma forma que Taylor desconhecia. Ela só sabia sobre duas formas de Minerva. A primeira, a garotinha, ela foi o único demônio que se atreveu a possuir uma criança e usá-la como máscara principal. A segunda – que Taylor ainda tentava esquecer – Era do dragão de olhos roxos que vira no inferno. Aquela coisa monstruosa tinha asas de anjo, mas era completamente demoníaca. Taylor nunca esquecerá desta forma.

- Aqui estamos... Taylor Van Der Lance... – Minerva deu dois passos pro lado, fingindo estar pensando, já que sabia exatamente o que dizer – Finalmente estamos aqui. Aceitou seu destino?

Taylor não disse nada, preferiu ignorar Minerva. Virou o rosto pro lado para não ter que encarar o rosto doentio da criatura.

- Posso saber o que fez você vir? – Perguntou Minerva, mas ela não respondeu. Minerva irritou-se e fez um movimento com as mãos, um corte surgiu na bochecha de Taylor e não estava sarando – Eu te fiz uma pergunta.

O sangue escorria do rosto de Taylor e ela não entendeu porque não estava se curando. Mas era um ataque de Minerva, a criadora dos Ereptus, é claro que as habilidades de Taylor não fariam efeito na sua própria criadora.

- Taylor, você sabe o que vai acontecer hoje?

- Não.

- Você vai abrir os portões do inferno pra mim, querendo ou não. E eu realmente estou com pressa – Minerva deu as costas para ela e começou a andar na direção da tumba, só parou quando ouviu a voz dela.

- Mas... Por que? Por que tudo isso? Por que me tirar do inferno? Por que eu?

- Taylor – Minerva foi como uma bala até onde Taylor estava ajoelhada e pegou em seu queixo – Você ainda não entendeu? Não acredito, você sempre foi tão inteligente – Ela fez bico e depois ficou parada de frente para todos que estavam ali, mas ainda olhava para Taylor – Eu precisei criá-los para apenas uma coisa. Precisava tirar as almas puras do inferno para caminhar sobre a Terra. Apenas uma alma pura do inferno pode abrir os portões, querida. E os puros são aqueles que foram parar lá sem ter culpa. Mas o que esses animais fizeram? Começaram a matar só porque eu os instrui a isso. Eles precisavam ficar puros na terra para servir ao meu propósito, mas suas mentes eram tão pequenas que falharam no meu teste. Mas você, Taylor, continua pura até agora. Lutando pela justiça, lutando contra aqueles que lhe fizeram mal, você é a minha escolhida. Você é perfeita para o que eu quero.

- Não dava pra ter simplesmente dito para todos que tinham que ficar puros? – Taylor a fitava com ódio nos olhos.

- Claro que não, minha querida – Ela se aproximou de Taylor novamente, chegou bem perto – Vocês precisavam ficar puros por vocês mesmos, ou então não adiantaria nada – Minerva sorriu e se afastou. Fitou a enorme tumba.

De dentro da picape, o metamorfo ouvia tudo. Ele estava só esperando o sinal para agir. Na parte de trás – cobertos por uma lona preta – estavam Camerom, Annie, Emma e Rebecca, muito machucados, não conseguiam sair dali.

- Hey, Minerva! – Gritou Brian e ela se virou imediatamente para ele – Esqueceu de uma coisa. Eu detesto a cor roxa – Ele jogou uma Esfera de Gás de Hades no chão, impossibilitando a visão de todos.

Taylor ficou pasmada, pensava que Brian realmente estava do lado de Minerva, e esta era sua chance de sair dali. Uma enorme aglomeração se iniciou, criaturas corriam, Penn não conseguia sentir o cheiro dos outros, o gás estava impossibilitando-o de sentir qualquer cheiro ou ver qualquer coisa.

Taylor correu na direção da picape e pegou na mão do metamorfo. Ela saiu puxando ele, queria ir pra longe dali, mas não sabia que já tinha assinado sua sentença de morte quando não percebeu que não era Axel. O metamorfo sorriu, vitorioso.

De repente, ela não sentiu mais o chão e ambos acabaram caindo num buraco. Taylor caiu encima dele, que se machucou de verdade na queda. Ela estava num lugar estranho, construído por tijolos pretos, parecia uma tumba.

Lá encima, Minerva observava tudo o que estava acontecendo, mesmo com o gás. Ela podia ver claramente onde cada um estava, só não conseguia ver onde Taylor e o metamorfo foram parar.

Penn ainda estava desesperado, não sabia pra onde correr, estava com medo de correr em círculos. Aquele gás era demoníaco, foi criado justamente para não deixar ninguém ver nada, inicialmente foi projetado para dar tempo suficiente aos demônios de escapar e fugir de um exorcismo.

De repente, ele sentiu um chute em seu rosto. Ele caiu no chão, atordoado, sem saber o que o atingiu. Ele tentou olhar ao redor e levou outra pancada. Fixou mais seu olhar no gás e viu uma linda mulher de cabelos compridos correndo feito bala sem ser vista. Era Jennifer, que havia chegado ali para ajudar. Quando foi atacar de novo, Penn se defendeu e agarrou seu pescoço.

- Vadia desgraçada, você não merece ser uma vampira – Disse ele enquanto tentava esganar Jennifer.

Jennifer deu um chute no meio das suas pernas, mas não surtiu efeito algum. Então, não havia saída, o poder de Penn era muito superior ao dela e ele iria acabar arrancando sua cabeça.

- Morra, vadia! – Ele gritou.

Só que Penn não esperava que fosse atacado por trás por outro vampiro. Ele só sentiu uma estaca de madeira atravessar sua barriga, por sorte não havia sido no coração. Ele soltou Jennifer, ela caiu no chão. Olhou para ele, ou, para o que o gás a deixava ver e notou que ele estava tirando a estaca de dentro de si.

Penn jogou a estaca longe quando a retirou pelas costas e olhou ao redor, furioso.

- Quem foi? – Ele gritava, histérico.

De repente, Nate surgiu das sombras e o atacou com um chute. Penn voou alto e deu de encontro a uma árvore. Jennifer sorriu, ficou feliz que o vampiro desaparecido finalmente tinha dado as caras e justamente a tempo de salvar a sua vida. Os olhos de Nate estavam vermelhos e suas presas brilhando. Ele fitava Penn, no pé da árvore, que já estava se levantando para matar os dois. Jennifer se levantou e ficou ao lado de Nate, em posição de ataque só esperando Penn partir pra cima deles.

Penn avançou nos dois e lhes deu dois socos, que foram defendidos por seus braços. Rapidamente ele acertou a barriga de Nate e um soco certeiro no rosto de Jennifer que a fez cair no chão, com o nariz quebrado. Ela olhou para seu nariz e com um movimento rápido o colocou no lugar e quase nem sentiu dor. Penn acertou um soco no queixo de Nate e ele voou dois metros pelos ares. Jennifer se levantou do chão com uma acrobacia de ginasta e preparou-se para atacar Penn novamente.

- Vocês não cansam? – Perguntou Penn – Sabem que eu posso matá-los fácil, fácil, não sabem?

- Talvez – Respondeu Nate, no chão, assim que abriu os olhos e se levantou – Você só esqueceu de uma coisa.

- O que?

- Quando se é vampiro e demônio, não se pega só suas habilidades. Mas também, suas fraquezas – Nate se virou para ele e jogou uma garrafa de água benta em seu rosto.

Penn deu um grito quando sentiu a água benta queimando seu rosto, ele o sentia derreter. Nate correu até ele e lhe acertou um soco no peito, Penn foi de encontro com a árvore novamente. Ele caiu no chão, ainda sentindo dor, um pouco da água benta tinha entrado em seus olhos e ele sentia ela queimando por dentro de sua íris.

