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[Livro] Hell Yes - Capítulo 8: Quem é Imortal Sempre Aparece


- O que? – Gritou a Rainha, ela estava sentindo vontade de destroçar com a mão o pescoço de alguém.

Jennifer ficou calada. Ela olhou pro chão, estava com medo que alguma coisa acontecesse com ela, mas ela havia ajudado e feito o que podia, só que o Garoto zumbi ainda estava vivo. Nem ela sabe como ele conseguiu escapar de seus ataques.

- Isso é um absurdo! – A rainha andava de um lado para o outro, impaciente – Como Minerva se atreve a matar as pessoas da minha cidade e destruir um edifício?

- Desculpe por não poder impedi-la, Majestade. Ela é mais poderosa e inteligente do que pensávamos.

- Onde está Taylor?

- Eu não sei, mas deixei um recado para ela não voltar à mansão.

Naquele momento, Camerom e Rebecca estavam entrando. A vampira Becky corria desesperada atrás deles, temendo que levasse um castigo da Rainha por não ter avisado à ela antes deles entrarem.

Camerom estava com um rosto furioso enquanto Rebecca parecia eufórica.

- Dois Bi-Hades apareceram na minha mansão – Disse ele à Rainha – E eu pensei que a cidade era sua.

- E é minha. Por isso eu mesma vou matar esses degenerados.

- Onde vocês estavam? – Perguntou Jennifer – Pensei que estavam mortos.

- Calem-se, vocês todos – Ordenou a Rainha – Eu preciso pensar e depois agir.

- O que isso significa? – Jennifer afastou-se quando a Rainha lhe fitou.

- Significa que eu quero que vocês dêem o fora daqui se não eu vou quebrar suas costelas como gravetos! – Ela gritou.

Jennifer saiu correndo, do seu jeito vampiro, quase nem foi vista. Camerom assentiu, mas não demonstrou medo algum da rainha, assim como Rebecca. Eles deram meia volta e saíram.

- Cam, não fique assim. Vamos encontrar Taylor e voltar pra mansão.

- Queria ser otimista desse jeito, mas serei realista. Estamos a um passo de morrer, e parece que só estamos andando pra frente.

Os dois saíram da mansão da Rainha, direto pro carro que haviam roubado.

--

Axel abriu os olhos, logo sentiu dores pelo corpo. Suas costas doíam como se algo estivesse quebrado enquanto seu peito parecia que havia sido arranhado em asfalto. Mas eram apenas sensações, que ele estava muito acostumado a enfrentar depois de uma missão. Mas, as dores não lhe importaram, a primeira coisa em que pensou foi em Taylor. Logo as memórias sobre ela ter salvo sua vida consumiram sua cabeça. E ele nem sabia onde estava. Nem sabia o que havia acontecido, ou se passaram-se dias ou horas desde que ele estava dentro do carro e viu Taylor tirá-lo do edifício.

Ele ouviu uma voz feminina e virou pra direita, logo sentiu seu pescoço estalar. Emma estava sentada numa cadeira ao seu lado, com uma toalha molhada nas mãos. Ele estranhou, já que ela parecia familiar, até que se lembrou.

- Você... – Ele sussurrou – Estava na casa que explodiu...

- Você sabe quem eu sou... - Emma recostou-se na cadeira e olhou pra toalha molhada em suas mãos.

- Onde está...?

- Ela ta lá embaixo – Interrompeu Emma – Há dois dias ela está preocupada com você...

Axel tentou assentir, mas percebeu que não dava. Não disse uma só palavra, apesar de estar pensando inúmeras coisas. Uma delas, era porque Taylor estava preocupada se só o que ele fez foi tentar matá-la.

No andar de baixo, Taylor fitava a enorme porta de vidro da cozinha, de onde podia ter uma maravilhosa vista do enorme milharal. Ela estava de braços cruzados, fitando o ambiente, mas com os ouvidos bem atentos para saber que Nate estava chegando perto dela, com cautela.

- Então, você vai me contar por que invade casas que não são suas? – A voz de Taylor soava cansada e desinteressada ao mesmo tempo.

- Ah... – Nate suspirou – Isso... Nós não temos pra onde ir. É o que acontece quando você cresce num orfanato e a única saída é fugir de lá com sua melhor amiga.

