[Crítica] O Preço do Silêncio

Direção: Jamie Babbit
Ano: 2005
País: EUA
Duração: 96 minutos
Título original: The Quiet

Crítica:

Não está na hora de todos saberem os seus segredos?

Tem filmes que te surpreendem com reviravoltas interessantes e tem outros que te surpreendem com os excessos de esquisitices no roteiro. O Preço do Silêncio definitivamente se encaixa na segunda opção. Eu devia ter ouvido o alerta interno quando assisti ao trailer, mas resolvi dar uma chance porque gosto muito das atrizes que interpretam as protagonistas desse filme. Infelizmente, nem mesmo elas conseguiram manter essa produção em um nível aceitável.

O filme segue a história de Dot, uma garota surda, que é adotada por uma família cheia de problemas. Logo, o relacionamento com sua irmã Nina se torna imprevisível, já que ela descobre que Dot não é surda de verdade. Se aproveitando da situação, e querendo causar um conflito interno na outra menina, Nina fala ao ouvido de Dot que vai matar seu pai por ter abusado dela. Agora, a jovem garota terá que decidir revelar o seu segredo ou permanecer nas sombras e deixar as ameaças de sua irmã acontecer...

Como eu disse, o maior chamariz para esta produção é a participação de Camilla Belle e Elisha Cuthbert, que são conhecidas pelos fãs de filmes de terror em produções como Quando um Estranho Chama e A Casa de Cera, respectivamente. A ideia central do roteiro é muito interessante. Há uma linha tênue sobre o que é certo e o que é errado, que é mal explorada pelo enredo em si. O poderia ter sido um eficiente suspense psicológico, se transformou em um filme dramático e seco, que vai perdendo cada vez mais credibilidade conforme vai se desenvolvendo. Uma pena!

Primeiro vamos falar sobre os personagens, porque é a instabilidade deles que torna o filme dolorosamente chato. Por mais que o enredo tente buscar uma profundidade em torno de suas protagonistas, revelando inclusive que o próprio pai abusava de sua filha, não conseguimos simpatizar com a personagem Nina, justamente porque ela se mostra incapaz e toma decisões sem sentido. Há uma perspectiva diferente do modo que a vemos no começo e no final do filme. E, infelizmente, ela não consegue subir em nosso conceito. Tirando as duas mocinhas, temos os pais, que nem preciso comentar sobre porque está muito óbvio, e, por último, o amigo de Dot, Connor (interpretado por Shawn Ashmore), que é basicamente um pervertido. Grandes personagens, não é mesmo?

E se eles não podem nos conquistar, a única salvação seria muito jogo de cintura do roteiro. Algo que está longe de acontecer nesse caso. De fato, é o próprio roteiro que torna todos os personagens insuportáveis. Não me levem a mal, eu gosto de um bom drama, mas a trama que se desenvolve nesse filme é realmente intragável. Entendo as pessoas que defenderem as atitudes instáveis dos personagens por passar um senso maior de realidade, mas eu simplesmente não consegui engolir. Esperava algo completamente diferente e sai muito decepcionado. Foi uma perda de tempo em todos os sentidos da palavra.

Apesar dos pesares, tenho certeza que alguns irão gostar. É uma questão de opinião, não é verdade? Essa é a beleza da vida, todos têm um ponto de vista diferente. Eu definitivamente nunca irei querer rever esse filme. E, por mais que eu não recomende, também não censuraria quem ainda quiser assistir. A própria crítica negativa, em certos casos, traz aquela curiosidade inevitável. Pois eu me sinto satisfeito em meu papel de alertar vocês com minhas impressões e espero que aqueles que resolverem se aventurar assistindo O Preço do Silêncio aproveitem alguma coisa para não simplesmente perderem o seu tempo.

Trailer: