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[Livro] A Punhalada - Capítulo 4: Quem Avisa Quer te Matar


- Eu to mal, Manthy – Gaguejou Amanda, logo após um esguicho de vômito que soltou.

Samantha tentava não olhar para o vômito, e não sabia como conciliar isso segurando os lindos cabelos pretos de Amanda, para não sujarem. Num dos becos ao lado do recém destruído “Neon Trone”, Sarah apareceu. Quando Samantha viu sua irmã, deu graças a Deus.

- Ai meu Deus, Manthy, você ta legal? – Perguntou Sarah, logo depois olhou para Amanda – O que está acontecendo?

- Ela bebeu demais, sabe, não é acostumada.

- Não sou acostumada uma ova! Eu sou forte! – Gritou Amanda, e o esforço que fez causou mais uma série de vômito.

- Tem muitos repórteres lá? – Perguntou Samantha.

- Se com “muitos” você quer dizer o quarteirão todo, sim, milhares deles. Eu vi o noticiário, o corpo é de Trish Peterson.

- Ai meu Deus...

- Quem morreu? – Perguntou Amanda, já quase morta de tanto vomitar.

- Eu vou levar Amanda para casa, Brandon e Erin estão dando depoimento a policia – Samantha olhou para Amanda, imaginando quando ela iria parar de passar mal.

- Tudo bem, vou procurá-los, vou avisar que você se encarregou de Amanda. Se cuida.

- Você também... – Samantha observou a irmã saindo do pequeno beco.

Amanda levantou-se e limpou o rosto, o cheiro estava insuportável.

- Vem, eu te levo pra casa. Me dá suas chaves.

- Estão no meu bolso... – Amanda virou-se e Samantha pegou as chaves.

- Agora vamos, com cuidado – Ela estava ajudando Amanda a andar.

Enquanto isso, Sarah caminhava entre a multidão tentando achar Brandon e Erin. Via repórteres gravando imagens ao vivo da boate. Deu graças a Deus do corpo de Trish já ter sido retirado dali. Mas o carro ainda estava, e o recado com o sangue dela também. Quando se distraiu olhando os destroços, acabou dando de encontro com Megan.

- Ai! – Gritou Megan, daquele jeito estrondoso de sempre – Meu Deus! Você quer me matar? – A voz de Megan era tão alta que parecia até que ecoava.

- Posso responder sinceramente?

- Temos um serial killer nas mãos! Você não pode andar distraída por aí!

- Enfim, você viu Brandon e Erin?

- Estão naquele furgão – Megan apontou para cima dos ombros de Sarah – Eu tentei dizer que sentia muito, mas nem me ouviram. Sem falar que eu tenho uma noticia bombástica!

Sarah olhou para trás e viu um paramédico enrolando uma faixa no braço de Brandon. Erin estava bem ao seu lado, com um cobertor por cima de si, tomando algo que parecia ser café.

- É tudo primeira mão minha filha! Isso vai bombar no Twitter! – Continuou Megan, mas Sarah não estava prestando atenção.

Quando olhou de volta para Megan que percebeu que ela ainda estava falando.

- O que você disse? – Perguntou, fazendo uma careta.

- Você sabia que a Senhorita Peterson estava amarrada no carro alugado de, ninguém mais ninguém menos, que Aaron Estwood? Hein?

Sarah parecia surpresa. Com os olhos, demonstrava o que estava pensando. E o que estava pensando era que quem quer que estivesse matando as pessoas, escolheu uma ótima maneira de conseguir repercussão com os crimes. Usando o carro de uma celebridade para lançar seu alvo e dizer que não parou por aí.

- Eu sei o que você está pensando! – Disse Megan, sorrindo.

- O que?

- Você está me achando super eficiente, não? – Megan colocou para trás sua franja e sorriu, estava se achando a única sobrevivente de um assassinato em massa.

- Você não existe – Sarah deu as costas para Megan e começou a andar na direção da van.

