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[Livro] A Punhalada - Capítulo 3: Na Ponta da Faca


Enquanto o pai de Amanda tagarelava sobre as histórias de quando conheceu sua linda esposa, Brandon tapava os ouvidos mentalmente, preferindo não ouvir novamente as histórias de um bêbado sobre como sua mãe era gostosa. Assim, na mesa de jantar da família Rush, não se ouvia o barulho dos talheres com tanta abobrinha sendo dita. A Sra. Rush olhava para o marido com os olhos brilhando, ela parecia gostar de como ele falava que ela era praticamente uma modelo comestível, nos anos noventa. Amanda, na ponta da grande mesa, revezava em brincar com sua salada e lançar olhares sedentos de ódio para o pai.

Brandon trocou um olhar com Amanda quando o Sr. Rush chegou na parte em que pensava que a Sra. Rush era estéril. Brandon podia ver os olhos de Amanda se revirando, aquela cena estava se repetindo mais uma vez numa sexta-feira, era típico ver seu pai chegar bêbado desde que foi enganado por um pilantra e perdeu uma quantia considerável de dinheiro.

Mas isso não era motivo suficiente para Amanda e Brandon aceitarem aquela situação, enquanto viam sua mãe despreocupada com aquilo, como uma vadia bipolar que adorava ser chamada de gostosa na frente dos filhos.

- Amanda, diz pra eles que você ficou com o papel principal de novo na peça do colégio – Incentivou Brandon a trocar de assunto, e sussurrou apenas para Amanda um estímulo para ela ajudar aquele homem a parar de falar.

- Isso é verdade filha? – Perguntou seu pai, após tomar um gole de sua taça de vinho.

- Sim, é sim. É como uma Rapunzel gótica, escrita pelo Diretor da peça.

- Que maravilha minha filha! – Seu pai quase gritou – De novo o papel principal? Você é mesmo a rainha daquele lugar, hein? Hahaha! Nós temos que comemorar! Querida, pegue aquela garrafa de vinho tinto na cozinha, precisamos celebrar!

- Pai, você sabia que Brandon tirou “A” mais uma vez em 90% das matérias? – Disse Amanda, olhando para Brandon, só para não passar a vergonha de seu pai arrumar a desculpa da peça de teatro para beber.

- Brandon é meu garoto, mas você! Você é a minha rainha! Querida, anda rápido!

A Sra. Rush levantou-se da mesa, sem reclamar. Brandon olhou para Amanda, com aquele olhar que dizia “vai acontecer novo”. O que aconteceria de novo? Seu pai começaria a gritar, chamaria a atenção dos vizinhos e acabaria tratando alguém tão mal a ponto de subir as escadas e se trancar no quarto. Das ultimas duas vezes tinha sido Brandon, Amanda tinha levado um tapa no rosto antes disso.

- Não quero comemorar! – Gritou Amanda, num impulso.

Seu pai a olhou, ele não conseguia demonstrar nada a não ser a quantidade de álcool que tinha consumido.

- Mas filha, que mal educada você!

- Pelo menos não estou bêbada...

Seu pai gargalhou.

– Você é uma vadiazinha mesmo, hein?

Amanda suspirou de raiva e rapidamente levantou-se da mesa, apesar de Brandon chamar seu nome e pedir calma. Ela não deu ouvidos. Encarando seu pai com raiva, saiu da mesa e subiu as escadas, bufando. Brandon, ainda sentado, suspirou, mas estava aliviado por aquilo ter terminado ali mesmo.

- O que foi que eu disse? Ela deve estar estressada por causa do cabelo.

Brandon levantou-se da mesa, sem ligar para o que o seu pai estava dizendo e foi atrás de Amanda. Subiu as escadas, e viu a porta do quarto da irmã se fechando com muita força. Devagar, ele aproximou-se da porta e bateu, olhando para o chão.

Lá dentro, Amanda jogou-se em sua cama e colocou a joaninha de pelúcia em seu rosto, ela estava farta das bebedeiras do pai.

- Mandy? – Chamou Brandon do outro lado.

- Entra – Gritou ela, nunca voz cansada.

