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[Livro] Hell Yes - Capítulo 4: O Baile dos Imortais


- Como estou? – Perguntou Taylor, referindo-se ao shortinho curto repicado e sua blusa larga e sexy.

Camerom olhou para ela, com cautela. Ela estava linda, mas ainda assim vulgar. E não sabia de onde Taylor havia tirado aquelas roupas, mas temia que sua professora Rebecca a tivesse ajudado.

Rebecca estava trabalhando com Taylor para atualizá-la pelos últimos dois dias. Ensinava coisas como quem é o novo presidente, o que aconteceu nos últimos 41 anos, as musicas, os filmes, as séries, Taylor estava como um bebê recém-nascido naquela época.

- Que roupa é essa?

- Eu sou Megan Fox! – Taylor levantou uma sobrancelha.

- E eu estou quase cortando a sua internet – Camerom deu um sorriso falso.

-Qual é – Taylor suspirou, seus ombros subiram e desceram demonstrando o tédio – Esse lance de atualização é muito chato, e a única coisa de que posso tirar proveito são as roupas que favorecem minhas curvas. E a internet...– Sua voz parecia animada, aquele era um grande avanço.

- Olha quem parece um bebê – A voz de Brian saiu grave e alta, demonstrando onde ele estava.

Taylor olhou para ele, que estava escorado na porta da biblioteca. Logo reparou nas roupas de Camerom que serviram muito bem nele, apesar de ter dado um toque do século XIX.

- Brian, o que é “Modem portátil”? – Taylor cruzou os braços e o observou com discórdia, ele nunca saberia.

- Alguma coisa que os humanos inventaram e que parece ter chamado a sua atenção. Me desculpe, sou do tempo em que queimavam as pessoas se elas não fossem normais.

- É isso aí vovô.

- Vocês podem por favor parar com essa conversa sobre atualidade versus tempos de Joana Dark? Existem coisas mais importantes agora. Taylor, aconselho a tirar esta roupa, ela chama muita atenção – Camerom tentava não olhar para Taylor, mas não sabia disfarçar.

- Tudo bem – Taylor deu de ombros e rapidamente tirou sua blusa. Logo depois arriou seu short e o chutou pro lado, ela adorou ter levado aquilo ao pé da letra – Ta bom assim? – Ela sorriu.

Camerom arregalou os olhos, não acreditava que sua prima de quinto grau que havia morrido, tinha acabado de ficar pelada na sua frente. Brian soltou uma risada, tinha gostado da pessoa que o inferno fez Taylor se tornar. Naquela época, ela mal conseguia beijar seu namorado Paul na frente das outras pessoas, e talvez fosse tudo uma questão de época.

- Meu Deus! – Camerom virou o rosto – Você pode, por favor, botar uma roupa?

- Isso foi muito gay, Camerom, mas tudo bem– Ela deu meia volta e saiu pela porta por onde entrou.

Brian a observou até ela desaparecer por completo de sua vista. E depois fitou Camerom, que parecia mais calmo, e mais concentrado para ler o livro de feitiços que tinha em mãos. Ele deu um ar de risos quando notou a posição em que Camerom se encontrava na poltrona, presumiu que Camerom fosse desses de querer demonstrar até pra si mesmo o quão culto e inteligente é.

- Então, qual o seu problema? – Brian saiu da porta e deu três passos na direção de Camerom.

-Como é? – Camerom ficou na defensiva, achou que aquilo havia sido uma ofensa.

- Por que você quebrou o selo de um demônio? Noventa e nove por cento dos caçadores não fariam isso. – Brian sentou-se no pequeno banco à frente de Camerom.

- Já li muito sobre você, sei o que fez para ajudar Taylor no passado.

- Você é grato a mim por eu ter ajudado sua família numa geração anterior? – Brian riu – Isso soa até engraçado.

- Toda ajuda é bem vinda - Camerom fechou o livro e aproximou-se do rosto de Brian, que despejava um meio sorriso presunçoso – Mas se você tirar a vida de pelo menos um humano, te mando de volta pro inferno.

- Que original.

- Acredite, você vai odiar este clichê.

- Estou pronta – Taylor chegou, estava vestindo uma peça preta e roxa de Rebecca, nem tão vulgar, nem tão comportada – Então, onde vamos encontrar Jennifer?

