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[Livro] Hell Yes - Capítulo 7: As Habilidades dos Bi-Hades


Quando a porta do elevador se abriu, Taylor pôde ver e ouvir o horror que estava aquele andar. Havia Ereptus mordendo as pessoas, outros simplesmente destruindo tudo que viam pela frente, e eram muitos, como se ali tivessem sido concentrados todos e mais alguns que haviam saído do inferno como ela.

Logo, seu senso de justiça ativou e ela correu para o primeiro Ereptus que viu. Ele estava mordendo uma mulher no pescoço, ela ainda estava viva e gritava muito. Taylor o puxou pelo cabelo e o jogou no chão. Em um único movimento, cortou sua cabeça com o machado e assistiu seu corpo desaparecer ao meio do fogo que parecia estar consumindo-o. Não restaram nem cinzas, mas Taylor não podia ficar ali para olhar. Deu uma machadada na costa do Ereptus ao lado e ele caiu no chão. Ela tirou o machado das costas deles e cortou sua cabeça, que teve o mesmo destino dos demais Ereptus mortos.

Naquele momento ela recebeu um soco de um deles, um roqueiro, que estava com uma jaqueta de couro preta e colecionava piercings e tatuagens pelo corpo. Mas ele era diferente dos outros. Tinha olhos vermelhos e dentes afiados como os outros, mas em sua testa havia dois chifres pequenos, mas pontudos, ele estava mais diabólico que qualquer outro ali.

Taylor levantou-se e lhe socou duas vezes, mas ele não saiu do lugar, apenas virou o rosto pro lado e depois fitou ela, como se não tivesse acontecido nada. Ela se espantou e temeu seu próximo golpe. Levou um soco que a fez praticamente voar e parar longe, encima da máquina de xérox. Ela sentiu os ossos de seu rosto quebrando, mas eles estavam voltando ao normal rapidamente, esta era a vantagem de ser um deles.

Taylor ficou de pé no chão, esperando o Ereptus maligno vir até ela. Ele correu em sua direção, mas quando chegou perto, ela lhe deu uma rasteira e ele deu de encontro com a janela de vidro, quebrando-a. Ele caiu do segundo andar na calçada. Ela olhou pelo enorme buraco e o viu levantar, sabia que ele iria voltar. Olhou pra trás e correu na direção do próximo Ereptus. Lhe deu um soco no rosto e um chute na barriga, fazendo-o se contorcer. Ele segurou a barriga, estava doendo. Taylor lhe deu um chute giratório no rosto e ele quebrou o pescoço. Quando voltou ao chão, vangloriou-se, adorava poder fazer aquilo. Pegou o machado no chão e cortou seu pescoço, mas não teve tempo de assistir ele desaparecer desta vez, os outros Ereptus estavam se reunindo para atacá-la, de uma vez só. Foi aí que Axel apareceu e com uma espingarda e acertou a cabeça de cada um deles.

O sangue deles espirrou em Taylor quando foram atingidos. Axel observou eles se desintegrando e depois jogou a espingarda no chão, pois já estava sem balas e carregá-la seria inútil. Taylor olhou para ele, com surpresa. Ela sussurrou “uau”, mas na verdade queria dizer “ai meu deus você é demais!”. Mas, Axel puxou sua arma pequena e apontou para Taylor, que logo se assustou. Só quando ele disparou que ela foi notar que havia um ultimo Ereptus atrás dela, que foi acertado na cabeça com a bala dele. Foi um susto para ela, mas ao mesmo tempo, muito legal.

- Não se preocupe – Axel abaixou a arma – Não vou te matar... Ainda.

- Há! – Ela sorriu, mas estava besta.

- Vamos, temos mais pra matar – Axel piscou e saiu pela porta.

Taylor, que já estava besta com a atitude dele, ficou mais ainda. Começou a achá-lo incrível, pois realmente não esperava aquela atitude. Mas, tinha que ajudar, se quisesse que ele confiasse nela pelo menos. Correu atrás dele, que já estava em frente a porta da escada, segurando a arma em posição de ataque.