Brandon abriu a porta com cuidado e olhou para a cama da irmã, que já estava sentando-se nela. Ela colocou a joaninha no seu colo e olhou para Brandon, que já perguntava se ela estava bem apenas com o olhar. Mas eles não disseram nada, só o que se ouvia era o barulho da porta abrindo-se lentamente, enquanto o rosto depressivo de Amanda ia se formando cada vez mais. Talvez ela quisesse fazer um drama para o irmão, mas pelo motivo certo.

- Nem vou perguntar se você está bem – Disse Brandon, com um sorrisinho - Eu te conheço.

Brandon saiu de perto da porta, mas a deixou aberta. Andou até a cama de Amanda, que se ajeitou para ele poder sentar.

- Pensa pelo lado positivo, Mandy. Pelo menos ele quer comemorar o que acontece com você. Ele nem liga pra minha coleção de A’s.

- Para B, você sabe que ele te ama. Você foi o único que teve um quarto só pra você nas férias do sétimo ano quando nosso primo Ellijah veio pra cá, eu que tive que dividir o quarto com ele, e olha que eu sou mulher.

Brandon gargalhou. Ele lembrou disso, seu pai estava feliz demais por ele ter ganho um dos jogos em que participou e o deixou com o quarto só pra ele, mesmo arriscando que em primo não se deve confiar.

- É... Acho que estamos no mesmo nível de miserabilidade...

- Brandon... Eu sou uma vadia?

- Bom – Ele suspirou – Todas as pessoas tem um lado mal e bonzinho, você só é mais direta com o malvado...

- Droga – Amanda deu um suspiro de derrota e deitou-se na perna do irmão – Às vezes acho que só você gosta de mim nesse mundo, nem eu mesmo estou me gostando tanto...

- Ah, pára vai... Não gosto de ver você assim. Prefiro mil vezes ouvir alguém te chamando de gostosa nos corredores do colégio...

Amanda gargalhou, ela sempre soube que Brandon era o único que podia fazê-la sorrir de verdade.

- Tive uma idéia! – Amanda deu um pulo – Ta a fim de agitar?

- Agitar? – Brandon fez uma careta – Depende.

- Pega seu casaco! Pronto pra uma noite de neon? – Amanda lançou um sorriso malicioso para o irmão, que já estava imaginando pra onde ela queria levá-lo.

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Uma música da Britney tocava ao fundo. Na pista, garotos sem camisa dançavam com cordões de neon enrolados no pescoço e as garotas nos pulsos. Estava tudo escuro, as pessoas só eram distinguidas pelo forte brilho de neon em seus corpos. Cada cor tinha um significado. Se alguém estivesse usando neon verde, estava disponível. Se estivesse usando azul, estava comprometido. E se tivesse usando o vermelho, estava afim de dar uma pulada de cerca.

Na portaria, Erin e Samantha pegavam suas pulseiras. Erin pegou a azul, ela não estava comprometida, mas o que menos queria era que um cara suado cheio de brilho, estilo Kesha, desse encima dela só porque sua pulseira verde pareceu apitar para ele. Samantha, por outro lado, pegou a vermelha, ela estava completamente solteira, mas não estava afim de fazer a bozinha.

Quando o cara da entrada estava colocando a pulseira em Samantha, ela lhe lançou um olhar sugestivo, mas ele fingiu nem ligar. Com um sorriso ela saiu da fila, dando vez a Erin. Quando entraram, Erin soltou um palavrão, ela não sabia se estava completamente ferrada por estar ali ou se finalmente ela encontrou um lugar onde podia se divertir.

- Sarah não sabe o que perdeu, às vezes ela nem parece minha irmã gêmea. Trocou isso aqui pra fazer trabalho de química? Me poupe, vamos dançar! – Gritou Samantha, puxando Erin junto com ela.

Erin não se intimidou. Se tinha uma coisa que ela não fazia muito, mas fazia bem, era dançar. Antes mesmo que Samantha pudesse suar, seu celular tocou. Ela parou, resmungando algo que Erin não conseguiu ouvir. Quando tirou o celular do bolso e olhou no visor, percebeu que se tratava de Sarah.

- Mas que gêmea do mal! – Reclamou e apertou o botão para rejeitar a chamada.

Lá fora, Amanda parou o carro do outro lado da rua em frente à boate. Brandon olhou pela janela, sua intuição estava certíssima. Falar em neon é o mesmo que falar na boate “Neon Trone”.

