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[Livro] Hell Yes - Capítulo 5: Segredos e Magia

- Ela está aqui – Apontou a rainha, para o cemitério no quintal da mansão.

- Em qual dos túmulos?- Perguntou Camerom.

- Paris Hilton.

Todos olharam para ela, com surpresa e repulsa ao mesmo tempo, foi uma das coisas mais ridículas que já ouviram na vida.

- O que foi? Ela não saia de lá então troquei a lápide.

- O livro está aqui – Rebecca chegou com o livro de feitiços em mãos e o entregou para Camerom.

Taylor, Camerom, Rebecca e a rainha andaram na direção do túmulo. Axel e Annie andavam atrás deles, devagar.

- Não acredito que vão romper um selo – Disse Annie – Além de ser perigoso para o feiticeiro, o protetor poder matá-los.

-Feiticeiro? – Repetiu Axel e correu até Camerom – Você é um feiticeiro?

Camerom não disse nada. Não sabia como explicar a um caçador suas habilidades com feitiçaria. Para os caçadores, qualquer pessoa que ultrapassasse a linha tênue entre coisas possíveis, era uma criatura.

- Caçadores têm a mente tão pequena – Disse a rainha, revirando os olhos.

- Não foi uma escolha minha – Respondeu Camerom.

- Isso não importa! – Gritou Axel.

- Para, Axel! – Gritou Annie – Pelo menos uma vez na sua vida pare de fazer confusão por tudo. Eles vão romper o selo e depois disso vamos embora, não tem nada haver com a gente. Camerom é feiticeiro? Ótimo, pelo menos ele está do nosso lado e com certeza já usou seus poderes para salvar alguém inocente de alguma criatura. Agora vê se cresce.

Todos ficaram de boca aberta. A pequena Annie havia se rebelado contra Axel, e com toda razão. Axel parou. Fitou o nada e logo depois olhou para todo mundo. Todos estavam olhando para ele, julgando-o. Aquilo era puro preconceito, mas ele ainda assim se achava certo.

Os olhares o incomodaram e como se fosse bala, correu para dentro da casa. Annie pensou em ir atrás dele, mas desistiu, sabia que ele a trataria mal, era sempre assim.

- Posso começar? – Perguntou Camerom.

- Á vontade – A rainha se afastou dele, assim como os outros.

Mais uma vez, ele começou a falar aquelas palavras em latim, que a rainha entendia perfeitamente. Ela sabia falar 34 línguas fluentemente, afinal, e latim era uma delas.

O vento forte começou. As folhas mortas do cemitério começaram a subir e logo todos que estavam lá tiveram que se proteger. A rainha, porém, não se movia um só centímetro, aquilo fazia cócegas nela. Brian também não sentia muito incômodo, estava mais preocupado em observar Camerom.

Annie mal acreditava que estava no meio daquilo. Era o primeiro feitiço que ela via sendo realizado, apesar do que aconteceria, aquilo era no mínimo emocionante.

Quando o vento parou, Camerom abriu os olhos, que novamente estavam brilhando. Ele estava preparado. Abriu o livro e começou a fazer o feitiço. Logo a ventania voltou, dessa vez mais forte.

Annie caiu no chão e Brian a segurou. Ela olhou para ele, incrédula, como um demônio poderia se importar?

Então, o nariz de Camerom começou a sangrar novamente. Rebecca não se preocupou, já que isso aconteceu da ultima vez. Mas ele estava tremendo. O vento foi ficando cada vez mais forte, até causar um pequeno incômodo na rainha. Taylor e Rebecca caíram no chão e ouviram um grito de mulher.

Foi só olhar para o túmulo que viu a mão de Jennifer sair da terra. Suas unhas ainda estavam pintadas de vermelho e ela ainda usava o anel em forma de caveira que ganhara de Taylor.

Camerom parou de falar e o vento cessou. Ele fechou os olhos e respirou fundo, por sorte não desmaiou. O ultimo feitiço realmente havia deixado ele mais forte.