- Axel, atrás de você! – Ela gritou, assim que viu um Ereptus se aproximando dele.

A rapidez de Axel no gatilho era invejável. Antes que Taylor pudesse raciocinar qualquer outra coisa, ele já havia estourado a cabeça do Ereptus. O sangue espirrou na parede junto de partes do cérebro, que logo foram consumidos pelo fogo, sem deixar qualquer vestígio.

Por um segundo, Taylor se perguntou o que acontecia com a alma dos Ereptus mortos. Mas no fundo, ela já sabia pra onde eles iam. Uma onda de pena a consumiu, e sua expressão mudou. Axel, que olhava pra ela, percebeu que havia algo errado, mas não podia imaginar o que se passava na cabeça dela.

- Algum problema? – Perguntou ele, revezando seu olhar em Taylor e na escada a sua frente.

Taylor engoliu em seco. Seria cruel da parte deles mandá-los de volta para aquele lugar? Ela achava que nem o pior dos assassinos merecia aquele lugar, e não sabia se o que valia mais era não permitir que eles matassem humanos ou não fazê-los voltar de onde vieram. Mas, se ela os ajudasse, seria oficialmente uma deles?

- Nada – Ela respondeu – Vamos.

Axel assentiu e começou a subir as escadas. Taylor correu até ele, tentando não pensar em nada. Olhou para a arma pregada na perna de Axel, talvez estivesse cheia de balas.

- Eu quero uma arma.

- Nem pensar. Use seu machado – Ele subiu mais degraus e olhou pro próximo andar.

- Isso dificulta as coisas. E eu quero estourar alguns miolos, vai me negar este prazer?

- Escuta – Ele olhou para ela – Ainda não esqueci que você é um deles, e pode ter certeza que estou esperando seus olhos ficarem vermelhos e você criar presas pra te matar. Fica na sua.

- Ok – Taylor ficou emburrada. Subiu dos degraus acima de Axel e olhou para ele – Eu e meu machado super poderoso vamos na frente. Você, me cubra, Super-Homem – Ela subiu mais dois degraus.

Axel deu uma risadinha, estava achando impossível existir alguém igual ela por aí, mesmo que esteja aniquilando sua espécie neste exato momento.

--

Enquanto Taylor e Axel se aventuravam no andar de cima, a polícia finalmente havia chego ao local. Jennifer, que estava alimentando-se do sangue do Ereptus, escondeu-se atrás das árvores.

A polícia estava em peso, pelo menos cinco viaturas podiam ser vistas por Jennifer. E de lá saíram doze policiais armados e um senhor de terno que parecia ser um detetive. O que Jennifer não podia ver, era que Minerva estava ali, observando tudo. A garotinha estava do outro lado da rua, em pé, em frente a um banco preto de ferro. Foi a melhor vista que encontrou para contemplar os estragos feitos pelos Ereptus. Seu olhar, era angelical e sombrio. A boneca de pano em sua mão balançava, como se tivesse batido vento, ou como se estivesse viva.

Quando notou que os policiais iriam entrar no prédio, percebeu que isto poderia arruinar o plano. Apenas um tiro na cabeça de um Ereptus e ele morre, como se fosse um zumbi.

- Não posso permitir – Minerva sussurrou para si mesma, e imediatamente seus olhos ficaram roxos.

Ela estendeu a mão para frente, na direção dos policiais, e foi só o que bastou para os carros começarem a tremer. Os policiais hesitaram na invasão e prestaram atenção em seus carros, perguntando-se o que estava acontecendo. E não demorou muito para o primeiro carro ir pelos ares. Logo depois, todos os outros, Minerva estava acertando os carros nos policiais para que morressem.

Os baques faziam um barulho estrondoso, e espremiam os policiais, antes de pegar fogo e haver uma explosão, que Minerva tratou de apagar para não chamar mais atenção.