- Será uma missão perigosa – Camerom levantou-se da poltrona e com apenas um gesto, colocou seu livro de volta na prateleira. Taylor ainda achava seus poderes demais – Ela foi selada num covil de vampiros.

- E por que não matamos todos eles? Aliás, por que vocês caçadores ainda não mataram?

- Quando trinta caçadores invadiram a mansão, a Rainha Emerald matou todos sozinha.

- E vocês esperam que entremos lá? – Taylor pareceu chocada e sarcástica ao mesmo tempo.

- Nós temos um convite – Camerom puxou do bolso da camisa um papel.

Taylor precisou se aproximar para ler, era realmente um convite. E ele dizia “Baile do século XVIII”. Mas, de qualquer forma, Camerom parecia louco, Taylor realmente preferiria deixar Jennifer selada eternamente do que conhecer a Rainha do vampiros Emerald. Ela sabe como esta espécie é. Conheceu alguns deles há anos atrás, quinze deles mataram duzentas pessoas num navio e depois afundaram a embarcação. Ela tinha medo deles, apesar de tudo indicar agora que ela não podia se ferir. Além de ainda ter na memória uma vampira adolescente quebrando um lobisomem ao meio. Taylor lembra bem disso porque o sangue do lobisomem espirrou em sua boca, ela pôde sentir o gosto de uma criatura em seu paladar.

Mas Camerom parecia decidido e confiante. O que ele pensava em fazer? Ajoelhar-se perante a Rainha e pedir gentilmente para quebrar o selo de uma vampira que ele nem sabia onde estava enquanto acontecia um baile vampiro bem à sua frente? E como ele havia conseguido o convite, afinal? Era uma trégua entre caçadores e vampiros?

- Posso ir de Megan Fox?

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- Vampiros são estranhos, onde na cabeça deles vestir isso aqui pode ser legal? – Taylor fitava-se no enorme espelho do quarto de Camerom.

Suas roupas pareciam ter sido tiradas de um filme de mal gosto sobre a idade média. Seu vestido era longo e lilás, com traços brancos e flores bordadas a mão. Ela foi obrigada a colocar uma peruca branca grande que fazia sua cabeça ficar maior e um colar que pesava como chumbo, tudo isso só para não fazer feio na frente dos vampiros.

Brian, Camerom e Rebecca estavam bem atrás dela, com trajes semelhantes de uma época onde mostrar seu verdadeiro cabelo poderia ser considerado pecado.

- Não se esqueça, Taylor –Camerom pegou nos ombros dela, o reflexo dos dois aparecia no espelho – Vamos apenas conversar. Se a Rainha não nos deixar romper o selo, vamos embora. Não faça nenhuma bobagem.

- Tipo qual? Ir pra um lugar mais calmo com algum vampiro?

- Exatamente.

Taylor mordeu o lábio inferior, mas depois olhou para baixo, com tristeza. Fazia quanto tempo mesmo que ela não estivera com um homem?

- Vamos logo – Disse Rebecca, numa voz firme e mal humorada.

E não demorou muito para chegar até a mansão dos vampiros. Rebecca estava dirigindo, e não reclamou que era difícil dirigir com aquele vestido. Taylor fitou a mansão, realmente fazia jus ao nome. Ela tinha uma aparência nova, quase moderna, como um desses castelos antigos que são contemplados até nos dias de hoje.

Do portão, eles podiam ver o enorme jardim e a porta da mansão, vigiada por um segurança com roupas dos soldados reais da Rainha Elizabeth.

- Que engraçado... –Taylor sorriu.

- É, eles adoram um espetáculo – Quando Camerom virou para a janela do carro, tomou um susto com um homem olhando fixamente para ele.

O homem misterioso era com certeza um vampiro, todos percebiam isso pela sua pele pálida e sua expressão de que queria devorá-los. Ele saiu da janela de Camerom e deu a volta no carro, para falar com a motorista Rebecca. Enquanto andava, arranhava o carro com as unhas da mão direta, mas não deixava marca alguma, e nunca tirava os olhos de quem estava lá dentro.

-Tenho uma leve impressão que ele quer nos matar... – Taylor suspirou, estava começando a ficar assustada.

- Olá – Disse o vampiro, soltando seu hálito no rosto de Rebecca – Parece que vocês estão prontos para a festa...

- Certamente – Respondeu Rebecca, sem demonstrar medo algum – Você pode avisar que os Van Der Lance chegaram?

