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[Livro] A Punhalada - Capítulo 5: A Morte Leva Quem Quer


- Agora você acredita em mim, né? – Perguntou Josh a Kristen, sussurrando, mas ela ainda estava com medo que o senhor do fundo da lanchonete os ouvisse.

Kristen olhou para todos os lados, o Vulcanical’s estava quase vazio, a não ser pelo idoso que contava moedas na ultima mesa, ele realmente tinha o rosto de quem parecia ser o assassino. Quando olhou de volta nos olhos de Josh, percebeu que estavam esbugalhados, ela tinha medo quando isso acontecia. Ele estava agitado, queria que alguém acreditasse na sua teoria de assassinatos.

- Ta, Josh, ta legal... Eu acredito, mas... Não faz sentido, entenda.

- O que não faz sentido?

- As mortes. Por que alguém mataria Jake e Nick, assim, do nada? E depois mataria Trish que não tem nada haver com os dois?

- Exatamente, você não está percebendo? – Ele aproximou-se do rosto de Kristen que estava do outro lado da mesa, teve que se levantar um pouco – Não existem mais regras!

- Então, você quer dizer que as mortes são simplesmente aleatórias e que não existe um bom motivo para matar Jake, Nick e Trish a não ser a própria matança? – Kristen chupou seu suco de laranja pelo canudinho e isso pareceu uma cena de desprezo a Josh.

- Não exatamente... – Josh sentou-se de volta – Quer dizer, a ordem das mortes está estranha...– Ele fez uma careta, como se estivesse tentando dividir trezentos e vinte e dois por treze.

- Então... Não nego que alguém enlouqueceu e está querendo matar geral, mas isso não significa que os assassinatos tenham que fazer algum sentido porque isso aqui é um filme de terror... – Kristen deixou seu copo de suco seco encima da mesa e fitou Josh, que ainda pensava.

- Bom... Jake e Nick foram “As mortes iniciais”, o recado deixado no corpo de Trish foi “A virgem”, e talvez tenha tido um pouco de humor negro. Se a gente ao menos soubesse qual o padrão que está fora do padrão...

- Olha, para de pensar nisso. Ok? Somos os nerds, os excluídos, já fomos assassinados socialmente pela ira do destino que preferiu nos dar cérebro a uma boa aparência. Quase nunca estamos em filmes de terror, e quando estamos, somos os primeiros a morrer. Se ainda estamos aqui depois de três mortes, ninguém se daria ao trabalho de nos matar.

- Eu sei não se senti vontade de te beijar ou de te esmurrar por ter acabado completamente com a gente em apenas uma frase...

Kristen fez uma careta de deboche, que mais parecia um “nhenhenhe”. Josh sorriu pra ela, aquele seu olhar tenebroso e agoniado já havia saído, ele estava apenas com cara de nerd. Pegou uma bata frita de seu prato e colocou na boca. Ainda mastigando, ele voltou a falar.

- Mas você sabe que também recebemos uma mensagem de texto...

- Pelo amor de Deus. Todo o colégio recebeu! Aquilo foi um truque pra fazer as pessoas que se sentem ameaçadas sentirem que são as próximas. Quem em sã consciência mandaria uma mensagem dizendo... – Kristen preparou a voz para uma imitação mal feita de voz de homem - “Ei, você tem uma beleza incomparável, adoraria te matar na frente do espelho” – Quando parou, suspirou, sabia que tinha saído horrível.

- Quem em sã consciência vestiria a fantasia do ghostface e mataria três pessoas?

Kristen ficou calada, Josh finalmente havia lhe pego, não tinha como se livrar dessa a não ser dando um sorriso sem graça, que admitia sua derrota.

- Vamos, está tarde... – Kristen levantou a mão para Amanda que estava trás do balcão.

Amanda rapidamente foi até ela, apesar de ter tropeçado no balde antes de sair de trás do balcão. Enquanto ela estava chegando, Kristen e Josh tratavam de tirar seu dinheiro para pagar.

- Vão precisar de troco? – Perguntou Amanda.

- Não, pode ficar. Obrigada – Disse Kristen, com um sorriso e sai junto de Josh...

- De nada... Aberração – Amanda falou baixo para eles não escutarem.