No fim, onze policiais haviam sido esmagados, apenas um estava vivo. Estava preso debaixo de um carro em chamas e estava gritando de dor, enquanto morria pouco a pouco pelas chamas. Este foi o único carro que Minerva não apagou o fogo, queria ver o sofrimento do policial.

- Assim eu me sinto em casa... – Ela disse.

Ainda atrás das arvores, Os olhos arregalados de Jennifer demonstravam medo. Ela só havia notado Minerva quando os carros começaram a voar. Ela estava sorrindo maliciosamente. Jennifer estava apavorada. Nunca havia visto coisa parecida, era como se Minerva fosse uma Deusa.

Os olhos de Minerva encontraram os de Jennifer, que deu um pulo com o susto.

- Eu sei quem você é... – Disse Minerva, ainda com o sorriso – Mas não irei matá-la.

Jennifer só havia ouvido o que ela dissera por causa da super audição de vampira, mas preferia não ter ouvido nada. Ela correu, como bala, para avisar a Camerom, Rebecca e Brian o que estava acontecendo.

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Só mais uma vez”, prometeu Camerom a si mesmo. Ele fitou a enorme parede verde e sacudiu a bola de tênis em sua mão. Ele treinaria apenas mais uma vez, já estava cansado daquilo. Cansado de ter que saber sobre tudo do mundo normal e ainda ser um líder no mundo dos caçadores, e tênis era um esporte desagradável, talvez criado apenas para socializar pessoas que têm dinheiro com pessoas que têm mais dinheiro.

Ele sacou a bola, medindo suas forças. Ela bateu na parede e voltou. Ele correu pra esquerda e conseguiu pegar a bola, que bateu na parede novamente. Assim se passaram alguns segundos, até Rebecca abrir a porta. Ela observou Camerom pela janela transparente, sem dizer uma só palavra. Ficou se perguntando como nunca havia usado a sala de treinamento de tênis da mansão, parecia ser um esporte legal.

Quando Camerom errou a bola, ele olhou para a vidraça. Só assim viu Rebecca, que balançou os dedinhos para cumprimentá-lo. Ele andou ate ela, tentando enxugar seu suor com as mãos.

- Você joga bem – Ela disse, lhe dando uma toalha para se enxugar.

- Eu sei – Ele enxugou seu rosto e depois olhou para ela, tentando controlar sua respiração ofegante – Mas você não veio aqui só pra me ver jogar.

- Obviamente. Quero mostrar uma coisa.

- Relevante? – Ele jogou a toalha no banco de madeira.

- Completamente.

- Vamos lá.

Rebecca não disse mais nada, apenas saiu pela porta. Camerom a seguiu.

Quando chegaram a biblioteca, Rebecca foi direto ao computador. Colocou a mão no mouse para sair do modo proteção de tela. Logo, havia uma página da internet ali. Camerom aproximou-se para ler.

- Digamos que eu tive sorte - Começou Rebecca – E muita disposição. Li finalmente a história de Taylor Van Der Lance e fiquei curiosa com o acontecido.

- Claro que ficou.

- Então... – Ela clicou numa pagina, começou a carregar – Tive que pesquisar, mas não sabia por onde começar. Poderia ser ‘avós malignas’ ou ‘pacto com o diabo’, mas preferi usar o termo ‘oferenda de familiares”. Eu sei, meio estranho, mas obtive resultados – A página se abriu. Nela, havia um artigo sobre as oferendas feitas para conseguir algo – E de acordo com isso aqui...

- É um pacto, onde você não sofre danos – Completou Camerom – Mas em compensação, você precisa dar a alma do primeiro neto homem que nascer na família. Ou da neta. Depende da sua escolha. Se foi pra me mostrar o que eu já sei, você perdeu seu tempo.

- E você sabe disso? – Rebecca clicou em outra página. Era uma notícia que dizia “Mulher afirma que filho fugiu do inferno”.

Camerom aproximou-se, parecia ser interessante e tinha haver com o que estava acontecendo. Ele leu: “Mulher de 41 anos diz que filho fugiu do inferno depois de ter sido oferecido a satã pela avó”.