- Eu não transei com o repórter da CNN pra ser insultada por uma siamesa roqueira como você! – Gritou ela, e tomou um copo com água da mão de um homem que passava. Tomou um gole e cuspiu – Tem gosto de asfalto, some daqui!

Na van, Erin olhou pra frente e viu Sarah chegando. Ela sussurrou um “graças a Deus” e levantou-se para abraçar a amiga.

- Ai meu Deus, ainda bem que você chegou – Sussurrou Erin no ouvido de Sarah.
- Você está bem? Se machucou?

- Sim, estou bem... Não me machuquei não, Brandon sofreu alguns arranhões...

Sarah olhou para ele bem atrás de Erin, com o braço enfaixado encima de sua perna, ele parecia estar sentindo dor, mas não queria demonstrar. Quando percebeu que Sarah estava olhando, tratou logo de falar alguma coisa.

- Já sou crescidinho, sei me cuidar.

Sarah e Erin sorriram, ele estava fofo mesmo se fazendo de forte.

- Cadê Amanda e Samantha? – Perguntou Erin.

- Manthy ficou de levá-la pra casa e eu fiquei encarregada de levar vocês. Bom, quando vocês estiverem prontos...

Brandon se levantou e Erin virou-se para ele. Com o olhar, ele disse a ela que já estava na hora de ir. Os três andaram até o carro dos pais de Sarah, e entraram na parte de trás, exceto por Sarah que estava na direção. Erin deitou sua cabeça no peito de Brandon e começou a pensar na noite longa que haviam tido.

--

O rosto de Amanda parecia não ter sentimentos. Ela encarava o caixão de Trish com uma orquídea nas mãos, enquanto as palavras do Padre faziam questão de permanecer em sua cabeça, fazendo-a pensar, fazendo a ficha cair. Alguém havia morrido, de novo, alguém que não queria ver Amanda ali se tivesse escolha. E pela primeira vez, Amanda se sentiu cruel. Só o que ela queria era voltar no tempo por um dia e demonstrar que, assim como todos os seres humanos, Trish era importante e não merecia morrer daquele jeito, muito menos uma morte brutal onde seria obrigado velar o corpo de caixão fechado.

Amanda sentia-se falsa apenas por estar ali, e uma série de outros sentimentos ruins, sentindo algo que não sabia explicar. Talvez fosse apenas aquele mal estar de velório e enterro que ela costumava sentir, que começou quando sua tia Stephane faleceu nove anos atrás. Mas tinha outra coisa que não se encaixava, ela se sentia parte disso só por estar no mesmo lugar onde o corpo aparecera.

Daniel estava bem ao seu lado, com as mãos no bolso do terno alugado, sem tirar os olhos da mãe de Trish que estava inconsolável bem a sua frente, do outro lado do caixão. Ele não estava ouvindo o que o Padre dizia, estava muito bem em suas condições de Ateu, mas o sofrimento da mãe de Trish era muito perturbador.

Estavam praticamente todos ali. O Sr. Vander Lance segurava Ginger nos braços, que estava chorando como uma criança pela morte da amiga, um sofrimento que parecia não ter fim. Seu rosto ainda estava marcado com cortes de vidros e ali todos a estavam vendo como “a sobrevivente”, mas só Ginger sabia que não morreu porque o assassino quis assim.

Kristen, bem atrás de Daniel e Amanda, cutucou Josh pra ele olhar para Ginger. Ele olhou para ela, e sentiu algo que não conseguia descrever.

- Ela estava lá... – Sussurrou Kristen – E sobreviveu...

As ultimas palavras do Padre foram ditas e o caixão começou a descer. As pessoas começaram a jogar as flores que estavam em suas mãos, enquanto o caixão com a foto preto e branco de Trish descia cada vez mais. Amanda foi uma das ultimas a jogar, ela estava concentrada em olhar o caixão descendo que acabou esquecendo que tinha que jogar sua orquídea.