- Bom, não foi exatamente uma surpresa – Comentou ele.

- Não era pra ser, agora sai do carro – Amanda abriu a porta e saiu.

Brandon continuou olhando para a porta da boate, que só fazia encher cada vez mais. Logo, ele abriu a porta e saiu, atravessou a rua junto de Amanda, rindo da corridinha brega da irmã.

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- Como assim não podem fazer nada? – Perguntou Ginger a um dos policiais, alterada.

- Senhorita, entenda. Estamos vigiando a casa praticamente vinte e quatro horas, essa semana recebemos trinta ligações de pessoas dizendo que alguém com uma voz estranha os ligaram perguntando como elas queriam morrer. Esses trotes são comuns, ainda mais pela internet. Considerando que a pessoa que falou pelo computador com sua amiga era um conhecido, foi obviamente uma brincadeira.

- A morte de Jake e Nick não foi só uma brincadeira! – Contra-atacou Ginger, ela odiava ver a amiga desesperada aquele jeito.

Trish estava bem ao seu lado no sofá, sendo acariciada pelo seu pai. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, era a pior época de sua vida, tanto desespero que ela não sabia mais o que fazer.

- Ginger, esquece, eles estão fazendo o que podem – Sussurrou Trish, numa voz de choro.
- E se esse garoto for o assassino? – Indagou Ginger – Todo mundo sabe que ele é fanático por filmes de terror, além de ser um dos mais estranhos.

- Senhorita Bolton, se você fosse uma assassina, ameaçaria uma possível vítima usando seu próprio Nick de bate papo?

Ginger calou-se, seu rosto demonstrava a derrota. Ela se sentia péssima pelo policial ter argumentos melhores que os dela, e por ter fracassado na tentativa de fazer sua amiga sentir-se mais segura. Cruzou os braços e só de uma vez jogou-se no sofá, ela não acreditava que aquilo estava acontecendo.

- Filha, vamos ficar o tempo todo aqui com você – Disse a Sra. Peterson, ao lado de seu marido.

- Não vamos deixar você sozinha nem por um segundo, é o nosso trabalho - Disse o policial da esquerda que, até então, estava calado - Seja lá quem estiver querendo matá-la, vai ter que nos matar primeiro.

- Eu vou dormir hoje aqui com você, T. Vai ter que me matar primeiro também... – Ginger fitou o policial, com um pouco de severidade. Depois voltou seu olhar para Trish – Só preciso avisar a minha mãe...

- Vamos estar lá fora se precisarem... – Os policiais se retiraram.

Ginger levantou-se do sofá, já tirando o celular do bolso. Trish colocou as duas mãos no rosto, estavam saindo mais lágrimas. Ao mesmo tempo em que ela queria sobreviver, ela queria que tudo aquilo acabasse. Só se passou um dia desde as mortes, mas foi o suficiente pra ela pirar completamente.

Ginger apertou o botão discagem rápida enquanto caminhava para o corredor da cozinha. Colocou o celular no ouvido, na esperança de que sua mãe atendesse rápido, não queria deixar Trish sozinha nem um minuto.

- Oi, nós somos os Bolton – Disse a mensagem na secretária eletrônica da casa de Ginger – Deixe sua mensagem após o Bip.

- Que droga, mãe – Reclamou Ginger para si mesma e começou a deixar seu recado – Oi mãe, pai, ou quem estiver ouvindo. Liguei pra dizer que vou dormir na casa da Trish, ela está muito assustada e precisa de mim agora. Se quiser me ligar de volta quando ouvir isso, tudo bem. Beijos, amo vocês – Ela desligou.

Caminhou devagar de volta para a sala enquanto colocava seu celular de volta no bolso, mas só viu o pai de Trish ali, colocando whisky num copo.

- Onde a Trish foi?

- Ela subiu com a mãe, estava indo dormir... – Disse ele, parecia estar com a voz rouca, talvez tivesse chorado.

- Tudo bem, vou subir... – Ginger mal se mexeu e ouviu-o falando de novo.

- Obrigado por apoiar a minha filha... E estar aqui por ela hoje...

Ginger olhou para ele, que estava de costas para ela, no sofá. Na sua cabeça, era sua obrigação estar ali por Trish, e não só porque ela tinha certeza que a amiga faria o mesmo, mas também porque a ama, e nunca teve uma amiga daquele jeito.

- É um prazer Sr. Peterson...

Ele olhou para ela, e ela percebeu que seus olhos estavam realmente vermelhos.

- Você não quer beber aqui comigo? Estou me sentindo meio sozinho... E perdido...

Ginger fez uma careta, e não acreditou que o pai da melhor amiga estava dando encima dela, ou aquele era só um convite comum de embebedar uma garota de dezessete anos?

- Boa noite Sr. Peterson... – Ginger subiu as escadas a sua frente, decidindo ignorar o acontecido.

Quando entrou no quarto de Trish, a viu deitada em sua cama e sua mãe sentada ao seu lado, dizendo palavras de conforto. Ginger escorou-se na porta e ficou olhando aquela cena, não queria interromper, parecia ser uma coisa que Trish estava precisando. Ela olhou para Trish, ainda chorando, e nas voltas que a mão de sua mãe dava em seu rosto, e pensou que se fosse ela ali, aquilo já seria o suficiente para se sentir protegida.

- Boa noite, querida, que Deus a proteja... – A Sra. Peterson deu um beijo na testa de sua filha, e isso a fez sorrir. Levantou-se da cama e saiu, dando um leve sorriso ao passar por Ginger.
Ginger fechou a porta do quarto e dirigiu-se até a penteadeira de Trish, queria trocar de roupa se olhando no espelho. Ela pegou a mala preta a sua frente e de lá tirou sua roupa de dormir, uma camisa amarela grande que mais lhe parecia um vestido, aquele era seu pijama favorito. Rapidamente tirou a blusa e a calça comprida, ficando apenas com as roupas de baixo.

- Acho que já estou me sentindo melhor – Murmurou Trish.

- Eu disse – Ginger olhou pra ela pelo espelho – Comigo aqui, com seus pais no outro quarto e com os policiais lá fora, nenhum maluco vai conseguir te matar. Com o perdão da palavra, é claro.
- Tem certeza que vai conseguir dormir nesse colchãozinho?

- Acredite, já dormi em lugares muitos piores. Está perfeito. Não se preocupe comigo – Ginger tirou a presilha do cabelo e o deixou solto. Deu uma olhada nele e logo depois guardou as roupas que tirou dentro da mala.

Caminhou até seu colchão, ao lado da cama de Trish, e colocou a mão no abajur. Antes de desligar a luz, queria desejar boa noite para a amiga.

- Boa noite, T. Qualquer coisa estou aqui.

- Eu sei...

Quando a luz foi desligada, Ginger deitou-se no colchão e Trish virou-se para o outro lado da cama. Ambas de olhos abertos, pensando, mas logo se obrigaram a dormir.

--

Um pesadelo bastou para Trish acordar assustada. Sem nenhum grito, seus olhos abriram rapidamente, e seu coração acelerado demonstrava o quanto o pesadelo de ter sido assassinada a deixou tensa. Ela pegou em seu pescoço, o suor escorria, estava completamente molhada encima da cama. Virou-se para o lado, onde Ginger estava dormindo, e sussurrou pelo nome da amiga, mas Ginger parecia ter sido nocauteada. Trish insistiu e até deu um empurrão na amiga, mas nada aconteceu, a não ser Ginger começar a roncar.

Trish suspirou. Grande proteção essa que Ginger queria dar. Desembrulhou-se rapidamente e se arrastou no colchão para sair de cima da cama. Com as pernas pro lado de fora, esperou o nervoso passar, e o suor secar, para poder descer e comer alguma coisa, já que não fez isso desde que encontrara Jake e Nick mortos.

Levantou-se de sua cama no momento em que sua respiração começou a ficar uniforme. Abriu a porta e, andando devagar, desceu as escadas. Estava tudo escuro, tudo desligado, ela tratou de acender todas as luzes no caminho para a cozinha.

Foi só acender a luz da cozinha que notou seu gato branco chamado Pete encima da mesa, ele parecia estar tentando pular dali de cima, mas não conseguiu.

- Own, Pete. Deixa que eu te coloco no chão – Ela carregou o gato e antes de deixá-lo no chão, fez carícias em seu pêlo.

Pete, já no chão, correu até sua comida no canto da cozinha, que ficava bem perto de sua caixa de areia. Trish levantou-se do chão e abriu a geladeira, pensando apenas nos deliciosos sanduíches que seu pai preparara mais cedo, ou na coca-cola bem gelada que sua mãe não havia tomado.

Estava perfeito, o sanduíche parecia mais delicioso ainda estando intacto daquele jeito. Trish não resistiu e acabou abocanhando-o ali mesmo, já que estava quase babando de tanta fome. Mas algo a interrompeu. Um toque de telefone. Como a casa estava em silêncio, o toque parecia ter ficado mais alto. Ela olhou devagar para cima da mesa no canto, onde o telefone estava. Uma ponta de medo lhe subiu, mas aquela altura ela já estava mais calma. Mesmo assim, foi difícil engolir o ultimo pedaço do sanduíche que estava comendo.

Ela tirou os outros da geladeira e os levou até a mesa onde estava o telefone. Pegou o telefone e devagar foi colocando seu ouvido.

- Alô?

- Alô... – respondeu uma voz macabra.

- Pra quem quer que esteja ligando, vou logo dizendo que estão todos dormindo, desculpe...
- Mas você está acordada...

- Quem fala?

- Alguém que quer mandar outro recadinho. Espero que tenha gostado dos corpos que te deixei.
O coração de Trish disparou, ela sabia o que aquilo significava. Não disse mais nenhuma palavra, apenas correu para a porta da cozinha e colocou a mão na maçaneta, mas parou quando a voz macabra começou a falar novamente.

- Se eu fosse você eu não faria isso... Bem na minha frente estão seus pais amarrados, esperando pela primeira burrice do prodígio loiro que colocaram no mundo. Se avisar aos policiais, eles morrem.

- O quê? – Trish começou a chorar. Olhou para o carro pela parte de vidro da porta e viu os dois policiais dormindo.

- Eu quero brincar com você, se você acertar minhas perguntas, eu prometo não cortar sua garganta.

Trish encolheu-se no canto da porta da cozinha, chorando. Ela não podia fazer nada a não ser o que o homem do telefone estava dizendo.

- É bem fácil. Cite um filme de terror com Jessica Biel.

- O que? Eu não sei... Por favor – Implorou Trish.

- Anda, é só um jogo. Responde certo e você vive. É tão fácil...

- O Massacre da Serra Elétrica!

- Muito bem, você não é tão burra quanto parece. Próxima pergunta... Qual o nome da primeira atriz a ir pro saco em Pânico 4?

- Lucy! Lucy Hale! – Gritou Trish, desesperada, ela só lembrava dessa morte do inicio.

- Errado! – Gritou a voz e logo após deu uma gargalhada – A resposta certa é Senhae Grimes, Lucy Hale é a segunda. Que pena!

- Por favor, não! – Gritou Trish.

- Ultima pergunta, e o jogo termina.

Trish levantou-se do chão e com passos realmente lentos e andou pela cozinha, observando tudo. Limpou as lágrimas que caíam de seus olhos e continuou na linha.

- Você quer morrer devagar? – Trish não ouvia mais a voz, apenas o apito de final de ligação que soava ao telefone, mas ela não teve muito tempo para reagir.

Ghostface apareceu com sua faca em mãos em frente a Trish, bem no corredor onde dava para a sala. Trish gritou e logo o telefone caiu de sua mão trêmula. Rapidamente, correu para a porta da cozinha, mas ela estava trancada, isso deu tempo suficiente ao assassino de chegar até ela e preparar uma punhalada. Trish desviou e ele acabou quebrando a vidraça da porta. Ela aproveitou para dar a volta na mesa e correr para a porta da frente, mas ela estava trancada.

- Abre! Abre! Alguém me ajude! – Ela gritava, para chamar a atenção dos policiais.

O escândalo estava formado. Trish gritava arduamente pra poder sair. Quando olhou para trás, percebeu o assassino correndo em sua direção. Ela foi até o vaso de flores encima da mesinha ao lado e correu pra sala. Jogou no assassino e acertou sua cabeça. Ele caiu.

Trish correu por ele e subiu as escadas. Lá encima, Ginger estava chegando, atordoada.

- O que está acontecendo? – Ela perguntou, foi quando viu ghostface subindo as escadas atrás de Trish.