- O que significa isso? – Ele perguntou.

- Significa – Rebecca virou para ele – que todos os netos de idosas gananciosas estão saindo do inferno.

- E por que?

- Lembra da história que a mamãe contou uma vez? Sobre as almas do inferno? Só podem fugir do inferno...

- Almas puras - Completou Camerom, raciocinando.

- E as únicas almas puras do inferno, são aquelas que foram parar lá por causa de outra pessoa.

- Não é possível...

Um barulho vindo do andar de baixo atrapalhou a conversa. Camerom e Rebecca olharam pra porta da biblioteca e depois trocaram um olhar cauteloso.

- Diga que Brian está aqui – Falou Rebecca.

- Ele não está – Camerom correu, atrás dele, Rebecca.

Os dois desceram correndo as escadas até chegarem ao hall. Estava tudo normal, se não fosse por um homem estar de costas mexendo nas armaduras de altura humana dos tempos medievais. Camerom e Rebecca não o reconheceram, estava escuro demais. Ela puxou a arma e escondeu atrás de si, prestes a destravar.

- Não sei porque vocês colecionam essas porcarias... – Disse o homem – Este ambiente deveria ter ficado mais modernos com o tempo, mas vejo que algumas famílias simplesmente não evoluem.

- E esta é a opinião de quem? – Perguntou Camerom, não conseguia reconhecer a voz do misterioso homem no escuro.

- Cam... – Sussurrou Rebecca quando o homem começou a se mexer.
Ele deu dois passos na direção da escada, a luz do luar batia em seu peito, mas seu rosto continuava um mistério. Colocou as mãos no bolso fitou os dois.
- Acho que você me conhece... Mas eu estava em outro corpo, de qualquer modo.

- Lector – Cuspiu Camerom, como se fosse um palavrão.

Ele o conhecia muito bem. Lector era conhecido como o garoto zumbi, apesar de poder trocar de corpo numa possessão a humanos. Ele era um dos seres mais desprezíveis que poderia existir, era um Bi-Hades, era nojento e grotesco.

Lector deu mais dois passos, finalmente a luz da lua bateu em seu rosto e o relevou. Ele estava pálido e com olheiras. Possuía uma cicatriz vertical na bochecha, que fora fechada com pontos que ainda estavam lá.

- Surpresa – Ele abriu a boca, e de á saíram insetos.

Camerom sacou a arma imediatamente e mirou nele. Esvaziou o cartucho em fração de segundos, e continuou a apertar quando as balas haviam acabado. Lector apenas saiu do lugar, mas continuava em pé e nojento. Dessa vez, os insetos saíam pelos buracos da costura em seu rosto.

- Já fizemos isso uma vez – Ele disse – A diferença, é que eu estava usando o corpo da sua mãe!

Jennifer apareceu na hora em que Lector gritara e o jogou contra a parede. Um quadro antigo acabou caindo no chão. Lector apenas havia sentido dor, nenhum machucado se formou. Camerom olhava para as presas de Jennifer e para seus olhos vermelhos, ela iria defendê-los.

- Corram! – Gritou Jennifer – O nerd dos insetos é meu! – Ela o atacou novamente.

Lector ficou nas mãos de Jennifer por milésimos de segundos, foi arremessado contra a parede do outro lado e acabou derrubando uma armadura. Ela rosnou pra ele, e ficou em posição de ataque.

- Vamos! – Gritou Rebecca, mas Camerom estava paralisado assistindo a cena – Camerom! Vamos! – Ela saiu puxando ele, que depois de um tempo percebeu que precisava ir.

Lector levantou-se e fitou Jennifer. Rosnou para ela, mostrando seus dentes que soltavam insetos.

- Eu não estou sozinho... – Ele disse.

- Nojento – Ela o atacou novamente.

Rebecca ainda puxava Camerom pelos enormes corredores da mansão. Ela estava tentando chegar ao quarto do pânico, onde nenhuma criatura pode entrar. Camerom soltou-se dela, foi um movimento brusco.