Colocou os pratos de cima da mesa para sua bandeja e enquanto segurava com a mão esquerda, a direita limpava com um guardanapo branco as sujeiras que Josh fizera. Quando a mesa estava completamente limpa, Amanda dirigiu-se para trás do balcão novamente e colocou a bandeja sobre ele.

Virou-se de frente e apoiou seu rosto em suas mãos fechadas em punhos, com os cotovelos no balcão. Ela observou o senhor da ultima mesa, perguntando-se quando ele sairia pra poder fechar. Ele estava com um chapéu cinza que cobria metade do rosto, Amanda não conseguia vê-lo direito. Com as mãos enrugadas, contava suas quase-infinitas moedas enquanto seu café esfriava ao lado, ele não havia tomado um só gole.

Amanda suspirou, mas não foi de reclamação. Ela até estava gostando de ajudar Erin no Vulcanical’s, ela se sentia estranhamente especial por estar sendo garçonete por um dia.

Atrás dela, Erin chegava com um prato em mãos, tinha um sanduíche nele. Amanda ouviu o barulho, mas não se virou, continuou a olhar pro senhor da ultima mesa. Erin deixou o prato na frente de Amanda, dizendo que preparou um lanche pra ela.

- Obrigada, não estou com fome. Acho que vai ficar pra viagem... – Respondeu Amanda, sua voz mudou de tom, já que estava praticamente prendendo as bochechas naquela posição.

- Tudo bem... – Erin ficou bem ao seu lado, só que com as mãos esticadas no balcão. Olhou também para o senhor da ultima mesa, ela o conhecia bem – Ele vem todo dia... Senta na ultima mesa, pede um café que nunca toma e fica contando suas moedas, de novo e de novo e de novo...

- Coitado. Talvez a esposa tenha morrido tragicamente e ele não tem ninguém agora...

- Ou talvez ele tenha desperdiçado seu grande amor na juventude e agora precisa encarar a si mesmo e a solidão pelo erro que cometeu...

Amanda olhou para Erin, com um rosto duvidoso. Tinha achado linda a suposição da amiga, mas ainda não sabia como ela chegara a pensar nisso. Erin olhou para Amanda, não sabia o que a amiga estava olhando. Ficou desconcertada e acabou roubando um sorriso de Amanda. Quando os dentes perfeitos de Amanda apareceram, Erin não resistiu e também sorriu. Por algum motivo elas estavam achando aquilo engraçado, era como um código de amizade que só elas entendiam.

Então, ouviram o sino da porta. Quando olharam, ela já havia fechado. Olharam pra ultima mesa e o senhor não estava mais ali.

- Como ele...? – Começou Amanda, mas não sabia como terminar.

- Saiu tão rápido? Ele é quase uma sombra. Mas esquece. Agora me ajude a fechar – Erin entrou para a cozinha, estava pensando em começar organizando as louças.

Amanda suspirou, dessa vez, estava reclamando. Elas tinham que limpar as coisas, trancar tudo, e talvez limpar o banheiro caso algum caipira tivesse sido mal educado o suficiente para deixá-lo sujo. Mas, ela decidiu começar empilhando as grades de refrigerante nos fundos.

Enquanto carregava, amaldiçoava a cortina transparente de plástico que ficava no meio do caminho, estava atrapalhando na passagem das pesadas grades que ela tinha que empilhar. Quando deixou a terceira, ouviu o sininho de entrada fazer barulho. Ela olhou para lá, mas não conseguia ver nada, estava muito longe.

- Oi, estamos fechados! – Ela gritou, mas teve a impressão que alguém tinha entrado – Merda! – Reclamou e foi até lá – Oi, nós estamos... – Parou de falar quando não viu ninguém.

O sininho ainda balançava levemente na porta, mas a lanchonete estava vazia. Amanda olhou para todos os lados, mas realmente não tinha ninguém, e nenhum barulho podia ser ouvido. Ela olhou para a porta da cozinha e ouviu o barulho da torneira ligada. Seu rosto parecia desconfiado, ela duvidou se tinha ouvido ou não, mas se realmente aconteceu, Erin também teria ouvido já que a cozinha ficava mais perto do depósito. Andou até a cozinha e da porta fitou Erin, que estava lavando os pratos de costas para ela.