A aquela altura, o gás já estava indo embora. A visão de todos havia voltado ao normal, menos a de Penn, que sentia que estava ficando cego aos poucos. Jennifer andou até onde Nate estava parado observando a agonia de Penn e pegou a garrafa de água benta do chão. Ela se aproximou de Penn e derrabou a garrafa inteira em sua goela. Foi a pior dor que Penn já sentiu na vida. Com todas as forças ele empurrou Jennifer para longe, mas não tinha mais jeito. A água benta o estava destruindo por dentro. Ele deitou no chão e entrou em convulsão.

Jennifer ficou olhando a agonia do vampiro, era uma coisa horrível. Quando se levantou, ficou ao lado de Nate, ele parecia contemplar aquilo.

- Vamos embora – Ela disse – Ele já era.

- Sim...

Nate o olhava com frieza, achava que Penn merecia aquilo por tê-lo transformado. Correu com Jennifer para longe dali, eles precisavam encontrar Taylor e Axel pra saírem dali.

Há alguns metros de distância de Penn, Brian tentava usar seus sensos de demônio para poder localizar todo mundo. Ele não conseguia sentir o cheiro de Taylor ou do metamorfo que copiara Axel, e precisava encontrá-los, já que precisava avisá-la sobre ele e o feitiço de Minerva que não deixava ninguém desconfiar dele.

Brian olhou dentre a névoa que o gás de Hades formara e viu uma sombra se aproximar dele. Pelo formato, era um homem, com certeza um inimigo. Só percebeu que se tratava do Ereptus Edward quando ele o atacou, com suas presas de fora. Brian caiu no chão e olhou para os olhos de Edward, que estava encima dele com suas mãos em seu pescoço e os olhos assassinos vidrados nos dele.

- Traidor! – Gritou Edward.

- Sai de cima de mim! – Brian também gritou, mas o Ereptus era muito mais poderoso que qualquer Mono-Hades como ele.

- Eu vou te matar! – Edward gritou de novo, mas Brian conseguiu tirá-lo de cima de si e o jogou um metro à frente.

Brian se levantou e não perdeu tempo, deixou seus olhos ficarem vermelhos, liberando seu poder e pulou encima de Edward. O Ereptus se defendeu com as mãos, eram fortes. Ele deu um soco em Brian, deixando o demônio sentir a dor de sofrer algumas fraturas. Mas Brian revidou o soco e arrancou algumas presas de Edward, elas viraram ácido e furaram o chão do cemitério.

- Você não é mais forte que eu – Edward sorriu, mostrando quando suas presas cresciam novamente. Ele chutou Brian no estômago e depois lhe socou no rosto, fazendo-o cair no chão.

Brian agarrou o estômago, agonizando, aquilo tinha doido bem mais que o normal. Edward caminhou até ele, limpando o sangue que escorria de sua boca, mal conseguia fechá-la com todas aquelas presas de tubarão que tinha. Ele olhou para Brian e sorriu, com a respiração ofegante, queria matá-lo bem rápido para poder ajudar Minerva. Brian olhou para ele, com um dos olhos fechados, a dor o fazia se contorcer e mal conseguia abrir os olhos.

- Danifiquei alguns de seus órgãos, mas não vou esperar pra você morrer.

- Vai pro inferno – Sussurrou Brian.

Quando Edward preparou o ataque, foi atingido por trás. Brian se espantou quando o sangue de Edward espirrou em seu rosto. Uma mão atravessava o peito do Ereptus, estava segurando seu coração, e Brian só percebeu que se tratava de Rebecca quando ela afastou Edward e ele explodiu no chão. Ela olhou para o coração dele em sua mão, que desapareceu. Brian, há poucos metros dela, continuava em choque, não fazia idéia do que tinha acontecido.

CAPÍTULO 15: Queime Comigo - Parte 2
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