- O que você tem? – Ela perguntou – A gente tem que chegar ao quarto do pânico.

- Não podemos...

- Por que não?

- Porque ela não vai deixar... – Ele apontou pra frente.

Rebecca olhou rapidamente para o fim do corredor e viu uma linda mulher vestida de odalisca. Seus cabelos eram loiros e seus olhos da cor verde. Suas roupas amarelas pareciam brilhar, e não era apenas imaginação.

- E você quem é? – Gritou Rebecca.

- Rainha de Hades, e eu estou queimando – Uma chama começou a surgir.

O desespero tomou conta de Rebecca, sabia que eles estavam prestes a morrer queimados. Quando a enorme chama se formou, foi na direção dos dois. Camerom puxou Rebecca rapidamente pra dentro do quarto ao lado e por um fio o fogo não lhes atingiu.

Rebecca caiu no chão e olhou para Camerom, que estava em pé em frente a porta. Ele estava fazendo um feitiço que Rebecca não reconhecia, mas precisava esperar pra ver o que acontecia, e torcer pra ele ser rápido. Quando parou, Rebecca estranhou.


- O que aconteceu?

- Vamos ter que pular, prepare-se!

Rebecca não pensou duas vezes, correu pra janela e se jogou. Camerom fez o mesmo. Ambos caíram nas plantas do jardim ao lado da mansão. Eles podiam ver a janela por onde pularam, estavam de peito pra cima. Mas viram a rainha de Hades olhar para eles. Ela lançou fogo e cada um rolou para um lado. No fim, apenas a plantação estava danificada.

Os dois correram pra rua, mas focavam seus olhares na janela. Ela ainda estava lá, sorrindo, parecia uma bruxa tirada de um filme.

- Eu vou pegar vocês! – Ela gritou.

Rebecca sacou a arma e mirou nela. Ela esvaziou o cartucho, todas as balas de prata atingiram a rainha, sendo que uma foi diretamente na cabeça. Camerom olhou para Rebecca, assustado, não esperava aquela atitude.

- Ela era escandalosa demais – Rebecca se defendeu.

- Ok – Camerom ainda estava achando a situação engraçada.

- Vamos achar Taylor.

Ambos correram, enquanto Camerom preparava um feitiço mental para localizar Taylor.

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- Morra! – Gritou Taylor, antes de acertar um chute no rosto de um Ereptus, fazendo-o voar dois metros à frente.

Ao lado, Axel utava contra uma Garota Ereptus, que não parecia ter mais de quinze anos. Mas sua aparência era demoníaca. Ela possuía – além das presas iguais de tubarão e os olhos vermelhos como de vampiros – Chifres que rasgavam sua testa, e tinha mais força que qualquer criatura normal.

Taylor olhou para eles, a garota tentava atacar Axel com movimentos rápidos, e Taylor estava percebendo que ele estava prestes a ser acertado. Ela correu até ele, ignorando o Ereptus que estava levantando-se novamente e chutou a garota. Axel rapidamente virou-se e acertou um tiro na testa do outro Ereptus. Ele caiu e logo depois se desintegrou.

- Como você pode? – Perguntou a garota Ereptus, caída no chão – Somos da mesma espécie... Somos iguais!

- Não, seus dentes são horríveis – Taylor olhou para Axel – Pode atirar.

Axel não esperou mais nenhum segundo e estourou os miolos da garota. Seu sangue espirrou na parede ao lado e um pouco em Taylor, que não se importava com um pouco de sangue em si mesma. Os dois não ficaram para olhar a Ereptus se desintegrar, apenas lançaram um olhar misterioso para ambos. Axel estava começando a considerar a idéia de Taylor ser diferente, mas tentava não demonstrar isso. Taylor sabia exatamente no que ele estava pensando e não pôde conter o meio sorriso vencedor.

- Estamos quase terminando... – Ele disse.