Atrás deles, algo se formava. A terra estava sendo engolida, mas ninguém percebia. Um buraco foi formado no chão e de dentro dele saiu uma criatura com o formato de um lobo. A criatura rosnou e todos olharam pra trás, o protetor havia saído.

Ele atacou Annie que deu um grito, mas Brian deu um soco que fez a criatura bater na parede da casa. Ele estava preparado para enfrentá-la, e até gostava daquilo.

Taylor e Rebecca, por sua vez, estavam ajudando Jennifer a sair do túmulo. Ela já havia colocado a cabeça pra fora da areia e visto Taylor, mas não estava apta para ficar surpresa num momento como aquele. Taylor puxava Jennifer pelo braço direito enquanto Rebecca puxava pelo braço esquerdo.

A criatura correu mais uma vez na direção de Brian, com a boca aberta, queria mordê-lo, mas Brian segurou seus dentes e impediu que isso acontecesse. Mas a criatura foi mais forte e lhe acertou uma cabeçada. Brian caiu no chão, com certeza com um braço quebrado.

- Vocês só podem estar de brincadeira... – A rainha revirou os olhos, nunca havia visto tanta discórdia numa batalha.

A criatura olhou para ela, e não teve mais tempo de fazer nada. Quando todos perceberam, a rainha já estava com o braço cravado num dos olhos da criatura e lá de dentro arrancou coisas nojentas. A criatura gemeu, mas morreu rapidamente. A rainha olhou para todos, estava com o braço cheio de sangue verde.

- Economize um dólar – Ela disse, vangloriando-se de seu poder.

--

Annie fitava Axel de longe, estava com medo de chegar perto. Ele estava sentado na enorme escada cor de ouro da mansão da Rainha Emerald, apenas pensando. Ele ainda não gostava da idéia de Camerom ser feiticeiro e de ter presenciado um rompimento de selo sem poder fazer nada, e isso o fazia se sentir como lixo.

Annie deu passos duradouros em sua direção, cada mão em um bolso de trás, sua aparência era realmente inocente e doce. Axel ouviu seus passos, mas não olhou para trás, ele sabia que era ela, já que ninguém presente naquela mansão se importava para chegar perto dele.

Annie chegou mais perto e ficou parada, esperando ele mandá-la embora, porque era sempre sim. Ele era arrogante e estúpido quando estava triste, não queria que ninguém o visse com aquele olhar fundo. Mas como ele não havia dito nada, Annie deu a volta e sentou-se na escada ao lado dele. Ela deu um suspiro, não sabia o que falar.

- Quando eu tinha dez anos... – Começou ele, com a voz baixa - Meu primo Penn chegou em casa, ele tinha marcas de mordidas pelo corpo todo. Meus pais e eu não sabíamos o que era aquilo, eles pensavam que haviam abusado dele. Depois de uns dias viram do que ele foi capaz de fazer com uma garota. Ele tomou todo seu sangue e depois rasgou seu corpo, era um caminho sem volta. Mas, apesar de eu e meu irmão estarmos assustados, ele era apenas Penn, nosso querido primo, que precisava de cuidados. Pensaram que ele nunca machucaria a gente e que havia uma solução...

Annie pegou em seu ombro, seus olhos estavam se enchendo de lágrimas. Mas os olhos de Axel continuavam frios, mesmo com a lembrança dolorosa.

- Um dia eu e Travis chegamos do colégio e Penn havia amarrado nossos pais. Ele estava... Mordendo pedaço por pedaço deles, e não podíamos fazer nada. Travis tentou defender nossos pais, mas Penn quebrou seus dois braços com tanta facilidade que eu nem consegui me mexer... Então, ele matou meus pais ali mesmo, e fugiu. E eu fiquei ali, parado, olhando pro corpo deles e desejando que houvesse alguma forma de resolver aquilo, deles voltarem a respirar... Eu só queria que tudo fosse um sonho... Eu sei que isso não é motivo para julgar qualquer criatura, mas... Quando não se é humano, até os mais próximos são capazes de crueldades contra você e aqueles que ama...