- Eu pensei que nunca mais veria vocês... Foi estranho demais encontrá-los aqui. Quase tão estranho quanto vocês nos ajudarem.

- Mas você... Você salvou nossas vidas!

- Rá! – Taylor balançou a cabeça negativamente, não acreditava naquilo que Nate dizia – Vocês quase morreram por minha causa, é assim que vocês precisam ver os fatos.

Nate deu mais dois passos na direção dela, seus sapatos brilhavam com a luz do luar que invadia a casa pela enorme porta de vidro.

- Não sei o que aquela bola significa e nem porque ela explodiu. Só sei de uma coisa. Quando você soube o que iria acontecer, nos empurrou pra fora. E isso conta muito já que você tinha a opção de salvar apenas a si mesma.

- Eu gostaria... De poder salvar a mim mesma... Ou que alguém me salvasse de verdade...

Taylor olhou para trás pelo canto do olho quando ouviu passos vindo da escada. E apesar de ter alguém como Emma que fora acostumada a abusar de um certo conhecimento sobre cuidar de ferimentos e pacientes machucados, ela temia que Axel morresse. Se ele não acordasse, seria no mínimo a trigésima sétima pessoa a morrer perto dela, ou, que ela não pôde salvar. Mas ela nem podia se dar ao luxo de contar quantas pessoas precisaram perder a vida até ela aceitar o lugar para onde tinha que ir.

- Ele acordou – Disse Emma, ao pé da escada.

Taylor virou-se pra ela, que soube perceber o alivio em seu rosto. Ela passou por Emma pela escada e subiu, entrou direto na primeira porta da direita. Viu Axel sentado na cama, com as costas na cabeceira. Ele estava com a cabeça pra fora da cama, tomando cuidando para não derramar a água que estava tomando. Foi só perceber a presença de Taylor que ele deixou a xícara branca encima do criado mudo. Eles se olharam, sem saber o que dizer. Eles estavam nervosos e sem palavras.

Axel queria agradecer, mas não sabia como fazer isso sem demonstrar que abaixou a guarda. E Taylor, queria mandá-lo embora. Não por não gostar da presença dele, mas porque ela sabia o que acontecia com quem ficava perto dela. E isso também valia para Emma e Nate, que não fazem idéia na guerra demoníaca que estão se metendo.

- Posso entrar? – Ela perguntou.

- Sim...

Taylor entrou no quarto e sentou-se na cama ao seu lado. Olhou pra ele, estava reparando em seus ferimentos. Havia arranhões na testa e no lado esquerdo da bochecha, enquanto em seu peito havia uma marca de garras, que Taylor não entendeu como estava ali. Em sua barriga, havia uma mordida de um Ereptus e era de longe o pior ferimento que ele tinha.

- A gente está fora da cidade. Encontrei essa fazenda vazia, ou pelo menos, com pessoas que não nos expulsariam...

- Onde estão Annie e Paloma?

- Estão bem – Ela olhou pro lado, estava mentindo, nem sabia se Paloma havia morrido e se Annie também estava no prédio – Quando você melhorar te levo de volta.

- E o que você vai fazer?

- De uma coisa eu sei, prefiro morrer do que me tornar um deles...

Axel assentiu e fitou a mão dela, ainda usava o anel com o símbolo de serpente da família Van Der Lance. Depois olhou para seu rosto, que ainda voltava-se a janela aberta. Ele notou uma tristeza e um cansaço nela, como se ela estivesse gritando “já chega!” por dentro e ninguém ouvisse. Ele concluiu, então, que ela só podia estar se sentindo culpada por tudo o que aconteceu, apesar de não lembrar se o prédio explodiu ou não.

- Então, essa e a verdadeira Taylor Van Der Lance? Estou sentindo falta do seu vocabulário maldoso e do seu olhar presunçoso – Ele sorriu, sem mostrar os dentes, assim como Taylor.

- Eu costumo ser mais divertida quando não estão me obrigando a ser um monstro ou voltar pro inferno.