- Erin, você ouviu o sininho da porta tocar? – Perguntou, mas não obteve resposta – Erin? Você ouviu o sininho da porta tocar? – Novamente, Erin não respondeu.

Amanda se estressou e foi até a amiga. Pegou com força em seu braço e falou seu nome num tom grave. Erin olhou pra ela, assustada, e tirou os fones de seu ouvido.

- O que foi? – Ela perguntou.

Amanda tinha entendido. Erin não conseguiria ouvir nada já que estava com seus fones de ouvido. Assim, sentiu-se uma idiota, com certeza era coisa de sua cabeça.

- Nada não, só queria perguntar qual dos banheiros eu lavo... – Disfarçou.

- Qualquer um, na verdade se não quiser lavar...

- Não, eu ajudo. Melhor que não ter o que fazer, mas... Só se eu puder fazer isso pelada – Amanda sorriu maliciosamente, para Erin, que também não agüentou a piada da amiga.

- Amanda! – Repreendeu com um sorriso.

- Eu não vim de sutiã mesmo – Gritou Amanda, já da porta da cozinha.

Erin olhou para os pratos que lavava e rindo, balançou a cabeça negativamente, não acreditava que Amanda podia ser tão engraçada.

Quando deu a volta no balcão, Amanda olhou pra porta. Ela sentiu uma tensão bater, mas logo chegou à conclusão que seria impossível alguém ter entrado e não ter sido visto. Mas, por precaução, decidiu trancar a porta. Andou até lá e olhou pra rua, completamente deserta, apenas o latido de alguns cachorros se ouvia de longe. Com a mão já no trinco, ela olhou pra lua cheia pela vidraça da porta, parecia estar mais perto que de costume. Girou o trinco do meio, depois o de cima e depois o de baixo, a porta estava completamente trancada, ninguém mais passaria por ali. Puxou o fio para a cortina descer e tapar a vidraça, mesmo sabendo que ela sempre fica aberta.

Deu meia volta e foi até o armário onde estavam os produtos de limpeza. Pegou o balde com o esfregão e, quando saiu, fechou a porta com os pés. O banheiro ficava quase na frente do armário e foram necessários apenas alguns passos para chegar até ele. Quando abriu a porta, tomou um susto. Megan estava lá dentro, com um pedaço de espelho quebrado nas pernas. No espelho, obviamente aquilo branco era pó, que Megan cheirava com um corpo de caneta vazio. O susto foi grande, Megan deu um pulo e jogou tudo no chão, enquanto Amanda apenas se afastou um pouco com o grito dela.

- Que diabos você está fazendo aqui? – Perguntou Amanda, num tom acusador.

- Ai meu Deus! Vocês todos querem me matar?

- Sim...

- Vou considerar isso como uma ameaça oficial... – Megan tirou seu batom vermelho de sua bolsa e com um olhar de desprezo, começo a passar pelos seus lábios enquanto se olhava no espelho do banheiro.

- Cai fora daqui, estamos fechados!

- Me desculpe – Megan sussurrou, não conseguia falar direito enquanto tinha que deixar seu lábio inferior parado para não borrar o batom – Talvez eu tenha pegado no sono. Eu não sei. Só me lembro de estar me divertindo quando você abriu a porta.

- Megan...

- Já estou saindo, mas que coisa, querem ser processados? – Megan guardou seu batom na bolsa e de lá tirou um saco de droga – Te dou um desses se não contar pra ninguém o que viu.

- Fora daqui! – Gritou Amanda.

- Ta bom, ta bom, to saindo – Megan correu, seus saltos não a deixavam dar passos muito longos.

Amanda entrou no banheiro, não estava mais agüentando Megan por perto, logo ficou de mau humor. Jogou o sabão no chão e quando pegou o esfregão, o telefone da lanchonete tocou.

- Droga! – Reclamou e jogou o esfregão no chão.

Saiu do banheiro e foi direto pro balcão. Chegando lá, encontrou Megan tentando forçar a porta, mas ela estava obviamente trancada. Megan virou-se para Amanda, com um rosto emburrado.
- Você precisa abrir pra eu sair.