- De nada. Vamos sair daqui – Taylor começou a andar, mas Axel ficou parado. Ela passou por ele, sentindo seu olhar nela. Quando ficou há dois metros de distância deles, ela parou e virou-se – Você não vem?

Em fração de segundos, A garota em quem haviam atirado levantou-se e agarrou Axel, sem dar tempo de Taylor avisá-lo. Ela lançou Axel pelos ares e ele caiu de peito no chão. Taylor olhou pra ele, estava desmaiado, ela teria que enfrentar a Ereptus sozinha. Mas, sentiu certo ódio por ela, mais do que sentiu dos demais. Finalmente, sua dúvida de antes não existia mais. Ela achava que a vadia que quase matou Axel no mínimo merecia voltar pro inferno. Mas, por que ela ainda estava viva se Axel atirou em sua cabeça?

Taylor correu até ela, e sem pensar deu cambalhotas em sua direção. Quando estava com as duas mãos no chão, pegou seu machado e tentou acertar a garota, que apenas o segurou com uma das mãos e o prendeu. Taylor arregalou os olhos, ela era mais forte do que pensava. A garota deu um sorriso vitorioso, mostrando suas presas enquanto Taylor tentava fazer forças para soltar seu machado. A garota deu um chute em seu estômago e Taylor caiu no chão, sentindo uma enorme dor, parecia que uma costela havia sido quebrada. E doeu um pouco mais para consertá-la.

- Não pense que vocês vão sair vivos daqui – Disse a garota, que jogou o machado longe – Uma coisa que você não sabe é que estou um nível acima dos demais. A outra, é que vamos explodir este prédio. Me garantiram que eu sobreviveria a uma explosão, mas você vai morrer.

Taylor se arrastou alguns centímetros no chão, colocou uma mão na barriga, estava fingindo que ainda estava machucada, mesmo que tivesse dúvidas se a garota saberia disso.

- Junte-se a nós, Taylor. E talvez Minerva lhe dê uma outra chance e você suba de nível.

- Eu nunca serei uma de vocês! – Cuspiu Taylor.

- Claro que vai, Basta beber o sangue de um humano pra você criar presas e matar todo mundo pra poder se alimentar... Isso te deixa mais forte.

- Eu passo – Respondeu ela, com medo.

- Se é assim, terei que te matar – A garota preparou o ataque e rosnou, mas algo a parou.

Taylor fechou os olhos e virou a cabeça pro lado, havia aceitado a morte, mas quando viu que nada aconteceu, teve que abrir os olhos e olhar o que havia parado a garota. Ela estava parada a sua frente, com um braço atravessado em seu tórax, mas Taylor não podia ver quem havia atravessado seu corpo.

Seu sangue preto jorrava no chão enquanto ela gemia, mas ainda estava parada. Só depois Taylor percebeu que quem atravessou o corpo dela, tinha seu coração em mãos.

Edward tirou o braço da garota e a jogou no chão. Ela pegou fogo imediatamente e seu coração sumiu da mão dele. Ele olhou para Taylor, que não fazia idéia de quem ele era, ou o que ele era, ou porque havia ajudado ela.

- Alguns de nós não sabem respeitar ordens – Disse ele, sorrindo, seus olhos vermelhos brilhavam – Alguns não entendem porque você é tão especial para Minerva.

- Quem é você?

- Edward, prazer. Vim aqui levar você, viva. Somos os escolhidos.

Edward ouviu um barulho de um gatilho e quando olhou pro lado, percebeu que Axel estava apontando uma arma para sua cabeça. Taylor levantou-se do chão e pegou a arma que Axel jogou para ela. Ela apontou para Edward, com certeza não faria o que ele queria. Mas também estava preocupada com Axel, que sangrava pela cabeça. Seu sangue escorria até o queixo e seus olhos pareciam sonolentos, ele estava fraco e poderia não agüentar se Edward fizesse alguma coisa.

- Então, vocês querem me matar?

- Pode apostar – Taylor destravou a arma.