Eles se olharam novamente, sem saber o que dizer. Mas, o que poderiam dizer sem ser algo que ferisse o orgulho de ambos? Taylor estava se sentindo culpada demais, muito mais do que ficou com qualquer um dos que morreram por ela antes, só não sabia porque. Enquanto Axel, estava mais agradecido do que de costume, mas relutava em acreditar que um dia Taylor não iria virar um monstro que se alimentasse de humanos mesmo sem precisar comer.

- Tenho que ir... – Ela levantou-se.

- Não! – Gritou Axel, mas logo tratou de demonstrar uma normalidade falsa – Quer dizer, você pode ficar... Se quiser...

- Só se você tiver algo a me dizer.

- Obrigado – Ele disse, finalmente.

- Ah – Ela suspirou – Eu não cuidei de você, Emma cuidou. Não me agradeça em vão.

- Mas se não fosse você, não teria doente algum para Emma cuidar...

- Quer me agradecer de verdade? Então fique vivo. E eu sei que isso é pedir muito pra você – Ela sorriu. Andou até ele e lhe deu um beijo na testa – Sonhe com os anjos.

Quando saiu do quarto, bateu a porta, mas ficou na frente dela. Fitou o corredor, estava pensando demais e devia parar de fazer isso. Lá dentro, Axel olhava pra porta, um pouco confuso. Nem estava acreditando que foi capaz de agradecer alguém verdadeiramente.

Taylor desceu as escadas e passou por Emma e Nate que estavam nas poltronas da sala. Ela pegou as chaves do carro roubado dos dois e foi em direção a porta.

- Aonde você vai? – Perguntou Emma, um pouco assustada.

- Encher a cara, não bebo há 41 anos – Taylor bateu a porta da frente, fazendo Emma se perguntar se aquela era alguma gíria pra quem não bebia há muito tempo.

Emma olhou para Nate - que ainda estava sentado na poltrona – E seu olhar fazia uma pergunta.

- Não olhe assim pra mim, eu nunca entendi as mulheres – Nate deu de ombros.

--

Taylor parou o carro na frente do primeiro bar que encontrou na cidade. Sua placa de Neon era chamativa e seu nome era “Hell Will”.

- Ótimo – Murmurou ela, assim que leu o nome.

Bateu a porta do carro e entrou, com as mãos dentro de seu casaco marrom escuro. Logo que entrou, notou que o local estava cheio. Cheio de motoqueiros fedorentos e porcos fumando e jogando sinuca enquanto revezavam tacar uma bola na caçapa e fumar seu cigarro barato. Do outro lado, havia pessoas que tinham uma boa aparência. Não em beleza, mas sim no modo de vestir e no jeito de agir. Eram doze ao todo, e estavam fazendo um brinde atrás do outro, com certeza um deles havia sido promovido numa empresa ou estavam numa despedida de solteiro. Já no balcão, havia um homem de camisa social azul sentado com seu terno marrom ao lado. Havia apenas um copo a sua frente, que ele relutava em tomar, parecia estar pensando em alguma decepção. Taylor não teve escolha, teve que sentar-se ao lado dele no bar.

-Vodka dupla, por favor – Ela pediu enquanto tirava seu casaco e colocava na cadeira.

O barman nada simpático não respondeu nada, apenas pegou uma garrafa e começou a preparar a bebida. Taylor olhou pro homem ao seu lado, curiosa. O que aquele cara de trinta anos, cabelo cacheado e com aparência importante poderia estar sofrendo? Traição no casamento? Foi demitido?

Ele bebeu um gole e olhou para Taylor.

- O que foi?

- Nada – Ela respondeu – Só acho que hoje não foi o seu dia.

- Vem sendo assim há uma semana – Ele tomou mais um gole e deixou o copo quase vazio no balcão.

- Também tive uma péssima semana. Tive que fugir de criaturas, cuidar de um caçador que tentava me matar, fugir da minha antiga patroa que fugiu do inferno e agora estou aqui, bebendo com um desconhecido.

Ele olhou pra ela, assustado. Ela retribuiu o olhar com uma expressão desafiadora, mas não estava negando nada do que falara. Eles continuaram se encarando, até o homem começar a rir. Ela estranhou sua reação, mas decidiu ir na onda. Deu um sorriso falso.

- Que engraçado – Ele disse – Acho que essa ainda foi a coisa mais normal que já me disseram.