- Van Der Lance... - O vampiro deu um sorrisinho – Que bom que vieram. Mas por que ainda sinto cheiro de enxofre?

- Eu sou Brian, a propósito – Brian levantou a mão e deu um tchauzinho, que naquele momento significava um “oi”.

O vampiro olhou para ele, fungando mais o ar, havia percebido que ele era um demônio, mas felizmente os vampiros não tinham nada contra isso. Mas, sabia que se caso a Rainha quisesse comê-los, ter um demônio ali seria um pouquinho mais difícil. Mas, não era apenas o cheiro de Brian que o vampiro sentia.

- O resto de vocês é humano?

- Sim – Respondeu Rebecca.

O vampiro olhou para Taylor, que estava lhe jogando um olhar de indiferença pra não demonstrar seu pseudo medo. E o vampiro sabia, com certeza, haviam duas criaturas ali e dois humanos.

- Boa sorte – O vampiro desapareceu.

Logo o enorme portão começou a se abrir. Rebecca acelerou com o carro e entrou na propriedade.

- Você viu a expressão dele? – Perguntou Camerom para Rebecca.

- Que expressão?

- Eu não sei...

O carro parou. Os quatro saíram e foram até a porta da mansão. O segurança olhou para eles, sem expressão alguma, e não os deixou passar. Ele não disse nada, apenas não saiu da frente e não abriu a porta.

- Não podemos entrar? – Perguntou Taylor.

- Coloquem as máscaras – Ele respondeu, frio.

Foi só colocarem as máscaras que ele abriu a porta. Os quatro entraram, cautelosos. E realmente, aquele era um espetáculo. Todas as pessoas –alguns vampiros – estavam vestidas do mesmo jeito e usavam máscaras diferentes. Algumas dançavam na pista, outras conversavam ao redor das mesas de comida.

Brian se sentiu maravilhado. Não via aquilo há muitos anos, era como voltar a época da sua infância onde ele e seu melhor amigo Peter espiavam as festas que seus pais iam pela janela. Ele se lembra de soltar bombinhas em algumas, mas era coisa de criança.

- Precisamos falar logo com a Rainha, não quero ficar aqui por muito tempo – Sibilou Rebecca, mesmo sabendo que os imortais daquele enorme Hall podiam ouvi-la.

- Olá humanos... – Uma vampira apareceu do nada na frente deles, sorrindo – E criaturas... Você gostaria de dançar? – Ela olhou para Camerom.

-Não, obrigado. Precisamos falar com a rainha.

-A rainha? Está muito ocupada neste momento.

A vampira estava certa. A rainha Emerald estava no andar de cima, hipnotizando um humano. Seus olhos verdes estavam há sete centímetros dos olhos dele, e sua boca dizia:

- Você está loucamente apaixonado por mim...

O garoto, de apenas dezessete anos, concordava. Emerald o beijou, já conseguia controlar suas presas após oitocentos anos de vida, mas não queria. Sua vontade era de morder seu pescoço e arrancar suas veias com os dentes, mas não podia violar o acordo com os humanos. Ela e sua família poderiam se alimentar de humanos, contanto que os hipnotizasse para não sentir dor e não os matasse, caso contrário começaria uma guerra e pessoas e vampiros poderiam morrer.

Mas de vez em quando, ela quebrava o trato. Saia pelas ruas e estraçalhava algum sem teto, ou algum criminoso, geralmente pessoas que ninguém sentiria falta, e nenhum caçador ainda sabe disso.

O garoto começou a beijar seu pescoço enquanto ela o arrepiava com as mãos e gemia, aquilo era realmente prazeroso. De tanto excitação, suas presas saíram e seus olhos ficaram vermelhos cor de sangue. Ela mordeu o pescoço do garoto, que deu um leve gemido, ele também achava aquilo prazeroso.

Lá embaixo, na festa, a conversa entre Camerom e a vampira ainda não havia terminado. Ela sabia quem ele era e sabia para que ele tinha vindo, a Rainha não esconde segredos da sua família e ninguém esconde segredo algum dela.

- Você quer que eu a chame?


- Eu ficaria muito grato.

- Vai lhe custar uma dança... – A vampira sorriu, e fez seus olhos piscarem vermelhos por dois segundos.