Quando jogou, Daniel chegou até ela e pediu pra eles irem embora. Amanda segurou na mão dele, que beijo sua costa, numa forma de carinho.

- Anda, vamos logo...

Eles dois começaram a andar pra longe dali, assim como todas as pessoas. Erin e Brandon chegaram até eles, assim como Sarah e Samantha. Os seis estavam andando em linha reta pelo cemitério, ambos de preto e com um rosto desagradável.

- Ela não era minha amiga nem nada, mas... Isso é horrível... – Comentou Samantha.

- Nem me fale, queria que essa sensação estranha fosse embora... – Comentou Daniel enquanto chutava a grama em que pisava.

- Vocês acham... – Pensou Sarah, queria organizar bem as palavras – Acham que estamos seguros?

- Quem pode afirmar? – Respondeu Erin, ela estava pensando naquilo desde o momento em que aconteceu, e tinha quase certeza que mais alguém iria morrer.

- Mas e os recados com sangue? “As mortes iniciais”, “A virgem”? Seja lá quem for, está rotulando as vítimas... – Brandon hesitou, mas quando criou uma teoria, continuou – É praticamente um filme de terror de uma mente doentia...

Amanda parou. Todos os outros continuaram a caminhar, estavam quase saindo do cemitério, mas algo a fez parar. Várias coisas estavam se passando na cabeça dela, e seu olhar não negava. Seus olhos encaravam o chão, mas moviam-se de um lado para um outro, era a mente de Amanda fazendo um jogo de dedução.

Daniel olhou para trás e viu Amanda parada. Ele também parou e perguntou o que ela tinha.

- E se for mesmo um serial killer...? Querendo matar mais pessoas e fazer do filme uma realidade... Isso quer dizer... – Amanda olhou para o rosto de cada um dos cinco, que agora olhavam para ela e prestavam atenção no que dizia – Que o assassino pode ser qualquer um de nós?

Os seis trocaram olhares desconfiados entre si. Fazia bastante sentido, se realmente alguém estava tentando imitar os filmes. Tinha no mínimo um motivo, e um assassino, e ambos podiam ser aleatórios.

Um sino tocou, a torre do relógio que ficava bem de fronte para o cemitério anunciava o meio dia. Todos olharam pra lá numa reação automática, o som do sino deixava tudo ainda mais macabro.

- Bom, temos que ir – Disse Sarah – Nosso pai está esperando. Se cuidem.

- Vocês também – Respondeu Erin.

Sarah e Samantha fizeram tchau com as mãos e seguiram para o outro lado do cemitério. Daniel suspirou, e mentalmente começou a achar que o dia já estava longo demais.

De repente, um barulho de carro se ouviu. Os quatro olharam para a porta do cemitério e avistaram um carro preto chegando em alta velocidade. Era estranho, o motorista parecia apressado. Foi aí que ele parou. De dentro do carro, saiu Aaron, todo de preto.

- Claro... – Lamentou Amanda – Tinha que ser ele...

Aaron praticamente correu na direção de Amanda, parecia que ele estava fugindo de alguém. Quando chegou, demonstrou no seu tom de voz que estava nervoso.

- Amanda, preciso falar com você, agora.

- Ow, cara, pega leve aí – Pediu Daniel.

- Quem é esse?

- Meu namorado. E não posso falar com você agora, minha cabeça está cheia...

- É muito importante. Eu não pediria se não fosse... – Aaron lançou um olhar para Amanda, que ficou altamente curiosa com o que ele queria dizer.

- Vejo vocês lá na frente? – Ela olhou para Daniel, mas estava falando com todos.

Daniel assentiu e foi o primeiro a sair dali. Erin e Brandon foram depois, lançando um olhar de duvida para Amanda que retribuiu com outro olhar de duvida.

- Não viu os noticiários? – Perguntou Aaron, num tom de acusação.

- Não fale assim comigo! Eu estava lá quando aquele carro invadiu a boate com uma pessoa morta nele, enquanto você autografava fotos suas na sua suíte de luxo. Não dê uma de celebridade pra cima de mim.