- Taylor Van Der Lance – Ela estendeu a mão para ele.

- Phill... Phill Clearwater – Ele apertou sua mão – Muito prazer.

O barman deixou a bebida de Taylor a sua frente e ela tomou o primeiro gole. A bebida ardeu em sua garganta, muito tempo havia se passado desde que ela tomara pela ultima vez. Fez uma careta e balançou a cabeça.

- É a primeira vez que você bebe? – Perguntou Phill.

- A primeira vez desde muito tempo. Parece que fazem anos que eu não bebo nada – Ela ironizou, mas até que gostou.

- Outra, por favor – Pediu Phill ao barman – Quero o mesmo que ela.

- Então Phill... Vai me dizer o que lhe aflige ou vou ter que arrancar de você depois de alguns drinks?

- Acho que você já sabe. Mulheres têm um radar pra identificar homens traídos, muitas vezes, com alguém da própria família... Dela.

- Uau! – Mas o que ela queria mesmo dizer era “se ferrou, otário”. Se ele achava que mulheres tinham radar pra isso, deveria repensar nas definições que ele dá pra quando a mulher diz que vai ir para a academia com seu primo – E você o que fez?


- Filmei os dois e coloquei na internet – Ele olhou pra ela, com um sorriso malicioso – Você deve imaginar o que a família Polonesa dela fez quando a viu transando com o próprio primo. Tem mais de dois milhões de acessos.

- Uau! De novo! – Mas o que ela queria dizer era “Não sabia que poderíamos destruir a vida de alguém usando a internet” – Mas se você se vingou, por quê está triste?

- Ah – Ele suspirou e olhou pro fundo do seu copo – Não é como se a humilhação pública dos dois fosse invalidar a traição... Acho que no final, o que ela fez foi bem pior.

Taylor não disse nada, apenas tomou mais um gole de vodka e fez outra careta. Ardeu menos dessa vez, ela sabia que iria se acostumar.

- O que passou, passou. Azar o dela, literalmente. Porque agora você virou um dos solteiros mais cobiçados desse fim de mundo que eu não sei o nome e pode pegar quem quiser.

- Quer saber? É melhor pensar por este lado mesmo.

O barman deixou a vodka em frente a Phill, que bateu o olho nela e logo pensou em brindar com Taylor. Ele pegou o copo e olhou pra ela.

- Vamos brindar – Ele propôs – A todas as ex esposas infiéis e incestuosas que se perderam na luxúria e acabaram ficando sem o amor de ninguém.

- Essa foi boa – Taylor pegou seu copo – A todas as avós vadias e gananciosas, capazes de arruinar a vida das netas por beneficio próprio.

- O que você quer dizer com isso?

- Fiz faculdade de medicina ao invés de veterinária por causa dela – Taylor mentiu, estava achando Phill legal demais para assustá-lo mais com a verdade.

- Então, tin-tin.

Eles brindaram e logo depois tomaram um gole enorme de vodka. A cabeça de Taylor revirou, mas Phill estava bem demais. Colocou seu copo no balcão e olhou pra ela, com medo que ela vomitasse.

- Vai com calma aí, Taylor – Ele pediu.

- Nossa, eu quase desmaiei com essa... – Ela pegou na cabeça, a tontura piorou, mas ela decidiu não dar muita bola pra isso – Talvez eu devesse recomeçar por uma bebida mais leve...

- Também acho, Vodka é pra quem já está acostumado. A primeira vez que bebi, desmaiei no primeiro copo e quase vomitei meu estômago.

- É, deve ter sido lindo... – Ela sorriu e olhou pra ele, que também estava sorrindo.

- Você é muito divertida Taylor.

- Obrigada... – Ela respondeu, sua visão começou a embaçar.

- É uma pena que esteja do lado errado nesta briga... Quem sabe um dia possamos nos enfrentar e talvez eu te mate com dignidade...

- O que? – Ela ouviu exatamente o que ele disse, mas estava confusa. Enquanto isso, sua visão embaçava ainda mais e a tontura só piorava. Ela caiu da cadeira e Phill deu uma gargalhada. Ele saiu da cadeira e olhou pra ela.