Outros gritos se formaram e na tentativa de fuga, Ginger caiu, atrapalhando também Trish. Mas rapidamente se levantaram e correram pro quarto. Tentaram fechar a porta, mas o assassino já tinha metido a mão para impedir isso. Com apenas um chute, ele conseguiu entrar e fez Trish cair pra trás, encima do criado mudo.

Olhou para Ginger perto da janela, que estava apenas gritando desesperada. Chegou até ela e a puxou pelo cabelo. Num só movimento a jogou pela janela. Ginger caiu pelo telhado do andar de baixo e ainda tentou se segurar, mas acabou escorregando e caindo no chão. Ali, desmaiada, os policias que estavam tentando arrombar a porta da frente foram socorrê-la.

Lá encima, Ghostface trancou a porta enquanto Trish se levantava do chão. Ele a puxou pelo cabelo e a jogou no espelho da penteadeira, quebrando-o completamente. Ela caiu no chão, mas ainda conseguiu se levantar, só que não foi mais rápida que ele. Ele a posicionou a sua frente e rasgou seu peito, com um corte horizontal. Ela gritou e o sangue se espalhou pelo quarto. Ele a jogou encima da cama de bruços, e apunhalou suas costas. A faca entrou quase que completamente. Mais uma vez foi puxada pelo cabelo, ele a jogou no chão, mas ela caiu de joelhos. Cometeu a besteira de olhar para o assassino e ele lhe fez outro corte horizontal, só que na boca, que foi completamente rasgada.

O sangue escorria de Trish como se ela estivesse vomitando. Não conseguia mais falar, muito menos gritar. Ela estava morrendo devagar. Ainda de joelhos no chão, o assassino a esfaqueou nas costas duas vezes, e com um puxão na blusa deitou-a na cama. Ela ficara irreconhecível e a qualquer momento poderia morrer, mas não antes de receber a ultima punhalada no peito, perto ao pescoço, que foi rasgando seu tronco numa linha vertical até a virilha.

Foi então, que ghostface ouviu um barulho na porta do quarto onde estava. Os dois policiais estavam tentando arrombá-la, mas parecia difícil. Ele pegou o corpo mutilado de Trish no colo e o jogou pela janela, logo depois pulou.

Quando a porta foi arrombada, os dois policiais entraram com a arma apontada pra frente e observaram o quarto inteiro, que estava cheio de sangue. Um deles olhou embaixo da cama quando notou que nem Trish e nem o assassino estavam ali, mas não havia ninguém lá. O outro correu para a janela, mas também não notou sinal do assassino. Naquele momento, eles perceberam que era tarde demais.

Ginger havia acabado de subir a escada, estava com a perna machucada. Entrou no quarto e notou o estrago feito, mas não viu a amiga. Só que não era preciso um corpo para ela saber o que tinha acontecido. Ela gritou, se perguntando por que tinha sido Trish e não ela.

--

Na boate, Amanda dançava com um desconhecido descamisado. Brandon estava no balcão fora da pista, ao lado de Erin, que estava suada de tanto dançar. Brandon não entendia como Amanda podia ser daquele jeito, não sabia como ela conseguia dançar com um desconhecido e fazer disso a melhor coisa do mundo.

- Samantha ta demorando no banheiro – Comentou Erin pra quebrar o gelo da falta de assunto.

- Não se preocupe, Amanda dança pelas duas. E bebe também.

- Também estou achando.

Erin olhou para o lado, tímida, estava tentando não pensar em como Brandon era lindo. De alguma forma, ela imaginou que ele pudesse ler sua mente e tentou não pensar nisso, apesar de parecer ridículo até mesmo pra ela.

Mas o que ela não sabia, era que Brandon já tinha notado isso, desde o dia em que Erin acidentalmente o viu só de toalha, quando foi fazer uma tarde de estudos na casa de Amanda. Ele notou o seu olhar e sentiu-se feliz, mas o medo da rejeição foi maior.

- Você quer dançar? – Perguntou Erin, com coragem.

- Não muito.

- Oh, tudo bem... – Erin abaixou a cabeça.

Brandon notou que ela ficara triste e começou a se sentir um idiota. Afinal, como ele podia recusar uma dança com a gata da Erin?