- Sabia que foi no meu carro alugado que puseram a garota morta?

- Eu ouvi algo parecido... – Amanda cruzou os braços.

- Sabia que no banco de trás tinha uma foto nossa, cravada com uma faca? – Aaron tirou a foto do bolso e colocou a frente do rosto de Amanda.

Amanda puxou a foto de sua mão para olhar de perto, percebeu que quase todos estavam na foto. Era o aniversário de Erin, a galera estava curtindo na piscina, até que a mãe de Erin chegou com uma máquina e todos se juntaram para a foto. Amanda viu ela, Aaron, Brandon, Sarah, Erin, Nick e Trish ao fundo, sendo zoada com um chifre por Samantha. A marca da furada da faca estava encima da foto, quase tocando Amanda que era o destaque.

- Ai meu Deus... – Ela sussurrou – Como você conseguiu isso?

- Eu peguei enquanto um policial estava distraído.

- Isso é... Significa...

- Que alguém está tentando nos matar? Um por um? Isso aí. – Aaron puxou a foto das mãos de Amanda e colocou de volta em seu bolso.

- E por que alguém faria isso?

- Eu sei lá. Dois já foram, e agora você acabou de sair do enterro dessa tal de Tanya Parkerson.
- Trish Peterson.

- Exatamente! As pessoas estão morrendo aqui! – A voz de Aaron ficou grave, e possivelmente, mais tensa.

- E por que você não vai embora, então?

- A policia não deixa. Era pra eu estar em Hong Kong agora...

- Eu tenho que ir... – Amanda olhou em seu relógio, eram meio dia e três – Tenho que estar em casa agora, tchau... – Ela começou a andar.

- A gente se fala depois? – Gritou Aaron.

- Claro – Ela respondeu, e continuou a andar até os portões do cemitério.

Lá na frente, Daniel a estava esperando. Logo perguntou o que Aaron queria, mas Amanda preferiu guardar o segredo da foto para si mesma.

- Nada demais, coisa de velhos amigos...

Daniel beijou a testa de Amanda e a envolveu com seu braço direito. Bem juntinhos, eles caminharam até o carro.

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- O que você está fazendo? – Perguntou a Sra. Rush a Brandon.

- Arrumando minha mochila... – Disse ele logo após colocar o livro de química.

- As aulas não haviam sido suspensas?

- Ainda não, hoje é o ultimo dia. Eles querem conversar com a gente sobre algumas coisas... – Brandon fechou o zíper de sua mochila e pendurou no seu ombro direito.

- Estou pronta! – Gritou Amanda, assim que apareceu na cozinha.

Ela deu um sorriso para a mãe e outro maior ainda para Brandon, que a olhava com duvidas. Até ontem no enterro de Trish, Amanda parecia cabisbaixa e triste pelos assassinatos, mas agora seu sorriso e sua maquiagem demonstravam que ela já estava com outro tipo de humor.

- Ei, alguém está feliz hoje... – Comentou sua mãe.

- Feliz até demais... – Completou Brandon.

- O que foi? Não pode? É o ultimo dia de aula. Depois só vamos estudar, quando pegarem o desgraçado que está matando todo mundo. Vou ser positiva, agora que esses assassinatos afetaram a minha vida.

- Ta legal, vamos lá – Brandon levantou da cadeira enquanto Amanda dava um beijo de despedida no rosto da mãe.

- Vamos voltar cedo.

- Tomem cuidado, amo vocês...

Brandon abriu a porta e saiu, e antes que ela se fechasse Amanda a segurou. Os dois desceram as pequenas escadas.

- Você vem comigo hoje ou vai passar no Starbucks primeiros? – Perguntou Amanda, antes de dobrar pra garagem – Eu deixo você dirigir...

Brandon pensou na proposta. O que seria melhor? Dar uma volta no carro importado de Amanda e causar inveja ou comer besteira de manhã no Starbucks, já que o café da manhã de sua mãe é decadente?