Camerom cedeu, ela não iria conseguir hipnotizá-lo já que ele estava com um dente de alho nos bolsos. A vampira estendeu a mão para ele e o levou para onde todos estavam dançando.

- É sempre assim... – Rebecca parecia entediada.

- O que? - Perguntou Taylor enquanto dava um ar de risos e olhava Camerom dançando com a vampira.

- As vilãs sempre dão encima dele.

- Não podemos culpá-las...

Rebecca olhou para ela, com repulsa. Ela era a prima de quinto grau deles dois e estava morta, tecnicamente, Rebecca não estava acreditando que ela estava lançando aquele olhar para Camerom que dizia “Deixa só eu te pegar sozinho”.

- Bom – Taylor olhou para ela – Vou arrumar algum vampiro pra dançar comigo, talvez algum deles me mostre seus dentes – Taylor foi na direção da pista de dança, iria ficar parada ali perto até alguém notá-la.

Encostou-se na mesa de bebidas e tirou seu leque roxo do bolso para se abanar. Ela observava Camerom dançando agarradinho com a vampira. Ela estava rindo dele, e ele pedia ajuda pelo olhar. Era hilário, mas seria mais ainda se uma criatura pior quisesse namorá-lo, afinal, vampiros ainda têm a aparência humana na maioria das vezes.

Então, Taylor olhou para Rebecca, ela estava conversando com um homem careca e enorme, que com certeza havia sido hipnotizado, ele mal sabia o que estava fazendo. Brian não estava com ela, e nem por perto, com certeza também tinha ido se divertir.

O homem careca pegou Rebecca pelo braço. Ele a puxou e a levou pela porta marrom à direta da entrada. Taylor fez um sinal com as mãos para Camerom, que olhou para Rebecca. Ele sussurrou “Vá ver o que aconteceu”, não podia sair dali se quisesse falar com a rainha.

Taylor suspirou, derrotada, já viu que aquilo não era boa coisa. Quando deu dois passos, foi puxada pelo braço e deu de encontro com o peito de um homem. No começo, não entendeu, mas foi só olhar para seu rosto que tudo havia ficado claro.

- Dance comigo – Pediu Axel, a sua frente, mas eles já estavam dançando.

- Por que eu não estou surpresa?

- Deve ter sido outro sentimento seu que o fogo do inferno queimou.

-Haha! –Ela riu – Piadinhas sobre o inferno? Tão clichê. Mas me diga, onde está sua amiguinha?

- Bem ali – Ele apontou pra parede da esquerda, ficava há dez metros deles.

Annie estava lá, segurando sua máscara vermelha e preta. Ela estava claramente olhando para eles.

- Você não anda sem seu animal de estimação, não é?

- E os Van Der Lance não andam sem o seu – Axel girou Taylor, e depois a agarrou pela cintura, com força.

- Calma aí, grandão. Aqui não é lugar pra isso. E isso não quer dizer que eu não gostei.

- Você sabe que eu vou te matar, não sabe?

- Na frente de meia dúzia de vampiros e seus convidados suculentos? Tem certeza que quer acabar com a festa da mulher que matou trinta caçadores sozinha? – Taylor levantou uma sobrancelha quando percebeu que ele estava surpreso por ela saber disso.

- Por que você não me conta logo o motivo pelos Van Der Lance estarem protegendo você? Se você cooperar, prometo que te mato bem rápido – Axel jogou Taylor para a frente, eles estavam segurados pela ponta do dedo. E logo depois Taylor girou para perto dele, estava gostando de conversar e dançar ao mesmo tempo.

- Tenha mais compreensão, Axel Hevovich. Você não protegeria seu irmão se ele miraculosamente saísse do inferno?

Axel jogou Taylor para trás, ela pensou que iria cair, mas ele segurou seu corpo com o joelho e olhou bem nos olhos dela.

- Fale do meu irmão de novo e nós dois morremos aqui. – Ele levantou Taylor novamente e eles voltaram a dançar normalmente, mas Taylor estava se sentindo mal por ter mencionado o irmão dele.

Tinha algo nos olhos de Axel, que com certeza estavam muito além de ser apenas dor. Ela havia percebido isso quando implorou pela sua vida há dois dias atrás, e viu a relutância que ele tinha em acreditar que ela era uma “criatura boa”. E agora havia visto traços de alguém que sofreu muito e precisa matar tudo que não for humano que encontrar pela frente só para não ficar sem ter algo pelo que viver. E aquilo parecia ser bem pior do que ter uma avó que entrega sua alma para o diabo.