- Quer saber, vamos dançar. Só não reclame se eu pisar no seu pé – Ele sorriu para ela, que retribuiu com seu sorriso brilhante. Brandon pegou em sua mão e a levou para perto de Amanda. Mas quando chegaram, uma musica romântica começou a tocar.

- Mas que droga..? – Gritou Amanda, praticamente bêbada. A garrafa de vodka em sua mão não negava isso.

Brandon e Erin fitaram-se com um sorriso bobo, ambos estavam percebendo o clima que estava rolando. Devagar, Brandon pegou na cintura de Erin, tentando ignorar os gritos histéricos de Amanda, que estava saindo da pista indignada. Erin colocou devagar a mão no ombro de Brandon e olhou para baixo, envergonhada. No alto, as mãos dos dois se juntaram e formaram a cena perfeita de dança romântica.

- Ai! – Ela reclamou, quando Brandon pisou em seu pé.

- Me desculpe, eu sou muito desajeitado pra isso.

- Não, tudo bem. Foi apenas uma reação automática, vamos continuar – Ela sorriu.

- Tudo bem... – Ele lançou o mesmo sorriso, mas parecia nervoso.

Devagar, ela encostou-se em seu peito e ele colocou sua cabeça encima da dela. Erin sentiu-se protegida, mas ele não pôde deixar de pensar o quanto ela era gostosa. Erin tinha o tom de pele negro mais bonito que seus amigos já viram, e isso até causava inveja em alguns. Seus lábios eram carnudos e seu era corpo igual de uma modelo. Seu cabelo era perfeito, e para Brandon, também era cheiroso. Tinha cheiro de amêndoas, era bom.

Foi então que se ouviu um grito vindo do balcão. Ambos olharam para lá e viram Amanda encima dele sem a blusa, deixando seu sutiã rosa a mostra. Ela estava de pernas abertas, em pé enquanto todos olhavam para ela.

- Quem quer agitar? – Gritou ela e todos foram à loucura.

Foi aí que um estrondo enorme se ouviu. Um carro invadiu as paredes da boate a toda velocidade e conseguiu bater algumas pessoas. As outras corriam desesperadas para se salvar, inclusive Brandon e Erin, que se abaixaram apesar de estarem um pouco longe de onde o carro invadiu.

Quando Erin levantou sua cabeça e olhou para o carro já parado, percebeu que não era uma simples batida. O corpo de Trish estava amarrado no capô do carro, estava irreconhecível, Erin mal sabia distinguir quem era. E na vidraça da frente, estava escrito com sangue “A Virgem”.

Quando as pessoas notaram, correram desesperadas para a saída. Os gritos estavam impossíveis, foi um pânico total dentro da boate.

- Liga pra policia, Brandon. – Sussurrou Erin.

- Cadê a Amanda? – Procurou Brandon entre a multidão, mas não conseguiu encontrá-la.

Erin aproximou-se do carro onde Trish estava, sem medo, apesar do nojo ser imenso. Com passos lentos, chegou até o carro, enquanto Brandon ligava para a policia com seu celular. Erin fitou o corpo de Trish e uma lágrima desceu pelo seu rosto, mas ela estava prendendo o choro. Ela sabia o que aquilo significava, e sabia que não iria parar por aí.


CAPÍTULO 4: Quem Avisa Quer te Matar
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  1. Amanda minha ''Bitch'' preferida.

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  2. onde esta os outros capitulos?

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  3. CAPITULO 4: http://meumundo-alternativo.blogspot.com/2011/05/livro-punhalada-capitulo-4-quem-avisa.html
    CAPITULO 5: http://meumundo-alternativo.blogspot.com/2011/06/livro-punhalada-capitulo-5-morte-leva.html
    CAPITULO 6: http://meumundo-alternativo.blogspot.com/2011/06/livro-punhalada-capitulo-6-nao-confie.html

    Basta clicar no banner ao lado, que eles aparecem.

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  4. muito bom . você esta quebrando todos os clichês de filmes de terror . a morte inicial, com os amigos envés da gostosa, e agora a virgem que em muitos filmes é a protagonista . parabéns . mas esse é um caminho complicado pois em 3 capítulos você optou por matar 2 personagens que tinham muito conteudo a dar ao livro . a morte de nik achei correta no momento certo . minha humilde opinião

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