- É motivo sim – Disse Annie – Qualquer um agiria como você se tivesse passado por isso.

- Se alguém perguntar – Ele olhou para ela – Nunca disse uma palavra sobre isso a você.

- Certo – Ela olhou para baixo e engoliu em seco, estava com vergonha de perguntar o que estava querendo, mas precisava – Penn está morto agora?

- Não, e nem morrerá tão cedo. Prometo fazer sua morte levar anos.

Naquele exato momento, Jennifer atravessou a porta. Atrás dela, todos que estavam no cemitério presenciando o feitiço. Ainda sem roupas, Jennifer caminhava tentando inutilmente limpar a areia preta de seu corpo.

- Tenho algumas roupas que talvez sirvam em você – Disse a rainha –Venha comigo.

Axel e Annie levantaram-se assim que todos chegaram às escadas. Jennifer o fitou, com um sorriso malicioso enquanto ele fingia que não havia uma mulher perfeita e pelada à sua frente. Jennifer era pálida com cabelos castanhos e lisos, tinha olhos verdes penetrantes e lábios rosados, que obviamente escondiam sua presas. E por ironia do destino, seus cabelos tapavam seus seios, mas o resto estava completamente nu.

- Já podemos ir? – Perguntou ele a rainha.

- Se quiserem...

Axel e Annie desceram alguns degraus enquanto Jennifer e a rainha subiram. Rebecca rasgou seu vestido imediatamente, já estava quase começando a se sentir como uma dama. Taylor olhava para Axel, sentindo pena, ele era um dos caçadores mais complexados que ela já vira na vida. Ela assistiu ele saindo junto de Annie, e teve vontade de conversar com ele.

- Eu já volto – Ela disse à Camerom e correu.

Abriu a enorme porta sozinha e fitou Axel, que estava bem atrás de Annie. Ela gritou seu nome, e os dois olharam.

- Annie, me espere no carro – Ele pediu.

Annie deu de ombros.

Taylor correu até ele, que estava próximo ao chafariz de anjo da mansão. Ele ficou parado, esperando ela chegar, temendo que fossem mais provocações. E se fossem, ele não iria se segurar.

- Sinto muito a Rainha ter feito você ficar...

- Somos dois... – Ele olhou pro lado e depois de volta à ela.

- Sinto muito por ter falado do seu irmão também... Não foi legal.

Axel engoliu em seco. Só em lembrar daquela cena, já ficava cheio de ódio, mas se agüentou. Afinal, ela estava se desculpando, seja lá que criatura fosse.

-Considere-se desculpada – Ele deu as costas para ela e um passo à frente, parou quando ouviu sua voz.

-E obrigada...

- Pelo que? – Ele olhou para ela, curioso.

- Por não me matar hoje...

- Foi tentador, mas... Sendo tão bem protegida, vai ser difícil.

- Então ainda vai tentar? – Ela sorriu, estava levando aquilo na brincadeira.

-Com certeza.

- Vou tomar cuidado pra nunca ficar sozinha então.

Axel sorriu, achou aquilo engraçado, e Taylor ficou altamente surpresa que ele havia sorrido, ainda mais para ela. E então, os dois se fitaram, ficaram em silencio e foram desmanchando o sorriso pouco a pouco.

- Já vou indo – Ela disse – Acho que eu espero nunca mais te ver.

- Pena que eu não possa dizer o mesmo – Ele deu as costas para ela e depois dois passos, mas ela chamou de novo, obrigando-a a olhar para ela novamente.

- Não sou má, Axel... Ainda sou mais humana que muita gente. Saiba disso.

- Veremos... – Ele deu as costas à ela mais uma vez e finalmente seguiu seu caminho.

Taylor continuou ali, olhando para ele, sentindo que talvez pudesse mudar seus pensamentos e fazê-lo querer deixá-la em paz.