- Taylor, você não pode fugir do seu destino. Você precisa de nós e nós precisamos de você. Não escolha o lado perdedor, você sabe que uma guerra vai começar. Tenho certeza que você não quer voltar pro lugar onde estava, ou quer?

- Vocês vão ter que me matar, mas, quero perguntar uma coisa. O que vocês querem? Dominar o mundo?

- Rá! – Edward riu – Não somos bonzinhos, mas também não somos vilões da Marvel. Não queremos dominar um lugar onde não tenha tanta dor e sofrimento como o nosso lar.

- Então, o que vocês querem? – Taylor deu dois passos na direção dele.

- Você vai descobrir, em breve. Mas por enquanto, quero ver do que você é capaz. O que acha de ter cinco minutos pra sair do prédio antes que ele exploda e ao mesmo tempo tentar fugir de vários de nós? – Edward acertou um soco na barriga de Axel e depois um chute em seu queixo, fazendo-o cair no chão.

Taylor atirou imediatamente e a bala acertou o peito de Edward, que não sofreu nada a não ser um pouco de impacto. Ele a fitou, contente, queria que ela descobrisse logo que ele era mais imortal que qualquer outra criatura.

- Até logo – Ele disse, antes de virar fumaça.

Taylor correu até Axel, precisava tirá-lo dali ou os dois morreriam. Ela deu duas tapas em seu rosto e chamou seu nome, até ele abrir os olhos.

- Vem comigo, precisamos ir!

Ela o levantou e colocou seu braço em volta do seu ombro. Ela estava achando ele leve demais, mas não queria mais pensar em seus dons de Ereptus. Andou mancando com ele quase caindo até o elevador. Quando entrou, apertou o botão para o térreo e esperou.

- Por que...? – Ele gaguejou – Por que você está... Me ajudando...? Me deixe aqui... Salve Paloma...

- Você não vai morrer hoje... – Ela olhou pra ele e depois fitou a porta do elevador, com um olhar pensativo – Ninguém mais vai morrer perto de mim...

Quando chegaram ao térreo, a porta do elevador se abriu e dois Ereptus pularam neles. Taylor foi rápida, e com a mão que não segurava Axel, apertou o gatilho da arma e as balas acertaram os Ereptus na cabeça. Eles caíram e se desintegraram. Taylor correu, mesmo Axel tendo dificultado as coisas.

Segundos antes de saírem pela porta, Taylor foi puxada pela blusa e Axel caiu no chão. Era o Ereptus de antes, que ela havia jogado do segundo andar. Ele jogou Taylor no balcão da recepção e ela acertou o computador e o telefone. Houve um curto circuito, mas saíram apenas faíscas.

O Ereptus ficou o balcão, esperando Taylor sair de lá para finalmente matá-la, mas ela não saiu. A fumaça cessou, e nada dela aparecer.

Axel também olhou, estava fraco demais para poder ajudar e começou a se conformar que eles morreriam ali. Até que de repente, Taylor pulou no balcão e depois deu um mortal direto no chão. Fez uma pose de luta e preparou-se para atacar. O Ereptus correu até ela, mas ela lhe deu uma rasteira e depois enfiou a faca que escondia em sua mão na barriga dele. Com o revolver que tirou da cintura, esvaziou a arma em seu rosto, mesmo sabendo que ele não iria morrer desse jeito. Ele era do mesmo nível da outra garota. Taylor não sabia o que significava, mas sabia que talvez ele tivesse a mesma “imortalidade” que ela.

Enquanto ele estava caído, ela correu até Axel e o levantou. Saiu carregando-o, estava mais difícil que antes. Quando olhou pra trás, o Ereptus já estava se levantando, então ela tratou de se apressar. Correu ao carro mais próximo – O Chevrolet azul escuro do outro lado da rua – e tentou ignorar o fato de várias viaturas policiais estarem destruídas na frente do prédio.

Ela colocou Axel no banco de trás, torcendo pra que eles saíssem de lá antes que o prédio explodisse. Entrou no carro e retirou os fios, iria fazer ligação direta pro carro poder funcionar.