- Espera aí, vou apenas tratar mal quem quer que esteja ligando há essa hora pra cá e, já, já cuido de você – Amanda atendeu o telefone – Alô?

- Alô...

- Quem é?

- Eu poderia ser quem você quisesse, mas hoje à noite, sou a ultima pessoa com quem deveria estar falando... – Uma risadinha foi solta pela voz macabra do outro lado da linha, deixando Amanda pensar que era uma brincadeira sem graça.

- Se você não tem mais o que fazer, não perca tempo passando trote pros outros, masturbação funciona muito bem pro tipo de mentalidade infantil e desocupada que você demonstra ter.

- Uh, ela é boa – Comentou Megan, com seu rosto surpreso.

- Se eu fosse você escolheria melhor as palavras, ou então eu posso não ser tão piedoso quando colocar seu corpo mutilado na mesa de jantar dos seus pais.

- Merda! – Amanda gritou, ela estava pela primeira vez realmente apavorada. Colocou o telefone de volta no gancho, querendo poder fazer outra ligação e avisar a policia, mas o telefone tocou mais rápido do que esperava.

- O que está acontecendo? Ai meu Deus! – Gritou Megan.

Amanda colocou a mão no telefone de novo, os toques pareciam ficar mais altos com o medo dela aumentando. Naquele momento, Erin voltou da cozinha, enxugando suas mãos num guardanapo.

- O que está acontecendo? O que você está fazendo aqui?

Amanda colocou o telefone em seu ouvido rapidamente, e cuspiu as palavras: “Vai se ferrar” para o assassino, que riu daquilo.

- Você está com medo Amanda? A rainha do baile de primavera finalmente recebeu sua primeira ligação, você deve estar se sentindo muito especial, como sempre. Aqui vai uma pergunta: Sente-se mais segura com a porta trancada ou de saber que já estou dentro?

- Vai se danar, seu merda! – Amanda gritou – Dane-se você e esse seu mundinho limitado que te fez ficar doente e começar a matar as pessoas só pra chamar atenção!

Ghostface não perdoou, sem ao menos encerrar a ligação, arrombou a porta do final da lanchonete que guardava coisas velhas e fez as três soltarem gritos de pavor. Erin rapidamente entrou na cozinha e trancou a porta, mesmo vendo que o assassino não estava indo atrás dela, ele estava indo atrás de Amanda e Megan que correram juntas pro depósito.

Quando entraram, Megan correu até as caixas de suprimentos enquanto Amanda estava mais preocupava em fechar a porta. Ela conseguiu, mas logo o assassino enfiou a faca por ela. Isso não assustou Amanda, ela não sairia daquela porta por nada.

- Megan! Me ajuda aqui! – Gritou.

Megan correu, quase caindo com por causa dos seus saltos altos, mas se escorou na porta, impedindo a entrada do assassino, que batia nela com uma mão e com a outra enfiava a faca brilhante que carregava

- Precisamos sair daqui! – Megan gritou.

- As escadas! – Amanda fez força, estava cada vez mais difícil de segurar a porta.

Megan e ela correram pras escadas a sua frente, que dava no segundo andar ainda em construção, onde o dono pretende morar. Amanda subiu na frente, e ajudou Megan quando já estava no topo. Juntas, correram entre as madeiras quase soltas e os pisos quase cedendo, o medo de cair era enorme.

Ghostface conseguiu quebrar a porta e olhou em volta. Percebeu que elas não estavam mais lá. Subiu correndo a escada e viu as duas se equilibrando pra não caírem, já no final do cômodo. Ele foi atrás delas, que quando viram, soltaram mais gritos.

Amanda abriu a porta a sua frente e Megan entrou primeiro. Ela fechou quando entrou e logo notou onde estava. Aquela parte estava pronta, era a parte principal, que tinha uma saída direta para frente da lanchonete. Com rapidez moveu-se até a porta onde sabia que tinha uma escada, mas não conseguiu abri-la.

- Ele está vindo! – Gritou Megan e isso a deixou mais nervosa.

Amanda segurava na maçaneta da porta e balançava loucamente, tentando abri-la de todos os jeitos, mas ela aprecia estar grudada ali. Quando desistiu da porta, olhou ao seu redor e percebeu um pequeno espaço no meio da parede do outro lado. Correu até lá e deu graças a Deus daquilo ser um elevador de carga. Megan abriu a porta por onde entraram e deu outro grito, o assassino estava mais perto.