Entre as árvores distante dali, Edward observava Taylor parada em frente a mansão. Ele ia de uma folha para outra, seus olhos estavam da cor vermelho sangue. Atrás dele, estava a mesma garotinha que aparecera para ele no cemitério.

- Ela é uma de vocês, Edward – Disse a garotinha – Pena que nosso amigo Peiton não agüentou. Mas esta é forte.

- E bonita...

- Precisamos dela, ou nosso plano vai por água abaixo. Você pode consegui-la pra mim?

- Sim – Edward preparou-se para correr.

- Agora não. Apenas quando ela estiver desprotegida – A garotinha sorriu de um jeito macabro e por milésimos de segundos, seus olhos pareceram ficar da cor roxa.

Em frente a mansão, Taylor havia começado a sentir uma agonia. Axel já havia desaparecido de sua vista, mas ela ainda estava lá, contemplando a noite. Só que aquele incômodo continuava. O vento frio da noite bateu e a sensação só havia piorado. Ela olhou para as árvores, suspeitando que alguém a estava observando, mas não viu ninguém.

--

Axel parou o carro numa das milhares vagas que haviam no estacionamento do hotel Red Vacation. Quase ninguém estava hospedado ali, apenas um carro podia ser visto de longe, e a placa vermelha de neon piscava freneticamente as palavras “temos vagas”.

Mais uma vez, Axel fitou o nada pela janela do carro, era sua terapia pós-missão, e Annie sabia disso muito bem. Mas sempre que ele fazia aquela cara de “nada”, Annie era consumida por uma vontade de perguntar se ele estava bem ou se queria conversar. Mas pelo visto, ele já havia falado tudo enquanto estavam na mansão da rainha Emerald.

Ele tirou as mãos do volante e recostou-se mais ainda no banco do motorista. Colocou suas mãos sobre suas pernas e virou a cabeça levemente para encontrar o olhar de Annie.

- Você se importa se eu dormir essa noite no carro?

- Sim, eu me importo – Respondeu ela, de imediato – E não faço isso por mim.

- Eu não sou nenhuma criança, Annie.

- É, mas hoje me contou o que há dois anos não conseguiu. E ao invés de eu encarar isso como uma evolução no nosso relacionamento, eu insisto em achar que isso significa que você não está bem. E eu não vou te deixar sozinho, mesmo que você precise digerir muita coisa. E realmente quero passar mais tempo com o Axel calmo e gentil

Ele riu.

- O que foi? – Perguntou ela, não gostou daquela risadinha.

- Lembrei de você há dois anos atrás... Uma patricinha vestida de rosa e dando gritinho a cada disparo de arma... Ainda não sei como você conseguiu se tornar caçadora.

- Também perdi muito coisa...

Annie olhou pro lado, lembrou-se do passado, logo quando conheceu Axel. Era uma garota completamente fútil e egoísta, até ter viajado pra casa de campo com sua família e ser a única sobrevivente do ataque de um Wendigo. Ela lembra como se fosse ontem, quando teve que matar a própria irmã para acabar com o sofrimento dela. Mas felizmente foi salva por um caçador chamado Bob, que nunca mais vira na vida, que talvez fosse tão ruim a ponto de deixá-la ao leo. Pelo menos ainda tinha sua vida, salva por Axel numa noite fria na estrada, ela nunca vai se esquecer que deve sua vida a ele, pois sem ele, ela morreria devagar como uma sem teto.

Logo ela balançou a cabeça e tentou esquecer as lembranças, tentando se focar no clichê que cada situação se tornara em sua vida. Primeiro, o idoso do posto de gasolina que os avisara para não irem para aquela casa, foi como uma cena de filme, e ele realmente estava certo. E agora, parecia que sua vida tinha encontrado outro clichê. Todos os caçadores haviam tido suas famílias mortas por alguma criatura ou era só impressão dela?