- Eu posso levar a gente até o Starbucks...

- Quanta eficiência. Agora entra! Me deu vontade de comer batata frita – Amanda jogou as chaves para Brandon, que as agarrou com a mão em que não estava segurando a alça de sua mochila.

Ela entrou no carro, no banco dos passageiros, sentindo-se estranha já que isso quase nunca aconteceu. Brandon sorriu com malicia quando olhou para as chaves e se imaginou dirigindo o carro de Amanda. Ele entrou no carro e com uma mão girou a chave, com a outra ligou o som. Estava tocando o rock de uma banda não muito conhecida, mas ele gostava, e aumentou o volume. Amanda olhou para ele, com um sorriso no rosto, pensando em como é fácil fazer um garoto de dezesseis anos feliz.

Brandon começou a curtir a musica com a cabeça enquanto dava a partida. Colocou o cinto, mas ainda não tinha pisado no acelerador.

- Você está se sentindo como num sonho, né? – Perguntou Amanda.

- Ta brincando? Estou na Disneylândia! – Brandon pisou no acelerador e do seu lado, Amanda ria do comportamento do irmão.

Quando chegaram ao colégio, perceberam que aquela aglomeração de repórteres já não podia mais ser vista, mas uma quantidade considerável de alunos estava no pátio. Alguns circulavam, outros estavam parados conversando, parecia que não estava tendo aula.

Amanda avistou Erin, e o resto do pessoal, sentados embaixo da árvore e caminhou naquela direção, Brandon apenas a seguiu. Quando Daniel notou que ela estava chegando, levantou-se da grama, só para lhe dar um beijo e dizer “oi”.

- Oi amor... – Disse Amanda, logo depois do beijo.

Brandon sentou-se ao lado de Sarah na grama, que estava fazendo tranças no cabelo da irmã.

- O que está acontecendo? Não ta tendo aula? – Perguntou Amanda.

- Não – Respondeu Samantha, de imediato – Eles estão preparando o auditório para dar uma palestra, alguns professores não vieram.

- Tudo certo pra hoje à noite, Mandy? – Perguntou Erin, ao lado.

- Hoje à noite o quê?

- O quê? – Erin fez uma cara de decepção – Não diga que você esqueceu que iria me ajudar no turno da noite hoje na lanchonete. É sexta-feira, fechamos tarde, e eu não quero ficar sozinha.

- Nossa, esqueci completamente. Brandon, tudo bem se eu for? – Ela olhou para ele, sem graça, não queria ser a irmã vadia que rompeu um compromisso com seu irmão mais novo.

- Tudo bem, eu faço a sessão de filmes sozinhos... Ou com nosso pai bêbado... – Brandon abaixou a cabeça.

- Ah, não... – Amanda estava se sentindo mal – Se for assim eu desmarco com a Erin.

- Não, tudo bem – Ele sorriu – Estou brincando, vou ver um filme, ver se passo algum trote, estudar sobre a segunda guerra e...

- Ver um bom pornô... – Completou Daniel, brincando.

A turma toda gargalhou, inclusive Brandon, era uma coisa que ele não gostaria de falar publicamente, mas até que fora engraçado.

- Ok, então. Erin, tudo certo.

- Ai meu Deus! – Erin levantou-se e foi até Amanda – Eu te amo! – Ela puxou o rosto de Amanda e lhe deu um beijo na bochecha.

- Todos amam, querida – Retrucou Amanda, com um sorriso.

- E eu vou fazer xixi – Erin saiu correndo pra dentro do colégio.

Amanda sentou-se no chão ao lado de Daniel e ele pegou em sua mão, ficou entrelaçando seus dedos apoiados em sua perna.

- Ela ainda trabalha no “Vulcanical’s”? – Perguntou Sarah, colocando a ultima trança da irmã – Terminei – Ela bateu em seus ombros.

- Me deixa ver! – Pediu Samantha e Amanda tirou um espelho de sua bolsa.