Amanda pensou, não daria tempo dela e Megan saírem dali pelo elevador de carga, só cabia uma delas, e enquanto uma descia, a outra poderia ser assassinada já que daria tempo suficiente pro assassino chegar.

Amanda abriu a porta do elevador de carga e mandou Megan entrar.

- Mas e você?

- Vou pular a janela! Agora vai! – Gritou Amanda.

Megan encolheu-se para entrar no elevador de cargas e puxou a corda para descer. Quando já estava fora da vista de Amanda, ghostface entrou pela porta e correu direto para Amanda, que pegou uma das madeiras deixadas no canto do cômodo e acertou em cheio o assassino na cabeça. Ele caiu, mas antes que Amanda pudesse acertá-lo mais uma vez, ele deu uma rasteira e ela caiu. Ela arrastou-se para pegar a faca dele que havia caído pro lado, mas ele segurou sua perna.

Amanda tentava se soltar, mas parecia estar presa firmemente ao assassino, até que ela se virou e o esmurrou com seu punho direito. Ele soltou sua perna e ela levantou, mas num movimento rápido, a empurrou contra a parede e ela acabou machucando seu nariz. Caiu no chão, e a primeira coisa que fez foi pegar em seu nariz que estava escorrendo. O assassino a puxou pelo cabelo e a jogou contra a outra parede, mas ela colocou as mãos na frente, não se machucou tanto. Correu pra porta ao seu lado e voltou para o lugar onde as tábuas pareciam meio soltas. Ghostface a seguiu, mas tomava mais cuidado que ela.

Amanda acabou pisando numa tábua mole e caiu, sua perna varou completamente pro compartimento de baixo da lanchonete, que era protegido por um forro.

- Socorro! – Ela gritou, enquanto tentava tirar sua perna presa dali.

No andar de baixo, Erin abriu a porta da cozinha e correu pro telefone, estava ligando pra policia. Foi aí que Megan apareceu, gritando.

- Amanda está lá encima! Amanda está lá encima! Ele vai pegar ela, temos que sair daqui!

- Alô, emergência, no que posso ajudar? – Disse uma moça simpática ao telefone.

- Por favor, ele vai nos matar! Estamos no Vulcanical’s na rua dezesseis entre Bill Marshall e Theodore, ele está com minha amiga no andar de cima, ela vai matá-la! – Gritou Erin ao telefone.

- Isso é uma brincadeira?

- Não é brincadeira, ele está aqui! Por favor, depressa!

Megan correu pra porta, tentando abri-la de todos os jeitos. Erin desligou o telefone e foi até lá abrir a porta para elas fugirem, rezando para que Amanda conseguisse se safar.

No andar de cima, ghostface caminhava lentamente aos arredores de Amanda, que estava quase conseguindo libertar sua perna. Quando conseguiu, escapou de uma punhalada quase certeira que levaria nas costas e correu pro lado, mas o assassino era mais rápido. A ultima cartada, foi pegar Amanda com as duas mãos pelos ombros e jogá-la entre as tábuas velhas que formavam uma parede. Amanda atravessou as tábuas podres e deu o que pensou ser seu ultimo grito, mas acabou caindo milagrosamente de costas no enorme toldo vermelho da Vulcanical’s.

Do buraco em que se abriu, ghostface olhou para ela, não era agora que iria morrer mesmo.
No toldo, Amanda estava desmaiada. Quase não se machucou com a queda, mas o susto fora enorme. Mal abriu os olhos e já começou a se debater, pensando que o assassino estava perto dela. Demorou mais alguns segundos até ela perceber onde estava.

Sua cabeça doía, assim como sua perna, ela parecia ter sido nocauteada, e de certa forma, fora. Lágrimas escorriam dos olhos, que se misturavam com sangue. Foi quando ouviu as sirenes de carros da policia. Ela fitava a lua cheia, completamente cansada, não conseguia nem se mexer. Abriu seus braços e viu as luzes piscando na parede ao lado, ela estava viva, afinal, mas nunca havia ficado tão perto da morte, e isso era perturbador.