Axel abriu a porta do carro e saiu. Quando fechou, Annie tomou um susto e tratou de sair rapidamente. Eles andaram até o quarto que alugaram e Axel rodou a chave, mas a porta estava estranhamente aberta. Ele sabia que não havia deixado aberta, nunca cometeria este erro. Entrou e sacou a arma. Ligou a luz e apontou a arma para a pessoa que viu sentada na cadeira. Mas não havia perigo algum, tanto é que Elvira o fitava com a mesma expressão de Mulher sábia de sempre.

- Ótimo, passou no meu teste – Ela disse.

- Elvira – Ele abaixou a arma.

Annie entrou no quarto e viu Elvira pela primeira vez ao vivo. Elas só haviam se visto por webcams via internet ou se falado ao telefone, mas ter ela ali ao vivo era muito melhor, pois Elvira era simplesmente a mulher mais glamorosa e fina que poderia existir, e essas características não faziam jus a ótima caçadora que sempre foi. Ela tinha os cabelos lisos e pretos, com uma pequena franja. Estava usando um vestido longo e vermelho, como se estivesse pronta para ir à uma festa chique. Suas jóias eram ouro puro e sua maquiagem fazia seu rosto parecer ainda mais perfeito. Era incrível como ela parecia estar bem mesmo aos cinqüenta anos.

Annie sussurrou um “uau” e Elvira cruzou as pernas. Colocou as duas mãos encima de seu joelho direito e fitou ambos.

- Faz tempo que não a vejo – Axel guardou a arma na cintura novamente – Pessoalmente.

- Desde a missão no México – Ela disse – É bom te ver, pequeno Axel.

- Também é bom te ver...

- Mas como você sabe, minha presença geralmente significa que temos um problema.

Axel fechou a porta e Annie sentou-se na cama ao lado dele, que ainda estava em pé olhando para Elvira. Elvira pegou o controle remoto da TV na mesinha ao seu lado e apertou o botão de ligar apontando para ela. Logo os olhares de Axel e Annie voltaram-se para lá. Estava no canal sete, passando uma notícia.

“Esta manhã, os corpos dos quatro jovens assassinados há dois dias foram encontrados mutilados dentro de tumbas no cemitério onde foram mortos. A polícia os procurava por 48 horas, desde que a única sobrevivente Milla Ambrose apareceu na delegacia de polícia com ferimentos de mordida contando que um homem louco tentou comê-los. A polícia desconfia de gangues ou seitas anti-góticos, mas não descarta a possibilidade de uma ação religiosa furiosa para punir as pessoas que ao seu ver não fazem o certo. Mais informações...”

- Mais ressurreições? – Perguntou Axel, após ouvir a noticia.

- Se fosse apenas nesta cidade, poderíamos lidar com isso – Elvira desligou a TV – Mas pesquisei a fundo, e essas coisas estão acontecendo no mundo todo. Obviamente, para cada ressurreição e cada morte, eles dão uma explicação lógica. Mas os detalhes provam à gente o que está acontecendo.

-Como assim? –Perguntou Annie.

- Bom – Elvira olhou para ela – Uma pessoa que supostamente morreu por picadas de abelhas perto a um cemitério, mas que possui marcas de mordida, é óbvio que não foram apenas abelhas.

- O que você segure que façamos? – Perguntou Axel.

- Capturamos um deles, Sean e Paloma estão trazendo ele para cá. Preciso que o interrogue. Parece que este tem muitas respostas a dar.

- Por que você mesma não faz isso? – Axel parecia descrente se conseguiria interrogar alguém, já que a ultima vez foi um fracasso, mas não deixava Elvira perceber isso.

Elvira levantou-se. Começou a andar na direção dele, seus saltos preto com listras douradas fazendo barulho no piso. Chegou tão perto que Axel pôde sentir o cheiro de seu batom vermelho sabor cereja.

- Eu vou estar bem ao seu lado... – Sussurrou ela.

- Está me testando?

- O tempo todo...