Eles ficaram calados por um momento, apenas dançando. Axel fitava a festa inteira por cima da cabeça de Taylor enquanto ela fitava seu peito, pensando e pensando. Ambos estavam esperando a próxima provocação do inimigo, mas nenhum deles parecia apto para mais conversa cretina, até que, Taylor pronunciou-se.

- Como me achou?

Ele abaixou a cabeça e olhou para ela.

- Rastreador, sinto muito se não havia um desses na sua época.

- Há! Muito engraçado. Você deve divertir muito as criaturas antes de matá-las –Taylor chegou mais perto dele e agarrou sua bunda.

Axel pulou, e a primeira coisa que pensou foi que há muito tempo ninguém faz isso nele. Taylor sorriu com desdém quando percebeu que ele estava inquieto, adorava deixar os homens desconfortáveis com provocações sexuais.

- Temos uma coisa enorme aqui atrás... Provavelmente o método se repete na frente – Ela mordeu o lábio.

- Ta aí uma cosia que você nunca vai saber – Ele tirou a mão dela de lá, que agora havia agarrado sua cintura.

-O que foi? Não é a sua praia? – Taylor fez um bico debochado.

- Apenas me diga quem é você e porque os Van Der Lance te protegem.

Taylor deixou mais um sorrisinho escapar, estava adorando aquilo, desejava poder ir em bailes de vampiros sempre.Aproximou-se do rosto de Axel, tão próximo que um sentia o hálito do outro. Os lindos olhos azuis de Taylor fitaram os penetrantes olhos verdes de Axel e num sussurro sexy, ela disse:

- Eu sou Taylor Van Der Lance. E eles... São a minha família.

Axel não sabia o que falar, muito menos o que fazer. E talvez nem acreditasse nas palavras de Taylor. Mas se fosse verdade, ele a conhecia muito bem. Muitos caçadores falavam sobre a Van Der Lance condenada, contavam histórias, cochichavam sempre que algum Van Der Lance aparecia. E agora, ele estava cara à cara com a própria. Mas isso era impossível, certo?

De repente, ouviu-se um grito. Uma garota estava aos berros no meio da multidão, enquanto um vampiro arrancava partes de seu corpo com suas presas. A festa inteira voltou o olhar para eles, inclusive Taylor e Axel. Annie, lá atrás, abaixou a máscara e tocou a arma na sua cintura, estava pronta para sacá-la. Eles tiraram as perucas, que estavam atrapalhando e fitaram a confusão, sem poder fazer nada. Mas o escândalo não demorou muito. A Rainha apareceu como um vulto e em fração de segundos arrancou a cabeça do vampiro. O sangue jorrou em muitos convidados. Os vampiros soltaram as presas enquanto os humanos não faziam nada, estavam hipnotizados, foram instigados a não sentir medo não importa o que acontecesse.

Camerom olhou para aquela cena, e estranhou Rebecca estar ao lado da rainha, elas haviam conversado?

A rainha olhou para os convidados, ainda com a cabeça do vampiro nas mãos. Todos os outros vampiros estavam apavorados.

- Caçadores – Ela gritou – É isso que eu faço com os vampiros que matam humanos nesta cidade – Ela ergueu a cabeça do vampiro pra frente –Quem manda aqui, sou eu! E aquele que desrespeitar o trato, irá morrer!

Os vampiros rosnaram, o medo os consumia mais ainda.

- Vocês estão entendendo, seus sanguessugas amadores? – Ela gritou, mas ninguém deu um piu.

Com aquilo, ela queria demonstrar que respeitava o trato mais que tudo, só que isso era mentira. Mas ela queria um escândalo para provar o contrário para os caçadores, e avisar o restante dos vampiros que se fizessem isso, iniciariam uma guerra e muitos deles morreriam.

Ela jogou a cabeça do vampiro para longe e fitou Taylor entre a multidão. Taylor percebeu seu olhar e ficou com medo.

- Muito bem... – Disse a Rainha, mais calma – O que temos aqui hoje? Uma das famosas ressurreições mundiais. Taylor Van Der Lance, a lenda. Sua família não seria nada sem a sua história.