--

Amanda observava Megan dando seu depoimento a um detetive, pela famosa janela de vidro da prisão. Megan parecia estar tendo um ataque, ela fazia gestos e sua boca abria mais do que o normal e isso deixava claro que ela estava gritando.

O detetive Lionel observava Amanda ao seu lado, machucada, com um cobertor roxo em volta de si. Completamente parada. Ali, ele não via mais uma menina fútil, ele via a garota mais corajosa e mais sortuda do mundo e não sabia o que falar pra ela se sentir melhor.

Os olhos de Amanda observavam Megan, mas em sua mente, as imagens da horrível noite que passou davam voltas e mais voltas. Ela sabia que demoraria tempo demais para esquecer a imagem daquela máscara com cara de fantasma. Lembrava também do depoimento que tinha acabado de dar a policia, não sabia como podia lembrar de cada detalhe do que havia acontecido, e ao mesmo tempo não queria.

Na sala de espera, Erin chorava sem parar. Sentia-se tão culpada por ter se trancado na cozinha e deixado a amiga quase morrer, que isso era o bastante para achar que não tinha mais coragem de olhar na cara de Amanda. Os policias que estavam lá perto, trocavam olhares com Erin, não sabiam como ela estava conseguindo chorar tanto daquele jeito.

Então, Brandon entrou na delegacia. Logo avistou Erin sentada no banco e correu até lá. Quando Erin o viu, o choro piorou, mas dessa vez era de alegria. Levantou-se do banco e lhe deu um abraço, que foi retribuído por Brandon da forma mais carinhosa possível. As lágrimas de Erin caiam no ombro de Brandon, ela não conseguia parar.

- Você está bem? – Perguntou ele.

- Sim, nada aconteceu comigo...

- Onde está Amanda?

- Com o detetive... – A voz de choro de Erin saiu rouca.

- Só falarei com ela quando você me afirmar que está bem...

- Não! – Erin o largou e começou a limpar as lágrimas – Vá falar com ela, ela precisa mais que eu.
Brandon fitou Erin com pena, ele sabia o que tinha acontecido e também sabia que Erin estava se sentindo culpada.

- Meus pais estão quase chegando, vou falar com ela quando eles chegarem. Enquanto isso, eu ficarei aqui...

Erin se emocionou com o que Brandon falou. Ela não via garoto mais perfeito e altruísta que ele, e o melhor era que ele se importava com ela. Sem nem pensar, lhe deu outro abraço, mas dessa vez chorou com a cabeça encostada em seu peito, sentindo-se protegida pelo rapaz que gostava.
A porta da sala abriu-se. Lá de dentro, Megan saiu tagarelando um monte de coisas enquanto o detetive demonstrava claramente que já estava cheio dela.

- Obrigado Senhorita Bower...

- Eu quase morri! Eu quase morri!

Erin olhou para ela, que já estava chamando atenção, como sempre. Brandon também não deixou de notar os gritos, parecia que outra pessoa estava prestes a ser assassinada com tanto escândalo.

- Tem centenas de repórteres ai na frente... – Comentou Brandon.

- Megan vai gostar... – Murmurou Erin – Agora ela é uma das vítimas...

- Eu só quero segurança! Passar bem, Detetive Random – Megan saiu da delegacia com pressa, subindo e descendo pela falta de um dos seus saltos.

Lá na frente, os repórteres a atacaram, mas pela primeira vez, Megan não queria saber daquilo. Ela estava gritando com quem se aproximava, queria apenas sair dali, ir pra casa e tomar um banho com pétalas de rosas. Entrou em seu carro e deu a partida, ignorando as fotos e as perguntas gritantes que os jornalistas faziam.

Seu carro mal saiu e o carro dos Senhores Rush chegou. Lá de dentro, a Sra. Rush correu desesperada para dentro da delegacia e, até ela, foi atacada pelos jornalistas. Eles queriam saber o que ela achava de sua filha ter sido quase estripada pelo serial killer de New Britain, como se isso fosse ajudá-la em alguma coisa.