Elvira sorriu. Pegou no rosto de Axel com a mão direita, suas unhas vermelhas quase lhe deixaram marcas apenas com aquele leve toque. Ela olhou em seus olhos e ele ficou tímido, como se não fosse mais o homem de vinte e dois anos que sabia cuidar de si mesmo. Ela o tinha como um filho, desde a primeira vez que o viu, quando seu padrasto bêbado e incompetente o havia apresentado na reunião de caçadores a fim de treiná-lo e torná-lo um dos melhores.

- Estou indo... – Ela disse – Espero te ver em breve... Você também Annie – Ela sorriu para os dois e saiu. Bateu a porta com força.

- Ai meu Deus! Essa mulher é demais! – Annie jogou-se na cama de braços abertos – Quando eu tiver 50 anos quero ser exatamente como ela.

- É, ela é demais...

Annie olhou para ele, ainda deitada na cama. Axel estava tirando a roupa e jogando pro lado pra depois ir ao banheiro e colocar uma roupa de dormir. Ele sempre fazia aquilo enquanto Annie o observava. Ela mordia os lábios, pensando que qualquer dia ele pudesse tirar tudo de uma vez ao invés de ir ao banheiro só de cueca. Mas ela se sentia mal, por um lado, afinal, ela se considerava uma dama.

- O que vamos fazer amanhã? –Perguntou ela – Além de torturar uma pobre alma que conseguiu sair do inferno?

- Depois vamos embora daqui – Disse Axel, tirando sua arma e colocando encima do criado mudo ao lado da cama em que dormia.

- Ué – Annie apoiou a cabeça na mão, que era sustentada pelo cotovelo – Não vai ficar pra matar a vadia loira?

- Posso deixar os caçadores daqui cuidarem dela. Existem muitas outras pessoas pelo país precisando de ajuda.

- Tem certeza?

Axel hesitou. Ele estava dobrando suas roupas dentro de sua mala. Fitou a parede, por milésimos de segundos, mas o suficiente para Annie perceber que ele não estava tão certo disso. Ele ainda queria matar a “vadia loira” e já havia virado pessoal?

- Absoluta – Ele respondeu a Annie, indiferente.

--

- O que? – Gritou Jennifer, quase suas presas pularam para fora – Não vou poder comer ninguém? Nem hipnotizar e não matar?

- A não ser que você queira voltar pro selo – Respondeu Camerom.

- Ok – Jennifer deu de ombros.

Taylor nem ligava, e talvez não se importasse com algum humano ser comido, mas confiava em Jennifer e sabia que as ameaças de Camerom não ficavam apenas nas palavras.

Jennifer estava pirando. Antigamente ela costumava hipnotizar rapazes de dezoito anos, alimentar-se e depois fazê-los esquecer, seria muito difícil ela sobreviver apenas de sangue animal. Ela andava de um lado pro outro, na biblioteca, tentando procurar uma brecha, nem que fosse poder alimentar-se de um humano uma vez por mês.

Camerom, que estava confortavelmente sentado em sua poltrona preta, sabia que Jennifer nunca conseguiria convencê-lo.

O restante, apenas observava a cena de longe. Mas Rebecca, parecia arrependida, pois ela quem convencera a rainha a deixar Camerom quebrar o selo. E ela sabia que se Jennifer saísse da linha, ela mesma teria que matá-la.

- Como se não bastasse eu não poder sair de dia! – Reclamou Jennifer, novamente.

- Relaxa Jen – Pediu Brian.

- Relaxar? – Ela repetiu e olhou para ele – Pra você é fácil, vive como um humano, só possui mais poderes. Queria ser um demônio, não to me sentindo tão super herói agora – Jennifer bufou.

- Você pode ficar na mansão da rainha – Sugeriu Taylor, aproximando-se – Ela e o seu clã podem se alimentar de humanos contanto que não os matem... Mas você voltaria na forma de selo, é claro.

Jennifer olhava para ela, com vontade de esganá-la. Como sua melhor amiga poderia fazer isso com ela?

- Eu fico, Muito obrigada! – Jennifer retirou-se, como um vulto de tão rápida.

- Viu só como estou do lado de vocês? – Taylor sorriu para Rebecca, que não demonstrava nenhuma simpatia em seu rosto desde os onze anos de idade.