- Sim, ela trabalha. Trocou de turno com o garoto bonitinho e agora não agüenta ficar sozinha. – Respondeu Amanda.

- Ficou perfeito! Valeu, maninha!

Sarah sorriu, percebeu como era difícil ouvir boas palavras da irmã. Samantha não parava de se olhar no espelho, perguntava-se como tinha conseguido ficar ainda mais bonita, além de também se perguntar como ainda não havia experimentado aquilo antes. Amanda a observava com discórdia, tinha achado horrível, mas sabia que teria que dizer que adorou.

De repente, o celular de Brandon tocou. Ele olhou para seu bolso e quando ia pegar, Sarah sentiu seu celular vibrar. Quando perceberam, o celular de todos estava tocando. Rapidamente tiraram de seus bolsos, fazia tempo que ninguém mandava uma mensagem de texto coletiva, e quando isso acontecia era uma noticia bombástica.

Quando olharam em seus visores, perceberam que não era nada disso, e sim uma mensagem anônima.

- Sorriam – Leu Sarah.

- Vocês estão nas cenas leves do meu filme – Completou Daniel.

Amanda levantou-se do chão e olhou em volta. Não tinha nada de anormal nas pessoas, ninguém estava com o celular em mãos ou falando, ou com uma câmera de vídeo, já que foi a primeira coisa que pensou. O pátio parecia o mais normal possível. Quem tiver mandado a mensagem, sabia que eles estavam ali, e sabia que estavam juntos.

--

Aaron não sabia se sentia medo ou achava graça. Não sabia se estar ali assistindo Pânico 2 poderia ser engraçado ou irônico, nas condições em que se encontrava. Ele ainda não tinha sofrido um arranhão, recebido um só telefonema ou ter pelo menos visto algum corpo, mas sabia que seu carro não havia sido usado na cena do crime à toa.

Da poltrona confortável que estava em frente à TV, ele assistia a cena em que Sarah Michelle Gellar era a próxima a morrer. Do seu lado, a gigantesca janela de vidro do hotel Hilton mostrava as luzes da cidade de New Britain e o céu escuro, que apesar de ser noite, mostrava que ia chover.

Aaron tomou um gole de seu whisky e o deixou na mesinha ao lado, perdendo a cena em que o assassino se revelava. Foi quando o telefone tocou. Ele estranhou, já que não costumava dar seu numero a ninguém, muito menos quando estava só de passagem numa cidade.

- Alô? – Ele disse quando atendeu.

- Sr. Estwood, Tem uma garota aqui querendo falar com o senhor, disse que é importante.

Aaron suspirou quando reconheceu a voz da recepcionista. Ele odiava que as fãs o perturbassem.

- Eu avisei que não é pra me incomodar...

- Mas senhor, ela insistiu, disse que era pra eu dizer que ela é amiga de Trish Peterson, isso faz algum sentido pro senhor?

- Oh... – Aaron hesitou, lembrou da loirinha que viu nos noticiários chorando pela morte da amiga – Deixe-a subir.

- Ok, senhor.

Aaron desligou. Levantou-se da poltrona e foi até o quarto. Abriu a porta do guarda roupa e fitou-se no espelho médio, queria parecer mais bonito do que se achava para aquela garota. Deu um retoque com a mão no cabelo quase loiro atrapalhado e se fitou, estava treinando olhares. Percebeu que aquela camisa estava meio velha e a tirou. Abriu a outra porta do guarda roupa e tirou uma na cor vinho, a que o realçava seus músculos, em sua opinião.

Não demorou muito para ele ouvir o barulho da porta. Ele deu um grito que estava atendendo, estava terminando de se arrumar, deixou o perfume por ultimo.

Quando abriu a porta, fitou Ginger a sua frente. Ela parecia mal, estava com o cabelo preso num rabo de cavalo e com olheiras, provavelmente de tanto chorar. Ela estava com uma roupa que destacava suas curvas e isso deixou Aaron pasmado.