- Vai, sua vadia! – Ela xingou, enquanto tocava fio com fio para ligar o carro.

- Taylor... – Sussurrou Axel, mas ela não o ouviu.

- Isso! – Comemorou quando conseguiu.

Não se passaram nem dois segundos e o Ereptus quebrou a janela do carro e agarrou o pescoço de Taylor. Axel queria ajudar, mas mal conseguia se mexer no banco de trás.

Taylor, apesar de socar e bater no braço do Ereptus, ele não a soltava de jeito nenhum. A única solução que viu foi pisar no acelerador e sair dali. Quando fez isso, o Ereptus foi junto. Depois de alguns segundos, ele estava sendo arrastado pelo carro e sendo consumido pelo asfalto, mas ainda não havia soltado o pescoço de Taylor. Ela olhou pra frente, tentando ignorar a criatura que tentava esganá-la, já que sabia que um acidente de carro também poderia ser fatal.

O Ereptus soltou, enfim, e ela pôde respirar aliviada. Olhou para trás, ele estava levantando-se, com certeza já estava sendo regenerado. Ela olhou para Axel lá atrás, ele estava com os olhos semi-serrados, prestes a dormir, ou desmaiar.

Foi aí que o prédio explodiu. O estrondo foi enorme e o desastre mataria muito mais pessoas, mas Taylor e Axel já estavam numa distância onde não seriam atingidos. Ela olhou mais uma vez para trás e viu o prédio desabando. Virou-se rapidamente e tentou esquecer que aquilo tudo era porque a ordem natural não foi respeitada e muitas pessoas más saíram do inferno. Ela era uma delas, e não achava nem de longe que merecia ter saído de lá.

- Você vai ficar bem... – Taylor fitou a estrada novamente e deu um suspiro de alívio.

--

Axel já havia apagado no banco de trás, estava em um sono profundo e pelos seus olhos que mexiam, ele estava sonhando. Taylor já havia checada sua pulsação umas trinta vezes, odiaria que ele morresse ali no banco de trás do carro, depois de tudo o que passaram.

A mansão estava próxima, Taylor reconhecia as ruas e as árvores, apesar de estar escuro. Nem mesmo a lua cheia iluminava a rua e nenhum ser vivo passava. Então, Taylor entrou na estrada de árvores que dava na mansão. De alguma forma, estava pior. Mas era uma estrada apenas pra mansão, não haveria ninguém ali a não ser que fosse visitar Camerom ou Rebecca.

Mas, Taylor freou quando viu uma esfera no meio da rua. Não era uma Esfera de Hades, era bem diferente. Tinha um toque feminino e sutil e ela podia sentir um cheiro de batom de cereja vindo dela. Ela saiu do carro e andou até a esfera, querendo saber do que se tratava, e rezando para que não significasse mais problemas. Agaixou-se e a pegou nas mãos, o cheiro de cereja estava muito mais forte. Ela a abriu, dentro da esfera havia um bilhete.

A mansão não é mais segura. Vou informar a rainha, cuide-se. Jennifer”.

Ela fitou a rua vazia, que era iluminava pelos faróis do carro. E apesar de não entender muito bem o recado, Taylor optou por não ir à mansão. Ela se perguntou o que estava acontecendo e se Camerom e Rebecca estavam bem, mas não podia saber disso naquele momento. Axel precisava ser cuidado e ela tinha que explicar para dezenas de caçadores cruéis como havia salvado Axel, mas deixado Paloma para morrer.

Ela amassou o bilhete e jogou a esfera entre as árvores. Voltou pro carro e olhou pra frente. Recostou sua cabeça no banco e soltou um suspiro leve, estava pensando no que deveria fazer e pra onde deveria ir, lembrando-se sempre do que dissera a Axel no elevador. Ninguém mais iria morrer perto dela, e essa era a prioridade.

CAPÍTULO 8: Quem é Imortal Sempre Aparece
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