- Não é só você que precisa ficar do nosso lado – Sibilou Camerom – O Mono-Hades ali também precisa.

Brian deu um tchauzinho, junto de seu sorrisinho presunçoso. Taylor o fitou, com dúvidas, não sabia o que significava Mono-Hades, mas sabia que Brian era um.

- Eu devo saber o que é Mono-Hades?

- Bom, Mono-Hades são... – Camerom foi interrompido por Rebecca

- Demônios simples, que escaparam do inferno, possuíram um humano e vivem discretamente entre eles. Nao são tão poderosos, são praticamente peões.

- Hey! – Reclamou Brian – Mas ela está certa.

- Quais são os outros tipos de demônios? –Perguntou Taylor, curiosíssima.

- Tem os Bi-Hades – Começou Camerom – Que são as pavorosas criaturas do inferno. Sem inteligência alguma, criadas apenas para matar quem estiver à sua frente.

Taylor, que já estava interessada no assunto, interessou-se ainda mais. Quer dizer que demônios são separados por classes? E por azar, Brian é a classe mais baixa.

- Agora a coisa começa a ficar séria – Camerom levantou-se e foi para trás da mesa. Acendeu um fósforo e depois uma vela – Os Tri-Hades são pessoas possuídas que nao suportaram a carga da possessão e enlouqueceram junto do demônio. Ela fica insana, deformada e altamente poderosa, como em o exorcista.

- Filme que eu te mostrei ontem – Disse Rebecca, e os olhares se voltaram para ela – E eu acho que eu fiquei com a melhor parte.

- Melhor parte? Ainda tem mais?

- Só mais um. Os Poli-Hades, os mais perigosos. Ninguém nunca os viu sem ter morrido depois. Eles são uma lenda.

- E por que são tão poderosos? – Taylor sorriu, descrente.

- Por que são anjos caídos.

Naquele momento, um relâmpago iluminou a biblioteca e segundos depois ouviu-se o som de um estrondoso raio. O vento da janela entre aberta apagou a vela que Camerom acabara de acender e a biblioteca ficou mais escura. Taylor olhou para a fumaça da vela se desintegrando no ar, e achou estranho conseguir sentir o cheiro dela, já que não estava perto o suficiente.

- Se eu disser que estou com os sentidos aguçados, vocês vão me tratar como um ser humano?

CAPÍTULO 6: O Ataque dos Ereptus
Querem ver para que servem as criaturas do inferno?
Não percam, na próxima Sexta, 07/10, o banho de sangue está apenas começando.

Bônus da semana: Selos e Protetores
Selos mágicos são usados desde os tempos antigos e são feitiços muito poderosos, apenas os feiticeiros com um grau altíssimo de experiência podem usá-los. Eles servem para aprisionar coisas valiosas demais para serem destruídas, podem ser objetos valiosos, criaturas, animais ou pessoas. No caso das pessoas - ou criaturas com a forma humana como Mono-Hades e Vampiros -, o selo apenas os deixa em um sono profundo até o dia em que algum feiticeiro forte o bastante quebre os selos para despertá-los. O selo não permite que nada sofra alteração pelo tempo, ele mantém qualquer coisa dentro dele intácto. Ele não pode ser quebrado sem um feitiço. Se alguém tentasse fazer isso sem usar magia, o selo simplesmente sumiria. Um exemplo disso é o selo de Jennifer, que estava enterrado no cemitério da mansão. Se alguém cavasse, não iria encontrar absolutamente nada.
Todos os selos são protegidos por criaturas monstruosas chamadas 'Protetores', criados com a magia do feiticeiro que criou o selo para tentar exterminar todos aqueles que se atreverem a quebrá-los. Eles geralmente são Bi-Hades sem inteligência alguma, mas dependendo do feiticeiro, ele fica mais poderoso, e vive apenas para matar.
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Um comentário:

  1. Só eu queria o Brian com o Camerom ? rola uma química entre eles.

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