- Sinto muito por isso, mas eu já havia assinado um contrato das trevas desde que matei meus tios. Minerva tinha razão, eu nasci pra isso.

- O que? – Taylor sussurrava, já estava vendo a hora em que ia desmaiar – Você... Quem é você?

- Ah... – Ele abaixou-se e olhou nos olhos dela, que relutavam em se fechar – Não gosto de apresentações formais, mas posso afirmar que o sangue Hevovich corre em minhas veias. Mas quando for me xingar mentalmente, use o nome Penn, odeio disfarces quando não preciso deles. Agora apague, deixe-me dar um olá para meu querido primo.

Taylor tentava lutar, mas não resistiu, acabou apagando. Phill a observou com uma expressão de pena, não queria ter tido que dopá-la. Ele realmente a achou interessante, mas ainda se perguntava porque Minerva dava tanta bola para ela.

Ele levantou-se e fitou o barman. Todos no bar estavam olhando pra ele, com uma expressão séria.

- Obrigado – Ele disse – A todos vocês. Com certeza ganharão muitos pontos com Minerva.

Os olhos de todos que estavam no bar ficaram imediatamente vermelhos. Eram todos demônios, e apesar de Phill detestar essa espécie, estava muito grato por eles terem facilitado tudo. Mas seu ego imortal não o deixaria passar daquilo.

- Levem-na para o Cemitério Saint Jacob, e não conte a Minerva, a não ser que queira que eu os mande de volta lá pra baixo – Phill retirou-se, e os Mono-Hades começaram a retirar Taylor do chão.

--

- Tudo bem, Elvira – Disse Axel, no celular – Só estou esperando eu me recuperar.

- Paloma e Annie estão aqui, não se preocupe, o prédio explodiu depois que nossos caçadores haviam saído.

- Tudo bem, te vejo amanhã – Axel desligou. Jogou o celular na cama e andou até o espelho.

Ele era alto demais para se ver por inteiro no espelho da penteadeira. O espelho apenas refletia até seu nariz, mas ele não se incomodou, só estava querendo ver seus ferimentos. Ele arrancou devagar o curativo que Emma acabara de fazer e olhou pra mordida em sua barriga. Parecia que não estava melhorando. Notou que o resto dos ferimentos estava cicatrizando, e este era o normal. Afinal, passaram-se dois dias desde que ele fora ferido. E o fato da mordida de um Ereptus ainda não estar curando era preocupante. Ele logo pensou que poderia haver uma transformação, ou uma infecção, ou até que a ferida poderia nunca sarar.

Axel colocou o curativo de volta, foi aí que ouviu um barulho vindo do milharal. Ele olhou rapidamente e se aproximou da janela. Foi quando viu que ele estava pegando fogo e que alguém andava entre o milho. Ele correu até rua roupa e carregou sua arma com o cartucho de balas de madeira. Desceu as escadas correndo e impediu que Emma abrisse a porta.

- Saia daqui! – Ele mandou.

- O que está acontecendo? – Perguntou Nate.

- Corram, ou vão morrer.

Emma e Nate trocaram um olhar assustado, não estavam entendendo, só sabiam que de repente o milharal estava em chamas e que deveria haver um bom motivo pra isso.

- Agora! –Gritou Axel.

Os dois tremeram. Pegaram suas mochilas no chão da sala e saíram pela porta dos fundos.

Axel, por sua vez, mirou a arma na sua frente e derrubou a porta da frente com seu pé. Saiu da varanda, descendo as pequenas escadas e foi na direção onde vira aquele homem andando. Só depois de chegar perto o suficiente que ele foi reconhecer Phill.

Phill estava sorrindo para Axel, enquanto um ódio e sede de vingança consumiam seu primo. Ele só estava provocando Axel, queria que ele lembrasse de quando trucidou seus pais na sua frente sem dó nem piedade.

- Você... – Axel sussurrou.

- Tcharam! Sentiu saudades?

Axel atirou nele, mas ele conseguiu desviar. Phill olhou pra trás e pôde acompanhar a bala, percebeu que era de madeira.

- Aut, não seja tão agressivo. Você sabe que é como um irmão pra mim.

- Eu vou te matar!

- Calma, eu só vim conversar. Jasmim.