Ela correu pela delegacia, procurando pela filha, até que a viu saindo de uma sala com o detetive Lionel. Amanda olhou para ela, sem sentimentos no rosto, nem conseguia estar feliz pela mãe estar ali. A Sra. Rush correu até a filha e a abraçou, chorando, estava sentindo pena do que a pessoa que mais ama na vida teve que passar esta noite. Amanda nem se moveu, nem correspondeu ao abraço da mãe, mas ela sabia que queria aquilo, sabia que tinha um nome para o jeito em que estava, era estado de choque, ainda não havia caído a ficha de tudo o que acontecera.

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Em todos os canais, a mesma noticia. Canais internacionais falavam sobre as tragédias em New Britain e em como isso estava afetando o mundo. Pessoas eram entrevistadas, estavam sendo perguntadas como reagiriam se um louco tentando imitar o assassino da franquia Pânico quisesse lhes matar. Todos estavam em frente à suas televisões, vendo o que aconteceu.

Ginger, sentada em sua poltrona vermelha, encarava a TV com seus olhos vermelhos de tanto chorar, estavam falando de Amanda. No mesmo canal, Aaron assistia de seu novo quarto de hotel, estava pasmado com tudo. Também em suas casa, Samantha e Sarah ficaram horrorizadas, estavam chorando, não sabiam como reagir àquilo. Da tela de um barzinho, Daniel acompanhava as noticias, mas estava bêbado demais para pensar em ir ajudar Amanda. E por fim, Josh estava frenético em frente à TV, seus olhos esbugalhados mostravam que ele estava certo, mais pessoas iriam morrer. Kristen ao seu lado estava começando a concordar com tudo, criando suas próprias teorias para todas as mortes.

- A comunidade de New Britain está mais uma vez em choque. Hoje à noite, as adolescentes Amanda Rush, Erin Delaware e Megan Bower foram atacadas pelo mais novo serial killer, recém apelidado de “Demônio do Grito”. Tudo aconteceu na lanchonete “Vulcanical’s” há uma hora, onde um serviço comum e rotineiro tornou-se o pior pesadelo para três inocentes garotas. Por sorte, não houve vítimas fatais. Amanda Rush foi levada ao hospital com ferimentos leves e logo após a delegacia, para prestar seu depoimento. Como se não bastasse, três horas atrás a policia foi acionada urgentemente para o hotel onde o escritor Aaron Estwood estava hospedado. Ele e a jovem Ginger Bolton encontraram o corpo do professor Elias Van Der Lance embaixo da cama de Aaron, com quarenta e quatro facas cravadas por todo o seu corpo. A policia afirma que...

E as noticias continuam...

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Ao chegar em casa, a primeira coisa que Amanda fez foi entrar debaixo do chuveiro e tomar uma ducha quente. Ela passou a maior parte do tempo parada, sentindo a água cair por seu corpo enquanto ele relaxava.

Saiu do chuveiro e olhou-se no espelho, ela estava com um arranhão no rosto, um no nariz e dois no pescoço, mas eles já tinham parado de arder. Pegou em um deles com a mão direita. Com seu toque, sentiu uma leve ardência, que logo parou quando tirou a mão. Suspirou e saiu do banheiro, tentando não se achar a vítima da vez.

Vestiu seu pijama cinza listrado, apertado e curto. Fazia tempo que não colocava. Procurou mexer no computador, queria qualquer coisa que a fizesse esquecer da vontade de chorar, mas não estava funcionando. Ela sentia que era a vítima, sentia como se tudo girasse ao seu redor, e não conseguia acreditar que assim como Ginger, ela era uma sobrevivente.

Levantou-se da cadeira do computador e andou até o quarto de Brandon. Decidiu entrar sem bater. Ela o viu sentado em sua cama, apoiando em sua perna um dos livros da série True Blood. Ele olhou para ela e imediatamente fechou o livro. Com a mão ainda na maçaneta, Amanda o fitava.

- Você ta legal? – Perguntou Brandon.

Amanda não respondeu com palavras, apenas deixou suas lágrimas falarem por si. Brandon levantou-se da cama e foi até ela, lhe deu um enorme abraço que logo a fez sentir-se protegida, mas nem aquela proteção conseguia fazê-la se sentir melhor... Ou com menos medo de morrer do que estava.

CAPÍTULO 6: Não Confie Nele
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Um comentário:

  1. por favorrrrrrrrrr ja passou de quinta e ate agora nada continua...

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