- Posso entrar? – Ela pediu.

- Claro – Ele disse, olhando para o corpo dela.

Ginger entrou e logo fitou a imensa janela, que mais parecia uma parede. Deixou sua bolsa de pano encima da mesinha e colocou as duas mãos no bolso de trás da calça jeans. Ela olhava pra cidade, sentindo falta da amiga, não conseguia pensar em outra coisa. Aaron fechou a porta e olhou para ela, se perguntando o que ela podia querer com ele.

- Desculpe chegar assim... Você provavelmente não lembra de mim... – Ela sussurrou.

- Não, não. Lembro sim.

Ginger deu um grande suspiro e virou-se para Aaron.

- Vim aqui hoje e há essa hora pra te mostrar uma coisa.

- O quê? – Aaron pensou besteira, mas tentou disfarçar.

- Põe no canal treze.

Aaron não entendeu muito bem, mas decidiu fazer o que Ginger dissera. Pegou o controle remeto que estava na poltrona e apertou o numero do canal, apontando pra TV. No canal treze, estava passando uma reportagem sobre os assassinatos cometidos até então. As imagens estavam claras, algumas fotos de Trish apareciam enquanto uma moça falava.

-... Uma nova pista foi dada a policia. Dentro do corpo de Patlicha Peterson havia um pen drive enrolado num saco plástico contendo vídeos e fotos da vítima com o escritor e ator Aaron Estwood, provando assim que antes da fama, ele teve um caso com a vítima. Mas as surpresas não pararam por aí, ainda no mesmo pen drive, a foto de um bebê recém nascido foi encontrada, contendo em sua legenda o nome “Kevin Marshall”, o mesmo sobrenome do casal assassinado ano passado. A policia não quis mais se pronunciar sobre as descobertas, mas estão trabalhando na hipótese dos assassinatos do ano passado terem alguma relação com os de atualmente. Agora vamos falar ao vivo com...

Aaron, naquele momento, parou de prestar atenção na TV. Ele olhou para Ginger com o rosto perplexo, ele não acreditava que alguém estava tentando incriminá-lo.

- Se você veio aqui me acusar de ter matado a sua amiga... – Ele gritou.

- Relaxa, eu sei que não foi você. – Ginger o fitava, séria – Tem alguém querendo usar o seu nome e o pequeno caso que teve com a minha amiga pros assassinatos terem uma maior repercussão.

- Por que fariam isso?

- Porque querem matar você também.

Naquele momento o telefone tocou. Ginger olhou para ele e logo depois trocou um olhar de desconfiança com Aaron. Ele não queria atender, estava com medo. Ginger percebeu isso e decidiu tomar a iniciativa.

- Eu atendo – Ela correu até o telefone e o tirou do gancho – Alô?

- O que sua amiga diria se não estivesse tão mutilada e soubesse que sua melhor amiga está no quarto de hotel com seu ex-namorado? – Disse a voz medonha do assassino, do outro lado da linha.

- Vai se danar! – Gritou Ginger

- Como você vai conseguir dormir sabendo que pode ser a próxima? E que encontrou um cadáver embaixo da cama de Aaron?

- O que ele disse? – Perguntou Aaron, quando viu o rosto assustado de Ginger.

Ginger jogou o telefone no chão com todas as suas forças e correu pro quarto. Aaron foi atrás dela, pedindo uma explicação. Ela olhou pra cama e, já com o desespero no coração, puxou o colchão e o jogou pro lado. Quando olhou, percebeu o corpo do Sr. Van Der Lance no chão, com incontáveis facas cravadas dos pés a cabeça. Em seu peito um recado feito pela ponta de uma faca, “Eu odeio elenco jovem”.

Ginger colocou as duas mãos na boca e começou a chorar. Aaron sentiu o desespero de começar a fazer parte dos assassinatos, se perguntando quando iria ser o próximo.

CAPÍTULO 5: A Morte Leva Quem Quer
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