De repente, Axel foi empurrado pra trás e sua arma foi tirads de suas mãos. Ele nem viu o que aconteceu, até olhar que uma garota estava perto de Phill e tinha sua arma nas mãos. Ela estava com as presas de fora, era uma vampira, mas estava vestida igual uma prostituta. Seus cabelos eram pretos com toques de roxo e iam até a cintura. Ela usava um short curto preto e uma blusa vermelha que ressaltava seus seios. E ainda estava com sangue nas presas, com certeza havia se alimentado há pouco tempo.

Ela jogou a arma pro meio do milharal e fitou Axel.

- Esta é Jasmim – Disse Phill – Minha nova companheira. Tive que dar um fim na vadia que me traiu com seu primo. O video deles morrendo está na internet, a propósito.

- O que você quer? – Axel o olhou nos olhos, querendo deixar claro o ódio que sentia.

- Já disse, quero conversar.

- Não temos nada pra falar.

- Eu tenho, e você vai ouvir. Quero lhe fazer uma proposta – Phill deu dois passos pro lado, bem devagar – Eu quero ter você do nosso lado. Quer dizer, quero que você seja um de nós. Acho um desperdício alguém tão inteligente e profissional morrer só porque escolheu o lado errado.

- Se eu quisesse ter virado um monstro, já o teria feito.

- Priminho, você sabe que vamos conseguir o que queremos, não é? Basta uma mordida, e ela vira um deles, pra sempre. Não é demais? Novas criaturas andando por aí, com apenas um propósito. Mas eu não posso dizer, não insista.

- Vai pro inferno.

- Haha! –Phill gargalhou – E você acha que a Rainha dos Portais me deixa passar? Jogar meu charme não foi o suficiente.

Do fundo da casa, Emma e Nate observavam tudo. Eles sabiam que Phill e Jasmim eram vampiros, e estavam tremendo de medo. Eles não achavam que podiam ser vistos ali, escondidos no meio da plantação, mas também não imaginavam que Phill e Jasmim podiam sentir seu cheiro.

- Imagino – Axel olhou para Jasmim, que estava quase fazendo uma dança sensual perto de Phill. Ele ficou com pena da garota, que não fazia idéia do fim que lhe estava garantido – Pobre coitada. Mal sabe que está prestes a morrer.

- De novo? – Phill sorriu – Priminho, ela já sabe que está morta. Mas, não mude de assunto. Vai me dar uma resposta? – Ele olhou pra Emma e Nate, que trataram de se abaixar.

- Você sabe onde enfiar essa proposta – Axel fechou sua mão num punho, estava furioso, mas não podia arriscar um ataque já que poderia morrer e assim não concretizaria sua vingança.

- Tudo bem, eu tentei. Agora vou indo, foi uma pena você não ter mudado de idéia... – Phill deu as costas para ele – A propósito, se quiser ver sua Ereptus de estimação, vá até o Cemitério Saint Jacob a meia noite de hoje. Você vai amar o que preparei pra ela.

Axel relaxou as mãos, mas não porque estava se sentindo melhor e sim porque Taylor estava em perigo e o choque de saber disso foi enorme. Ele fitou Phill, que ainda estava parado, de costas, com certeza esperando uma resposta, mas não conseguia dizer nada. Se Taylor morresse – de novo – seria horrível. Mas, por que seria?

- Mas antes... – Sussurrou Phill e correu como um vulto até Emma e Nate.

Os dois gritaram e se afastaram. As presas de Phill estavam pra fora e ele estava rosnando. Axel olhou pra trás e viu o que estava acontecendo, imediatamente correu, mas foi parado por Jasmim e sua força vampiresca de recém-criada. Ela segurou Axel por trás em seus dois braços e ele mal pôde se mexer. A pele gelada e dura de Jasmim era como mármore.

Phill, ainda no milharal, tentava escolher qual dos dois morder. Emma parecia ser a mais calma dos dois, já que Nate estava quase tendo um infarto. Phill puxou Emma e mordeu seu pescoço, enquanto Axel gritava e tentava soltar-se de Jasmim. Nate observava Ema sendo sugada por Phill, mas não conseguiu fazer nada, apenas assistiu a melhor amiga sendo drenada

Phill lançou Emma ao chão, ela já estava chorando e sem forças. Ele mordeu seu pulso e aproximou-se de Nate. Colocou seu sangue na boca dele, que tentou resistir, mas não teve escolha. Nate engoliu o sangue, quase colocando-o pra fora.