Todos na festa abriram espaço para Taylor. Ela ainda estava ao lado de Axel, que observava tudo, com cautela. A Rainha andou até ela pelo espaço dado pelos vampiros e humanos, com Rebecca seguindo-a. Quando chegou bem perto de Taylor, sorriu.

- É um prazer conhecê-la, Taylor Van Der Lance. E eu que jurava que isto nunca iria acontecer – Ela olhou para Axel – Axel Hevovich, parece que hoje minha festa está cheia de convidados ilustres. Aliás, poderia dizer a sua amiga ali atrás que aquela arma que ela tem não vai servir pra nada?

Axel olhou para Annie, que estava tirando as mãos da arma devagar.

- Primeiro, os menos importantes. Axel, o que faz em minha festa? Já que acredito que você e aquela colegial não vieram aqui para matar vampiros.

- Ele estava atrás de mim – Respondeu Taylor – Ele quer me matar.

- Sério? – A rainha deu um ar de risos – E o que você fez? Falou do irmão dele?

- Digamos que eu fui uma garota muito levada.

- Que pena. Vocês até formam um belo casal.

Axel fechou sua mão num punho, estava segurando sua raiva. Taylor percebeu isso, mas não ligava, ele era o cara que queria matá-la, não precisava se importar com a vida dele.

- Mas enfim – A rainha deu dois passos para a direita e ficou cara à cara com Taylor – Os ventos góticos me disseram que você quer romper um selo na minha mansão.

Rebecca ficou emburrada lá atrás, odiava que a chamassem de gótica.

- Sim, uma aliada sua, Jennifer Maquiaveli.

- Eu sei, ela está aqui há 41 anos, e já tentei de tudo para romper este selo.

- Queremos a ajuda dela – Disse Camerom, que estava chegando perto de todos.

A Rainha olhou para ele. Ele tirou a peruca e jogou no chão, queria fazer isso há muito tempo.

- Ajuda? De uma vampira? – A rainha riu – Quando foi que os caçadores perderam seu orgulho?

- Precisamos manter Taylor viva –Respondeu Camerom – E matar quem está ressuscitando as pessoas.

A rainha suspirou, estava sentindo o cheiro de Camerom, que parecia tão suculento por dentro quanto por fora. Ela andou até ele, que não se moveu um centímetro. Chegou bem perto e olhou nos seus olhos.

- Sinto uma grande energia vinda de você. Ficou mais poderoso, talvez possa quebrar o selo.

- Se você me permitir... Quer dizer, se você me permitir, Majestade.

A rainha sorriu maliciosamente. Era óbvio que deixaria, queria romper este selo há 41 anos.

-Muito bem – Ela gritou, olhando para os vampiros – Quero vocês fora daqui agora. Deixem estes humanos em algum lugar seguro, e faça-os esquecer de tudo. Tomem um litro do sangue deles, se quiserem. E se amanhã eu vir no jornal a notícia de alguém morto sem uma gota de sangue no corpo, preparem-se.

Axel fechou a outra mão num punho, estava odiando aquilo tudo. Não achava justo vampiros poderem se aproveitar desse jeito dos humanos, era covardia.

Não demorou muito e todos daquela festa se retiraram. Um dos vampiros pegou o corpo da garota mordida, que ainda estava viva.

- Transforme-a – Ordenou a rainha – A coitada não merece morrer.

- Vamos embora, Annie – Axel saiu andando.

-Aonde vocês vão?

- Embora, não temos nada haver com isso.

-Fiquem, por favor – Pediu a rainha, mas seu tom de voz parecia falso.

- Não podemos – Axel deu as costas para ela e andou na direção da porta.

De repente, A rainha apareceu na sua frente, pregada na porta fechada como uma aranha. Suas presas estavam para fora e seus olhos ficaram novamente daquela cor vermelho sangue.

-Eu mandei ficar.

Axel engoliu em seco, precisava obedecer a vampira mais poderosa que já conhecera, ou então seria mais um na lista de caçadores mortos por Emerald. Annie começou a tremer, ela sabia que aquilo não era bom, mas não podia fazer nada, a incapacidade sempre a deixava desesperada.

No exato momento, Brian apareceu.

- Perdi alguma coisa?

A rainha desceu da porta e voltou a sua forma humana. Andou até Camerom e sorriu.

- Vamos lá Harry Potter.

CAPÍTULO 5: Segredos e Magia
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