Axel começou a gritar ameaças, jurou que Phill iria pagar por tudo que fez. Phill, olhou pra ele, estava sorrindo e isso só fez Axel ficar com mais ódio.

- Relaxe – Pediu Phill – Só estamos brincando.

Phill correu até a arma de Axel que Jasmim jogara milharal a dentro. Ele a segurou, achou leve, não causava uma boa impressão. Ele correu até onde Jasmim prendia Axel pelos braços. Axel já estava mais calmo, havia parado de lutar contra a força de Jasmim.

Lá atrás, Nate tentava levantar Emma pra eles saírem dali, mas ela estava fraca demais pra andar.

- Nate... Corre, me deixe. – Ela sussurrava.

- Não, você vem comigo – Ele colocou seu braço em volta de seu ombro e a levantou.

- Olhem só, o casal fujão – Phill usava um tom de voz irônico – Como humanos são covardes – Ele apontou a arma e atirou.

O tiro atravessou a cabeça de Nate e o fez cair no chão junto de Emma. Quando ela viu o que havia acontecido, começou a gritar e a chorar, a dor de perder Nate era insuportável e ela só desejava que aquilo fosse só um sonho. Segurou o corpo de Nate, que sangrava pelo buraco feito a bala na testa.

- Quanto escândalo – Reclamou Phill – Até parece que ele não vai se recuperar e começar a beber sangue pra viver – Ele olhou para Axel, que fitava o chão com um olhar derrotado – Você entende né? Temos que procriar. Aconselho você a deixá-lo vivo. Você não vai querer que eu transforme outra pessoa, não é?

Axel levantou sua cabeça devagar e olhou para Emma, ela ainda chorava arduamente encima do corpo de Nate. Ela não sabia o que havia acontecido, mas Axel sabia o que aconteceria. Talvez, Nate a matasse num deslize e numa vontade louca de obter sangue, e mais pessoas inocentes morreriam por causa dos caprichos de Phill.

- Agora vamos, Jasmim – Phill correu, desapareceu no milharal junto de Jasmim.

Axel caiu no chão, havia sido empurrado pela vampira e não saiu de lá. Pegou a areia do chão com suas mãos, estava tentando se acalmar, mas era quase impossível. Ele só pensava nas coisas que Phill poderia ter feito e todos esses anos, quantas famílias destruiu, quantas pessoas serviram de alimento para ele. Não era a primeira vez, e não ia ser a ultima, e o retorno de Phill só provava isso.

Uma lágrima escorreu do seu olho esquerdo e pingou na areia. Ele estava segurando, mas não pôde resistir. Olhou pra cima e gritou, o mais alto que pôde, aquele ódio e aquela dor precisavam sair de algum jeito.

Emma nem ligava para aquilo, estava preocupada demais em chorar pela “morte” de Nate. Foi aí que ela sentiu ele se mexer. Seu olhos abriram e ele puxou o ar. Ela se afastou dele e o observou. A marca da bala não estava mais em sua cabeça, mas ainda estava sujo de sangue.

- O que aconteceu? – Ele perguntou, com a respiração ofegante.

Emma estava pasma e assustada. Afinal, aquilo era impossível de acontecer, certo? Ah não ser que...

- Meu Deus... – Ela sussurrou e olhou para Axel. Queria que ele respondesse com seu olhar se era verdade o que ela estava desconfiando, mas ele não demonstrou nada além de dor.

Emma olhou para Nate novamente, tentando raciocinar. E ao mesmo tempo em que acreditava, torcia para que ele não se transformasse em vampiro. Mas, então, por qual motivo ele havia ressuscitado se não fosse isso?

- Emma? O que aconteceu? – Nate estava assustado, a expressão de Emma não ajudava muito.

Emma não disse nada, apenas o abraçou. Ele correspondeu seu abraço, sentindo algo que não sabia o que era, até sua garganta começar a arder.

CAPÍTULO 9: Garotas Levadas Adoram Cemitérios
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